sexta-feira, 28 de outubro de 2011

GOVERNO DE OBAMA VETA ENTRADA DE SILVIO RODRIGUES NOS EUA




Chego de Palmas e amanheço na ilha ao som de um dos melhores trovadores cubanos: Silvio Rodrigues. Como há muito tempo não sabia noticias dele fui na net e me deparo com uma matéria que trata da negação de seu visto de entrada nos EUA. Abaixo publico a matéria (originária do site http://tiemporeal.wordpress.com) sobre o tema e em seguida publico uma das suas musicas que mais gosto: Ala de Colibri.

" Em outro sinal de que a política irracional de várias administrações dos EUA contra Cuba permanece no lugar, o governo dos EUA não concedeu ao trovador Silvio Rodríguez visto para participar da homenagem ao músico Pete Seeger .

O autor de centenas de músicas, tinha viajem marcada para os EUA, que tinha objetivo unir-se a outros criadores na homenagem a serem prestadas na cidade de Nova York a Pete Seeger, por ocasião do nonagésimo aniversário do artista famoso, que popularizou na América Latina uma versão de Guantanamera.

Em um e-mail enviado de Paris e publicado no site Cubadebate, Silvio Rodriguez confirmou que a administração Obama negou seu visto para viajar aos EUA. Ele questionou a decisão do Departamento de Estado: como trabalhador da cultura cubana eu ainda me sinto como bloqueado e discriminado. Esperemos que isto realmente mude um dia, o trovador Silvio Rodrigues conclui"



Letras das Ala De Colibri

Hoy me propongo fundar un partido de sueños,
talleres donde reparar alas de colibríes.
Se admiten tarados, enfermos, gordos sin amor,
tullidos, enanos, vampiros y días sin sol.

Hoy voy a patrocinar el candor desahuciado,
esa crítica masa de Dios que no es pos ni moderna.
Se admiten proscritos, rabiosos, pueblos sin hogar,
desaparecidos deudores del banco mundial.

Por una calle descascarada por una mano bien apretada.

Hoy voy a hacer asamblea de flores marchitas,
de deshechos de fiesta infantil, de piñatas usadas,
de sombras en pena -del reino de lo natural-
que otorgan licencia a cualquier artefacto de amar.

Por el levante, por el poniente, por el deseo, por la simiente.

por tanta noche, por el sol diario, en compañía y en solitario.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

ALUMAR QUE VOCÊ NÃO VÊ NA TV: NOVO ATAQUE

Da cidade de Palmas recebi a informação de uma RESOLUÇÃO Nº 200, DE 13 DE OUTUBRO DE 2011 do TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA DÉCIMA SEXTA REGIÃO, que Considerou a matéria intitulada "A Alumar que você não vê na TV - Parte 3", veiculada em meu blog,
de teor ofensivo à imagem e reputação do Desembargador Federal do Trabalho, o Exmo. Sr. James Magno Araújo Farias, bem como desta Instituição. Diz a resolução:

"Decidir pelo envio de Ofício ao Ministério Público Federal, pedindo providências quanto ao ataque à honra, credibilidade, à respeitabilidade da Justiça do Trabalho e do Exmo. Sr. Desembargador James Magno Araújo Farias no citado blog, bem como pela notificação do perito José do Rosário que foi mencionado na referida matéria". Por ser verdade, DOU FÉ. ÉLEN DOS REIS ARAÚJO BARROS DE BRITO Secretária do Tribunal Pleno

Da minha parte e de meus companheiros que fazem parte do processo, estamos preparados para os desdobramentos que se seguirem desta resolução. Achamos que a justiça Federal, que há mais de 20 anos contribui, mesmo dentro da legalidade, para o desrespeito de nossos direitos, tem uma oportunidade ímpar para findar um processo que, pelo seu tempo, há muito ataca a credibilidade da justiça.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A resistência, o registro e a educação popular

Direto de Palmas fico feliz com os anos de batalha do Vias de Fato. Publico seu Editorial abaixo:



Esta é nossa 25º edição. Estamos comemorando, neste mês de outubro, dois anos de fundação. Vamos celebrar a data com um debate no próximo dia 9 de novembro, no Sindicato dos Bancários, sobre o tema Mídia Alternativa, Sociedade Civil e Luta Social. Convidamos para o evento o jornalista Igor Felippe Santos, que atua em São Paulo editando o site do MST, integra o Centro de Estudos Barão de Itararé e a Rede de Comunicadores pela Reforma Agrária. Além dele, participarão desta nossa atividade dois professores universitários: a jornalista e socióloga Helciane Araújo (UEMA) e Flávio Reis (Ciências Sociais/ UFMA).

A imprensa alternativa, na década de 1970, cumpriu um papel político importante no Brasil. A chamada imprensa nanica, ligada diretamente às correntes de esquerda, marcou época, principalmente entre o AI-5 (fim de 1968) e a anistia (1979). Foram dezenas de jornais, casos de O Pasquim e Opinião. Nenhum deles diário. Na ocasião o país vivia dominado por uma ditadura que matava, torturava, censurava, fechava as instituições, reprimia as organizações sociais, as manifestações artísticas, os estudantes e mandava adversários para o exílio.

Durante a tortuosa “abertura democrática”, já na década de 1980, com o surgimento de partidos progressistas e o avanço de um novo e amplo movimento social, os jornais alternativos perderam espaço no Brasil. Mas, na grande imprensa, a censura (e autocensura) continuou a ocorrer com nova roupagem, sendo driblada na última década pela subversiva comunicação social via internet.

