sexta-feira, 30 de abril de 2010

CLÁUDIA DURANS, MULHER, NEGRA E SOCIALISTA


A Conferência Nacional do PSTU aprovou a companheira Cláudia Alves Durans como pré-candidata a vice-presidente. Claúdia tem 45 anos e é professora de serviço social na Universidade Federal do Maranhão.

A candidatura de Claúdia expressa a luta de negros e mulheres contra a opressão do sistema capitalista. É também uma forma de se opor à candidatura de Dilma Rousseff, que busca se apresentar como representante da luta das mulheres. “Dilma não resolverá nossos problemas apenas porque é uma mulher. Mais do que o sexo do candidato, importa é se vai governar com os trabalhadores, que programa defenderá. Não basta ser mulher, tem de ser socialista”, afirma Claúdia.

A pré-candidata também esteve no Haiti do dia 30 de março a 3 de abril, com a caravana da Conlutas. Ela percorreu as ruas de Porto Príncipe e testemunhou toda a destruição e a situação precária em que vivem os haitianos.

Trajetória de luta
Claúdia é uma das fundadoras do PSTU, tendo sido uma das principais militantes do partido no Maranhão. Iniciou sua militância ainda no movimento estudantil. Hoje, atua junto aos professores universitários, sendo parte da direção do sindicato nacional, o ANDES-SN. Doutora pela Universidade Federal de Pernambuco, Claúdia é autora do livro “Limites do Sindicalismo e Reorganização da Luta Social”, onde analisou a experiência de luta dos ferroviários e metalúrgicos do Maranhão.

CRISE ECONÔMICA SE APROFUNDA NA EUROPA

Diego Cruz
da redação (do site do PSTU)

• O aprofundamento da crise econômica na Europa, especialmente no sul do velho continente, vem mostrando que o mundo ainda estremece por causa da crise que explodiu em 2007. Se os países escaparam da derrocada completa, num primeiro momento, através de uma política de ajuda ao sistema financeiro, agora recebem a fatura e se deparam com gigantescos déficits fiscais.

Países como os chamados PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia, Espanha) estão à beira da falência. No dia 27 de abril, a agência de classificação de risco, Standard & Poor’s, ajudou a colocar mais lenha na fogueira e rebaixou a nota da Grécia, Portugal e Espanha, causando alarme e alvoroço entre os investidores e derrubando as bolsas em todo o mundo.

Se a situação da Grécia, de falência e iminente, já era conhecida, a desqualificação dos países ibéricos pegou muitos de surpresa. Embora essas agências estejam desgastadas e desacreditadas após a crise, essas medidas apontam para uma crise fiscal muito além do país grego, colocando em xeque a própria União Europeia.

Bancarrota, ataques e luta
A fim de evitar a moratória no país grego, o FMI, investidores e o Banco Central Europeu pressionam o governo para endurecer ainda mais o plano de corte fiscal e nos salários, em troca do aumento do plano de ajuda. A França e especialmente a Alemanha, exigem o aprofundamento das medidas de arrocho dos países endividados. A Grécia fechou o ano passado com um déficit de 13,6% do PIB, quando o teto para um país da Zona do Euro não deveria passar os 4%. Já a Espanha não fica atrás e amarga quase 11,2% de déficit.

Só o endividamento do país grego chega a 115% do PIB, situação em que, aliado ao déficit, fazem muitos considerarem praticamente inevitável uma moratória. Situação em que o FMI e o BCE tentam reverter. O chefe da Organização para Cooperação do Desenvolvimento e Comércio (OCDE), Angel Gurría, afirmou que o contágio da crise é como o vírus ebola: “Quando você percebe que tem, corta a perna para sobreviver”.

No caso, a perna a ser cortada são os salários e direitos dos trabalhadores. De um lado, cortes e arrocho tentam conter os gastos do Estado e, de outro, aumento nos impostos elevam a arrecadação a fim de permitir o pagamento da dívida aos banqueiros.

Na Grécia, a luta contra os ataques aos direitos e aos planos de corte fiscal já provocou diversas greves gerais, a última nesse dia 22 de abril. Nesta quinta-feira, 29, outra manifestação aconteceu e foi duramente reprimida. Sindicatos e centrais já preparam uma nova paralisação para o próximo 5 de maio.

