quarta-feira, 28 de setembro de 2011

ASSEMBLÉIA E JUDICIÁRIO: PODERES MAIS QUE HARMÔNICOS

Enquanto os servidores efetivos e estáveis lutam pelo reajuste do seu ticket alimentação, congelado há quatro anos em R$ 200,00, pelo retorno do percentual de 5.9% garfado pela presidencia da Assembléia Legislativa quando da implatação da última etapa do atual Plano de Cargos Carreira e Vencimentos (PCCV) e só recebem um não do Deputado Arnaldo Melo, sob alegação do cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal -LRF, eles acompanharam uma alteração na gratificação (Diário da ALEMA do dia 22 de setembros de 2011) concedida há vários servidores de cargos comissionados. Esta alteração com certeza contribuirá para o aumento da LRF.

No entanto, o mais grave desta derrama é que entre os agraciados com este aumento está o filho do desembargador Jorge Rachid,Jorge Rachid Mubarack Maluf Filho. Ele foi nomeado na Assembleia Legislativa do Maranhão para "exercer" o cargo em comissão, símbolo Isolado, como Subprocurador Judicial da presidência em fevereiro de 2011, mas para que pudesse "exercer" melhor este papel fantasmagórico, o seu salário que era de R$ 6.883,50, com esta gratificação, passará a ser de R$ 12.968,93 e isso retroativo é claro a julho do corrente ano.

Ou seja os poderes do Estado do Maranhão estão indo além da constituição quando afirma que eles devem ser harmônicos.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Bolívia: governo de Evo Morales reprime marcha indígena


Jeferson Choma da redação do Opinião Socialista


No último dia 25, o governo de Evo Morales mostrou para quem realmente governa. Nessa data, o presidente boliviano lançou a polícia contra uma marcha indígena que protestava contra a construção de uma estrada. O saldo da brutalidade foi – até o momento - um bebê morto e 37 pessoas desaparecidas, segundo o Comitê da Marcha dos povos indígenas, que dirigia o protesto. A criança faleceu devido ao gás lacrimogêneo utilizados na repressão policial

A marcha reunia centenas de indígenas da região da Amazônia boliviana, que há mais de 40 dias protestam contra a construção de uma estrada. Segundo os indígenas, o projeto da estrada ameaçaria suas terras cortando ao meio o Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), uma importante reserva ecológica do país.

A violenta repressão começou quando os indígenas estavam repousando na beira de uma estrada no povoado de Yucumo, cerca de 300 km de La Paz. O comandante da polícia, Oscar Muñoz, justificou a violência afirmando que os militares foram ameaçados por indígenas “armados com flecha”, o que é absolutamente desmentido pelas imagens gravadas. Na verdade, o objetivo da repressão ordenada por Evo era impedir que os indígenas chegassem até a capital, onde os marchantes se reuniriam a outras populações indígenas.

A quem serve a construção da estrada
A definição da construção da estrada que divide o território dos indígenas bolivianos foi acertada, em agosto de 2009, pelos então presidentes Evo Morales e Luiz Inácio Lula da Silva. O projeto vai apenas beneficiar as multinacionais petroleiras que atuam no país, as madeiras e empresários brasileiros. Seu objetivo é diminuir a distância para as exportações de mercadorias oriundas do Brasil e da China, criando uma rota para o escoamento de mercadorias, partindo do estado de Rondônia, no Brasil, para várias regiões bolivianas. A obra, orçada em 415 milhões de dólares, está sendo realizada pela empreiteira a brasileira OAS. Aproximadamente 80% do valor será financiado por empréstimos que o Brasil concedeu à Bolívia no valor de 332 milhões de dólares.

Crise política
A selvagem repressão mostra com toda a clareza o caráter autoritário do governo Morales. A mão pesada da repressão do seu governo coloca por terra todo o falso discurso sobre o “território indígena coletivo”, supostamente defendido pelo presidente para aprovar sua Constituição. Seu suposto “socialismo” indígena não passa de uma manobra para ganhar a confiança do povo e, depois, traí-lo.

Por outro lado, a repressão contra os marchantes acentua a crise política vivida pelo governo. A ministra da Defesa da Bolívia, Cecilia Chacón, apresentou sua renúncia por discordar da decisão do governo em reprimir a marcha.

Sindicatos, associações indígenas, partidos de oposição e grupos ecologistas e de defesa dos direitos humanos estão preparando protestos públicos, incluindo uma paralisação nacional chamada pela Central Operária Boliviana (COB), em repúdio a repressão.

Evo Moraels, porém, sinaliza toda sua disposição em defender os negócios das empreiteiras e multinacionais. Em La Paz, a Praça de Murillo, onde estão localizados o Parlamento e o Palácio Presidencial, já está tomada por centenas de policiais.

Leia trechos da nota do Comitê da Marcha dos povos indígenas explicando a repressão policial

“Hoje às 16h30 iniciou-se um operativo policial e/ou militar de cerco sobre o acampamento da ponte San Miguel a 5 Km de Yucumo, onde estavam descansando cerca de 800 manifestantes, incluindo mais de 200 meninos e bebês. Por volta das 17h foi lançado bombas de gás lacrimogêneo contra as pessoas indefesas, o que provocou uma confusão total e, por esse motivo, começaram a desaparecer muitos dos meninos que estavam aí acampados junto a suas mães”

"Posteriormente, efetivos da polícia começaram a perseguir as pessoas. encurralá-los, espancá-los, queimando o acampamento, jogando gás sobre mulheres grávidas e apreendendo pertences pessoais da imprensa, obrigaram as pessoas a subir nas camionetes para que, desta maneira, digna da pior das ditaduras, intervir e acabar com a marcha"

domingo, 25 de setembro de 2011

Carta Aberta em defesa do professor José Barros Filho

Os abusos de poder das autoridades possuem eco inaudível quando silenciados pelos trabalhadores que, compreendidos como “sujeitos descartáveis”, são tratados a “ferro e fogo” pelos donos do pseudo-poder burocrático que tentam fazer dos locais de trabalho loteamentos “feudais” e dos trabalhadores “vassalos”. Eles esperam a cumplicidade do silêncio, da omissão, pois operam com a lógica da barganha, da negociata, tentando intimidar através de seus terríveis processos “inquisitoriais” os trabalhadores que exercem sua autonomia política e gozam de plena liberdade intelectual em relação aos poderes instituídos.

No dia 16 de setembro de 2011, o professor do campus Alcântara, José Barros Filho, tomou ciência de um processo no qual a reitoria do IFMA o disponibiliza a Defensoria Pública da União (DPU), mediante redistribuição para exercer atividade de analista judiciário, muito embora o próprio servidor em nenhum momento tenha requisitado a referida redistribuição nem mesmo tinha conhecimento de que o referido processo estava em tramitação. Sabe-se que a DPU não possui quadro próprio de servidores e que está autorizada por lei em requisitar servidores de outros órgãos do poder executivo federal para o devido funcionamento de suas atribuições fundamentais em defesa irrestrita dos direitos coletivos dos cidadãos da República.

A DPU havia expedido ofício ao IFMA solicitando a redistribuição de outra profissional do Direito, lotada no campus Santa Inês que, mediante análise de currículo profissional, procedeu o encaminhamento da referida solicitação ao IFMA. Neste mesmo processo, a DPU também solicitou mais dois técnicos ao órgão. A solicitação da servidora do campus Santa Inês foi indeferida e os dois técnicos foram liberados. O argumento utilizado pela reitoria foi de que a servidora não poderia se liberada em função da sua carga horária de trabalho no campus.