Consideramos que hoje o Brasil ainda vai muito mal politicamente, com uma “democracia” tão fajuta quanto degenerada. Um regime onde o Poder Judiciário, por exemplo, a cada dia perde mais credibilidade. Ninguém, minimamente informado, deixa de desconfiar atualmente deste Poder. É lamentável, mas é verdade. A começar pelos tribunais superiores. As recentes decisões do Superior Tribunal de Justiça (STF) de anular as provas de três importantes operações da Polícia Federal (PF) - Boi Barrica, Satiagraha e Castelo de Areia - são, sob qualquer aspecto, inadmissíveis. E como se diz em qualquer esquina deste país, é uma merda, mesmo!

E não tem essa balela de que decisão judicial se cumpre e não se discute. Este tipo de decisão se discute, se critica e se denuncia. Afinal, estas operações da PF investigaram desvio de uma montanha de dinheiro público. Dinheiro da sociedade! Então, esta mesma sociedade pode sim opinar, quando considerar o fato uma cagada feita por alguns ministros do STF.

Mas, se a coisa está ruim em Brasília, no Maranhão está bem pior, pois o nosso Estado ficou, até hoje, sob o comando de um dos principais representantes da já citada ditadura. Um gangster que se manteve no poder após sucessivas fraudes, criando um ambiente totalitário, que liquidou a oposição, oprimiu e/ou corrompeu os partidos políticos e calou a mídia tradicional, deixando o povo brutalmente submetido à miséria e a diferentes formas de violência.

É neste contexto, alastrado pelo atraso, que surge no Maranhão, em outubro de 2009, o indiscreto Vias de Fato, um jornal que iria reacender a postura crítica dos anos 70, mas com a marca da contemporaneidade, seis meses após o golpe judiciário que recolocou Roseana no Palácio dos Leões e um ano antes da fraude e do abuso escancarado de poder político e econômico, que manteve no governo a filha do gangster.

Fundar um jornal é sempre uma atitude política. Independente de ser de direita, esquerda, conservador, progressista, liberal, socialista, capitalista, anarquista, cristão ou comunista. A regra é todo veículo de comunicação nascer a partir de uma vontade de interferir na vida social e política da comunidade onde ele circula. Mesmo quando exacerbam no conteúdo alienado, os jornais colaboram na idiotização de uns, para facilitar a dominação de outros.

Na atual conjuntura maranhense consideramos que a comunicação alternativa é, antes de tudo, uma necessidade política. Precisamos incentivar no Estado um jornalismo que, além de informar sem medo, estimule um debate quase inexistente, dê voz às organizações de cunho popular e promova uma crítica tão profunda quanto plural.

E logo ao nascer, este pequeno projeto de comunicação se juntou aos processos de resistência que existem na sociedade maranhense, mas a imprensa tradicional finge que não vê ou conta os fatos a seu modo. E, no meio da nossa caminhada, naturalmente, nos integramos à poderosa mídia alternativa do século XXI: a grande rede de computadores e todas as suas múltiplas possibilidades.

Neste processo, alegra-nos ainda o fato de poder colaborar com professores e alunos (de ensino médio e universitário), que utilizam o material que nós produzimos mensalmente para a realização de trabalhos de colégio e estudos acadêmicos. Trata-se de outra forma de resistência. Além da denúncia, da opinião e do desacato escancarado aos ditos poderosos, colaboramos, modestamente, com aqueles que querem contar uma história bem longe da influência dos que corrompem, exploram e oprimem.

E, finalmente, informamos aos nossos leitores e diferentes colaboradores que em breve desenvolveremos um projeto piloto, no interior do estado, na área de comunicação alternativa. Será junto a assentados, articulados com pastorais sociais e rádios comunitárias. Um trabalho de aprendizado mútuo, onde todos nós estaremos aprendendo e ensinando, a partir de nossas diferentes linguagens.

Além da resistência política e de um registro diferente da história, sempre esteve claro para nós que, atualmente, um projeto de mídia verdadeiramente alternativo tem que buscar uma conexão com o processo de formação política, tem que discutir os malefícios da grande mídia, tentando uma ligação com um trabalho de educação popular e de construção de um novo caminho, de uma nova via, onde a sociedade possa superar os entulhos do atraso citados neste editorial e ao longo destas 25 edições.

Vamos tocando frente! E obrigado a todos que nos ajudaram a chegar até aqui...

terça-feira, 11 de outubro de 2011

DESEMPREGO E MISÉRIA DA ECONOMIA.

O espectro das favelas latino-americanas, asiáticas e africanas apavora a refinada social democracia enquanto seus economistas lutam para evitar o velho e corrosivo longo prazo na recuperação do ciclo. Por JOSÉ MARTINS, economista que escreve mensalmente um Bolentin Econômico.

Os capitalistas não sabem o que fazer com o desemprego da força de trabalho no centro do sistema. Em um sinistro relatório sobre a situação do mercado de trabalho nas economias centrais, a Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (CDE) aponta para uma situação de inédito travamento do mercado de trabalho nos EUA, Europa e Japão. 1 Enquanto o desemprego permanece obstinadamente elevado nas principais economias do sistema, o risco de que esse ele permaneça neste nível elevado de maneira durável aumentou de maneira proporcional ao aumento do desemprego de longo prazo, quer dizer, número de desempregados que procuram emprego há mais de um ano.

Nos Estados Unidos, a proporção dos desempregados procurando trabalho há mais de um ano triplicou e atingiu em meados de 2011 um nível recorde de mais de 30 por cento da massa total de desempregados. Em 2007, antes da última crise, essa proporção de desemprego de longo prazo não passava de 10 por cento. Em 2010, para uma média na OCDE de 32.4 por cento, essa proporção já atingia mais de 40.0 por cento na França (40.1), Bélgica (48.8), Itália (48.5), Alemanha (47.4), Espanha (45.5), Portugal (52.3), Grécia (45.0), etc.