Agora, Portugal está no alvo do FMI e especuladores, com um plano similar ao implementado pelo governo grego. “Estamos absolutamente determinados a fazer o que for necessário para atingir as metas que estabelecemos para reduzir o déficit público”, afirmou o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates. O Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) do governo prevê uma série de ataques, como o congelamento de salários, redução no seguro desemprego, além de privatizações. No dia 27 de abril uma greve nacional do setor de transportes e comunicações, com a adesão de servidores públicos, demonstrou que os trabalhadores portugueses, a exemplo dos gregos, não pagarão pela crise.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

PELO FIM DO SENADO

Nesta eleições estarei contribuindo, mais uma vez, para o fortalecimento da luta dos trabalhadores. Participarei como candidato ao senado pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado - PSTU. A minha participação não será para reforçar esta instituição. Pelo contrário o mote da campanha será "pelo fim do senado. Ao longo dela estarei mostrando argumentos que justifiquem o fim do sistema bicameral no Brasil. Isto não implica dizer que, para os trabalhadores, a Camara Federal é também um espaço de conquistas que nossa classe deve priorizar. No nosso entendimento, a saída são os consellhos populares. Apresento abaixo uma excelente entrevista do Jurista Dalmo Dallari, em que ele apresenta suas teses pelo fim do senado.

O fim do Senado precisa ser discutido. Entrevista com Dalmo Dallari


Escrito por Administrator
Seg, 29 de Junho de 2009 10:29

São mais de 650 atos secretos apurados e a contagem continua. Conforme avança a investigação das ordens administrativas que beneficiaram sigilosamente parentes e amigos de senadores, descobre-se que agir em segredo já não era o bastante: até atos "ultrassecretos" foram assinados pela mesa-diretora do Senado. Acuado, o presidente da Casa, José Sarney, cujos parentes se espalham por gabinetes de colegas, anunciou a instalação de uma comissão de sindicância para apurar as denúncias, a criação de um portal de transparência para que se publique tudo o que acontece ali e uma auditoria externa na folha de pagamento. Mas não sem antes dividir a responsabilidade com os outros senadores e com a instituição: "A crise do Senado não é minha, é do Senado", disse Sarney em discurso aos pares, que aceitaram calados sua parte de culpa.

A reportagem e a entrevista é de Flávia Tavares e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 21-06-2009.

"O modelo bicameral brasileiro não se justifica", provoca o jurista Dalmo Dallari, que trabalha em um livro sobre o constitucionalismo em que analisa a necessidade de duas casas legislativas. "Para que, além dos representantes do povo, que são os deputados, precisamos de representantes dos Estados, se eles são tão dependentes do governo federal?", questiona o professor da Faculdade de Direito da USP, colocando em xeque uma casa parlamentar que controla um orçamento de R$ 3 bilhões. Em Fundamentos do Constitucionalismo - História, Política e Direito, a ser publicado ainda este ano, Dallari busca paralelos com os modelos americano, francês e inglês para sustentar que um Legislativo forte não é necessariamente dividido em dois. Mas admite que, isolada, a extinção do Senado não é viável. "É aí que uma reforma política que adote o sistema distrital se faz fundamental", diz. "Esse é o início de uma discussão. É preciso entender que, com um Legislativo melhor, a democracia se fortalece."

Eis a entrevista.

Em seu novo livro, o senhor critica o modelo bicameral do Legislativo brasileiro. Por quê?
É fundamental recuperar a história para entender como nasceu o sistema bicameral. No mundo moderno, há três modelos básicos de Constituição. Um é o inglês, que tem uma peculiaridade: a Constituição é parcialmente escrita e se baseia em grande parte em decisões judiciais, que criam parâmetros para temas importantes. Por esse motivo não é tão imitada. O segundo modelo é o americano, a primeira Constituição escrita da história. E o terceiro é o francês, que se baseou em teorias filosóficas e políticas de pensadores como Rousseau e Montesquieu e foi influenciado pelos EUA, pois também é escrito.

Como surge o bicameralismo em cada um dos casos?

Na Inglaterra, que firmou sua Constituição no final do século 17, o grande desafio da nobreza decadente era conter a burguesia ascendente. Por isso, o parlamento britânico é, ainda hoje, dividido em duas casas: uma é a Câmara dos Lordes, que é a dos nobres. A outra é a Câmara dos Comuns, dos burgueses. Nos EUA, em 1787, nasceu a ideia de uma Constituição para as antigas colônias que, a partir dali, foram chamadas de Estados, mas com o pressuposto de que não perderiam a independência. Os americanos, também influenciados por Montesquieu, defendiam a separação dos poderes. Decidiram num primeiro momento que se criaria um Legislativo em que os membros seriam eleitos pelo povo e que o número de representantes de cada Estado seria proporcional ao número de eleitores.

