quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

DEPUTADOS MARANHENSES RECEBEM 14º e 15º SALÁRIOS




Depois da repulsa da população contra o pagamento dos 14º e 15º salários na Câmara Legislativa de Brasília os deputados resolveram revogar a Lei que mantinha este privilégio. O impacto anual da benesse custa R$ 981 mil aos cofres públicos, levando em conta que são 25 Deputados no parlamento brasiliense.

Aqui no maranhão a Assembleia Legislativa também tem este privilégio. Cada um dos 42 deputados, além do salário normal de vinte e um mil reais mensal, recebe 14º e 15º salários a cada início dos trabalhos legislativos. Isto equivale ao ano a R$ 1.764.000,00 por ano. Enquanto isto o salário mínimo teve reajuste pífio de menos de 10%. É preciso haver mobilização em nosso Estado para acabar com esta derrama.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Por Hertz Dias, professor de História, mestre em educação e militante do PSTU na cidade de São Luís-MA






Vira e mexe a imprensa comercial burguesa mostra casos de racismo que acontecem principalmente contra jogadores negros, sobretudo na Europa. Mas, o que pouca gente percebe, é que essa mesma imprensa é uma das maiores disseminadoras do racismo no futebol brasileiro. Em suas transmissões as seleções africanas são sempre taxadas de ingênuas, irresponsáveis e violentas, quando na verdade o jogo mais violento da história das copas envolveu duas seleções européias, Portugal e Holanda, em 2006 na Alemanha. O jogo terminou com 12 cartões amarelos e quatro vermelhos. Só que agora chegou a vez dos “cabelos negros”.

Durante o campeonato brasileiro de 2011 quando o jogador Bruno Cortêz, na época no Botafogo, hoje no São Paulo, se destacava nacionalmente como um grande lateral, sendo inclusive convocado para a seleção brasileira, o programa Globo Esporte levou ao ar uma longa matéria que fazia mais referencia preconceituosa ao cabelo estilo Black Power do jogador do que ao seu talento nos campos.

O mesmo ocorreu recentemente com o jogador William Barbio, que tem se destacado no Vasco. O que o Globo Esporte destacava pejorativamente era a sua “cabeleira” e não suas jogadas.
No dia 20 de fevereiro o mesmo Globo Esporte vinculou uma matéria sobre a vitória de 3x1 do Flamengo contra o Resende. O gol que selou a classificação do Flamengo para a semifinal da Taça Guanabara foi marcado pelo jovem atacante Negueba. Novamente a preocupação era mais em mostrar que o jogador havia tirado suas tranças do que falar do seu gol decisivo. Nessa mesma matéria o jogador Deivid, também do flamengo, disse em tom de ironia se referindo a Negueba que “negro do cabelo duro tem que raspar que nem eu faço (...) é melhor do que passar três horas fazendo tranças”.

Para encerrar a baboseira racista o apresentador Alex Escobar enfatizou “concordo com você Deivid”. No jogo contra o Vasco, Negueba resolveu reimplantar suas comentadas tranças, talvez como resposta aos absurdos da dupla Escobar/Deivid.

Ao que tudo indica quem está incomodado com as tranças não é a cabeça dos jogadores que as usam, mas a cabeça racista da imprensa branco burguesa que detesta o estilo africano de ser. Para quem não sabe, é assim que a ideologia do branqueamento se materializa, colocando o fenótipo branco europeu com protótipo a ser seguido por todos.

Exaltar a negritude em meio a isso não é uma boa pedida num país tão racista como o Brasil. Por outro lado, quando jogadores negros como Neymar e Ronaldinho Gaúcho resolvem agredir suas negritudes alisando seus cabelos crespos (não duros), para se aproximar do padrão de beleza estabelecido como superior, os alardes não acontecem nas mesmas proporções. Se onda pega vão começar a defender que os jogadores negros usem perucas.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

BEIJA-FLOR: UM DESFILE PÍFIO



Não sou expert no assunto desfile de escola de samba e ainda mais em se tratando das que dão espetáculo no Rio de Janeiro. O pouco que entendo vem da vivencia empírica virtual através de transmissões televisivas, aliás, há muito tempo não mais assistia.

Neste ano resolvi acordar cedo para saber se os impostos dos maranhenses, já mal aplicados, iam produzir algum espetáculo através da Beija - Sarney- Flor.

No entanto, o que vi foi uma escola com um samba enredo pobre diante da riqueza cultural do maranhão. Um boi que, segundo a observação de uma amiga, estava mais para Boi Parintins. Uma bateria que levou pandeirôes como peça de decoração, além de não aproveitar o potencial das matracas dos batalhões pesados da grande ilha. No final a posição de quarto lugar concedida a escola Beija - Sarney- Flor foi maior do que devia.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Governo Dilma faz o maior corte orçamentário da história Corte de R$ 55 bilhões atinge principalmente a Saúde e Educação

Para os brincantes de carnaval digo que é chegado a hora de acordarem. O bloco da vida real vai passar. Falo do bloco econômico do governo Dilma. Vejam isto no texto abaixo que está publicado no site do PSTU (www.pstu.org.br):




O Governo Federal aproveitou a morna semana que antecede o carnaval para anunciar o maior corte no Orçamento já realizado na história do país. A tesoura de Dilma vai extirpar nada menos que R$ 55 bilhões da peça orçamentária aprovada pelo Congresso para 2012, ou R$ 5 bilhões a mais que os cortes anunciados no início do ano passado, e que era até agora o recorde.

A área social foi a mais atingida. Os dois setores mais afetados pelos cortes foram Saúde e Educação, tratados no discurso como prioridades pelo governo. As duas pastas perderam no total R$ 7,4 bilhões. A Saúde foi a grande vítima do governo Dilma, perdendo nada menos que R$ 5,5 bilhões previstos em seu orçamento. Já o Ministério da Educação perdeu R$ 1.9 bi.

Além disso, o Ministério das Cidades, responsável pelo programa Minha Casa Minha Vida, viu desaparecer R$ 3,3 bilhões, o mesmo corte que sofreu o Ministério da Defesa. Os ministérios da Justiça e da Integração Nacional tiveram, juntos, um corte de R$ 4,3 bi. E o Ministério do Desenvolvimento Agrário, responsável pela reforma agrária vai perder, por sua vez, R$ 1,2 bilhão.

Dos R$ 55 bilhões anunciados no corte, R$ 20 bilhões fazem parte das despesas obrigatórias que devem ser mantidas por lei (e que, portanto, dependem de fatores como redução de gastos no INSS ou aumento da arrecadação para se concretizar) e R$ 35 bilhões seriam investimentos para 2012.

Superávit primário

O anúncio do maior corte da história é um esforço do governo para passar tranqüilidade aos acionistas e investidores internacionais. O governo Dilma quer sinalizar ao mercado que uma piora no cenário internacional provocado pelo aprofundamento da crise na Europa não vai ser motivo para o Brasil pôr em risco a meta de superávit primário e, conseqüentemente, o pagamento dos juros da dívida. Nem que para isso tenha que sacrificar a Saúde ou Educação, o que já vem ocorrendo na prática.