Assim, ao que parece, em função da militância e da postura ética adotada pelo professor José Barros Filhos, nos seus quase 04 anos de serviços prestados ao campus Alcântara, a reitoria, em conluio com a direção do campus Alcântara, resolveu “remover” o “incômodo” que representa o professor ao poder discricionário de suas atribuições como docente e pesquisador, independente do mesmo possuir carga horária e projetos de pesquisa em desenvolvimento no campus. O argumento de recusa adotado no caso da servidora do campus Santa Inês parece ter sido esquecido agora ou, como parece ser mais plausível, trata-se de um grave ataque à condição de trabalhador e cidadão da República do professor José Barros Filho.

O exercício do poder discricionário pensa que pode operar todos os mecanismos “institucionais” e “legais” na sua autoritária defesa da razão do poder do estado, intimidando e assediando todos os trabalhadores que não se curvam como “séquitos” ou “bajuladores” e que, no limite, significam alguma ameaça a reprodução ampliada do poder de “castas” que hoje podemos observar na direção política do IFMA.

Não se pode deixar de destacar que o professor José Barros Filho é uma importante liderança política no campus Alcântara, sendo inclusive indicado pela assembleia do campus a compor o Comando de Greve local. Neste sentido, temos o dever moral e a obrigação política de iniciar uma campanha pública em defesa do professor José Barros Filho pelo seu direito inalienável e inegociável de exercer suas atividades de trabalho no campus que escolheu para desenvolver suas atribuições como docente e pesquisador no IFMA. Não podemos permitir que os direitos dos trabalhadores sejam violados em nome do “interesse da administração” quando sequer o servidor em questão é ouvido.

Para nós, do Comando de Greve Estadual do IFMA, trata-se de uma medida política que configura assédio moral, perseguição política e ataque ao servidor em razão de sua postura de independência política e autonomia intelectual frente aos podres poderes instituídos. Exigimos que imediatamente a reitoria cesse o referido processo, bem como se retrate publicamente com o professor José Barros Filho, pois este caso é um notável exemplo das misérias do poder burocrático que pensa ter a liberdade para fazer tudo em nome de seus projetos patrimonialistas de perpetuação no poder.

Portanto, a perspectiva que temos que adotar se sustenta no caráter irredutível da nossa luta como resistência aos abusos do poder discricionário na sua laudatória medida autoritária, que mostra-se cada vez mais intolerante ao dissenso, à crítica livre e aos processos de participação da maioria.
São Luís, 30 de setembro de 2011.

Comando Estadual de Greve do IFMA

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Racismo da Caixa: Embranquecendo Machado

Escrito por Wilson H. Silva da redação do Opinião Socialista



No final do século 19, quando Machado de Assis estava produzindo a melhor parte de sua obra, teóricos brasileiros, como Silvio Romero e Nina Rodrigues, em livros como "Os africanos no Brasil" (1890) criaram a "Teoria do Embranquecimento", denfendendo que a eliminação da negritude seria possível nos desenvolvermos como país. Embalados pelo pensamento Positivista (que, dentre outras coisas, pregava que as elites dominantes deveriam servir como padrão para a “evolução social” e o que o "meio" determinava completamente o caráter das pessoas) e por teses pseudocientíficas como a da "eugenia" (que defendia a supremacia "genética" dos brancos) os dois defendiam que a negritude era um obstáculo instraponível no caminho do progresso.


Para se ter uma precisa idéia do que estamos falando, vale citar duas passagens do livro mencionado, escrito por Rodrigues e prefaciado por Romero:
1)"A raça negra no Brasil, por maiores que tenham sido os seus incontestes serviços à nossa civilização, por mais justificadas que sejam as simpatias de que a cercou o revoltante abuso da escravidão (...) há de constituir sempre um dos fatores da nossa inferioridade como povo”.

2)"A constituição orgânica do negro, modelado pelo habitat físico e moral em que se desenvolveu, não comporta uma adaptação à civilização das raças superiores, produtos de meios físicos e culturais diferentes”.

Por mais absurdas que sejam as idéias de Rodrigues e Romero fizeram, e ainda fazem, escola num país marcado pelo racismo, como o nosso. Para se ter uma idéia do que estamos falando, basta lembrar que baseado nas teses dos autores, João Batista Lacerda, o cientista que representou o Brasil no Congresso Universal das Raças, realizado em Londres, em 1911, defendeu que até o início dos anos 2000 o Brasil teria atingido a branquitude necessária para poder, enfim, adentrar no mundo "civilizado".

Pois bem, é exatamente neste ponto que entra uma das últimas do governo Dilma, aliados e parceiros. Eles, finalmente, conseguiram realizar os sonhos dos racistas do século 19, embranquecendo, por completo, um dos símbolos da cultura nacional: Machado de Assis. Na propaganda que comemora o aniversário da Caixa Econômica Federal (não custa lembrar, administrada pelo governo Dilma), radicalizando a conhecida negação que Machado fazia de sua própria negritude (leia matéria no site), o escritor é representando por um ator quase albino, de tão branco. Se isto nào bastasse, um olhar mais atento, revela que não há um único negro sequer entre as dezenas de coadjuvantes que circulam pela propaganda (que se passaria num momento no qual, segundo o Censo da época, três quartos da população carioca era negra).

Ou seja, parece, definitivamente, que "a história escrita por todos os brasileiros", sonhada por Dilma, os publicitários que ela contratatou e seus aliados, não pode ter por trás sequer uma mão negra. Lamentável.

Depois de incontáveis protestos, principalmente na internet, o vídeo e a campanha foram finalmente abandonados pela Caixa Econômica Federal. Mas não esconde o racismo da campanha, do banco e do governo.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

SINTAM-SE CONVIDADOS AO ATO PARA NOVOS FILIADOS DO PSTU


Como um dos fundadores do PSTU (1994) me sinto muito feliz com o ato de filiação de novos militantes em nosso partido que acontecerá no dia 22 de setembro do corrente ano no sindicato dos Bancários, na cidade de São Luís, no Estado do Maranhão. Os companheiros que romperam com o PSOL são oriundos do Coletivo Ação Comunista, grupo de 49 militantes do Maranhão que não concordavam mais com o programa e a estratégia daquele partido .

Ao filiar-se ao nosso partido estes companheiros, que já estavam conosco nas greves e nas lutas dos trabalhadores contra o arrocho salarial e o corte de direitos, agora vão estar juntos também na construção de uma alternativa política de esquerda socialista neste país perante a falência do PT e da pseudo-esquerda. Também estarão juntos na luta pelo fim da ocupação militar do Haiti,na consolidação de um partido internacionalista que leve a luta contra o imperialismo até o fim.




Quero aproveitar este momento para convidar a todos que simpatizam com o nosso partido, mas que ainda não desejam militar no dia a dia a filiar-se ao PSTU e contribuir com a construção deste partido. Um partido centrado nas ações diretas dos trabalhadores da cidade e do campo e da juventude combativa. Um partido que não acredita que as mudanças fundamentais se darão pel via eleitoral, mas que também acha importante utilizar este espaço institucional com uma das formas de aumentar sua influencia na classe trabalhadora e nos setores combativos da nossa sociedade.