Por que criaram o Senado então?

Porque surgiu um grave problema: os Estados do norte não tinham escravos. Seu número de eleitores era maior e, portanto, maior seria o número de representantes. Já o Sul, escravista, ficaria com menor representação. Para conter os abolicionistas, criou-se o Senado, com número igual de representantes dos Estados, que deveria confirmar tudo o que fosse aprovado na primeira Casa. Assim, a escravatura durou mais 80 anos nos EUA. A partir daí, houve uma busca de justificativa mais nobre para a existência do Senado: os senadores seriam embaixadores dos Estados junto ao governo central.

Como é o modelo francês?

Ele guarda semelhança com o inglês na inspiração. A primeira Constituição francesa é de 1791, num segundo momento da Revolução, em que as forças populares já não eram tão ativas e a burguesia, que buscava conciliação com o setor progressista da nobreza, tinha assumido o poder. Mas havia uma corrente da burguesia radical com grande poder no Legislativo. Para deter os excessos democratizantes dessa corrente foi que se pensou no Senado, instituído oficialmente na Constituição de 1799 e chamado de poder conservador, porque se queria afirmar que a fase revolucionária havia terminado.

Por que o bicameralismo foi adotado no Brasil?

Na sua primeira fase de país independente, na primeira Constituição, de 1824, o Brasil tomou por base o modelo francês. Foi prevista a existência da Câmara dos Deputados e do Senado, mas com diferenças. Uma delas era a maneira de escolha dos parlamentares. Os eleitores escolhiam os deputados e uma lista tríplice de senadores. O imperador escolhia então o senador a partir dessa lista. O segundo dado é que os senadores eram vitalícios, não tinham mandato. E o terceiro ponto, muito expressivo, é que para ser senador o cidadão precisava ter renda mínima anual de 800 mil réis, uma fortuna. Ou seja, o Senado nasceu como uma casa feita para abrigar os oligarcas, que lá se mantêm até hoje.

A estrutura mudou na República?

Em 1891, o Brasil fez uma adaptação para o modelo americano, com destaque para a figura de Rui Barbosa, que conhecia bem o sistema dos EUA. Estabeleceu-se como lá o princípio da separação de poderes. Em relação ao Legislativo, decidiu-se por um sistema bicameral, com os senadores eleitos pelo povo e dando ao Senado o poder de revisão. Por conveniência, para estabelecer um paralelismo com os EUA, as províncias viraram Estados. Mas só no nome. A figura do senador como representante dos Estados, no Brasil, não tem sentido, porque os Estados brasileiros não são soberanos. Eles podem tomar decisões sobre uns assuntos, mas não sobre outros, reservados ao poder central. Mesmo nos EUA não são tão soberanos assim. Chamar as antigas colônias de Estado foi um artifício para criar a fantasia de que elas continuariam autônomas mesmo sob um governo comum.

A Constituição define os senadores como representantes dos Estados da Federação?

Sim, mas a nossa é uma falsa federação, porque temos falsos Estados. O Artigo 46 da Constituição diz que o Senado se compõe de representantes dos Estados e do Distrito Federal. Mas, de fato, não há nenhuma justificativa para que, além dos representantes do povo, haja representantes dos Estados, tão dependentes que são do governo central. Senão, por que não criar também uma câmara federal para representar os municípios? Afinal, nosso federalismo é de três níveis.
Por que os senadores não agem para aumentar a autonomia dos Estados que eles representam?
Porque a medida que existe para que eles manipulem o poder é suficiente. Não há interesse de ampliar essa autonomia, só pensam em brigar pelo poder.

Quem está ganhando essa briga?

As oligarquias ficaram muito fortalecidas, tanto que duram até hoje. Existem esquemas políticos estaduais que dominam o sistema político. Os oligarcas mantêm o povo em situação de dependência. O Maranhão é o Estado brasileiro com maior índice de analfabetos. Isso gera uma submissão total, porque os mais pobres ficam gratos quando têm escola ou hospital e reelegem aquele senador. Como os oligarcas estaduais têm muita força eleitoral, acabam usando isso para composições políticas. Para que o governo central tenha apoio de um Estado, é preciso negociar com os parlamentares de lá e a influência do senador nisso é enorme.

Mas José Sarney teve de sair do Maranhão para se eleger no Amapá.