A meta de superávit primário está hoje em 3,1% do PIB (o Produto Interno Bruto, o valor somado de tudo o que o país produz em um ano). Superávit é a diferença entre a arrecadação e os gastos do governo, excluído os gastos com a dívida. A meta de superávit equivale a quase R$ 140 bilhões. Esse é o montante total que o setor público prometeu economizar. Só o governo Federal precisa ter ‘lucro’ de R$ 97 bilhões.

O ministro da Fazenda Guido Mantega se contorceu no eufemismo para justificar os cortes. Assim como a privatização do governo do PT não é privatização, mas ‘concessão’, o corte do governo Dilma não é corte, mas ‘consolidação fiscal’. ”O que estamos fazendo é diferente do ajuste fiscal que estamos vendo nos países europeus, que cortam tudo, investimentos, programas sociais. No final, isso resulta em recessão. O que estamos fazendo é cortar custeio. Não é o ajuste clássico e conservador. Por isso não chamamos de ajuste, mas consolidação fiscal”, afirmou o ministro em coletiva de imprensa.

Na prática, porém, o governo Dilma impõe medidas recessivas, incluindo cortes em áreas sociais, para continuar privilegiando o pagamento dos juros da dívida pública. De acordo com a Auditoria Cidadã da Dívida, 47,1% de todo o orçamento da União para 2012 está comprometido com o pagamento da dívida, entre pagamento de juros e amortizações.

Crise e desaceleração

O governo Dilma se apoia no recente período de crescimento acelerado para impor vultuosos cortes sem se preocupar com grandes conseqüências. Conta com o aumento da arrecadação para impedir uma crise maior nas contas públicas. O problema é que a economia já vem se desacelerando. Cálculos do próprio Banco Central atestam que o país cresceu apenas 2,7% em 2011, sendo que 2010 o PIB aumentou 7,5%. E a previsão para 2012 não é mais otimista.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Cadeiras de rodas para doação são vendidas por servidor da SES

Denúncia publicada no Facebook pelo Companheiro Genilson Protásio.







As cadeiras, com preço de mercado de R$ 1.800 estariam sendo vendidas, por um servidor de nome Reis, a R$ 500 e R$ 600; polícia já investiga o caso

POR JULLY CAMILO

O cadeirante José Antônio Almeida Pereira, conhecido como 'Padeiro', de 49 anos, denunciou à Polícia Civil e à Promotoria da Pessoa com Deficiência que um suposto funcionário da Secretaria de Estado da Saúde (SES), identificado como Reis, está vendendo cadeiras de rodas que deveriam ser destinadas gratuitamente às pessoas com deficiência. O cadeirante, que disse ao Jornal Pequeno ter sido vítima do esquema, afirmou que as cadeiras, que têm preço de mercado de R$ 1.800, em média, estariam sendo vendidas a R$ 500 e R$ 600. O caso está sendo investigado pelo 9º Distrito Policial (São Francisco).

Segundo José Antônio, que também é atleta e coordenador da Associação do Lesados Medular (ALM), no dia 5 de agosto de 2011 ele teria sido abordado por um homem desconhecido, que teria lhe oferecido uma cadeira de rodas por R$ 800, mas ressaltou que caso ele adquirisse quatro, o valor cairia para R$ 500 cada.

'Padeiro' afirmou que, no momento da abordagem e durante toda a negociação, o homem evitou falar sobre a procedência das cadeiras, frisando apenas que o pai havia morrido e que ele precisava vendê-las.

'O produto era do fabricante Ortobrás, referência na produção de cadeira de rodas e com um dos melhores pneus do mercado, que é o 7.5 com câmara de ar. Não pensei duas vezes, afinal eu já tinha vários processos na SES no intuito de conseguir uma, mas nunca tive retorno; então, decidi comprar', disse José Antônio. O cadeirante contou que marcou com o homem a entrega de duas cadeiras em sua residência, pelo valor de R$ 500. Porém, o homem teria levado apenas uma, sob a justificativa de que havia acabado de vender a outra. Segundo o cadeirante, para sua surpresa, no ato da entrega, um suposto funcionário da SES, conhecido como Reis, estava na companhia do homem com o qual o negócio havia sido feito. Foi o próprio Reis quem retirou a cadeira do carro e entregou ao cadeirante.

'Eu o conhecia, e percebi que ele ficou sem graça quando viu que era eu o comprador do produto. Eles foram a minha casa pela manhã, mas eu disse que só teria o dinheiro por volta de 14h do dia seguinte. Então o homem com quem negociei quis levar a cadeira e trazer depois, mas o Reis, que já me conhecia, falou que eu podia ficar com a cadeira, e que no outro dia ele voltaria para pegar o dinheiro', relatou 'Padeiro'.

O cadeirante contou ao JP que no dia seguinte o suposto funcionário da SES não apareceu, mas mandou outro homem efetuar a cobrança. No entanto, José Antônio disse ao homem que não pagaria 'um centavo' pela cadeira de rodas, uma vez que ela pertencia à Secretaria de Saúde e, portanto, era ilegal vendê-la. 'Padeiro' também afirmou ao homem que denunciaria o esquema à polícia.

'A partir daí, comecei a ser intimidado. Me telefonavam várias vezes, dando prazos para eu devolver a cadeira, caso contrário tomariam 'providências'. Por fim, disseram que, se eu devolvesse a cadeira, eles pegariam meus três processos e agilizariam para eu receber três cadeiras, mas não aceitei e decidi denunciar o caso à Justiça e à polícia', disse José Antônio.

O caso passou, então, a ser acompanhado pelo coordenador do Fórum Maranhense de Entidades de Pessoas com Deficiência e Patologia, Dílson Bessa, que, junto com José Antônio, comunicou o fato à SES e ao Conselho Estadual de Saúde.

'O Conselho se comprometeu em apurar a denúncia, mas até o momento não deram nenhum posicionamento sobre as investigações administrativas', afirmou Dílson Bessa, que garantiu ao JP que Reis continua não só exercendo normalmente suas funções dentro da SES como também vendendo outras cadeiras de rodas.

'O Maranhão possui mais de 1 milhão de pessoas com deficiência, sendo 112 mil só em São Luís. Infelizmente, muitos pedidos dos cadeirantes, que são protocolados no setor de Órtese e Prótese da SES, não são atendidos. Há muita solicitação e pouca entrega. No interior, principalmente, muitas crianças portadoras de deficiência deixam de estudar por falta de condições de locomoção', afirmou Dílson Bessa.

Polícia investiga – O delegado Sebastião Cabral, do 9º Distrito Policial (São Francisco), responsável pela investigação do caso, disse ao JP que várias pessoas já foram ouvidas, entre elas o cadeirante identificado como Valter Azevedo de Castro, que também teria adquirido, na mesma época que 'Padeiro' e pelo mesmo esquema, uma cadeira de rodas no valor de R$ 600. Valter revelou à polícia que em agosto de 2011 passou um período internado no Hospital Sarah Kubitschek e lá conheceu um homem que teria vendido as cadeiras a ele e a outros dois pacientes, também portadores de deficiência, sendo um do interior do Maranhão e o outro de fora do estado.

