quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

QUE VENHA 2016, UM ANO DIFÍCIL DE TERMINAR!

Texto do companheiro, militante do PSTU e professor Hertz Dias
Sinto que 2016 será um ano longo, com dias de 48 horas e muitos “junhos”, “junhos” mais negros, femininos e favelizados do que o de 2013. Há um fenômeno em curso que nem os mais lúcidos dos intelectuais consolidados no interior da esquerda brasileira têm se preocupado em queimar neurônios para entender. Infelizmente, nas inúmeras análises sobre a situação política brasileira os negros não passam de vultos, justamente no momento em que estes mais lutam. É preciso superar essa miopia política. 

Quem não consegue visualizar os negros enquanto sujeitos políticos não pode perceber que palpita nas entranhas do capitalismo brasileiro uma negritude explosiva. Sim, qualquer identidade forjada dentro de uma situação explosiva tende a ser igualmente uma identidade explosiva. A auto-afirmação negra que cresce a cada dia não se limita apenas a se assumir enquanto negro, mas de se perceber enquanto parte de um povo que o capitalismo brasileiro, em crise, empurra para a barbárie. Para a maioria de nós não há alternativas dentro desse modelo de organização social, por isso não podemos titubear em falar que a revolução socialista é a única alternativa viável, e ela será negra ou não será!. 

A burguesia euro-brasileira sabe disso e sabe mais, sabe que para recompor sua taxa de lucro e manter o status quo legado por mais de 350 anos escravidão terá que caminhar sobre os cadáveres de milhares negros e negras. O genocídio negro está na estrutura racista de funcionamento do capitalismo brasileiro. A eles cabe preservá-lo, a nós destruí-lo! Para isso é preciso pisar na piçarra, colar na classe, sentir seu cheiro, seu modo de vida, suas qualidades, seu defeitos, seus limites e potencialidades. É preciso respirar o ar que essa classe respira para saber distinguir quando a transpiração for por medo ou por ódio e saber que essa classe tem cara de povo negro, e que esse povo foi congelado numa classe e que a mesma tem uma história, tem demandas especificas. Ousemos mais em 2016!

É preciso devolver o marxismo aos trabalhadores, fazendo o percurso inverso do que fez o assim chamado “marxismo ocidental” que saiu do controle do proletariado para ser depurado nas academias em debates que a classe não compreende e não se interessa em compreender. É preciso resgatar os velhos debates sobre Estado, Partido, Luta de Classe, Revolução, Socialismo,Internacionalismo, Conselhos Populares, Negritude como movimento para além do capitalismo. Marxismo é ciência política, ciência de orientação política, não é ciência para satisfação pessoal.

 O marxismo sem projeto estratégico não é marxismo, é a negação do marxismo. Definitivamente não serve para libertação do nosso povo, de nossa classe que é a única em escala mundial com possibilidade de salvar o planeta. É verdade que uma classe não se libertará sem que fabrique seus próprios intelectuais, sem que se libertem da órbita de influência dos intelectuais burgueses e pequeno-burgueses. Sobre os últimos, arranquemos alguns dos braços da burguesia, que sejam traidores natos de sua fração de classe e vivam no meio dos trabalhadores e do povo negro. É óbvio que toda uma geração de “intelectuais militantes” foi varrida das ruas pela incorporação do PT ao Estado- racista- brasileiro, mas é também verdade que uma nova e ampla vanguarda está surgindo nessas mesmas ruas, sem o acúmulo dos seus antecessores, mas também sem os vícios políticos daqueles, e muitos destes são jovens negros e negras.

 O tampão compressor tende a explodir e 516 anos pode vir a tona em questão de dias.
Que venha 2016, o ano que não terminará tão cedo para a burguesia euro-brasileira!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Fora Dilma, Fora Cunha, Fora Temer, Aécio e esse Congresso Nacional! Fora todos eles!

Nota oficial do PSTU sobre a situação aberta com o pedido de impeachment de Dilma