Porque surgiram tantas denúncias contra o grupo Sarney que a situação ficou insustentável. O Maranhão tem uma história de miséria e isso fez com que surgisse uma oposição forte, que começou a esclarecer os eleitores e fez com que a base de Sarney fosse diminuída. Estive no Amapá há algum tempo e, quando perguntei a alguns moradores se eles eram de lá, a maioria respondia ser do Maranhão. Era a população transplantada pelo Sarney para se eleger senador no Amapá. Pessoas miseráveis que continuaram miseráveis em outro lugar, mas profundamente agradecidas pelo pedacinho de terra que ganharam para sobreviver.

Sarney chegou à Presidência da República e optou por voltar ao Senado. Por que não seguir o caminho de agir nos bastidores da política?

Ele volta porque gosta de se sentir um senhor feudal. Com isso, além de conseguir benefícios pessoais, ele beneficia também seus amigos e sua família. Agora, o espaço dos senhores feudais está diminuindo gradativamente. Ainda vai levar um tempo, mas já está acontecendo.

Nos EUA, na Inglaterra e na França, discute-se o fim do bicameralismo?

Muitos teóricos ingleses admitem que a Câmara dos Lordes é uma fantasia. Ela foi perdendo poder e as decisões são tomadas na Câmara dos Comuns. Na França, o Senado ainda mantém poder político, embora mais restrito, porque desapareceu o dualismo entre o resto da nobreza e a burguesia. Somente nos EUA o Senado é realmente forte, porque expressão do poder dos Estados. No Brasil, não há justificativa teórica nem de organização democrática para a necessidade do Senado. Na prática, o Senado é e sempre foi um anteparo contra excessos democratizantes. O papel que a Constituição lhe atribui é muito mal exercido. Reservaram-lhe algumas funções para diferenciá-lo da Câmara, mas no processo legislativo ele é igual. Por exemplo, ele tem a atribuição de aprovar não só operações financeiras externas da União, dos Estados e municípios como também a escolha de um ministro do STF e do Banco Central. E todas as leis têm de passar pelas duas casas. O desaparecimento do Senado não faria diferença no processo legislativo.

Seria uma instância a menos de decisão e de discussão de leis.

Sim, mas na Câmara a representação é proporcional. Ali, aquela regra "um eleitor, um voto" realmente vale. Ao passo que no Senado, como todos os Estados têm o mesmo número de senadores, aqueles que têm um número muito menor de eleitores têm o mesmo peso que os que têm um grande eleitorado, o que é antidemocrático e quebra o princípio da igualdade. O que vai garantir a democracia é que haja a transparência no Legislativo e maior participação do povo. As instâncias de decisão não precisam ser "para cima", podem ser "para baixo", com organizações da sociedade civil, associações, universidades. Também poderia ser mais usado o instrumento do plebiscito, da consulta de prioridades.

O Brasil tem um trauma de déficit democrático que foi o período da ditadura. Eliminar uma instituição democrática não é uma medida drástica demais?

Haverá resistência, por isso essa proposta tem de ser amplamente discutida, para que as pessoas façam uma reflexão e percebam que não há ameaça na introdução de mudanças que, bem ao contrário disso, depuram a democracia. Antidemocrático seria eliminar o Legislativo. Aliás, eu como jurista não posso perder de vista o que diz a Constituição. Ela estabelece como princípio a separação dos poderes e diz que haverá um Legislativo, um Executivo e um Judiciário, mas não exige um Legislativo bicameral. O princípio democrático é um Legislativo eleito pelo povo, mas a par disso a Constituição afirma a igualdade de todos, e o Senado é a expressão da desigualdade.
O senador Cristovam Buarque sugeriu há algum tempo um plebiscito para se questionar a existência do Congresso, o que causou um estardalhaço enorme.

Ele disse que o Congresso estava de tal forma desmoralizado que, se perguntássemos ao povo, talvez eles dissessem que seria melhor fechá-lo de uma vez. Essa ideia soou de uma forma errada, mas ele é um democrata. Isso mostra que o Brasil não tem ambiente para que se proponha o fim do Senado, não neste momento. Mas é preciso iniciar essa discussão, levantar a ideia, provocar o interesse. O assunto tem que ser discutido nas universidades e nas associações de maneira geral.

Sarney disse que a crise não é dele, mas do Senado. Como o senhor analisa essa declaração?