De acordo com o delegado Sebastião Cabral, Valter Azevedo disse em seu depoimento que o homem que fez a entrega da cadeira de rodas a ele estava num Celta preto, mas nunca revelou sua identidade nem a procedência das cadeiras.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Revolução na Islândia à Margem Esquerda da Europa

Enquanto o parlamento Grego atendeu as exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI)e não escutou as vozes da maioria da população, um pequeno paía europeu, a Islandia, tomou rumo diferente. Abaixo publico uma matéria (Fonte: http://inversocontraditorio.blogspot.com/2011/11/revolucao-na-islandia-margem-esquerda.html) que mostra que nem todos se ajoelham a unanimidade do FMI
.
A Islândia nos mostra (apesar da nossa mídia esconder) que existe uma maneira muito viável e bem melhor que o resto da Europa para combater a crise econômica.



Fazendo a Revolução!
Em 2008, todos os bancos na ilha nórdica europeia quebraram abrindo um rombo enorme no setor financeiro do país, o Governo em vez de combater a crise com mais neoliberalismo, teve a "insensatez" de nacionalizar os principais bancos. Que loucura!

Protestos da Revolução Islandesa

Mas chega 2009 e o FMI não gostou desse negócio de nacionalização de bancos e pressiona a Islândia a pegar US$ 2 milhões emprestados, a população não gostou nada e foi às ruas, organizando um grande protesto em frente ao Parlamento Islandês. Consegue-se derrubar o Primeiro-Ministro conservador, o primeiro governo derrubado em decurso da crise, em março uma coalizão de esquerda ganha as eleições e assume o governo. Em maio foi feito um referendo sobre o pagamento da dívida adquirida com o FMI e outros países nórdicos, vitória arrasadoras do NÃO pagamento com 93%. Mais uma loucura! Mais essa não vai ficar impune, o FMI bloqueia todas as contas internacionais da Islândia.

Mediante a todo esse conflito econômico o novo Governo Islandês inicio uma investigação para responsabilizar os culpados pela crise, iniciando assim várias detenções de banqueiros e executivos e consegue-se um mandato de prisão ao um ex-presidente (do partido conservador).

Hoje a Islândia é um país em reestruturação, é uma pequena ilha, sim é bem pequena, mas já vimos outra ilha bem pequena no Caribe nos dando lições de como podemos viver sob outro paradigma. A União Europeia tentou cooptá-la, mas seu povo rejeitou a adesão ao bloco em outro referendo. Mais uma loucura democrática!


Bandeira da Islândia ao lado da de Che, nos protestos do Parlamento


O economista e Prêmio Nobel Paul Krugman deu a sua opinião, na sua coluna no NYT, sobre o acontecido:
"Enquanto os demais resgataram os banqueiros e fizeram o povo pagar o preço, a Islândia deixou que os bancos quebrassem e expandiu sua rede de proteção social. Enquanto os demais ficaram obcecados em tentar aplacar os investidores internacionais, a Islândia impôs controles aos movimentos de capital (...). A recuperação econômica da Islândia demonstra as vantagens de estar fora da zona do Euro."

Essas notícias não vemos nos noticiários. Parece que outra Revolução está a caminho no Egito e essa não tem a ver com a crise econômica, mas sim com a crise na estrutura social. Parece também que tanto na Islândia como no Egito o povo conseguiu adquirir algo fundamental, a CONSCIÊNCIA.

Revolta e fúria na Grécia Aprovação do pacote de austeridades impõe novo ataque aos trabalhadores do país. População responde com revolta nas ruas de Atenas.

Jeferson Choma da redação do Opinião Socialista


Confrontos em Atenas nesse dia 12

• A aprovação do novo pacote de austeridades pelo Parlamento grego, no último dia 12, foi mais um dramático capítulo de uma nação espoliada pelo capital. A votação foi de 199 deputados a favor do plano e 74 contra. Votaram contra os deputados da esquerda (Syriza, Partido da Esquerda Democrática e Partido Comunista), 21 deputados da Nova Democracia e 22 do PASOK (social-democrata). Também votou contra o LAOS, partido eleitoral de extrema-direita, que fazia parte do bloco governista. Agora, tentam aparecer como grande “adversário” do desemprego e do empobrecimento.

O acordo prevê cortes de € 3,3 bilhões. Os recursos saíram de monumentais ataques aos direitos sociais dos trabalhadores. O salário mínimo do país será reduzido em pelo menos 22% (hoje em € 751), além de cortar 150 mil empregos públicos até 2015 e diminuir o valor das pensões e aposentadorias.

Em troca, a Grécia receberia mais um empréstimo, de € 130 bilhões, para garantir o pagamento de parte da dívida, de € 14,5 bilhões, que vence no fim de março. Ou seja, para garantir o pagamento aos banqueiros da União Europeia, sobretudo da Alemanha, a chamada Troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional) impõe mais um pacto que vai sugar as últimas gotas de sangue dos trabalhadores gregos.

Mas o plano não passou sem resistência e crise, muita crise. Enquanto votavam os ataques no parlamento, uma multidão de mais de 100 mil pessoas tomou as ruas de Atenas, capital do país. Uma greve de 48 horas foi convocada pelas centrais. Milhares se concentraram na Praça Syntagma, em frente ao parlamento de Atenas, entoando canções de resistência de 1960 e 1970. As mesmas que foram entoadas na luta contra a ditadura dos coronéis.

No domingo, a revolta provocou incêndios em toda a capital. Cenas de batalha campal tomaram as ruas. Cerca de 50 prédios foram incendiados no centro de Atenas. A crise política foi ampliada quando, após a votação, a Nova Democracia anunciou a expulsão dos 21 deputados que votaram contra o governo. A social-democracia (PASOK) também expulsou 22 deputados. O LAOS, de extrema-direita, expulsou os dois ex-ministros que votaram a favor do plano. Foi a maior expulsão de deputados da história do parlamento grego.

A Grécia foi o primeiro país da Zona do Euro a entrar em colapso com a crise de 2008 – 2009. Desde então, a Troika impôs um insano receituário neoliberal que levou o país ao fundo do poço. Planos de “ajuda” são acompanhados de mais ataques, que só aprofundaram a recessão e aumentaram o endividamento do país.

No começo da crise, em 2008, a dívida grega era de € 263 bilhões, em 2008, mas passou para € 355 bilhões em 2011. O PIB do país caiu, no mesmo período, de € 233 bilhões a € 218 bilhões. A taxa de juros oficial é de 32%!