Participe deste ato e não deixe que a experiência dos ativistas com o Governo do PT e da direita tradicional o leve à passividade ou ao reforço de posições atrasadas que contribuam para o retrocesso das conquistas dos trabalhadores.

sábado, 17 de setembro de 2011

Após romper com o PSOL, grupo do Maranhão anuncia entrada no PSTU. Leia entrevista ‘Nossa perspectiva é que o PSTU se fortaleça como referência de e


Saulo Arcangeli, ex militante do PSOL.


• No início do ano um grupo de 49 militantes do PSOL, organizados no grupo CAC (Coletivo de Ação Comunista), divulgou um manifesto em que anunciava sua saída do partido. A ruptura se deu após embates entre o grupo e a direção nacional da sigla, que chegou a intervir no estado para impor a filiação de ex-petistas no partido. Nos meses que se seguiram o grupo se aproximou do PSTU e, após uma série de debates, resolveu por se filiar ao partido, processo que se oficializará em um ato público no próximo dia 22.

O Portal do PSTU conversou com Saulo Arcangeli, dirigente do CAC, ex-candidato do PSOL ao governo do Maranhão, que explicou as desavenças com o antigo partido e as bases em que se deram a aproximação e a entrada no PSTU.

Explique como se deu o processo de ruptura do grupo com o PSOL

Saulo Arcangeli Estávamos num grupo de 49 companheiros, pessoas do movimento popular, professores, servidores públicos que realmente construíram o partido e ficamos sete anos verificando que o PSOL passou por um processo de degeneração muito rápido. É um partido que não segue o seu programa, não tem uma estratégia socialista, que buscou nesses anos só via institucional, e que abandonou as lutas. Então foram sete anos de embate e o processo de desgaste foi acelerado por uma intervenção da direção nacional para a imposição da filiação de ex-petistas. Foi um processo em que fizemos uma discussão estadual e que a direção nacional não respeitou, já que a direção estadual, após um processo em que garantiu ampla defesa, votou pela impugnação desses filiados, de acordo com estatuto do partido. Mas a direção nacional resolveu garantir a filiação, passando por cima da direção estadual. Sem nenhum processo de diálogo, sem nenhum critério para a filiação. Então, a gente viu que o processo de degeneração do PSOL acabava de se completar. E achamos a partir daquele momento que não tínhamos mais espaço no partido. Um grupo com o qual dialogávamos nacionalmente também ratificou essa posição da direção nacional e para a gente acho que não tinha mais como nos manter no partido e resolvemos sair coletivamente no partido.

E o que vocês fizeram após a ruptura? Como foi a aproximação com o PSTU?

Os próprios companheiros da direção estadual e da direção nacional do PSTU nos procuraram e nós abrimos o diálogo. Criamos uma coordenação estadual do nosso grupo ao qual pertencíamos com a direção do PSTU, e realizamos dois seminários. Um companheiro da direção da LIT viajou até o Maranhão para fazermos uma discussão sobre a conjuntura internacional, e um companheiro da direção do PSTU discutiu com a gente a questão nacional. Depois continuamos mantendo o processo de unidade nas lutas, e continuamos discutindo, inclusive textos do pré-Congresso do partido. E aí em uma segunda etapa discutimos a questão da organização, concepção de partido, e a partir desse segundo seminário, nos reunimos e deliberamos nossa entrada coletiva no partido como grupo, já que vínhamos discutindo como grupo. E isso abre um processo importante no estado, que são companheiros lutadores importantes no estado do Maranhão que vão entrar no PSTU e algumas outras pessoas que nem eram do partido nem do CAC mas que também se aproximaram, porque viam que eram o único partido de esquerda no estado. Então é um processo contínuo. Vamos ter nosso ato de filiação no próximo dia 22 de setembro, o companheiro Zé Maria vai estar presente. Vamos ter uma plenária conjunta onde concordamos também em aprovar uma direção paritária do partido, nucleando as pessoas.

E quais foram os principais pontos decisivos para a entrada de vocês no PSTU?

No Maranhão nós já tínhamos uma proximidade com o PSTU nas lutas, mesmo quando estávamos no PSOL, principalmente através da CSP-Conlutas. Algumas questões que tínhamos discordância nós fizemos o debate, sabemos que é uma experiência nova, tanto para quem está entrando como para os companheiros que já estavam no PSTU. Mas eu acho que foi um processo de diálogo e debate muito importante, tanto do ponto de vista teórico, ideológico, como de concepção de partido. Tínhamos já muitos acordos, o que facilitou isso, e os seminários também serviram inclusive para melhorar o diálogo.

E como se deu a discussão em termos de organização?

Nós vínhamos de tradições diferentes, alguns do PT, outros do PSOL mesmo, sabemos que o PT e PSOL, como organização, aceitam as tendências e as frações permanentes. Esse foi um ponto que a gente colocou bastante no debate. Também debatemos a importância do centralismo democrático. Nós sabemos que a existência de frações e tendências o tempo todo dentro do partido foi um processo que acabou com o PT e que transformou o PSOL no que é hoje. Vira mais uma disputa de tendência pela hegemonia do partido, que priorizava mais a discussão interna pra ver quais as tendências que tinham mais poder interno e abandonou a luta. Foi importante esse diálogo para ver como funciona o PSTU. Outra questão é o nucleamento. A gente sabe que no PSOL também tinha os núcloes, mas que era algo muito frouxo, não tinha a organicidade que a gente vê no PSTU. É diferente, a pessoa entra e já organicamente tem que participar de um núcleo, é um processo importante de fortalecimento que a gente não tinha realmente no PSOL. Então, as dúvidas foram tiradas, tivemos dois dias de debates profundo sobre isso e as pessoas se convenceram na entrada no partido.

Quando vocês estavam no PSOL, já tinham essa preocupação em relação às tendências, ou foi algo que vocês foram percebendo com a dinâmica desse partido?

Nós tínhamos uma preocupação com as tendências que vieram do PT, sabíamos que poderia ser da mesma forma com o PSOL. Não tínhamos uma visão de que essas correntes iriam transformar o PSOL no que foi transformado. Seria mais um processo de debates, mas acabou acontecendo a mesma coisa. Então foi mais uma experiência para demonstrar a dificuldade de um partido com tendências e frações permanentes. A gente sabe que no PSTU, durante o período congressual há a liberdade de se atuar em tendências, mas que ao final do congresso todos tem que seguir a definição votada pela maioria. Isso não acontecia no PSOL. A presidente do partido, após uma votação do partido, tomava outra decisão. Então, a gente viu que isso não avançou e não fez crescer o PSOL como uma alternativa revolucionária, uma alternativa socialista para esse país.

E por que você acha que isso aconteceu com o PSOL?

Isso aconteceu porque o PSOL veio com os erros cometidos pelo PT e os aprofundou ainda mais. O partido buscou privilegiar a via institucional. Os congressos do PSOL quase que nunca chegavam ao final, tal era a disputa de tendência em quem ia comandar o partido. Abandonou as lutas reais, as lutas sociais, que inclusive está proposto em seus estatutos, em seu programa. Com isso, essa institucionalização, essa burocratização do partido e essa via apenas eleitoral, foram os fatores que acabaram hoje fazendo com que o partido fosse cada vez mais definhando. Com um processo de inchaço, sem qualquer critério para filiação, isso vem ocorrendo em nível nacional.

Qual a importância que você vê na construção de um partido revolucionário, principalmente no Maranhão que é governado por uma oligarquia extremamente reacionária?