Ele só se esqueceu de que o Senado é o conjunto de senadores. Há sem dúvida uma crise individual também. De uma geração para outra, é preciso que se adote um comportamento diferente. É o caso ACM: o neto está longe de exercer a ascendência do avô e não há nenhuma perspectiva de que ele conquiste o mesmo poder. Isso deve acontecer também nos outros Estados e daqui para frente vai ser cada vez mais difícil manter essa dominação absoluta, até mesmo porque a imprensa está fazendo denúncias e ajudando a conscientizar a população.

Houve senadores que foram fundamentais na história do País?

Sim, já tivemos grandes figuras lá. No período monárquico, posso citar Barão do Rio Branco, que trabalhou muito para definir o Brasil como um Estado soberano. Rui Barbosa contribuiu imensamente para a instalação do sistema republicano no País. E Afonso Arinos, grande personagem político desde 1946, assessorou Ulysses Guimarães quando Tancredo morreu e houve um temor de que os militares voltassem ao poder. Mas o Senado como instituição nunca foi crucial. Eu diria que o Legislativo é essencial, não o Senado. Atualmente, existem senadores absolutamente respeitáveis, mas que são figuras isoladas. Além disso, há muitas pessoas competentes e bem intencionadas que se recusam a entrar para a política, justamente para não se desmoralizar ou para não se verem obrigadas a fazer concessões.

Nesse sentido, não seria mais importante moralizar a política do que fechar uma Casa?

Unificar o Legislativo é um dos passos para a moralização da política. Não há razão política, no sentido próprio da expressão, que justifique a existência do bicameralismo. E não há um caminho imediato de moralização, é um trabalho de longo prazo.

O caminho seria a reforma política?

A extinção do Senado só tem efeito com uma reforma política. E numa verdadeira e boa reforma política deveríamos introduzir os distritos eleitorais. No sistema distrital, o candidato só pode ser votado numa circunscrição pequena e o eleitor sabe exatamente em quem está votando, conhece seus antecedentes. Sozinha, a extinção do Senado teria bem menos sentido, embora eliminasse uma despesa enorme, de R$ 3 bilhões anuais, com despesas particulares dos senadores e de seus parentes e cabos eleitorais. Mas para ter uma boa reforma política seria necessário mudar a forma de escolha dos deputados, para que o Legislativo unicameral ficasse forte o suficiente.

Sarney declarou também que a democracia representativa está em crise e que caminhamos para uma democracia direta. O senhor concorda?

O Brasil tem o privilégio de ter uma das poucas constituições do mundo que contemplam tanto a democracia representativa quanto a direta. Nesse sentido, o voto distrital não chega a ser uma forma direta, mas aproxima muito mais o representante do representado. Precisamos aperfeiçoar a representação. Vou dar um exemplo claro: a senadora Kátia Abreu, do Tocantins, fala contra o ministro Carlos Minc se autodefinindo como representante do agronegócio, não do Estado. Outro exemplo: há alguns anos, quatro senadores foram ao Pará para pedir que a fiscalização do trabalho escravo acabasse. Isso é do interesse da população ou do Estado que eles representavam? Mesmo a candidatura deles é decidida por cúpulas políticas, fora o sistema absurdo e escandaloso de suplentes de senadores. Há inúmeros casos em que o suplente é um parente do senador ou um de seus cabos eleitorais ou um financiador. Isso não é democrático nem representativo.

Os senadores também representam seus partidos.

Mas os partidos não representam uma corrente de opinião e sim alguns interesses específicos. Os eleitos, com algumas exceções, também são ligados a interesses econômicos. E o governo central negocia com esses interesses em vista.

Há denúncias de mais de 650 atos secretos no Senado e, agora, até de atos "ultrassecretos". Como fazer para abrir de vez essa caixa-preta?

Com muita publicidade e transparência. O Judiciário era muito fechado, começou a se abrir com a Constituição de 1988 e isso tem sido altamente benéfico. Por outro lado, esses atos secretos do Senado me parecem mais um fato isolado daqueles que ainda perduram. O fato de termos uma imprensa livre e um Ministério Público que pode fazer e faz investigações tornam muito difícil a manutenção de segredos. Mas isso não quer dizer que do dia para a noite vá haver plena transparência. Estamos caminhando para isso e esses atos secretos virem à tona é bom sinal. E, na parte do sistema administrativo, o Tribunal de Contas pode e deve atuar. Aquilo que configura ilegalidade é assunto para o MP.

Além da reforma política, o senhor sugere outras medidas para que o Legislativo ganhe a confiança da população?