O país também perdeu completamente sua soberania e é submetido a constantes ritos de humilhação por parte do capital financeiro. Em novembro do ano passado, o primeiro ministro Papandreou renunciou depois de voltar atrás da proposta de realizar um plebiscito sobre os planos de austeridade. Chantageado pela França e Alemanha, Papandreou suspendeu o referendo. Depois o primeiro ministro foi substituído, como uma laranja podre que não serve mais aos desígnios do capital, por Lucas Papademos.

Hoje a coligação que sustenta o governo conservador é apoiada pelo PASOK, de Papandreou, e o partido de direita, Nova Democracia. Mas a humilhação não chegou ao fim. O capital financeiro pede que os principais candidatos das próximas eleições gregas, marcadas para abril, assinem uma carta se comprometendo com futuras políticas de austeridade. A situação é tão absurda que o “The Economist”, principal revista do capital financeiro europeu, chegou a classificar o “crescente deficit democrático” que reina na política europeia. A ascensão da nova política colonialista do velho continente é acompanhada por um continuo desgaste do regime democrático liberal e seus partidos.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

O que são as Forças Armadas

Henrique Canary de São Paulo (SP)


Foi no dia 8 de março. As operárias da indústria têxtil escolheram o Dia Internacional da Mulher para começar sua luta. Rapidamente a greve contagiou outras categorias e mais de 90 mil pessoas marcharam rumo ao centro da cidade. As mulheres iam à frente. Para impedir o avanço da multidão, o governo ordenou que a cavalaria formasse uma linha sólida e coesa em uma das pontes de acesso ao centro. Cerca de 1500 cavaleiros se alinharam. A multidão se aproximou e houve silêncio. Ninguém sabia ao certo como terminaria aquele encontro. As mulheres, mais corajosas, chegaram até os cavalos. De joelhos, elas seguravam as botas dos soldados e imploravam que as deixassem passar. Mas os soldados não se moviam. Então, algo inesperado aconteceu: um soldado piscou o olho para uma operária. Era um sinal, e ela logo entendeu. Ela se agachou, e passou por entre as pernas do cavalo, transpondo facilmente a temida barreira. Foi a primeira.

Muitas outras a seguiram por aquela brecha inesperada. Outros soldados piscaram o olho para outras operárias e em poucos minutos, alguns milhares de trabalhadores haviam atravessado a ponte rumo ao centro, todos passando por baixo do ventre dos cavalos, mantidos imóveis pelos soldados. Formalmente, a ordem dada pelo comando havia sido cumprida e por isso ninguém poderia ser punido. Não passou pela cabeça do governo que a súplica de uma multidão de mulheres tocaria o coração daqueles homens duros. Mas tocou. No quinto dia de greve o governo caiu. Oito meses depois, em outubro, os mesmos homens e mulheres que haviam se arrastado por entre as pernas dos cavalos naquela manhã de março tomaram o poder e começaram a edificação de uma nova sociedade. A revolução, como toda criança, começou engatinhando, para logo depois dar passos de gigante. E tudo começou com um pequeno ato de indisciplina: uma piscada de olho.

O episódio é verídico, está documentado, e aconteceu em Petrogrado, antiga capital da Rússia, em 1917. Esse incrível começo da primeira Revolução Socialista vitoriosa da história nos remete a uma questão fundamental: o que são as Forças Armadas e qual a relação que os trabalhadores devem ter com elas?

Um aparato repressivo a serviço da burguesia

As Forças Armadas, incluídos aí o Exército, os serviços de inteligência e as polícias civil e militar, são um aparato repressivo a serviço da dominação de classe da burguesia. É verdade que o Exército protege as fronteiras do país dos invasores externos e presta auxílio à população quando acontecem grandes tragédias. Também é verdade que as polícias desvendam crimes, organizam o trânsito e vigiam as saídas das escolas com o objetivo de proteger as crianças. Mas isso é apenas uma cortina de fumaça que esconde suas verdadeiras funções.

Vivemos em uma sociedade dividida entre explorados e exploradores, oprimidos e opressores. Para manter a estabilidade da ordem social, a burguesia precisa dar uma cara democrática à sua dominação. Não pode reprimir todo o tempo. Por isso, no cotidiano, o domínio da burguesia se dá através da ideologia, e não da violência (ver artigo O que é ideologia, desta série). Mas há momentos em que as ideologias param de funcionar. Quando crises econômicas, política e social atingem um nível insuportável, as ideias tornam-se insuficientes para manter os trabalhadores passivos. Eles saem à luta, se organizam, se rebelam. Nesses momentos, sempre (absolutamente, sempre!), as Forças Armadas são colocadas em ação.

A PM realiza despejos em áreas ocupadas pelos movimentos sem-terra e sem-teto; a tropa de choque reprime greves e manifestações; a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) se infiltra nos movimentos sociais com o objetivo de identificar os líderes e coletar informações, e o Exército garante a ordem nas ruas das favelas ocupadas quando a polícia já não não dá mais conta.

Treinados para atacar negros e pobres

Uma das principais ideologias criadas pela burguesia é a de que as Forças Armadas existem para o bem comum. Não é a toa que o lema da polícia seja “para servir e proteger” e o do Exército seja “braço forte – mão amiga”. A burguesia tenta todo o tempo passar a ideia de que as Forças Armadas são aliadas do cidadão de bem e que quem obedece as leis não tem nada a temer.

Mas a realidade é bem diferente. As Forças Armadas são, em primeiro lugar, uma força de classe. Isso pode ser visto em seu treinamento. Para “combater o crime”, é preciso, antes de mais nada, saber identificar os criminosos. E como identificá-los? O treinamento da PM ensina: pela sua aparência. São jovens, negros, andam mal vestidos, passeiam em pequenos grupos à noite etc. Esse tipo de “treinamento”, complementado por ações práticas dos alunos das academias de polícia nos bairros pobres da periferia, vai educando o policial na lógica de que todo pobre é um criminoso em potencial. Com o tempo, esse tipo de pensamento vai se enraizando na cabeça do policial e sua ação começa a adquirir um caráter discriminatório e segregador. Ele se separa do povo e acha que pode tudo. Daí a famosa imagem do policial militar jogando spray de pimenta no rosto de duas meninas que acompanhavam a mãe em um protesto por moradia no Rio; ou ainda o vídeo do policial militar dando cinco tiros a queima-roupa em um adolescente de 14 anos, em Manaus, há alguns meses.

Esses e muitos outros não são casos isolados. São a prova definitiva de que as Forças Armadas são, na realidade, a carceragem de uma prisão invisível, uma prisão chamada sociedade capitalista.

Outro exemplo emblemático: a forma como a tropa de choque se prepara para uma manifestação. Várias horas antes da manifestação o pelotão é chamado ao pátio do batalhão e fica em formação, aguardando a ordem de sair. Se está sol, fica no sol; se está chovendo, fica na chuva. Enquanto aguarda, o pelotão é “esclarecido” sobre os motivos da espera: “vocês estão aqui por causa de vagabundos e grevistas, veados e maconheiros” etc. São dadas também advertências: “cuidado com os coquetéis molotov, pedras e estiletes que todo estudante e sindicalista carrega consigo!”. O resultado é óbvio: os policiais saem para `as ruas completamente enfurecidos, sedentos de vingança pelas horas de espera, fome e cansaço. Com esse tipo de “preparação”, não é de se admirar que a PM gaste tanto gás de pimenta com sindicalistas, estudantes e crianças de 6 anos.