O problema lá é que alguns partidos que se dizem de esquerda aproveitam parte dessa oligarquia. Mas é um estado em que se poderia ter um partido realmente de esquerda, com influência de massas. A proposta inclusive do PSTU no Maranhão é fortalecer o partido não só na capital, mas também nos municípios. É uma realidade muito difícil, com uma população extremamente pobre, com os piores indicadores tanto em Educação como em Saúde. É um estado realmente em que não é fácil fazer a luta, vivemos uma realidade em que o capital está vindo com muita força, chegando para expulsar os trabalhadores. Algumas empresas estão chegando, como as de Eike Batista que vem explorar o petróleo, o gás, minérios, e com isso tenta expulsar os trabalhadores das terras, as comunidades quilombolas, os indígenas, ribeirinhos. O agronegócio também está vindo com muita força. Em algumas regiões só há eucaliptos, a Suzano chegou e pegou grande área do estado para plantar eucaliptos. A especulação imobiliária também está expulsando o pessoal da área urbana. Então hoje temos várias lutas e é importantíssima a intervenção de um partido político que esteja inserido nessas lutas. Não que vá interferir na linha do movimento, mas que é importante se inserir inclusive para dirigir nesses momentos de embate contra o capital.

Um processo de fusão como esse ocorre não só por acordos políticos e estratégicos, mas também através de uma relação de confiança entre os militantes, como isso ocorreu?

Exatamente. Foi um processo bem transparente, nos debates colocamos posições inclusive divergentes. Esses momentos serviram para mostrar a sinceridade nos debates, todos colocaram sua posição e todos amadureceram muito politicamente. Esse processo foi muito importante inclusive para a decisão da entrada no PSTU. No início nem todos queriam militar nesse momento em outro partido, mas foi o amadurecimento do debate que convenceu esses companheiros. E abre um processo importante de discussão com alguns companheiros que podem entrar futuramente.

Qual é a sua expectativa no PSTU?

Temos uma expectativa muito boa, sabemos que nesse primeiro momento vamos estar vivenciando e conhecendo o partido. É uma etapa importante, que a gente precisa manter sempre o diálogo. E a nossa perspectiva é que o partido cresça, se torne uma referência importante de esquerda no Estado, já é inclusive uma referência, mas que se fortaleça, porque hoje no Maranhão só temos o PSTU como partido de esquerda. O PSOL passa por esse processo cada vez mais de direitização e o único partido que pode cumprir esse papel de esquerda no estado realmente é o PSTU, porque precisamos de um enfrentamento muito grande com o capital lá.

Coletivo Ação Comunista (CAC) ingressa no PSTU

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Não me considero poeta, mas as vezes me arrisco a fazer poesia ou pelo o que acho que seja. Assim acordei agora pouco e, depois de assistir um documentário sobre portas, resolvi falar sobre ela e a sua relação com a liberdade.Abra a porta que tem dentro de você e se permita lê-la.















A PORTA

POR QUE O MUNDO NÃO É SEM PORTA?
SERÁ QUE É PORQUÊ A PORTA INTERROMPE UMA AÇÃO?
E ESTE MUNDO É DOMINADO POR AQUELES
QUE NÃO ACEITAM A AÇÃO DA LIBERDADE

MAS,A ABERTURA DA PORTA
TAMBÉM PRESSUPÕE
O INICIO DE OUTRA AÇÃO
E MAIS UMA VEZ ESTA AÇÃO
PODERÁ SER DE LIBERTAÇÃO


MAS,PARA QUE O MUNDO NÃO TENHA PORTA
SERIA NECESSÁRIO QUE AS NOSSAS PORTAS
ESTIVESSEM ABERTAS PARA O MUNDO
ABRA A SUA PORTA PARA A LIBERDADE
OU NÃO A FECHE PARA QUE A LIBERDADE
SEJA LIVRE

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Planeta dos Macacos: uma metáfora sobre nós mesmos

Ontem assistir um bom filme:Planeta dos Macacos,a origem. Abaixo publico um artigo publicado no sitio do PSTU de autoria do camarada João Paulo da Silva de Natal (RN):



Em julho deste ano, pesquisadores da Universidade de Durham, na Inglaterra, flagraram um mandril (macaco da família dos babuínos) no zoológico da cidade de Chester usando uma lasca de madeira para limpar as unhas do pé. A descoberta foi abordada em um estudo publicado no periódico Behavioural Processes e deu novo fôlego à teoria de que macacos menores são mais inteligentes. Os mandris também já foram observados limpando os ouvidos com outras ferramentas mais simples para evitar infecções. Entretanto, no filme Planeta dos Macacos – A Origem (EUA/2011), nossos “parentes” mais distantes e mais peludos vão muito além do pedicure e do cotonete. Na trama, dirigida pelo até então desconhecido Rupert Wyatt, os macacos passam por uma experiência científica e adquirem uma espantosa inteligência que lhes permite ter consciência sobre a própria condição de dominados. A partir daí, liderados pelo chimpanzé César, eles dão início a uma espécie de revolução contra a violência e a opressão humanas, com direito a uma assembleia e a uma batalha na Golden Gate. Mais do que um bom filme de ficção científica, Planeta dos Macacos é, antes de qualquer coisa, uma metáfora sobre nós mesmos e nossa sociedade de classes.

Essa nova história se passa antes do primeiro filme, lançado em 1968, no qual o astronauta Taylor, vivido por Charlton Heston, encontra um mundo futurista, onde os símios são a espécie dominante. Neste Planeta dos Macacos, o espectador é levado a descobrir o que aconteceu para que a humanidade fosse dominada pelos macacos. O cientista Will Rodman (James Franco) trabalha para um grande laboratório e coordena pesquisas que utilizam macacos como cobaias na busca de uma cura para o Alzheimer. O pesquisador, então, desenvolve um soro (o ALZ 112) capaz de restabelecer e aperfeiçoar a atividade dos neurônios. A droga é testada numa fêmea chamada Olhos Brilhantes, que rapidamente apresenta um extraordinário desenvolvimento intelectual. Mas um acidente envolvendo o animal acaba resultando em sua morte. O executivo do laboratório cancela o projeto e ordena o sacrifício do restante dos macacos. Will descobre, depois, que a fêmea havia deixado um filhote, e o cientista se vê obrigado a levar para casa o sobrevivente.

O macaquinho recebe o nome de César e cresce ao lado do cientista e de sua namorada veterinária (Freida Pinto). Não demora muito e Will percebe a inteligência fora do comum do animal e suas impressionantes capacidades cognitivas, herdadas geneticamente da mãe. A partir daqui, o filme desenvolve o que há de mais importante em seu enredo: a relação do macaco com os homens e o mundo exterior. César é interpretado brilhantemente por Andy Serkis através da tecnologia “performance capture” – que capta movimentos e expressões do ator para depois aplicá-los ao personagem criado por computador. Os primeiros questionamentos de César ocorrem num simples passeio no parque, quando o macaco e um cachorro se estranham. Por meio da linguagem de sinais, César pergunta a Will se é um animal doméstico, já que também usa uma coleira igual a do cachorro. A resposta ouvida é não, mas isso não o satisfaz. É o primeiro sinal de que César não se sente mais um animal para viver preso.

Entretanto, o macaco só passa a sentir o real peso da violência e opressão humanas quando é levado para um centro de controle de primatas, depois de ferir um vizinho ao tentar proteger o pai de Will. Encarcerado com outros macacos, César sofre maus tratos e todo tipo de humilhações por parte de um funcionário. A terrível experiência faz César compreender sua condição de oprimido e leva-o a organizar uma revolta para libertar seus semelhantes. O longa-metragem não mostra os macacos assumindo o poder, mas deixa uma pista de como acontecerá.