Sim, uma alternativa seria extinguir as medidas provisórias, que temos em quantidade absurda. Elas não deveriam existir num sistema democrático em que o Legislativo é eleito, é representante do povo. Medidas provisórias só cabem quando não há funcionamento do Legislativo. Talvez ele nunca tenha funcionado em sua plenitude, mas nos últimos tempos, com o envolvimento maior do Estado na vida social, a necessidade de um bom Legislativo cresceu, para que ele não seja ditatorial ou arbitrário. Só que estamos num círculo vicioso: não melhoramos porque não melhoramos. Se tivéssemos melhores legisladores, melhoraríamos o sistema, que melhoraria a vida da população, que votaria em melhores legisladores. Em todo caso, esse trabalho não será feito rapidamente. A população não percebe que seu desencanto com a política piora a situação. Só perceberá com um trabalho de educação, e é aí que as organizações sociais e as escolas entram de forma fundamental.

SERVIDORES NA LUTA CONTRA O PLP 549

Servidores participam do ato contra o PLP 549 em Brasília

Matéria do site http://www.fenale.blogspot.com/

Conforme aprovado no planejamento estratégico, de que a FENALE deve participar de todos os movimentos que visem defender os direitos da categoria, e também nas últimas reuniões on line, o presidente da FENALE, Gaspar Bissolotti Neto, juntamente com Luiz Noleto, do SINDSALEM/MA – Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa do Maranhão, representou os servidores legislativos durante as manifestações realizadas dia 15 de abril, em Brasília, contra o PLP 549/2009, que, entre outras medidas, prevê congelamento de salários dos servidores até 2019.Os representantes do Legislativo se uniram a mais de 2 mil pessoas, sendo que o ato teve início na Catedral Metropolitana de Brasília e depois os servidores se dirigiram em passeata até a frente do Ministério do Planejamento, onde realizaram um ato público, quando todas as entidades nacionais e parlamentares puderam se pronunciar.Participaram também do Ato Público os representantes das Centrais Sindicais: Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Coordenação Nacional de Lutas, (Conlutas) e a Intersindical. Entidades: Fasubra Sindical, Condsef, Sintufb, Andes, Asfoc, Assibge, Confetam, Fenajufe., Fenasps, Sinagências, Sinait , Sindifisco, Sinagências, Sindifisco Nacional, Sindreceita, Unacom e UNE.Também estiveram presentes, declarando apoio à luta dos servidores, os deputados federais Luiz Carlos Busato (PTB-AM), relator do projeto na Comissão do Trabalho e Serviço Público; Paulo Rubem (PDT-PE); Mauro Nazif (PSB-RO) e Luciana Genro (PSOL).Luiz Noleto (Sindsalem) afirmou a importância da participação dos servidores dos legislativos estaduais nessa luta, que interessa a todos, pois, se o PLP 549 for aprovado, todos serão prejudicados com o congelamento de salários e o prejuízo atingirá todo o serviço público.Durante o ato, o relator do projeto, deputado Luiz Carlos Busato, fez uma rápida intervenção em que afirmou “estar sensível à reivindicação dos servidores em relação ao PLP 549”.Ele afirmou que pretende apresentar seu parecer no dia 5 de maio e que o presidente da Comissão de Trabalho, deputado Alex Canziani (PTB-PR) poderá pautar o projeto na sessão do dia 12 de maio, sendo que há necessidade da ação das entidades junto ao presidente nesse sentido. “Estou sensível à reivindicação de vocês. Por isso, vou atender a solicitação contrária ao projeto. Esse é o compromisso que faço agora. Esse projeto não tem o menor cabimento”, disse Busato, que também afirmou já ter expressado o seu posicionamento ao Ministério do Planejamento.Segundo o relator, diversos deputados da Comissão de Trabalho já se manifestaram ser contra o projeto, que fora aprovado por unanimidade no Senado. “Tenho certeza que não teremos problema na Comissão de Trabalho”, complementou..O Ato teve continuidade no Auditório Nereu Ramos, no Congresso Nacional, quando muitos dirigentes sindicais e parlamentares usaram da palavra, sempre atacando o Projeto e destacando a necessidade dele ser arquivado com urgência, para não prosperar futuramente.