A atitude da classe trabalhadora
Como instituições, o Exército e as polícias são irrecuperáveis. O objetivo dos socialistas é a dissolução dessas forças armadas violentas, racistas e anti-operárias e sua substituição por forças armadas formadas e controladas pelos trabalhadores e pela população pobre. Mas até lá os trabalhadores não podem ficar de braços cruzados.

A atitude da classe trabalhadora para com as Forças Armadas não pode levar em conta apenas o caráter repressivo da instituição. Deve levar em conta também o fato de que esta instituição é feita de pessoas de carne e osso, e que toda pessoa de carne e osso tem duas características: 1) pensa e 2) vive em uma determinada realidade social que a influencia.

As Forças Armadas não são compostas apenas por capitães e coronéis bem remunerados. Elas são formadas também por soldados rasos, cujo nível de vida é idêntico ao dos trabalhadores mais explorados. Existem as milícias que controlam as favelas, mas existem também os soldados que moram no morro, que secam seu uniforme dentro de casa e que vão para o trabalho à paisana para não serem mortos pelo tráfico.

A classe trabalhadora deve confiar que a revolução socialista provocará uma luta de classes também dentro das Forças Armadas e que os elementos mais honestos serão simpáticos à causa do proletariado e poderão, em certo momento e sob certas condições, romper a disciplina e se juntar à revolução. Todas as revoluções vitoriosas dependeram desse momento dramático: quando uma parte das Forças Armadas passa, de armas na mão, para o lado dos rebeldes. Pensar que o proletariado pode tomar o poder sem romper as forças armadas é uma utopia, é jogar o proletariado num poço de sangue e derrota.

Mas, para dividir os aparatos repressivos, os trabalhadores precisam agir desde já, mesmo que modestamente. É preciso realizar um sério trabalho de propaganda sobre a base das Forças Armadas, defender o direito de greve e sindicalização dos soldados, disseminar entre eles a desconfiança para com os oficiais e o alto comando. É preciso convencer os soldados de que a melhoria de suas vidas depende de sua união com os trabalhadores, da derrota do capitalismo e da vitória do socialismo. Essa propaganda será, no atual momento histórico, tímida e débil, quase inexistente. Mas as revoluções e as crianças ensinam: quem não sabe engatinhar, jamais poderá correr.


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Os aeroportos e a privataria petista Governo do PT faz a maior privatização de sua história e entrega principais aeroportos do país ao capital privado. Com recursos do BNDES

Diego Cruz da redação do PSTU





Na Bolsa de Valores de São Paulo, acionistas se alvoroçam em um mega leilão de privatização. Há quilômetros dali, no mesmo momento, tropas federais reprimem uma greve considerada ‘politica’. O que poderia muito bem ser um cenário típico dos anos 1990, em plena era FHC e auge do neoliberalismo financeiro, acontecia no dia 6 de fevereiro de 2012, no terceiro mandato consecutivo do PT à frente do Governo Federal.

Em meio à comemoração da grande imprensa ao que é considerada a maior privatização do PT, uma coisa é certa: a privatização dos três maiores aeroportos do país, que aglutinam no total 30% dos passageiros e quase 60% das cargas, representa um marco para o governo petista. A venda ocorre poucas semanas após o lançamento do livro ‘A Privataria Tucana’, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. sobre as negociatas que envolveram as privatizações do governo do PSDB e que provocou até a aprovação de uma CPI na Câmara dos Deputados.

Como afirmou a economista Elena Landau, diretora de Privatizações do BNDES entre 1993 a 1994 ao jornal O Globo, “acabou o ‘FlaXFlu’ ideológico sobre privatização” . Segundo ela, “no governo do PT, a privatização teve a mesma característica de outras tão criticadas. ”. Não é à toa o clima de júbilo entre o tucanato. Além do uso dos fundos de pensão para a compra dos aeroportos, o governo vai financiar a venda através do BNDES, em um prazo a perder de vista. Ou seja, a privatização será financiada por dinheiro público, mas os lucros serão privados.

Modelo tucano

A venda dos aeroportos foi acompanhada diretamente por Dilma Roussef em seu gabinete, mas seguiu à risca o modelo tucano de privatização. Primeiro, precariza-se ao máximo a empresa ou o serviço público, a fim de preparar a opinião pública para a venda. Após isso, deprecia-se o preço para turbinar o ‘ágio’, ou seja, a diferença do preço mínimo do leilão e a quantia oferecida pelo consórcio e alardear a operação como um verdadeiro ‘sucesso’. E foi o que aconteceu.

A privatização do maior aeroporto do país, o aeroporto internacional de Guarulhos, foi efusivamente comemorada na imprensa. O leilão foi arrematado pelo consórcio Invepar, integrado pelos maiores fundos de pensão do país (Previ, Funcef e Petros) e a empreiteira OAS, junto a uma estatal sul-africana. Invepar já controla a Linha Amarela, Raposo Tavares, o Metrô Rio, Bahia Norte, Litoral Norte, além de 25% da CRT (Concessionária Rio-Teresópolis). A venda foi realizada por pouco mais de R$ 16 bilhões. O pagamento será feito em até 20 anos.

O aeroporto de Viracopos, em Campinas, foi arrematado pelo consórcio formado pela Triunfo Participações, Constran e a francesa Egisavia por R$ 3,8 bilhões, no prazo de 30 anos. Já o de Brasília foi para as mãos do consórcio controlado pela Engevis e pela argentina Corporación América, por R$ 4,5 bilhões. O governo autorizou o BNDES a subsidiar 80% do total de investimentos que as empresas se comprometeram a fazer nos aeroportos.

Setor lucrativo

O modus operandi da privatização dos aeroportos seguido pelo governo do PT segue à risca o modelo tucano dos anos 1990. Ao contrário da era FHC, porém, a conjuntura é totalmente distinta. O país passa por anos de crescimento econômico e um aumento da arrecadação proporcionalmente maior. A crise da dívida externa e a falta de divisas, que fez o país atrair capital estrangeiro para a compra das estatais, não mais existem, embora a dívida pública no total seja recorde hoje.

O único argumento que resta para que o governo Dilma privatize é a lógica neoliberal de que os principais setores da economia, inclusive os estratégicos e lucrativos, devem ser controlados pelo capital privado. Lógica que permaneceu no governo do PT. De acordo com a própria Infraero, Guarulhos, por exemplo, deu um lucro de R$ 770 milhões só em 2011, com uma movimentação diária de 160 mil pessoas e perspectivas de aumento no próximo período.