Essa proporção dos desempregados de longo prazo é socialmente explosiva. As pessoas nesta situação são as maiores candidatas a cair na situação de miséria absoluta e nas camadas mais excluídas da economia de mercado. Contingentes enormes da população das antigas sociedades do “bem-estar social” e da social democracia, do pós-guerra, deslizam com incrível velocidade para a condição de miseráveis do terceiro-mundo. O espectro das favelas latino-americanas, asiáticas e africanas apavora a refinada social democracia do imperialismo. Na apresentação do sinistro relatório, Angel Gurría, secretário geral da OCDE, lança um apelo dramático para os governantes da OCDE: “De todas as facetas da crise financeira e econômica, o desemprego elevado é a manifestação mais visível do desafio de um crescimento durável. Trata-se da visão humana da crise. Os governantes não podem deixar de reagir. Os desafios de um desemprego elevado e durável, a melhoria das possibilidades de emprego e a garantia de adequada segurança social, devem estar no topo da agenda política”.

MUDANDO O DISCURSO – O discurso não foi sempre assim. Antigamente, até a grande Depressão dos anos 1930, pelo menos, a economia política dos capitalistas ainda encarava com certa ingenuidade o problema do emprego da força de trabalho no momento da crise econômica. Opunha-se, ferozmente, a qualquer intervenção política que impedisse a livre elevação da taxa de desemprego. No longo prazo, diziam eles, o livre jogo do mercado (oferta x demanda) se encarregaria de reestabelecer seu “ponto de equilíbrio” – os salários cairiam a um nível suficientemente baixo para que os capitalistas tivessem interesse de recontratar os trabalhadores, aumentar novamente a produção, os salários, etc.

Pura apologia das virtudes do mercado para esconder a necessária elevação da exploração dos trabalhadores a cada ciclo econômico. Porém, com os estragos provocados pela sucessão dos grandes choques periódicos de superprodução de capital, no século 20, essa doutrina da estabilização automática dos mercados foi caindo em desuso pelos capitalistas. Continua com livre curso apenas nas faculdades de Economia. O problema é que ela é de difícil execução prática: quem vai colocar o guiso no gato, quer dizer, segurar a barra política e social – salvar os capitalistas da fúria das massas enquanto as forças endógenas do capital se ajustam morosamente em direção do “ponto de equilíbrio” que só existe nos insonsos manuais de microeconomia?

Depois das criativas catástrofes sociais e geopolíticas do regime capitalista ocorridas nos últimos oitenta anos, os economistas do Estado organizado trocaram o discurso – agora eles apregoam que o obstáculo à recuperação e ao crescimento econômico é justamente a elevada taxa de desemprego e o consequente subconsumo das massas. Essa velha tese populista requentada e travestida de moderna macroeconomia keynesiana mantém o núcleo teórico daquela velha economia neoclássica de antes da Grande Depressão: os gastos dos consumidores determinam a dinâmica da produção e dos investimentos.

E a origem do lucro, repetindo a velha economia neoclássica, está na circulação, no momento da venda da mercadoria. Essa é a maior imbecilidade jamais cometida na história do pensamento econômico. Por isso a economia política dos capitalistas é conhecida como economia vulgar. Apenas centralizaram a aplicação dos mecanismos de ajuste da oferta e demanda de trabalho: do livre jogo do mercado para o Estado. Por isso, a dinâmica da crise, hoje em dia, é tratada apenas como um assunto de política econômica e monetária dos governos.

Como se recupera de uma crise? Para o senso comum do mercado é muito simples. Até o Lula e a Miriam Leitão sabem de cor e salteado a receita infalível: basta o governo aplicar medidas de estimulo ao consumo individual. A economia vulgar é animada por gente perfeitamente adequada às suas grosseiras formulações. Na prática, então, trata-se de executar políticas fiscais e monetárias para aumentar os meios de pagamento e de crédito na economia para que os consumidores voltem a comprar mercadorias e, com isto, os desesperançados capitalistas voltem a investir e contratar novos trabalhadores, etc. Tomando os devidos cuidados, é claro, com a inflação, a queridinha das instabilidades e incertezas do sistema financeiro.

BARULHO EM WALL STREET – Não foi exatamente essa popular macroeconomia de se botar pilha na demanda e se carregar os mortos-vivos para o próximo ciclo que se fez no centro do mundo, nos últimos três anos, com os voos rasantes dos helicópteros de Bernanke espalhando trilhões e trilhões de dólares do Tesouro pelo mercado? Se com essa receit keynesiana a economia tivesse se recuperado com a exuberância dos ciclos econômicos da era Greenspan, antecessor de Bernanke na direção do banco central dos EUA, não só a teoria quanto a nova prática de administração estatal do mercado teriam mantido suas inabaladas virtudes.

Mas no meio do caminho aparece uma inconveniente taxa de desemprego de 9.1 por cento. Impassível. Insensível. Por que essa pentelha de uma taxa não se reverte e desaparece em novo período de expansão do capital? Como fazia na era Greenspan?
Não dá para se esperar pelo longo prazo para se alcançar o “ponto de equilíbrio” – não é isso que a moderna economia capitalista sabe muito bem? Quando esse angustiante tempo de espera se metamorfoseia em manifestações por mudanças radicais em todas as partes do mundo, desde o Cairo até Wall Street – os donos do mundo resolvem classificar o desemprego como a verdadeira “crise nacional”. Como fez na última semana o cada vez menos poderoso presidente do banco central dos Estados Unidos: “A situação do desemprego é a „crise nacional‟, declarou Bernanke respondendo a questões depois de palestra em Cleveland, dia 28 de Setembro. Obama está em campanha pela aprovação do Congresso de $447 bilhões para seu programa de emprego centrado em reconstrução da infraestrutura e ampliação dos cortes das taxas de contribuições dos empregadores sobre as folhas de pagamento.”