Postado por SINDSALEM-MA às 10:09 0 comentários
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BAR ODEON- MAIS UMA OPÇÃO BOÊMICA

O Bairro da Praia Grande apresenta várias alternativas para quem se arrisca na boêmia. Na parte mais cultural deste bairro, o chamado Reviver, encontra-se a " feira do reviver". Lá a vida pulsa. Músicas variadas. Tem a banca do corintiano, onde é possível encontrar vinil com a voz de Vicente Celestina saudando os ébrios do local, Waldick Soriano, Reanato e Seus Blue Caps e, nas noites de sexta-feira, o Tambor de Criola do Mestre Amaral. Do lado de fora e, nas noites de quinta, tem o projeto da Companhia Circençe, conhecido como " A Vida é uma Festa". Neste espaço que já dura mais de sete anos é possível encontrarmos as vozes de vários artistas maranhense de boa qualidade. Em destaque, Erivaldo Gomes e sua malementa, Didâ com seu amor brotando, Zé Maria questionando aonde está o couro, Omar Cutrim e sua salsa entre outros. Ah, ia me esquecendo de alertá-los que por la´passam muitos malas. Alguns inofensíveis, como o famoso Cabral.

No mês de março mais uma opção cultura surgiu. Foi o Bar Odeon. Os proprietários, amantes da boa culinária e com gosto musical impecável são Hugo e Inaldo. O Bar esta localizado no Beco da Pacotilha (foto acima). Lá é possível ouvir os vinis de Paulo do Vale. Tem raridade que vão do baião de Luiz Gonzaga ao rock pop internacional e nacional. No mês de abril tive o prazer de comemorar meu aniversário neste local. Quando terminou me sentir mais jovem e quase me esquecia dos meus 47 anos bem vividos. Esta foto ao lado apresenta a decorção interna do referido bar. Antes de encerrar gostaria de dizer que ao lado do Bar Odeon foi reinaugurado o Bar Tapúias do amigo Jair. Lá você pode viajar nos blues e jazz de boa qualidade.

O LEILÃO DE BELO MONTE

Origem site Nacional do PSTU

Governo vai financiar 80% da obra entregando dinheiro público a empreiteiras


Jeferson Choma
da redação do Opinião Socialista
Outros textos destea) autor(a

• Nesta terça-feira, dia 20, o governo realiza o leilão de concessão da construção da usina de Belo Monte. O projeto, criado pela ditadura militar e ressuscitado por Lula, prevê a construção da terceira maior usina do mundo no rio Xingu.

A obra poderá representar um dos maiores ataques ao meio ambiente nas últimas décadas. Além disso, vai beneficiar apenas empreiteiros e empresários ligados à exportação de minério. Com se não bastasse, o governo vai dar uma soma incalculável de dinheiro pública às empresas privadas.

Presente para empresários
Dois consórcios disputam o leilão. O primeiro, o Norte Energia, é formado pela construtora Queiroz Galvão, Gaia Energia, J. Malucelli, Mendes Júnior entre outras empresas. Já o segundo, Belo Monte Energia, é integrado pela Andrade Gutierrez e pela mineradora Vale. No entanto, o governo aportou os dois consórcios com a participação de estatais.

A Chesf, estatal ligada a Eletrobras, integra o primeiro bloco. Já as estatais Furnas e Eletrosul participam do segundo. Em ambos os casos, a participação das estatais não supera 49,9% do aporte, deixando a maioria para as empresas privadas. Trata-se de uma manobra para alavancar o caixa dos empresários privados com o cofre das estatais de energia, cujo objetivo é afastar os riscos que levaram a Odebrecht e a Camargo Corrêa a desistirem do leilão.

Para ajudar ainda mais os empresários, o governo anunciou que a estatal Eletronorte poderá assumir até 35% de participação no empreendimento, independentemente de quem for vencedor. Assim, o governo agrada os dois blocos que disputavam ferrenhamente os recursos e informações estratégicas que a estatal detém. O governo também cogita a participação no negócio dos fundos de pensão, como o da Caixa Econômica Federal, dirigido por ex-sindicalistas do PT.

Mas tudo isso não bastou para afastar os riscos. O governo resolveu injetar mais dinheiro público nas mãos dos empresários e escalou o BNDES para ajudá-los. O banco vai financiar 80% dos recursos para obra, cujo custo é estimado em mais de R$ 19 bilhões de reais. Os empresários terão 30 anos para pagar o empréstimo, o maior da história do BNDES.

Favorecer quem?
O governo Lula diz que a usina é necessária, pois evitaria a ameaça de um novo apagão e beneficiaria a população da região Sudeste. Mas há motivos de sobra pra desconfiar dessas palavras. Em primeiro lugar, a maior parte da energia que será produzida em Belo Monte não vai ser destinada à população da região Sudeste. Para isso o governo teria que investir pesado em linhas de transmissão, o que não está e nem será feito.