Com a privatização, a maior parte dos investimentos virá do BNDES, mas o lucro irá para os consórcios privados. E agora, o governo já coloca na mira dos investidores privados os aeroportos de Confins, em Minas, e o do Galeão, no Rio. Para os usuários, restará o aumento das tarifas, o que aconteceu em todos os aeroportos privatizados no mundo. “Geralmente aumentam o custo, as tarifas dos aeroportos, para fazer frente ao investimento necessário” , atestou à imprensa Carlos Ebner, diretor no Brasil da Associação Internacional de Transporte Aéreo.

Resta saber se Amaury Ribeiro abrirá um capítulo sobre a privataria petista em alguma reedição do livro.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

1ª MARCHA EM DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL SERÁ REALIZADA NESTA QUARTA, 08/02, EM SÃO LUÍS.

Do blog de Wilson Leite.

A CSP-CONLUTAS/MA realizará juntamente com professores, pais e alunos, lideranças populares e sindicalistas uma grande marcha que sairá da Praça da Igreja São Francisco no Bairro São Francisco rumo à sede do poder executivo municipal da capital. O ato é pra denunciar a manobra covarde – comum dos governos da direita – ao não negociar com a categoria as melhorias exigidas e o cumprimento de acordos já firmados.

Leia carta divulgada pela CPS-CONLUTAS/MA:

Às Todas as Entidades, Movimentos e Oposições que fazem a CSP Conlutas no estado do Maranhão

Os Professores e Professoras da rede pública municipal entraram em greve no dia 31/01/2012. O prefeito João Castelo/PSDB, temendo a mobilização dos professores, suspendeu o início do ano letivo marcado para o dia 30 de janeiro, transferindo para o dia 15 de março, sob argumento de ter que reformar 225 escolas em 30 dias.

A melhoria de condições salariais, de trabalho e de aprendizado, não pode mais esperar, pois a educação pública de São Luís está agonizando mais sob o PSDB. Em campanha eleitoral João Castelo prometeu colocar dois professores por turma, mas o que vemos são turmas superlotas com um único professor. O número de alunos matriculados cresceu em torno de 20%, passando de 113 mil para quase 140 mil, e nenhuma escola foi construída, pelo contrário, estão sucateadas. Os diretores de escolas silenciam diante desse caos, pois ocupam cargos mais políticos que administrativos. Exigimos a regulamentação imediata da lei que garante eleição direta para diretores.

BASTA! É preciso construir um amplo movimento em defesa da educação pública de São Luís que possa envolver o maior número possível de entidades. Não podemos cometer o erro de 2010 acreditando em vereadores que são serviçais tanto de João Castelo como dos empresários do ensino privado de São Luís. É na capacidade de organização e de mobilização da classe trabalhadora que devemos apostar todas as nossas esperanças e forças.

Nesse sentido a CSP conclama toda a sua militância para participar da 1ª MARCHA EM DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL que ocorrerá nesta 4ª feira, 8 de fevereiro, concentração às 15 horas, na Praça da Igreja do São Francisco - São Francisco.

E na 5ª feira, 9 de fevereiro, a CSP Conlutas realiza debate: A EDUCAÇÃO PÚBLICA EM SÃO LUÍS E LUTA DOS PROFESSORES, a partir das 19 horas, no Sindicato dos Bancários (rua do Sol - Centro)

Saudações Sindicais e Populares,

Secretaria Executiva Estadual

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

VEM AÍ A VIA MARGINAL SARNEY




A Assembléia Legislativa aprovou hoje projeto de lei, que dá o nome de Joãozinho Trinta à Via Expressa, construída pelo Governo do Estado em São Luís. Esta via desde o início estar cercada de críticas que vão desde o valor da obra - ela custará aos contribuintes maranhenses mais de 130 milhões de reais para apenas 6 quilômetros, ou seja, serão quase 22 milhões por quilômetros - a ajuda para o aumento dos negócios dos Shoppings Ilha, Jaracati e São Luís, a destruição da vida secular dos moradores da comunidade Vinhais velho, além de outras


Agora lanço mais uma. Joãozinho Trinta ao longo de sua trajetória cultural contribuiu muito para o crescimento da cultura do Rio De Janeiro. Mesmo antes de morrer só veio a São Luís para um projeto carnavalesco que servia diretamente aos interesses da Oligarquia e da Escola Carioca Beija Flor. Acho uma injustiça com outra pessoa ilustre do Maranhão que muito contribui para o aumento da miséria do maranhão e ao mesmo tempo criou um império econômico as custas das tetas públicas do Estado do Maranhão. Falo do Don Corleone maranhense José Sarney. Acho que os Deputados devem alterar este projeto e dá o nome desta via a este moço que tanto gosta de ter seu nome em tudo neste país. Dou uma sugestão para o nome desta vai: VIA MARGINAL SARNEY.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O que é a "Justiça"?

Escrito por Juracy Chagas, Bancário, Advogado e Militante do PSTU




22 de janeiro de 2012. Era um domingo diferente em São José dos Campos, interior do estado de São Paulo. As atenções não estavam voltadas para o almoço em família, para os afazeres do lar, ou para o futebol. Num terreno abandonado, de nome Pinheirinho, que pertencia a uma massa falida de uma empresa e onde mais de 1.500 famílias construíram suas casas há oito anos, ocorria um massacre. A polícia militar paulista, armada até os dentes, avançava sobre as construções com dois objetivos. Retirar violentamente os moradores das casas e destruir as edificações. Uma parte da população organizada resistia e lutava fisicamente contra a polícia. Mas o terreno precisava ficar “limpo”, para entregar a quem era de “direito”: Naji Nahas, um milionário que vive da especulação e deve milhões aos cofres públicos.

Na retaguarda desse front de batalha, em posição aparentemente ofuscada, estava um senhor, que normalmente não trabalha aos domingos, mas cuja presença ali era imprescindível. Era Rodrigo Capez, desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. Sua missão: desalojar naquele dia quase 7 mil pessoas do Pinheirinho, assegurando o cumprimento de uma reintegração de posse da pela juíza de São José dos Campos, Márcia Loureiro. O nome dessas duas figuras deve ser sempre lembrado, mas numa análise mais profunda isto é o que menos importa. Se eles não existissem, haveria outros para cumprir à risca as tarefas para as quais ambos foram delegados.

Se olharmos com atenção para a vida social, veremos que situações como cotidianamente se repetem. É comum, por exemplo, que grandes empresas do ramo imobiliário ocupem terras protegidas ambientalmente, mas elas não são expulsas das terras com violência pela polícia. Ao contrário, corriqueiramente se “flexibiliza“ as interpretações judiciais para permitir esse tipo de coisa, em nome do direito à exploração econômica. Por outro lado, os trabalhadores sem-teto – como os do Pinheirinho e tantos outros – não demoram a sofrer os rigores da lei quando ocupam terras ociosas que pertenciam a grandes proprietários, como é o caso de Naji Nahas.

Mas, o que se diz é que a justiça é “cega”. Por que então, volta e meia, nos deparamos com a contradição entre a proclamada justiça que é teoricamente ponderada e não estabelece diferenças no julgamento dos conflitos entre os homens; e a justiça na vida real?