Mistério na Corte de Washington. Não se pode evitar o longo prazo eternamente. Será que, ao contrário das necessidades práticas de governabilidade da luta de classes, essa taxa de desemprego de 9.1 por cento não precisaria aumentar um pouco mais, para resolver o problema do capital? O plano de Obama, se aprovado pelo Congresso, o que dificilmente deve acontecer, não jogaria mais gasolina na fogueira? Esse é o grande mistério do ciclo econômico atual. Trataremos do dito cujo no

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Ocupe Wall Street! Jovens acampam em centro financeiro dos EUA contra os efeitos da crise e da política econômica de Obama




Os reflexos da primavera árabe começam a atingir o centro do império moderno, os Estado Unidos. Abaixo publico uma matéria sobre as manifestações ocorrida no Wall Street, veiculada no site do PSTU, escrito por JEFERSON CHOMA da redação do Opinião Socialista:

Wall Street, coração financeiro do capitalismo mundial, está ocupada por manifestantes desde o dia 17 de setembro. Milhares estão acampados no local em protesto contra as políticas do governo Obama que despejou bilhões de dinheiro público para salvar os bancos.

O movimento, denominado “Occupy Wall Street” (ocupe Wall Street), foi convocado pelas redes sociais e tem uma óbvia referência com a ocupação da Praça Puerta del Sol, em Madri, e da Praça Tahir, no Cairo.

O movimento surpreende pelo fato de se fortalecer a cada dia, apesar da dura repressão enfrentada pelos manifestantes. No ultimo dia 24, os manifestantes sentiram a mão pesada da repressão. O prefeito de Nova York, o republicano Michael Bloomberg, oitavo homem mais rico dos EUA, ordenou que a polícia reprimisse os acampados, o que resultou na prisão de mais de 80 jovens.


No último dia 2, o prefeito novamente apelou para a repressão e ordenou que a polícia investisse contra os manifestantes quando estes tentavam ocupar a Ponte do Brooklin. Cerca de 700 pessoas foram presas. Para prender tanta gente, a polícia usou redes numa verdadeira “pesca” humana. Mas por incrível que possa parecer, o protesto segue com força, e ganha a adesão de intelectuais e artistas, como o diretor de cinema Michael Moore, a atriz Susan Sarandon, Noam Chomsky e Amy Goodman.

“Venham todos ocupar Wall Street” , pediu Michael Moore em seu blog. “É a primeira vez que uma multidão de milhares toma as ruas de Wall Street” , prossegue o cineasta. A grande imprensa dos EUA, por sua vez, boicota escancaradamente os protestos.

A manifestação já começa a se estender para outras cidades dos Estados Unidos. Em Boston, Chicago, Los Angeles e Washington as mobilizações contra o sistema financeiro, a ganância e os cortes no orçamento federal americano vão surgindo, embora existam desigualdades. Em Boston, cerca de 3 mil pessoas participaram de uma passeata no dia 1°. Foram presas 24 manifestantes.

Seria o início da primavera norte-americana? Tal conclusão seria demasiadamente precipitada. Mas uma coisa é certa. A ocupação mostra que os EUA também estão conectados ao movimento mundial dos “indignados” que, em todo mundo, não para de crescer.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O que é crise econômica ?

Ontem os trabalhadores da Grécia realizaram a maior greve Geral daquele país. Enquanto isso os governos burgueses reeditam a velha forma para salvar a crise que eles criaram: destinar uma montanha de dólares para banqueiros falidos.

Para entender o que está acontecendo na visão dos trabalhadores publico um excelente texto do companheiro Henrique Canary (São Paulo (SP)),que foi publicado no Jornal Opinião Socialista do PSTU.




Toda vez é a mesma ladainha. Quando explode uma crise, os trabalhadores são chamados a dar sua cota de sacrifício para que o país volte a crescer e produzir, como se os ônibus lotados, o ritmo de trabalho e os salários de fome não fossem sacrifício suficiente. Agora começou de novo: a crise econômica internacional ainda nem chegou no Brasil, e a burguesia, o governo e os dirigentes sindicais vendidos já se uniram para convencer os trabalhadores de que não é hora de pedir aumento. Exibem uma infinidade de gráficos, tabelas e projeções sobre o déficit do orçamento, o movimento das bolsas e a inflação.

Mas ninguém explica para os trabalhadores: Por que ocorrem as crises? Por que elas são tão repentinas? Porque se dão sempre em momentos de grande crescimento da economia? Nossos inimigos nos tratam como crianças. Montam um verdadeiro teatro de sombras, onde dedos retorcidos aparecem como se fossem lindas gaivotas e coelhinhos saltitantes. E assim explicam as crises para os trabalhadores. Querem nos distrair enquanto enroscam a corda em nosso pescoço. Já está mais do que na hora de acabar com esse espetáculo de mentiras, acender as luzes e subir o pano.

O que é a riqueza e de onde ela vem?

No meio de tantos números que a burguesia apresenta diariamente, existe um que é mais importante que os outros. Quando ele é divulgado, os burgueses pedem silêncio e escutam atentamente: é o PIB. O Produto Interno Bruto é a soma de todas as mercadorias e serviços produzidos no país durante o ano. A burguesia quer saber duas coisas: 1) qual o valor absoluto do PIB e 2) se ele cresceu ou diminuiu em relação ao ano anterior. Se cresceu, é sinal de que o país está mais rico. Se diminuiu, é porque o país está mais pobre do que estava há um ano atrás.

Aqui temos uma importante pista para entender a economia: para contar a riqueza do país, a burguesia não se preocupa com a quantidade de dinheiro que circula, mas sim com a quantidade de bens e serviços produzidos. Isso quer dizer: a verdadeira riqueza não está no dinheiro. O dinheiro é apenas uma forma de contar a riqueza. A verdadeira riqueza está nas mercadorias e serviços que o país produz. Essa é a primeira conclusão.

