Por: Bernardo Lima, de Contagem (MG)
Os atos de domingo (31), realizados pela esquerda para se contrapor às manifestações coxinhas e acumular forças contra o governo burguês ilegítimo de Temer, foram polarizados em torno de duas saídas: eleições gerais, ou ‘volta, Dilma’. Enquanto todos os presentes concordavam que o Fora Temer era uma bandeira legítima e, por isso, estavam lá, não havia acordo integralmente com qual das duas saídas apostar.
Em Belo Horizonte, o ato foi respeitoso. As direções se preocuparam em manter a unidade e respeitar as diferenças políticas. Quando tomei a palavra em nome do MAIS, tive plena liberdade para criticar o governo Dilma e o PT. Defendi abertamente que a melhor saída agora era lutar por eleições gerais. Alguns oradores que falaram depois de mim, me criticaram indiretamente e defenderam que a Dilma voltasse à Presidência da República. Outros, a defenderam apaixonadamente e davam à presidenta afastada tantas qualidades que chegava a ser divertido imaginar como as coisas seriam se fosse verdade.
Aprendi nos livros e na luta de classes que é um erro sectário impor seu programa acabado às lutas concretas. Os revolucionários não devem fazer ultimatos. Ao enfrentar um governo burguês que ataca seus direitos, ele deve participar das lutas como elas são, procurar as palavras de ordem que unificam a classe e a levam à luta, sem deixar de defender suas posições na agitação e na propaganda.
Em uma conjuntura como essa, onde um governo de conciliação de classes é derrubado por uma manobra reacionária da direita e põe em marcha uma ofensiva brutal contra os direitos da classe trabalhadora, os revolucionários devem não só denunciar o impeachment enquanto uma saída burguesa, como cerrar fileiras em unidade ampla contra o governo dos inimigos de classe.
Mas, então, por que é tão importante polemizar com a turma do ‘volta, Dilma’?
Apesar de Dilma estar afastada, queremos que toda a classe trabalhadora saiba que não concordamos com seu governo de colaboração de classes. Queremos que os trabalhadores cheguem à conclusão de que Michel Temer (PMDB) deve ser derrubado, porque encabeça um governo dos capitalistas, e que a grande traição do PT foi ter governado com e para esses mesmos capitalistas. A consigna de eleições gerais serve para demonstrar às massas que é possível lutar contra Temer sem passar o pano nos 13 anos de administração petista. Esse balanço nada elogioso dos governos de Lula e Dilma é que nos fazem ser tão diferentes - e até incomodar - aqueles que são puramente pelo ‘volta, Dilma’.
Nos perguntam: Vão os revolucionários ganhar as novas eleições? Vai ser um governo dos trabalhadores? Não. Então por que não voltar com a presidente? Nossa resposta é simples: o governo Dilma também não é dos trabalhadores e também não vai parar o ajuste fiscal. Caso volte, será apenas uma continuidade dos últimos 13 anos. Então, é melhor que venha nova eleição, que refaça este Congresso reacionário e eleja um novo presidente. Que deixe o povo decidir e refletir sobre os problemas reais que fizeram do governo democrático-popular apenas mais um governo da burguesia. E, quem sabe, que ganhe força uma Frente de Esquerda Socialista que atinja influência de massas e possa se pleitear como uma alternativa à bancarrota do Partido dos Trabalhadores (PT).
Foto: Manifestação em São Paulo. Por: Thiago Mahrenholz
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