Uma alegoria social
Planeta dos Macacos – A Origem até pode ser visto apenas como um filme de ficção científica, mas não seria justo reduzi-lo dessa forma. Negar a existência na trama de uma alegoria social sobre a luta entre as classes é o mesmo que fechar os olhos para o papel político da história original de Pierre Boulle. Nem o cineasta que assina a recente obra se atreve a fazer isso. “É uma grande história, a de uma revolução como as que acontecem em nossos dias e no nosso mundo, mas que, dessa vez, é liderada por macacos.”, disse numa entrevista o diretor Rupert Wyatt. A metáfora acerca do domínio de uma classe sobre a outra e as tensões que esta relação gera na sociedade estão presentes fortemente na narrativa, porém, sem torná-la panfletária. E nisso reside o que, de certa maneira, é uma façanha. O longa é uma produção hollywoodiana, com orçamento de US$ 93 milhões e belíssimos efeitos especiais, mas tem enredo de filme de arte.

É impossível ver no cinema a revolta dos macacos contra a opressão dos homens e não associá-la às revoluções que atualmente sacodem o Oriente Médio e parte da África, derrubando ditaduras sanguinárias de décadas. Da mesma forma que o macaco César toma consciência de sua dominação ao sentir na pele a violência do ser humano, os povos da Líbia, Egito, Tunísia e Síria, por exemplo, levantaram-se contra seus próprios opressores após anos de repressão e miséria capitalistas. Aos macacos da história, bastou não se reconhecerem mais como simples animais para se libertarem de suas jaulas e coleiras. Aos trabalhadores e povos oprimidos por governos e patrões, bastou não se reconhecerem mais como escravos. O filme está repleto de sequências que sugerem desejos de liberdade, consciência de classe e coletivismo. Sentimentos e ações mais necessários do que nunca em nossos dias.

Simbolismo e beleza cinematográfica
O diretor Rupert Wyatt fez um filme em que muitas cenas não precisaram de diálogos para ser entendidas, o que reforçou a demonstração de quão bela pode ser a linguagem cinematográfica. A cena em que César desenha uma janela na parede de seu cativeiro é emblemática. Não é um macaco sentindo falta de casa, e sim um ser oprimido gritando por liberdade. Há uma simbologia em diversas sequências da trama, sobretudo nas que o protagonista César está presente. São momentos nos quais as imagens e os atos do personagem suscitam poderosas interpretações, que nos levam a relacioná-las com situações do mundo real. A cena na qual César pronuncia sua primeira palavra é, provavelmente, a mais impactante e simbólica do filme.

Agredido várias vezes pelo funcionário do cativeiro, que usava um bastão para dar choques, César decide enfrentar o inimigo. Ao evitar um dos golpes, segurando o pulso de seu agressor, ele solta um estrondoso grito de “não”, bem diante dos olhos assustados do funcionário. O “não” de César é, na verdade, a tomada de uma decisão. É um basta na violência e opressão sofridas, e o início de uma reviravolta, com uma mensagem bem clara: não aceitarei mais isso. Algo que também pode ser comparado à disposição de homossexuais, negros e mulheres em rejeitar a discriminação a que estão sujeitos só por serem diferentes. A cena não deixa de lembrar, inclusive, um trecho do poema O Operário em Construção, de Vinicius de Moraes, que diz: “Teve seu rosto cuspido / Teve seu braço quebrado / Mas quando foi perguntado / O operário disse: Não!”.

Existem ainda outras cenas sugestivas e emblemáticas, mas duas merecem um bom destaque. Em determinado momento do filme, o cientista Will decide ir até o centro de controle de primatas para resgatar seu macaco. Entretanto, esbarra na negativa de César, que com um olhar e um abano de cabeça expressa sua escolha: não sairá do cativeiro sem seus semelhantes. Uma evidente opção pelo coletivo e uma nobre identificação com sua “classe”. Por fim, depois de fugirem do cativeiro e darem início ao processo de revolução, liderados por César, os macacos assumem uma postura mais ereta, o que revela outro recado do filme ao espectador. A constatação de que nossos inimigos só nos parecem maiores porque estamos de joelhos.

Semelhanças e diferenças
Os chimpanzés são animais que possuem mais de 98% de identidade genética com os homens, o que só demonstra o quão certo estava o naturalista inglês Charles Darwin e sua teoria do evolucionismo. Símios e hominídeos evoluíram de um único ancestral em comum, mas pequenos acasos evolutivos nos fizeram incluir a carne, sobretudo assada, nos hábitos alimentares, permitindo que nosso cérebro se desenvolvesse mais do que o dos outros primatas. Entretanto, o que nos transformou na espécie dominante do planeta e deixou os macacos atrás na escala evolutiva foi nossa capacidade de transformar a natureza em benefício próprio, criando riquezas e realidades antes inexistentes, tanto no mundo quanto em nós mesmos.

Embora alguns cientistas afirmem que a possibilidade do argumento central do filme ocorrer é quase nula, a Academia de Ciências Médicas da Grã-Bretanha pediu, há pouco mais de um mês, que o governo da Inglaterra repense as leis sobre as pesquisas médicas com animais. O medo dos cientistas ingleses é que sejam criados animais com inteligência humana, com condições de desenvolver até a linguagem articulada. Por enquanto, os macacos estão apenas limpando as unhas e os ouvidos com lascas de madeira e não representam nenhuma grande ameaça para a humanidade. Entretanto, a mensagem de Planeta dos Macacos – A Origem é outra. Assim como nas fábulas, nas quais em geral os personagens são animais falantes, a lição moral do filme também é voltada para os humanos. O recado é simples: povos oprimidos, revoltem-se.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

PLENÁRIA PREPARA LUTA POR CONCURSO PÚBLICO NO MARANHÃO




No dia 15 de setembro (quinta-feira) ocorrerá uma plenária para organizar a luta pela realização de concurso público no estado. O objetivo é unificar diversos setores e entidades na luta por mais concursos públicos e convocação dos excedentes em seleções já realizadas.

“É preciso dar um basta nas terceirizações e garantir a ampliação e a qualidade dos serviços essenciais prestados pelo Estado” afirma Eloy Natan, presidente estadual do PSTU no Maranhão. A campanha deve ser abraçada por todos aqueles envolvidos nesta questão: Sindicatos, concurseiros, excedentes que aguardam convocação, entre outros.

Até hoje, a luta por concurso público se encontra bastante fragmentada, com ações localizadas por categoria profissional ou ações individuais na Justiça. Precisamos nos unir para aumentar a pressão sobre os governantes. Contamos com a presença de todos com sugestões na quinta-feira, dia 15, na primeira reunião.

Local: Sindicato dos Bancários, Rua do Sol, 413/417 Centro
Horário: 19 horas
Data: 15 de setembro (quinta-feira)

domingo, 11 de setembro de 2011

A Bomba Atômica e o 11 de setembro



Em agosto de 1945, duas bombas atómicas arrasavam Hiroxima e Nagasáqui. Morreram mais de 100 mil seres humanos em menos de três minutos. Quanto as torres gémeas..... Abaixo uma poesia de Vinícius de Morais que expressa a maldade do Governo Americano:



Rosa de Hiroxima

Pensem nas crianças mudas telepáticas
Pensem nas meninas cegas inexatas,
Pensem nas mulheres rotas alteradas,
Pensem nas feridas como rosas cálidas,
Mas não se esqueçam da rosa da rosa,
Da rosa de Hiroxima a rosa hereditária,
A rosa radioativa estúpida e inválida,
A rosa com cirrose a anti-rosa atômica,
Sem cor nem perfume sem rosa sem nada.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O QUE É IDEOLOGIA?