Mas falta saber: de onde vem essa riqueza? Olhe à sua volta e preste atenção nos objetos que o rodeiam. O que eles têm em comum? Certamente não é a sua utilidade, nem a matéria-prima de que são feitos. Isso é particular de cada objeto. Uma caneta serve para escrever; uma camiseta, para se vestir. A caneta é feita de plástico; a camiseta, de tecido. Nesse sentido, são absolutamente diferentes. O que todos os objetos têm em comum é o fato de que são fruto do trabalho humano. Os objetos úteis produzidos pelo trabalho humano constituem a riqueza da sociedade. Portanto, toda riqueza vem do trabalho humano. Não há um único objeto útil ou serviço que não tenha sido feito pelo trabalho humano. Essa é a segunda conclusão.

Pode-se argumentar que hoje em dia há vários objetos que são feitos por robôs ou serviços totalmente informatizados, sem a participação do homem. Isso não é verdade. Os robôs, máquinas e computadores apenas tornam o trabalho humano mais eficaz. O robô solda o capô com perfeição. Mas quem faz o robô? O homem. Voltamos então ao início: as máquinas apenas ajudam o homem – toda riqueza vem do trabalho humano.

Sendo assim, o que faz o capitalista? Ele se apropria da riqueza produzida pelo trabalho do trabalhador e a vende no mercado, obtendo com isso o lucro. Quanto mais riquezas os operários produzirem, maior será o lucro do capitalista. Quanto menos riquezas, menor o lucro.

Quanto vale uma mercadoria?

Mas como contar a riqueza produzida? Como saber o valor de uma mercadoria? Ora, se a única coisa comum a todas as mercadorias é o fato de conterem trabalho humano, então o valor de uma mercadoria será determinado pela quantidade de trabalho que ela contém. Se uma mercadoria contem mais trabalho, ela vale mais. Se contém menos trabalho, vale menos. O que vale mais, um Fiat uno ou uma Ferrari? Instintivamente, qualquer pessoa responderia: uma Ferrari! Correto, mas por quê? Porque uma ferrari contem mais trabalho humano. Ela é mais complexa, seu motor é mais potente, utiliza materiais melhores, mais tecnologia. Tudo isso “dá muito trabalho para fazer”. Por isso, de fato, uma Ferrari vale mais que um Fiat Uno, que utiliza materiais simples, pouca tecnologia, ou seja, contem menos trabalho. Mas como medir esse trabalho? Ora, da única forma possível: pelo tempo. Se uma mercadoria leva mais tempo para ser produzida, vale mais. Se leva menos tempo, vale menos.

Recapitulemos então estes três princípios básicos: 1) a verdadeira riqueza não está no dinheiro, mas nas mercadorias e serviços produzidos; 2) toda mercadoria é fruto do trabalho humano e 3) o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho necessário para produzi-la e esse trabalho é medido em tempo.

A origem das crises

Para entender o mecanismo básico das crises econômicas, visitemos uma fábrica qualquer e vejamos como se comporta o seu dono. Digamos que a fábrica em questão produz celulares e o dono se chama Sr. Smith.

O Sr. Smith emprega várias pessoas e possui várias máquinas. O salário pago aos trabalhadores e o dinheiro que o Sr. Smith gastou nas máquinas constituem o capital do Sr. Smith. É o investimento que ele fez. Ele, como todo burguês, não produz para o bem da sociedade, mas sim para o seu próprio bem. Ele gastou muito dinheiro com máquinas e salários e agora quer ter lucro. Mas não é só isso. Ele quer ter o maior lucro possível com o menor investimento possível. Ou seja, ele busca uma determinada taxa de lucro. Um lucro de R$ 100 mil é bom ou ruim? Depende. Se eu investi R$ 200 mil, é um ótimo resultado porque significa um lucro de 50%. Mas se eu investi R$ 1 milhão, então meu resultado não foi tão bom assim: apenas 10%. Dessa maneira, a preocupação do Sr. Smith será sempre a mesma: como produzir mais com menos investimento?

O ciclo de crescimento

O Sr. Smith produz bons celulares e os vende por um bom preço. Com isso, tem o seu lugar assegurado no mercado. Mas o Sr. Smith não é o único fabricante de celulares do mundo. E é aí que começam os problemas...

Ao lado da fábrica do Sr. Smith existe outra fábrica de celulares quase do mesmo tamanho e praticamente com os mesmos equipamentos, produzindo aparelhos muito similares aos do Sr. Smith e pelo mesmo preço. É a fábrica do Sr. Yakamoto.

Mas o Sr. Yakamoto resolveu inovar: ele comprou uma nova máquina, ultramoderna, totalmente computadorizada. Com essa máquina ele consegue produzir muito mais celulares em muito menos tempo. Em consequência, os celulares do Sr. Yakamoto inundaram o mercado e ameaçam os negócios do Sr. Smith.

Qual a reação do Sr. Smith? Se ele for esperto, vai comprar uma máquina idêntica à do Sr. Yakamoto para produzir também muito mais celulares em muito menos tempo. Com a compra da nova máquina pelo Sr. Smith, ocorre uma mudança em sua fábrica: aumenta a quantidade de capital investido na produção. Agora o Sr. Smith tem mais e melhores máquinas.

Tudo parece muito bem. Mas lembremos o que foi dito mais cima: apenas o trabalho humano gera novas riquezas! A máquina que o Sr. Smith comprou para imitar o Sr. Yakamoto não gera novas riquezas. Ela apenas torna o trabalho humano mais produtivo. Assim, o Sr. Smith investiu dinheiro na produção, mas o valor total das riquezas produzidas na fábrica continua o mesmo. É claro que agora o Sr. Smith produz mais celulares, mas cada celular é produzido em menos tempo do que antes. Portanto, cada celular tem uma quantidade menor de trabalho humano contida nele. Portanto, cada celular vale menosdo que valia antes, quando não havia a máquina ultra-moderna. O resultado é que a taxa de lucro do Sr. Smith caiu: ele fez um enorme investimento, mas a quantidade total de riqueza produzida na fábrica permanece igual, já que os operários continuam trabalhando a mesma quantidade de horas.

