Editorial 31 de Julho 

Na noite desta segunda-feira (30), o programa Roda Viva, da TV Cultura, entrevistou Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o candidato da extrema-direita a presidente da República. O programa registrou recorde de audiência na TV e na internet.
À vontade e sem nenhuma vergonha, Bolsonaro defendeu abertamente o período de ditadura civil-militar no Brasil. Apoiou a atividade de torturadores, como o Coronel Ustra, e disseminou mentiras quando, por exemplo, relativizou a morte do jornalista Vladimir Herzog, embora o Estado brasileiro tenha sido condenado recentemente pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por seu assassinato.
Repetiu a cartilha ultrarreacionária contra os oprimidos, reafirmando posições já conhecidas, como as que justificam a escravização dos negros africanos na América, as que fundamentam a LGBTfobia nas escolas e as que relativizam a igualdade entre homens e mulheres.
Além disso, Jair Bolsonaro assumiu implicitamente a execução do suposto assaltante que o rendeu quando estava armado em 1995. O candidato afirmou que, se eleito, daria licença para matar a policiais e soldados e consideraria o MST um movimento terrorista.
Ao discurso opressor agregou propostas neoliberais para a economia. Defendeu a entrega e a privatização de estatais e a redução ainda maior dos direitos dos trabalhadores. Afirmou, por exemplo, que os trabalhadores rurais deveriam ter menos direitos. Lembremos que o candidato votou a favor da reforma trabalhista de Temer.
Defendeu, também, o golpe parlamentar que levou Temer ao governo – o presidente mais impopular da história recente.
A entrevista demonstrou, uma vez mais, o conteúdo fascista e patronal da candidatura de Bolsonaro à Presidência da República.
Queremos Bolsonaro fora do segundo turno
Um dos principais desafios da esquerda e de todos setores democráticos de nosso país é realizar uma ampla campanha política contra Bolsonaro, buscando impedir a sua chegada no segundo turno das eleições presidenciais de outubro. O candidato militar, que aparece em primeiro lugar nas pesquisas sem o nome de Lula, vem demonstrando resistência aos ataques da grande imprensa e mantém dinâmica ascendente. É incorreto subestima-lo, e mais ainda adiar para depois o combate contra o monstro fascista.
Negar a importância desta tarefa é ser condescendente com o perigoso avanço da extrema-direita, que ganhou, diante da crise nacional, audiência de dezenas de milhões de brasileiros.
É preciso explicar ao povo que Bolsonaro quer destruir os direitos sociais, trabalhistas e democráticos, e entregar o patrimônio público aos estrangeiros. Explicar também que seu governo representaria o aumento da violência à mulher, das mortes de negros e da perseguição às LGBTs.
Aos que estão seduzidos pelo discurso de que não que não havia corrupção e desordem na Ditadura, é preciso lembrar que o regime defendido pelo capitão reformado foi solo fértil para o enriquecimento ilícito de grandes empresas (como empreiteiras), num período em que a exploração e desigualdade social cresceram brutalmente e que o povo não tinha liberdade para se manifestar.
Todas as candidaturas da esquerda devem estar unidas no combate sem tréguas a Bolsonaro. A luta contra o neofascismo brasileiro é uma tarefa urgente e prioritária. Vamos derrotá-lo falando verdades simples aos trabalhadores, oprimidos e à juventude, demonstrando que o candidato da extrema-direita quer condenar o povo a um inferno de exploração e opressão, em que as poucas liberdades e direitos conquistados serão estrangulados.