Retomando a publicação de textos de autores marxistas sobre variados temas apresento mais um do professor e militante do PSTU HENRIQUE CANARY:


Conta uma bela lenda judaica que num passado distante toda a humanidade vivia junta e falava a mesma língua. Tendo dominado as técnicas de construção e descoberto seu próprio poder criativo, os homens decidiram construir uma torre tão alta, que seu topo chegaria até o céu e eles veriam o criador. Irritado com a arrogância humana, deus resolveu confundir a língua dos homens, para que a gigantesca construção não prosperasse. Ao não se entenderem mais, os trabalhadores da obra não puderam coordenar seus esforços e a torre acabou desmoronando, fruto do caos instaurado.

A lenda sobre a Torre de Babel tem muito a nos ensinar, mas as lições não são sobre a vaidade humana, o poder de deus ou a origem dos idiomas modernos e sim sobre algo muito mais concreto: o funcionamento de nossa sociedade.

Assim como na Torre de Babel, a humanidade, mesmo sem saber, realiza uma grande obra coletiva e coordena esforços para isso: os carros produzidos no Brasil são vendidos na Argentina, levados até lá em navios fabricados no Japão, mas que pertencem a armadores gregos, que empregam marinheiros filipinos. Não há no mundo um único bem material que não seja fruto dos trabalhos conjugados de milhares de homens e mulheres.

Também como na lenda, a maioria dos participantes dessa imensa obra chamada sociedade “fala a mesma língua”, ou seja, compartilha certas ideias e valores, tem uma mesma “visão de mundo”. Por compartilharem as mesmas ideias, as pessoas acabam tendo também um comportamento parecido. A esses ideias ou conjunto de ideias que moldam o comportamento humano, chamamos ideologias.

Para que servem as ideologias

O papel das ideologias é garantir o funcionando da sociedade. Ora, o que aconteceria, por exemplo, se os trabalhadores ignorassem as leis sobre a propriedade privada e resolvessem tomar para si as fábricas, bancos e latifúndios? Ou se as mulheres se revoltassem contra o machismo e passassem a reagir violentamente em qualquer situação de opressão? Ou se os homossexuais se organizassem para espancar neonazistas na Av. Paulista? É claro que se isso acontecesse, a ordem burguesa entraria em colapso e a sociedade, tal como a conhecemos, desmoronaria sobre si mesma como uma enorme Torre de Babel.

Para que isso não aconteça, para que a dominação capitalista siga seu curso tranquilamente, é necessário que as pessoas aceitem passivamente as condições de exploração e opressão a que são submetidas. Como conseguir isso sem recorrer todo o tempo à violência? Através das ideologias.

Cria-se, assim, a ideologia de que a propriedade privada é sagrada e de que os grandes empresários, banqueiros e usineiros são heróis nacionais; de que as mulheres são propriedade de seus maridos e devem a eles respeito e obediência; de que a homossexualidade é uma doença e por isso, se os homossexuais apanham na rua, é porque algo de errado fizeram.

Assim, aos poucos, com inúmeras pequenas ideias, aparentemente sem conexão entre si, se forma na cabeça dos trabalhadores uma “visão de mundo” que já não corresponde aos seus interesses, mas sim aos interesses dos capitalistas. As ideias que justificam a dominação burguesa tornam-se predominantes em toda a sociedade. Elas são reproduzidas exaustivamente na TV, nas escolas, nas páginas dos jornais, na família, no trabalho, entre colegas. Os trabalhadores, pelo simples fato de viverem em sociedade, absorvem essas ideologias e agem de acordo com elas, mesmo sem perceber. Quando uma ideologia é aceita por todos, ela se torna uma espécie de “linguagem comum”, que todos reconhecem, entendem e reproduzem no seu cotidiano.

Como resultado, explorados e oprimidos passam a fazer uma coisa aparentemente absurda, mas que é a regra em nossa sociedade: começam a agir contra si mesmos, contra seus próprios interesses de classe; começam a defender o inimigo e a combater seus aliados; se dividem. Deste modo, os pais culpam os professores pelo baixo rendimento escolar de seus filhos, a população pobre defende um governo de empresários e banqueiros com medo de perder o bolsa-família, os trabalhadores furam a greve porque se convencem de que lutar não resolve nada.

O que as ideologias escondem


Tomemos algumas ideias bastante simples e amplamente disseminadas em nossa sociedade: “O homem é naturalmente egoísta”, “Sempre vai haver ricos e pobres”, “As mulheres foram feitas para o trabalho doméstico”, “Uma pessoa sempre vai querer passar a perna na outra”, “O preconceito já vem desde o nascimento” etc.

Qual o sentido dessas ideias? Ora, é evidente que todas elas apontam em uma mesma direção: aceitar as coisas tal como são. E como nos convencem disso? Afirmando que tudo o que existe é natural e inevitável, que tentar mudar a realidade é ir “contra a natureza”. Assim, para justificar um mundo de injustiça e sofrimento, as ideologias “naturalizam” a realidade social, ou seja, levam as pessoas a acreditar que a desigualdade, a exploração e a opressão são tão naturais quanto a chuva, o vento ou o movimento das marés. As ideologias escondem o grande segredo da dominação burguesa: o fato de que a sociedade é uma construção humana e que portanto não há nada de “natural” nela; que o mundo em que vivemos é o resultado da cooperação dos indivíduos e justamente por isso pode ser mudado por esses mesmos indivíduos.

A propaganda ideológica

Mas como as ideologias se espalham pela sociedade? Como absorvemos e reproduzimos com tanta facilidade ideias tão absurdas? Se existe democracia, como alguém pode controlar o que eu penso? Para responder a essas perguntas, é preciso entender como funciona a propaganda ideológica.

Todos sabemos o que é propaganda. As Casas Bahia fazem propagandas animadas, com pessoas falando alto e rápido, e com ênfase nos preços. A Nike centra sua propaganda no incrível desempenho dos atletas que usam seus artigos. O Itaú faz propaganda dos benefícios que seus clientes podem ter com esse ou aquele investimento. Em todos esses casos, o propósito é claro e evidente: compre, use, aplique seu dinheiro! Não há nenhuma dificuldade em reconhecer que estamos diante de uma peça de propaganda. Se alguém não gostar, pode mudar de canal ou virar a página da revista.

Já a propaganda ideológica é um pouco mais complicada. Como dissemos, o principal objetivo das ideologias é fazer as pessoas agirem contra si mesmas. Por isso a burguesia não pode dizer abertamente: “aceite a exploração”, “aceite a opressão”, como se dissesse “beba Coca-Cola”. Uma tal propaganda revelaria a dominação ideológica e provocaria ainda mais revolta. Por isso a principal característica da propaganda ideológica é que ela é disfarçada, sutil, encoberta, subliminar.

Quando um artigo sobre uma greve de professores começa falando dos alunos que ficaram sem aula, estamos diante de uma peça de propaganda ideológica. O objetivo não é informar ou esclarecer, mas sim mostrar como as greves prejudicam a população.