Mas o Sr. Smith é muito inteligente e percebeu uma coisa: se ele aumentar ainda mais a produção (acelerando o ritmo de trabalho, por exemplo, ou criando um turno extra), ele poderá equilibrar essa perda momentânea de lucratividade. Ele vai tentar compensar a queda na taxa de lucro com um aumento da massa total de lucro. Ora, se cada celular vale menos do que valia antes (porque é produzido em menos tempo e tem, portanto, menos trabalho humano), vou produzir então mais celulares para tirar daí a diferença. Começa assim uma “fuga para frente” dos capitalistas.

Todos os capitalistas que investiram em maquinário para concorrer com seus vizinhos, perceberam que a margem de lucro que eles podem obter em cada celular diminuiu (porque o maquinário custou dinheiro). E todos eles resolveram o problema da mesma forma: aumentaram ainda mais a produçao para compensar a diferença! Alguns até contrataram mais trabalhadores, abriram um terceiro turno etc.

Como se vê, as coisas começam a ficar tensas, mas ainda não há crise. Ao contrário, esse é o período em que a economia vai de vento em popa. Como estão todos fugindo para frente, a vida parece maravilhosa: o PIB aumenta sem parar, o desemprego diminui, os trabalhadores consomem, os bancos abrem grandes linhas de crédito, tanto para os capitalistas, que não param de investir, quanto para os trabalhadores, que não param de viajar de avião e de se divertir.

E como a concorrência não para, a fuga para frente continua: cada vez mais máquinas, mais investimentos, mais produção. Cada vez que a margem de lucro cai no celular individual, o capitalista responde com um aumento da quantidade total de celulares produzidos. Estes, por sua vez, ficam cada vez mais baratos para o consumidor, que já não tem mais bolsos para tantos “não-sei-o-quê-phones”.

A explosão da crise



Mas chega um determinado momento em que a quantidade de capital investido na produção (máquinas modernas para vencer a concorrência) é tão grande e a margem de lucro em cada celular individual é tão pequena, que nenhuma quantidade de mercadorias compensa tal investimento. Investem-se bilhões, para uma margem de lucro cada vez menor. A única solução seria aumentar os preços. Mas acontece que as vendas já começaram a cair porque o mercado já está inundado de celulares baratos e qualquer capitalista que aumente os seus preços agora vai perder a concorrência para os outros.

Assim, a única saída que resta ao Sr. Smith é a mais dolorosa: cortar investimento! Nenhuma máquina a mais, fechar o terceiro turno, demitir parte dos funcionários, cortar benefícios e vantagens, produzir menos. Com isso, o Sr. Smith busca diminuir os custos da produção para aumentar pelo menos um pouquinho a margem de lucro que ele pode tirar de cada celular individualmente, já que as vendas começaram a cair e produzir mais seria jogar dinheiro fora. O exemplo do Sr. Smith é seguido pelo Sr. Yakamoto e por todos os outros capitalistas do setor: cortar investimento!

Assim, a economia capitalista, que viajava a 160 km/h em uma autoestrada de oito pistas, dá um cavalo-de-pau em direção oposta. Agora todos vão dimunir drasticamente a produção, todos vão demitir, todos vão cortar salários e pessoal. O PIB cai abruptamente. A fuga para frente se transforma em uma fuga de verdade: para trás. A abundância se transforma em penúria. O emprego, em desemprego. O otimismo, em medo. O gasto, em poupança. É óbvio que o carro capota. É a explosão da crise. E isto é só o começo...


Cenas inéditas: o capital especulativo

Vamos agora analisar outra variante das crises econômicas, as chamadas crises “financeiras”, descobrir como se dá a recuperação da economia rumo a uma nova fase de crescimento e expansão e, por fim, como se gesta uma nova crise, ou seja, vamos entender o seu caráter cíclico.

Hoje em dia está na moda, quando um filme faz muito sucesso, os produtores lançarem na internet ou em DVD, cenas inéditas que não foram para o cinema quando o filme foi lançado. Digamos que nossa história também possui algumas cenas inéditas, cortadas do primeiro episódio, e que revelaremos agora.

Em um determinado momento do primeiro episódio, o Sr. Smith, nosso burguês imaginário, percebeu que a taxa de lucro de sua empresa começou a cair, fruto dos gigantescos investimentos que ele era obrigado a fazer para lutar contra seus concorrentes. Como todos nós lembramos, era o momento em que tudo ia aparentemente bem, e a crise apenas se desenhava no horizonte. Naquele momento, na reunião de diretoria da empresa, alguns acionistas propuseram cortar investimento, demitir pessoal e diminuir a produção logo de cara, para evitar maiores problemas. Mas um outro setor de acionistas, com maior “visão empresarial”, propôs uma outra saída: Não fechar nenhuma planta, nem demitir ninguém por enquanto. Mas pegar o dinheiro que deveria ser utilizado em novas máquinas e tecnologia, e aplicar tudo no mercado financeiro! Era a saída perfeita: ninguém perderia seu emprego e a queda da lucratividade da empresa seria compensada com os juros fáceis dos fundos de investimento.

Descobriram um ótimo fundo de investimento que dava até 25% de juros ao ano e se jogaram de corpo e alma no novo negócio. A vida novamente sorriu para o Sr. Smith. A cada R$ 1 milhão que ele investia na produção, ganhava apenas R$ 100 mil, ou seja, tinha uma taxa de lucro relativamente baixa de 10%. Mas em compensação, a cada R$ 1 milhão que ele investia no mercado financeiro, ganhava nada menos do que R$ 250 mil! O departamento financeiro da fábrica se transformou no verdadeiro coração da empresa, em uma fonte de lucros muito mais importante do que a linha de produção.