Depois de promover mais uma manobra no Conselho de Ética para adiar novamente a votação que pode iniciar o processo para a cassação do seu próprio mandato, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu dar início ao processo que pode levar ao impeachment da presidenta Dilma Roussef (PT).
Parece filme pastelão. A situação criada com a quantidade de políticos e altas autoridades envolvidos até agora nas denúncias da Operação Lava Jato se parece muito com aquela música: “se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão...”.
O PSTU vem defendendo já há algum tempo a necessidade de os trabalhadores se organizarem e irem às ruas para dar um basta ao governo da Dilma, mas também a Cunha, a Aécio, a Temer e a esse Congresso. Dilma mentiu nas eleições, dizendo que não atacaria os trabalhadores. No entanto, seu governo não tem feito outra coisa a não ser atacar os direitos e as condições de vida dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre para defender o lucro de bancos e grandes empresas.
Não podemos aceitar que os ricos joguem a crise nas costas dos trabalhadores. Queremos emprego, salário, teto, saúde, educação, nenhum direito a menos e o fim de toda corrupção. Defendemos que o governo e o Congresso (e também os governadores dos estados) façam um ajuste nos banqueiros, suspendendo o pagamento da dívida pública a eles e não corte verbas sociais, direitos e empregos dos trabalhadores.
Por isso dizemos que não basta tirar a Dilma. É necessário colocar para fora também toda essa corja do PMDB e do PSDB, começando pelo picareta maior do Eduardo Cunha, Temer, Aécio Neves e esse Congresso, no qual, a grande maioria dos deputados e senadores recebeu financiamento de empreiteiras (as mesmas que estão enlameadas na Operação Lava Jato), bancos, mineradoras e grandes empresas do agronegócio. Dilma, Cunha, Aécio, Temer e esse Congresso brigam entre eles para ver quem governa, mas estão juntos e unidos na hora de atacar os interesses dos trabalhadores.
Por isso sempre dissemos que o impeachment não resolve nossa situação. Em primeiro lugar, porque não adianta nada tirar Dilma para colocar Temer, ou Renan Calheiros, ou Cunha ou apoiar um Aécio Neves do PSDB, que defende as mesmas propostas para o Brasil que a Dilma está aplicando . O PSDB já conhecemos, é escolado em corrupção, privatizações e em repressão: ou bate em professores como o governador do Paraná, ou nos estudantes, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Tem que sair todos eles. Em segundo lugar, porque o Congresso Nacional é um antro de corruptos, comprometidos com empreiteiras, banqueiros, latifundiários e mineradoras como a Vale/Samarco e todos eles vão continuar atacando nossos direitos para defender os bancos e as grandes empresas.
Então, frente ao quadro que se abre com este novo fato que se produz com a acolhimento do pedido para abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma, queremos reafirmar nossa opinião: Somos a favor de colocar para fora o governo do PT, o Eduardo Cunha-PMDB, o Temer-PMDB, o Aécio Neves-PSDB e também esse Congresso, cuja ampla maioria de deputados é corrupta. Esse Congresso Nacional não tem nenhuma legitimidade para decidir quem deve ser Presidente e nem para tirar direitos dos trabalhadores, enquanto aumentam seus próprios salários.
Os trabalhadores e a maioria do povo não devem apoiar Dilma, nem apoiar Cunha-Aécio, que defendem que governe Michel Temer ou Aécio Neves com esse Congresso. A classe trabalhadora e a juventude precisam ir à luta em defesa das suas reivindicações e contra todos eles. É através da mobilização para botar todos eles para fora, em defesa das nossas reivindicações e contra o ajuste fiscal que todos eles defendem, que podemos construir uma alternativa dos de baixo para governar o país.
De imediato, se ainda não temos uma organização dos trabalhadores e do povo pobre apoiada nas suas lutas para governar, que é o caminho que pode garantir mudança de verdade, então que se convoquem novas eleições gerais no país, para presidência da República, senadores, deputados federais e governadores. Que o povo possa trocar todo mundo, se quiser. O que não dá para aceitar é que qualquer um desses que estão aí hoje governem.
Nós continuamos acreditando que o único caminho para promover as mudanças que os trabalhadores precisam em nosso país, é através da nossa mobilização, da nossa luta. Precisamos unir os trabalhadores em uma Greve Geral, em defesa dos nossos direitos e por mudanças efetivas no país. Chamamos a todas as organizações políticas, sindicais e populares dos trabalhadores e da juventude, para somamos força na construção dessa mobilização. Ela é a única forma de evitar que a solução da crise que vive o país seja mais um ato deste espetáculo circense que estamos assistindo em Brasília.
E é também a luta dos trabalhadores e trabalhadoras que pode criar as condições para que possamos ter em nosso país um governo socialista dos trabalhadores, sem patrões e sem corruptos, que se organize e funcione de forma completamente diferente do que temos hoje em nosso país. Que seja constitua a partir de conselhos populares, se apoie na luta e na organização da nossa classe.
Só um governo assim vai acabar com o domínio dos bancos e das multinacionais sobre o nosso país e o nosso povo, e vai aplicar um programa econômico que atenda as necessidades da classe trabalhadora e do povo pobre. Só um governo da nossa classe vai mudar nosso país e acabar com toda forma de violência contra o povo pobre e a juventude negra da periferia, pondo fim ao racismo, ao machismo e à LGBTfobia. Só um governo da nossa classe vai mudar o Brasil, construir uma sociedade socialista e assegurar vida digna a todos e todas.
Fora Dilma, Cunha, Temer, Aécio e esse Congresso Nacional!
Fora todos eles!
Eleições gerais já! De presidente a deputado, senador a governador, que o povo possa eleger e trocar quem quiser!
Por emprego, salário, teto, saúde, educação e fim de toda corrupção! Que os ricos paguem pela crise.
É necessário construir a Greve Geral em defesa dos direitos dos trabalhadores!
Por um governo socialista dos trabalhadores, sem patrões e sem corruptos!