O jornalista não dirá isso abertamente, mas todo o texto será montado para deixar provocar no leitor essa sensação. Quando depois do assassinato de Bin Laden pipocam nos programas dominicais reportagens especiais sobre a tropa de elite que matou o líder da Al-Qaeda, estamos diante de propaganda ideológica. Aqui o recado é: os EUA são invencíveis, para eles não há missão impossível, não ousem desafiá-los! Como se sabe, a melhor forma de plantar uma ideia na cabeça de alguém é fazer a pessoa acreditar que chegou sozinha a essa conclusão.

Assim age a burguesia. Ela não diz “a mulher é um objeto”. Ela apenas mostra comerciais de cerveja que têm a mulher como objeto. Quem chega à conclusão de que a mulher é um objeto é o telespectador. Ela não escreve nos jornais “é preciso derrubar a mata ao redor dos rios”. Ela apenas mostra o quanto o agronegócio, que derruba a mata ao redor dos rios, é o “motor de desenvolvimento do país”. Quem chega à conclusão de que a derrubada das matas é um mal necessário é o leitor. Ela não diz “vamos acabar com os direitos trabalhistas”. Ela só diz que nos EUA, o país mais poderoso do planeta, quase não existem direitos trabalhistas. Quem chega à conclusão de que os direitos trabalhistas são um entrave ao desenvolvimento do país é o próprio trabalhador.

Por isso, o fato de uma pessoa ter uma opinião formada sobre um determinado assunto não significa de modo algum que essa ideia seja dela. Noventa e nove porcento das ideias que temos na cabeça foram plantadas sutilmente pela burguesia através da educação, da imprensa, da família, da TV, do cinema, da igreja etc etc etc. A força das ideologias está justamente no fato de que os explorados defendem e reproduzem as ideias dos exploradores, achando que essas ideias são suas.

Ao serem repetidas incansavelmente por toda a sociedade, as ideologias assumem a aparência de uma “verdade absoluta”. Como assim as mulheres são iguais aos homens? Como assim acabar com a exploração? Como assim socialismo? Quando alguém questiona uma ideologia, parece realmente que está “falando outra língua”. Instintivamente, repelimos esse tipo de pessoa e a separamos de nosso convívio. Ou simplesmente a ignoramos. A Torre de Babel não pode ser abalada.

Ideologia da classe operária

Mas se uma ideologia é uma determinada “visão de mundo”, um conjunto de ideias que serve a certos interesses, poderíamos então dizer que a classe trabalhadora tem uma ideologia? A resposta é categórica: sim!

O socialismo científico, formulado na metade do século 19 pelos filósofos alemães Karl Marx e Friedrich Engels (por isso chamado também de marxismo) é a ideologia da classe operária, a ciência de sua libertação. O socialismo científico é um conjunto de ideias que interpretam corretamente o mundo à nossa volta, que revelam as verdadeiras razões da opressão, da desigualdade e da exploração. No entanto, diferentemente das ideologias burguesas, que penetram na mente dos trabalhadores por milhares de meios invisíveis e imperceptíveis, o marxismo não chega às residências pelas antenas de TV, não é ensinado nas escolas, nem cantado em canções de sucesso. Ele precisa ser buscado, descoberto. E é claro, como toda ciência, o marxismo precisa ser estudado.




O operário consciente que deseje entender a fundo o mundo ao seu redor deve começar por desconfiar de todas as ideias que parecem óbvias e naturais porque a maior parte delas não passa, muito provavelmente, de mentiras bem contadas. Em seguida, deve ter, em relação à sociedade, a mesma curiosidade que tem em relação à máquina nova que acaba de chegar na fábrica: deve querer desvendá-la, destrinchá-la, dominá-la. Tendo dominado o marxismo, esse operário interpretará os fatos da realidade com a mesma facilidade que um eletricista experiente interpreta o esquema elétrico de uma garagem residencial, que tem uma lâmpada, um interruptor e uma tomada.

A verdadeira obra humana
As ideologias burguesas não são uma força invencível. Se a classe dominante tivesse tanta confiança em suas ideias, não haveria homens armados de prontidão nos quarteis e batalhões, aguardando as ordens para bater, dispersar e prender.

Karl Marx, o velho filósofo alemão, disse certa vez que quando uma ideia é absorvida pelas massas organizadas, ela adquire força material, ou seja, vira uma arma real.
Quando a crise econômica, política e social colocar em xeque a dominação burguesa; quando a repressão contra os trabalhadores, ao invés de inibi-los, gerar ações ainda mais radicalizadas, a ideia do socialismo penetrará nas grandes massas e balançará a monstruosa obra do capitalismo. Os trabalhadores, ao invés de falar a língua da burguesia, começarão a falar a sua própria língua e se entenderão. A imensa Torre de Babel, erguida sobre as costas dos pobres e perseguidos, e solidificada com o cimento da mentira, desmoronará sobre as cabeças de seus arquitetos incompetentes. E os trabalhadores, livres do entulho da velha construção, começarão a sua própria obra: uma sociedade sem opressão e exploração, o socialismo no mundo inteiro.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Cerca de 10 mil operários marcham no primeiro dia de greve da construção civil de Belém (PA)

Trabalhadores enfrentam repressão policial em canteiros de obras do governo


Começou forte o primeiro dia de greve dos trabalhadores da construção civil de Belém (PA) nesse dia 5 de setembro. A paralisação havia sido deliberada na assembleia realizada no último dia 25 e que reuniu 2 mil operários, e ratificada no dia 1º, prazo dado à patronal. “Nossa greve começou muito forte, os trabalhadores estão indignados com os baixos salários e as condições de serviço e estão demonstrando muita disposição de luta”, afirma Cleber Rabelo, dirigente do Sindicato da Construção Civil de Belém (PA). Após paralisarem os canteiros, cerca de 10 mil trabalhadores marcharam pelas principais ruas da cidade.




“Saímos dos canteiros e fomos até o sindicato e de lá seguimos em passeata pela Almirante Barroso até o Entroncamento, e tomamos conta da Praça do Monumento da Cabanagem”, informa Cleber. Lá os operários realizaram assembleia para definir os rumos do movimento. O dirigente denuncia ainda que o governo deslocou todo o aparato repressivo para acompanhar as mobilizações. Além da Tropa de Choque e do COE (Comando de Operações Especiais), várias viaturas do Comando Tático e até caminhões da Cavalaria acompanharam os operários.

Em algumas obras do governo, como a da Santa Casa, a polícia reprimiu com bombas de gás e spray pimenta. Dois operários também acabaram detidos. “Os trabalhadores questionaram essa atitude vergonhosa do governo, porque aqui não tem bandidos, somos todos pais e mães de família lutando por um salário justo”, indigna-se Cleber.

Reivindicações
No início das negociações da campanha salarial, a patronal ofereceu apenas o equivalente a 1% de reajuste real, uma provocação que indignou os operários. Após várias mobilizações e pressão, o Sinduscon-PA, sindicato patronal, acenou com reajuste real de 3%, ainda bem abaixo dos lucros do setor no último período e das necessidades dos operários. A reivindicação dos trabalhadores é de salário de R$ 680 aos serventes, R$ 770 aos meio-oficiais, R$ 1000 para os profissionais; além de cesta básica de R$ 150, plano de saúde, qualificação e 10% de vagas para as mulheres. A incorporação das reivindicações das mulheres e a participação feminina estão sendo destaque nessa campanha.