Mas como vimos, todos os capitalistas tendem a agir da mesma maneira. Assim, tal como o Sr. Smith, também o Sr. Yakamoto resolveu compensar a queda da lucratividade de sua fábrica especulando no sistema financeiro. E com ele, outros milhares e dezenas de milhares de capitalistas fizeram a mesma coisa. Dessa forma, uma enorme quantidade de capital, que deveria ser investido na produção, começa a migrar para o sistema financeiro. A quantidade de capital girando na ciranda especulativa é tão grande que começa a superar a quantidade de capital investido na produção real. Em um primeiro momento, isso não causa nenhum problema. Ao contrário, a quantidade de crédito disponível para a população aumenta, os bancos oferecem rendimentos cada vez maiores, inventam novas modalidades de aplicações e a economia se aquece ainda mais.

As bolhas especulativas

Mas lembremos o que foi dito no primeiro artigo e que estabelecemos como um princípio básico para entender a economia: somente o trabalho humano gera novas riquezas. O dinheiro é apenas uma forma de contar a riqueza. A riqueza está nos bens e serviços reais e não no dinheiro. Esse princípio está em evidente contradição com a situação que descrevemos. O que está acontecendo? Ora, o que está acontecendo é que os burgueses, ao deslocarem seus capitais para o mercado financeiro, começam a multiplicar uma riqueza que não existe de verdade, que não tem nenhuma base real. A quantidade de dinheiro que se multiplica como um milagre na conta dos especuladores deixa de corresponder à quantidade de bens e serviços produzidos. Um abismo se abre perante os capitalistas e eles caminham alegremente em direção a esse abismo, arrastando consigo toda a sociedade.

Como nos desenhos animados, os capitalistas continuam andando no ar sem cair no abismo. Só caem quando percebem que não existe mais chão. Enquanto todos acreditam na ciranda financeira, tudo vai bem. Mas chega um momento em que as pessoas se dão conta que a distância entre a riqueza real produzida e aquilo que os bancos oferecem é grande demais. Começam os boatos sobre falências e calotes. Se apenas dois ou três especuladores retiram seus investimentos do mercado financeiro, nada acontece. Mas se um número excessivamente grande de “investidores” perder a “confiança” nos bancos e no mercado, e decidir retirar seus investimentos, os bancos não terão como devolver o dinheiro investido e muito menos pagar os juros prometidos. De repente, se revela o fato que todos já sabiam, mas não queriam reconhecer: o dinheiro prometido pelos bancos nunca existiu, era apenas “bytes” eletrônicos nos computadores, apenas promessas de uma riqueza que nunca foi produzida. E um banco que não consegue pagar seus clientes só pode ter um destino: a falência, o fundo do abismo.

Quando isso acontece, a pirâmide financeira desmorona. A lucratividade das empresas, mantida artificialmente em alta com a especulação feita pelos departamentos financeiros, cai violentamente. Resultado: o Sr. Smith, que já havia diminuído o investimento na produção para especular na bolsa, agora encerra todo e qualquer investimento. O exemplo do Sr. Smith é seguido pelo Sr. Yakamoto e por todos os outros capitalistas. É a explosão da crise.

Todos os caminhos levam à crise

Como vimos, nossa história pode ter duas tramas diferentes, mas o final é o mesmo. Os capitalistas podem adiar a crise econômica, criando “bolhas especulativas” que retardam a queda da lucratividade de suas empresas. Mas no final das contas, a verdade se impõe: apenas o trabalho humano gera novas riquezas. A especulação financeira nada mais é do que uma outra forma de concorrência entre os capitalistas, uma outra maneira de tentar se apropriar da riqueza real, produzida nas fábricas, nos campos e nas minas.

Portanto, as chamadas crises “financeiras” são apenas uma forma diferente de manifestação da mesma crise de superprodução que vimos no primeiro artigo. Na raiz de qualquer crise estão, repetimos, a queda da taxa de lucro e a superprodução de mercadorias.

Como os capitalistas saem das crises

Independentemente de como a crise venha a explodir, a economia capitalista não pode ficar eternamente paralisada. Isso significaria o colapso da sociedade. Depois de toda crise, vem sempre um período de recuperação. Depois dessa recuperação, ocorre um novo auge e uma nova queda. As crises capitalistas têm, portanto, um caráter cíclico. São como as estações do ano: o outono pode atrasar um pouco, o verão pode ser mais frio que no ano passado, pode haver um “veranico” no início de junho, mas uma vem sempre depois da outra, sempre na mesma ordem, e o que é mais importante: elas sempre chegam.



Uma vez instaurada a crise, os capitalistas, para recuperar sua taxa de lucro, utilizam vários mecanismos:

1) Fechamento das plantas menos lucrativas. É o que aconteceu, por exemplo, com a GM em 2008, que fechou suas fábricas nos EUA, mas manteve abertas e até mesmo aumentou o investimento nas fábricas do Brasil porque são as mais lucrativas do grupo, ou seja, são as que mais exploram os seus funcionários;

2) Diminuição dos gastos com pessoal. Esse objetivo, por sua vez, pode ser atingido de várias maneiras: diminuição dos salários, da PLR, dos abonos etc, ou então a demissão de uma parte dos trabalhadores. Aqui é importante lembrar: os capitalistas não conseguiriam aplicar esse expediente sem a ajuda dos líderes sindicais traidores. São eles que convencem os trabalhadores de que “todos devem fazer a sua parte” para que o país saia da crise. Significa: os capitalistas entram com a corda, e os trabalhadores com o pescoço;

3) Invasões e guerras. Elas reaquecem a produção de armamentos e a construção civil (para os planos de “reconstrução” do que foi bombardeado etc), além de significarem a conquista de novos mercados. Foi assim que Bush se recuperou da crise econômica de 2000-2001 nos EUA: invadindo o Iraque e o Afeganistão;

4) Grandes falências, que facilitam a vida dos capitalistas sobreviventes pois diminuem a concorrência.