Para que serve a justiça?

Não foi sempre que a justiça existiu. Nas sociedades mais antigas não havia nem direito nem justiça. As pessoas viviam em comunidade e as regras eram determinadas coletivamente, em base aos costumes. Aqueles que não cumpriam as regras eram submetidos a uma disciplina da coletividade que não pode ser entendida como algo semelhante ao poder judiciário.

O direito só começa a aparecer na história da humanidade quando surge a mercadoria. É com a mercadoria que se estabelece, pela primeira vez, um vínculo contratual entre duas pessoas que não são mais homens ou mulheres “comuns”, mas sim, possuidores de mercadorias. Essa troca mercantil, a partir da qual os indivíduos se relacionam por meio de um contrato, é o que dá origem às primeiras relações jurídicas. É daí que o direito então passa a ser um instrumento que não apenas estabelece essa mediação contratual dessas relações econômicas, mas, principalmente, se volta para a proteção da posse dessas mercadorias e dos meios sociais (terras, matérias-primas, indústrias, etc.) através dos quais as pessoas produzem.

Para garantir essa proteção dos proprietários das mercadorias e dos meios de produção, foram então criadas as ferramentas jurídicas (o aparato judiciário, os tribunais, etc.) para coagir e punir, através dos instrumentos estatais, aqueles que porventura fossem de encontro a todas essas relações que se estabeleceram. A justiça, portanto, não foi criada para outra coisa senão dar garantias – através do poder do Estado – a todo um conjunto de relações que se expressam e se originam dessas relações mercantis.

Por que a justiça não é cega?

Se é verdade que a justiça se desenvolve das relações mercantis, é claro que ela não fica alheia da histórica luta pela riqueza produzida pelo trabalho humano: a luta de classes. Em qualquer sociedade dividida em classes, o produto do trabalho humano é apropriado por quem é o dono das terras, das lavouras, das manufaturas, das indústrias. Portanto, a maior parte das riquezas transformadas em mercadorias também está sob a posse de uma classe dominante. Por isso que, sendo um resultado de relações mercantis concretas e tendo sido criado para dar garantias ao livre trânsito da mercadoria, o direito termina por produzir também os instrumentos que asseguram todo esse circuito mantido sob a lógica de um sistema de produção que é controlado por uma classe. A justiça é esse conjunto de instrumentos que tem o objetivo de garantir a aplicação do direito, ou seja, de assegurar os interesses dos grupos sociais que detém a propriedade dos meios de produção e ditam o funcionamento do circuito mercantil.

Por esta razão que não existe no direito questionamento à propriedade privada dos meios de produção nas mãos de uma classe que é a minoria da sociedade. O direito e a justiça não existem para questionar isso, mas para assegurar que tudo continue como está. A justiça, na medida em que está vinculada à forma mercantil, assegura as relações de troca, a propriedade e, conseqüentemente, protege os interesses de quem detém a propriedade. Na época do escravismo, a justiça estava sempre pronta para castigar o escravo que fugisse dos domínios do seu dono. No feudalismo, eram os senhores feudais que gozavam do direito de explorar gratuitamente o trabalho dos seus servos, tendo a obrigação de apenas abrigar a eles e a sua família. Atualmente, no capitalismo, são os grandes empresários, latifundiários, industriários, banqueiros e especuladores da espécie de Naji Nahas os beneficiados.

Por isto, a justiça não é cega. Ela é uma instituição com natureza de classe, burguesa. Não é por acaso, portanto, que a justiça condene as lutas, as greves e manifestações mais incisivas que se enfrentam com as relações estruturantes da sociedade. Sua tarefa é ser a guardiã da propriedade, lançando mão de tudo o que for possível – inclusive da violência contra uma maioria – para garanti-la.

A justiça e as ideologias

A representação da justiça com a deusa grega Têmis, de olhos vendados, não é mantida até hoje à toa. É importante para a classe dominante que a justiça pareça como a instituição mais imparcial possível, pois isto ajuda a manter os explorados sob a lógica dominante.

E a sociedade capitalista, mais do que todas as outras, ajuda a manter essas ilusões. Diferentemente do escravismo e do feudalismo, a exploração do trabalho humano se dá de outra forma, através de uma troca por salário. Assim, a exploração deixa de ser direta (como com os escravos e os servos) e passa a ser velada. O trabalhador segue sendo explorado, pois os meios sociais de produção seguem sendo privados e, por isso, o produto do seu trabalho continua sendo roubado pelo patrão. No entanto, a força de trabalho agora passa a ser uma mercadoria também mediada por um contrato e a justiça passa também a mediar a relação capital-trabalho. Isso ajuda o trabalhador a não se reconhecer como explorado (e sim, como um sujeito jurídico “livre”) e a ver a justiça como algo neutro e impessoal.

Mas, como vivemos em uma sociedade de desigualdade material por natureza, ao cumprir a sua missão-maior de defender o circuito mercantil e a propriedade, a justiça termina por ficar ao lado de quem mais possui mercadoria e propriedade (a burguesia) e contra quem possui como propriedade apenas bens individuais e força de trabalho (os trabalhadores).


É correto que hoje os revolucionários lutem por dentro da justiça?

Antes do massacre ocorrido em Pinheirinho, os trabalhadores ali organizados não apenas construíram comitês de defesa para resistir à ofensiva policial. Advogados que defendem o direito dos trabalhadores também atuaram paralelo para tentar até o último minuto, conseguir alguma garantia judicial contra a reintegração de posse. Se a justiça tem natureza de classe, porque atuar também por essa via?

Simplesmente porque essa natureza de classe é ocultada, todos os dias, pela rotina do trabalho assalariado e pela propaganda ideológica da burguesia. Se a maioria dos trabalhadores conhecesse a natureza desse instrumento e soubesse que sua principal função é evitar transformações profundas na vida social de uma sociedade de classes, haveria uma probabilidade muito maior dos trabalhadores construírem, por suas próprias mãos, seus instrumentos de enfrentamento não somente contra a justiça, mas contra qualquer instrumento do Estado – que também é de classe – capaz de se opor às suas aspirações.

Mas a maioria dos trabalhadores ainda não sabe disso e confia na justiça. Portanto, é correto que enquanto persistirem essas ilusões, em determinadas circunstâncias os revolucionários também lutem por dentro da justiça, com dois objetivos: por um lado, impor, pela força da luta de classes, que a justiça conceda a contragosto o que é de desejo imediato dos trabalhadores; e, por outro, escancarar o caráter de classe da justiça, na medida em que cada vez mais seus representantes serão obrigados a submeter suas decisões aos ditames da classe que controla o circuito mercantil e o sistema produtivo capitalista.

Justiça e revolução

A necessária atuação dos revolucionários em determinada situação não pode modificar a centralidade da luta da classe trabalhadora como instrumento privilegiado.