Além da pauta salarial, Cleber destaca ainda o conjunto de reivindicações políticas que estão sendo levantadas nas mobilizações. “Nossa luta também é contra a corrupção que impera nesse estado, exigindo a prisão dos corruptos, contra a divisão do Pará e contra a usina de Belo Monte”, afirma.

Uma negociação no Tribunal Regional do Trabalho estava marcada para as 16h desse dia 5, mas a patronal, além de se manter intransigente, não havia confirmado presença.

Tela quente


Do Professor e militante RICARDO ANTUNES sobre oa últimas mobilizações que rolam no mundo.

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A percepção de que os de cima saqueiam o Estado, fazendo minguar recursos para saúde e educação, chegou à periferia: a tela está ficando quente
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O ano de 2011 começou com a temperatura social alta: na Grécia, várias manifestações se sucederam, repudiando o receituário da constrição de tudo que é público em benefício das grandes corporações. E a pólis moderna presenciou uma nova rebelião do coro.



Depois, veio a revolta no mundo árabe: cansados do bin�?mio ditadura e pauperismo, riqueza petrolífera e fruição diamantífera dos clãs dominantes, a Tunísia deu o pontapé inicial. A forte revolta popular, com boa organização sindical, derrubou a ditadura de Ben Ali.

Os ventos rapidamente sopraram para o Egito: manifestações plebiscitárias diuturnas na praça Tahrir, conectadas pelas redes sociais, exigiam dignidade, liberdade e o fim da ditadura de Mubarak.

Seguiram-se manifestações na Argélia, na Jordânia, na Síria e na Líbia, dentre tantas outras partes que ardem no mundo do combustível fóssil. E Gaddafi viu seu poder desmoronar.

Em março, explodiu o descontentamento da "geração à rasca" em Portugal. Mais de 200 mil em Lisboa, jovens e imigrantes, precarizad@s, sem trabalho e tratados como coisas. É emblemático o manifesto do movimento Precári@s Inflexíveis, que dá a sintomatologia desse quadro: "Somos precári@s no emprego e na vida. Trabalhamos sem contrato ou com contratos a prazos muito curtos. (...) Somos operadores de call-center, estagiários, desempregados, (...) imigrantes, intermitentes, estudantes-trabalhadores (...) Não temos férias, não podemos engravidar nem ficar doentes. Direito à greve, nem por sombras. Flexissegurança? O "flexi" é para nós. A "segurança" é só para os patrões.

(...) Estamos na sombra, mas não calados. (...) Com a mesma força com que nos atacam os patrões, respondemos e reinventamos a luta. Afinal, nós somos muito mais do que eles. Precári@s, sim, mas inflexíveis".
Seguiram-se os indignados da Espanha: o que dizer quando a taxa de desemprego para os jovens de 18 a 24 anos, segundo a Eurostat, é de 47%? A única certeza que eles têm é que, estudando ou não, são sérios candidatos ao desemprego, perambulando atrás de trabalho precário.

Enquanto isso, no Chile, as famílias se endividam, vendem suas casas para manter seus filhos nas universidades, quase todas privatizadas. É por isso que há no país um explosivo e maciço levante estudantil, com apoio dos pais, dos professores e da opinião pública, exigindo mudanças profundas. Depois foi a vez de a Inglaterra ferver. Começou na cordata Londres. Mais um trabalhador negro assassinado pela polícia, e os jovens pobres, negros, imigrantes e desempregados de Tottenham e de Brixton se rebelaram, sabendo que a polícia britânica é áspera quando a cor da pele é diversa.



Em poucos dias, atingiram Manchester e Liverpool. A percepção de que os de cima saqueiam o Estado, minguando os recur sos para saúde, educação e previdência, chegou à periferia.

E é bom recordar, com Tariq Ali, que a polícia nunca foi responsabilizada pela morte de mais de mil pessoas sob sua custódia, desde 1990, sendo os negros e imigrantes presença recorrente.

Também é bom recordar que as revoltas contra o "pool tax" geraram grande descontentamento social e político contra o neoliberalismo, ajudando a selar o fim do governo de Thatcher.

Essa miríade de exemplos, que aflora tantas transversalidades entre classe, geração, gênero e etnia, é o sinal dos novos tempos.
A tela está ficando quente.

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RICARDO ANTUNES, é professor titular de sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Seu novo livro, "O Continente do Labor" (Boitempo), está no prelo.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Direção do SINDSALEM recua para favorecer Direção da Assembléia Legislativa


Joana Presidenta do SINDSALEM e Arnaldo Melo presidente da ALEMA

Ontem (1ª de setembro/11) aconteceu uma Assembléia Geral para rediscutir uma proposta, antes aprovada por maioria, sobre a ida do Sindicato dos Servidores da Assembléia Legislativa-SINDSALEM, junto ao Ministério Público Estadual para cobrar da Mesa Diretora Assembléia Legislativa do Maranhão - ALEMA a realização de concurso público. Infelizmente a atual Direção do SINDSALEM começa a se ajoelhar perante a direção da casa quando defendeu que não se vá ao Ministério Público cobrar concurso público. Abaixo publico uma matéria da jornalista Aline Louise que foi noticia no Jornal imparcial de hoje:

ALINE LOUISE

Em Assembleia Geral, o Sindicato dos Servidores da Assembléia Legislativa do Maranhão resolveram remover a resolução que enviaria um pedido de representação ao Ministério Público com a intenção de que o órgão provocasse a Casa a realizar novo concurso público. Depois de 2h30min de discussão, a reunião acabou com placar favorável à retirada da decisão anterior.

O placar foi 14 votos a 38, após uma reunião demorada e com exaltação de opiniões. Na ocasião, foram apresentados além da discussão do requerimento ao Ministério Público, uma moção de repúdio de um setor do sindicato que era a favor da manutenção do acionamento do MP.

Apesar de ter voltado atrás, o Sindicato aprovou a idéia de que deve continuar lutando pela realização de concurso público para contratação de servidores para a Casa, mas sem explicitar os métodos que serão utilizados.

“Queremos concurso, mas também garantir segurança às famílias que correm risco de perder seu vínculo,” disse pouco antes da votação a presidente da classe, Joana Araújo. Ela informou ainda que a diretoria do Sindsalem vai marcar uma audiência com a Mesa Diretora da Casa para reivindicar mais concursos públicos.

Durante a discussão, muitos servidores estáveis do parlamento demonstraram ser contra o acionamento do MP por receio de que sejam prejudicados com a realização de novos concursos. No entanto, por terem proteção constitucional, tais servidores têm estabilidade de carreira juridicamente garantida.

Assunto batido

Os opositores, que estavam a favor da ação do Ministério Público na Casa, pediram uma moção de repúdio à diretoria do sindicato, por ter colocado em segunda votação uma matéria que já havia sido deliberada em Assembléia anterior. O pedido também foi rejeitado.

Em 16 de agosto, o Sindsalem se reuniu para deliberar sobre o pedido ao Ministério Público e, naquela ocasião, decidiu acionar o órgão para intervir na Casa. A reunião foi convocada através de lista de assinaturas dos sindicalizados e não pela diretoria. Depois da decisão, a diretoria convocou outra Assembléia Geral, em menos de 15 dias, para rediscutir o assunto.

A Assembléia Legislativa possui, hoje, 496 servidores estáveis, dentre eles, 19 concursados. Os demais são remanescentes do período anterior à Constituição de 1988 e têm o cargo assegurado por lei. Desde que fundado, o parlamento só realizou um concurso público, em que foram aprovadas 40 pessoas em 2004.