Aliás, a privatização das linhas de transmissão pode estar diretamente relacionada ao apagão do ano passado. Houve um avanço monstruoso do capital privado estrangeiro neste setor. Como lembra Frei Beto, que não representa nenhuma linha de oposição ao governo petista, entre 2000 e 2002, as empresas estrangeiras obtiveram 49% das linhas leiloadas pela Aneel; as empresas privadas brasileiras, 36%; as parcerias estatais/privadas, 15%. Mas entre 2003 a 2006, já no governo Lula, as estrangeiras passaram a abocanhar 65% das linhas leiloadas, enquanto as associações entre estatais e privadas obtiveram 25%.

A verdade é que a energia de Belo Monte será destinada às indústrias de minério e siderúrgicas, como a Vale e a Alcoa, que atuam mais ou menos próximas à região, para aumentar a produção de matérias-primas destinada à exportação.

Por outro lado, a construção da usina vai vitaminar a campanha de Dilma Roussef à presidência da República. Servirá como importante peça da campanha eleitoral que tentará reforçar a imagem de uma “Dilma realizadora”, “mãe do PAC”.

O atual modelo do setor elétrico é apresentado como uma criação da ex-ministra de Minas e Energia e da Casa Civil.

Ataque à ecologia
A usina também terá impacto brutal no meio ambiente e aos povos da floresta. É bem provável que represente um dos maiores ataques à ecologia das últimas décadas. Calcula-se por baixo que a usina fará sumir cerca de 50 mil hectares da floresta amazônica.

“Normalmente, o impacto ambiental das hidrelétricas acontece com os alagamentos. Em Belo Monte, o impacto será duplo: além do alagamento, será preciso secar outra região, porque o rio terá que ser desviado. Isso nunca aconteceu no país e torna o projeto mais arriscado”, disse Francisco Hernandez, pesquisador, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, que também coordenou um painel com 40 especialistas para estudar a obra.

O impacto que se refere o pesquisador atinge, sobretudo, os povos indígenas que dependem do Xingu. A construção da usina vai diminuir a vazão do rio, provocando a morte de espécies de peixe, que servem de alimento e de base para a economia local.

Além disso, construção da usina depende da construção de canais que somam 30 quilômetros de extensão, o que representará a retirada de 230 milhões de metros cúbicos de terra, um volume maior que a retirada para a construção do Canal do Panamá, segundo o Greenpeace.

Em 1989, os povos indígenas chamaram a atenção do mundo quando realizaram o 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu e conseguiram fazer o governo recuar para uma revisão dos planos. Desde então, inúmeras personalidades declararam apoio a luta contra a construção.

Recentemente, o cineasta James Cameron declarou que a história de seu filme “Avatar” pode ser comparada a luta dos indígenas contra Belo Monte. “Após encontrar os povos indígenas da Amazônia, com os quais me comuniquei de forma direta e comovente, isto se tornou muito real para mim”, disse.

Somam-se ainda as nefastas consequências sócio-ambientais, como o deslocamento de milhares de pessoas para as cidades da região. Isso vai potencializar os problemas sociais destas cidades, ampliando a ocupação desordenada e a favelização. Alguém pensa que o Estado vai tomar medidas destinadas ao bem estar dessa população promovendo algum tipo de planejamento urbano que minimize os impactos ambientais?

Criminalização dos povos indígenas
O governo também é acusado de agir de forma autoritária. Sequer ouviu as populações locais. Por meio de falsas audiências públicas e desconsiderando relatórios de técnicos do próprio Ibama que afirmam que não seria possível liberar a licença da usina em função de seus “impactos socioambientais imprevisíveis”.

Recentemente, o Ministério da Justiça editou uma descabida portaria que permite o uso da Força Nacional de Segurança Pública no Distrito Federal em apoio à FUNAI “a fim de garantir o pleno desenvolvimento dos trabalhos no âmbito da sede da Fundação Nacional do Índio, em Brasília, bem como a incolumidade física das pessoas envolvidas na questão e do patrimônio” .

A intenção é clara: criminalizar qualquer tipo de resistência promovida pelos povos indígenas contra as obras do PAC ou à Belo Monte.

“Nunca antes, na história do indigenismo oficial, se tomou uma medida tão severa. Vale lembrar que os generais que comandaram a nação, durante décadas, não se preocuparam em proteger a sede do órgão indigenista com uma força policial que se assemelha a um esquadrão de guerra”, denunciou em nota o Conselho Indigenista Missionário.