Sabemos que um movimento vigoroso, uma greve geral, uma luta radicalizada pode obrigar a justiça a consagrar legalmente vantagens para os trabalhadores. Mas o seu limite é claro. A justiça não pode se chocar com o direito dados aos indivíduos de possuir a propriedade privada dos meios de produção e com isso, determinar o ritmo e natureza das relações mercantis. Quando os trabalhadores perceberem que não existe outra saída para por fim à exploração do capitalismo senão se organizar enquanto classe para avançar sobre a propriedade privada da burguesia, os tribunais moverão exércitos para impedir aquilo que é o mais temido pelo direito burguês: a revolução socialista.

Não há duvidas, portanto, que a luta da classe trabalhadora para por fim à sua própria exploração, em seu conteúdo mais profundo, é também uma luta contra a justiça. Quando existirem milhares, milhões de Pinheirinhos organizados para assumir as rédeas da sociedade, prontos para resistir a qualquer contra-ofensiva da burguesia, o proletariado não terá dúvidas de sua tarefa. Os trabalhadores quebrarão todas as estátuas da Têmis de olhos vendados e construirão, por suas mãos, a sua própria justiça de classe. Nesse momento, a classe trabalhadora baterá na mesa não para pedir “silêncio no tribunal”, mas dizer à burguesia que “agora, as leis são nossas”. Até o dia em que, construída a sociedade comunista, nenhuma justiça seja mais necessária.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ato nacional 'somos todos Pinheirinho' reúne 4 mil em São José dos Campos

Jeferson Choma da redação do Opinião Socialista






Nem mesmo o calor abrasador de 35° afugentou os manifestantes que participaram do Ato Nacional de Solidariedade ao Pinheirinho, nesta quinta-feira, dia 2. Com muita disposição, cerca de 4 mil pessoas cobriram as ruas de São José dos Campos com suas faixas, bandeiras, escudos, cartazes e, sobretudo, muita solidariedade a todos os trabalhadores pobres do Pinheirinho que foram brutalmente desalojados pela ação covarde do governo paulista de Geraldo Alckmin.

O protesto, um dos maiores protestos já realizados na cidade, contou com um grande reforço nacional. Caravanas vindas dos estados de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul se juntaram aos moradores do Pinheirinho. Também participaram outras inúmeras caravanas de ativistas da capital paulistas, Campinas, cidades da região do Vale do Paraíba, entre outros municípios do interior do estado.

O ato contou com a participação e apoio de várias entidades do movimento sindical e popular. Entre elas, a CSP- Conlutas, MTST, MST, CMP, dezenas de sindicatos de vários estados, além de partidos políticos como PSTU, PSOL, PCB e PT.

Um dos destaques foi a presença de uma coluna de ativistas do MST, que trouxe aos moradores do Pinheirinho quatro caminhões carregados de mantimentos para as famílias desabrigadas.

Concentrados na Praça Afonso Pena, os manifestantes realizaram um ato político antes de dar início a passeata. O primeiro a discursas foi Guilherme Boulos, do MTST.

“Hoje realizamos um ato, uma passeata. Amanhã vamos ocupar prédios, rodovias. Essa é a nossa única alternava para enfrentar o capital”, discursou.

Na sequência, o dirigente nacional do MST, Gilmar Mauro, criticou de forma contundente a Justiça, lembrando casos onde ricos foram rapidamente absolvidos pelos seus crimes, enquanto trabalhadores pobres sofrem com covardes ações de despejo e repressão.“O poder Judiciário brasileiro é uma merda!”, sentenciou Gilmar, arrancando aplausos da multidão.

O dirigente também cobrou uma solução por parte do governo Dilma. “O governo federal tem que tomar coragem e desapropriar o terreno do Pinheirinho. Isso é o mínimo”, completou.

A cobrança ao governo federal foi repetida enfaticamente por Cosme Vitor, da CMP (Central de Movimentos Populares). “Dilma, não adianta lamentar, queremos desapropriar”, cobrou.

Serginho, do MUST, falou representando os moradores do Pinheirinho. Emocionado, o ativista expressou “orgulho e satisfação” pela ampla unidade expressada pelo ato. “Só unidos os trabalhadores poderão transformar esse país”

O deputado federal, Chico Alencar (PSOL-RJ), também cobrou uma ação concreta do governo federal e prometeu levar o massacre do Pinheirinho aos trabalhos da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. “A única reparação da presidência da Republica é a desapropriação do Pinheirinho”. Já o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), acusou o executivo por omissão nas semanas que precederam a desocupação.

Pelas ruas de São José o encontro de muitas histórias
Logo após o ato, os manifestantes seguiram em passeata pelas ruas centrais de São José. Durante a passeata, sob um sol inclemente, muitas histórias sobre os abusos policiais foram relatadas à reportagem. Histórias de horror que ainda ocorrem nos alojamentos para os desabrigados.

Na noite do dia 1° de fevereiro, Valdir Martins, o Marrom, dirigente do Pinheirinho, foi cercado por um grupo de policiais militares que tentar prendê-lo. A ação da PM se deu no alojamento Marumbi, um dos locais pra onde foram levados os moradores após a desapropriação. Marrom só não foi preso pelos policias porque os moradores agiram rapidamente e impediram a ação da polícia.

Um funcionário da Urban, empresa municipal que realizou a coleta dos pertences dos moradores após a desapropriação, disse a reportagem que foi obrigado a trabalhar na "limpeza" do Pinheirinho. Também relatou que muitos pertences foram furtados, inclusive por policiais. “Quem escolhia o que seria levado ou não no caminhão era um oficial de justiça e não os moradores”, revelou o funcionário que prefere não se identificar. Segundo ele, foram roubados, principalmente, câmeras e eletrônicos. Ele também revelou que toda a comida nas casas, inclusive nas geladeiras, foi jogada fora.

Verdadeiros bandidos
Depois de quatro horas de caminhada, a passeata chegou ao seu objetivo, a Prefeitura de São José, onde foi realizado um ato final.

Toninho Ferreira, advogado dos moradores, fez uma saudação a ampla solidariedade ao povo do Pinheirinho. “É magnífico saber que um trabalhador rural pegou parte de sua colheita para trazer aqui ao povo do Pinheirinho” , disse. Também reafirmou a disposição de luta do movimento. “Eles não conseguiram quebrar a nossa espinha, o movimento continua” .

Falando em nome do PSTU, José Maria de Almeida, o Zé Maria, provocou aplausos quando defendeu os moradores e dirigentes do Pinheirinho, que são vítimas de uma forte campanha de calúnias na grande imprensa. “O verdadeiro bandido está ocupando essa prefeitura. É quem massacra o povo do Pinheirinho para defender Naji Nahas”, disse.

Também cobrou uma ação concreta do governo sobre a situação dos moradores. “Do governo a gente não quer só apoio, a gente quer é solução”, finalizou.

O protesto ainda continuou pela tarde. Após o ato, muitos ativistas e delegações de todo país visitaram o terreno onde era o Pinheirinho, arrasado pelo PSDB. Também visitarão os alojamentos onde estão os moradores desabrigados.