Chamamos esses recursos de “queima de capital” porque significam a destruição do potencial produtivo da sociedade para recuperação posterior. É irracional, mas é assim. O ciclo de destruição-reconstrução é a única forma que o capitalismo conhece de sair das crises.

Um novo auge e uma nova queda

Mas a verdadeira recuperação só tem início quando os capitalistas retomam os investimentos e a taxa de lucro começa a se recompor. Em geral, essa fase inclui: 1) o desenvolvimento de novos ramos produtivos, como a informática, a biotecnologia etc; 2) a incorporação de novos mercados ao sistema, como a China; 3) a expansão dos mercados antigos, como o que foi feito com o mercado interno brasileiro em 2008 e 4) grandes injeções de dinheiro do Estado nas empresas, como o que foi feito pelo governo Lula com a redução do IPI para a indústria e a liberação do empréstimo compulsório para os bancos. Quando isso acontece, investir na produção volta a valer a pena; a economia se reaquece; os estoques, antes abarrotados, começam a se esvaziar novamente; os trabalhadores recuperam os seus empregos, a produção se acelera, a concorrência se acirra de novo.

Mas como se vê, a fase de recuperação da economia nada mais é do que a preparação da próxima crise. Por outro lado, a explosão da crise já é o início da próxima recuperação e assim por diante. Dessa maneira, a economia capitalista nunca encontra o equilíbrio. Vive de crise em crise.

As crises e o socialismo

A existência de grandes crises cíclicas na economia já foi aceita pela maioria das pessoas. Mas não deveria ser assim. As crises capitalistas são a prova da irracionalidade desse sistema, no qual a tecnologia e a alta produtividade do trabalho são ao mesmo tempo fontes de conforto e abundância, mas também de miséria e desespero. Um sistema que se afoga em sua própria riqueza, enquanto pessoas comem lixo na rua, não merece existir.

Somente uma economia socialista, voltada para as necessidades mais sentidas da própria população, poderá transformar a sucessão caótica de crises e recuperações em um desenvolvimento pacífico e harmonioso de todas as potencialidades contidas no trabalho humano. Somente o socialismo no mundo inteiro será capaz de substituir os rigorosos invernos e os verões escaldantes, prejudiciais para qualquer organismo, por uma eterna primavera.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

DOCUMENTO: Carta dos Cordões Industriais ao presidente Salvador Allende

Um documento histórico que mostra como os trabalhadores alertaram o Presidente do Chile, Salvador Allende, sobre a necessidada dele abandonar a aliança com a burguesia como a única forma de manter vivo os anseios dos trabalhadores chilenos.



5 de Setembro de 1973,

À SUA EXCELÊNCIA, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA CAMARADA ALLENDE


Camarada Salvador Allende:

Chegou o momento em que a classe operária organizada na Coordenadora Provincial de Cordões Industriais, no Comando Provincial de Abastecimento Direto e na Frente Única de Trabalhadores em conflito considerou de urgência dirigir-se a você, alarmados pelo desencadeamento de uma série de acontecimentos que cremos que nos levará não só à liquidação do processo revolucionário chileno, mas, a curto prazo, a um regime fascista do corte mais implacável e criminoso.



Antes, tínhamos o temor de que o processo para o Socialismo estava transicionando para chegar a um Governo de centro, reformista, democrático-burguês que tendia a desmobilizar as massas ou a levá-las a ações insurrecionais de tipo anárquico por instinto de preservação.

Mas agora, analisando os últimos acontecimentos, nosso temor já não é esse, agora temos a certeza de que vamos numa ladeira que nos levará inevitavelmente ao fascismo.

Por isso procedemos a enumerar-lhe as medidas que, como representantes da classe trabalhadora, consideramos imprescindíveis tomar.

Em primeiro lugar, camarada, exigimos que se cumpra com o programa da Unidade Popular, nós em 1970, não votamos por um homem, votamos por um Programa.

Curiosamente, o Capítulo primeiro do Programa da Unidade Popular intitula-se “Poder Popular”, Citamos: Página 14 do programa:

“…As forças populares e revolucionárias não se uniram para lutar pela simples substituição de um Presidente da República por outro, nem para substituir um partido por outros no Governo, mas para levar a cabo as mudanças de fundo que a situação nacional exige, sobre a base da transferência do poder dos antigos grupos dominantes aos trabalhadores, ao campesinato e setores progressistas das camadas médias…” “Transformar as atuais instituições do Estado onde os trabalhadores e o povo tenham o real exercício do poder…”

“…O Governo popular assentará essencialmente sua força e autoridade no apoio que o povo organizado lhe brindar …”

...Página 15: “…Através de uma mobilização de massas se constituirá a partir das bases a nova estrutura do poder…”.

Fala-se de um programa de uma nova Constituição Política, de uma Câmara Única, da Assembléia do Povo, de um Tribunal Supremo com membros designados pela Assembléia do Povo. No programa é indicado que se recusará o emprego das Forças Armadas para oprimir o povo… (p.24).

Camarada Allende, se não lhe indicássemos que estas frases são citações do programa da Unidade Popular, que era um programa mínimo para a classe, neste momento, você nos diria que esta é a linguagem “ultra” dos cordões industriais.

Mas nós perguntamos, onde está o novo Estado? A nova Constituição Política, a Câmara Única, a Assembléia Popular, os Tribunais Supremos?

Passaram-se três anos, camarada Allende e você não se apoiou nas massas e agora nós, os trabalhadores, temos desconfiança.

Nós, trabalhadores, sentimos uma profunda frustração e desalento quando o nosso Presidente, o nosso Governo, os nossos partidos, as nossas organizações, nos dão uma e outra vez a ordem de recuar em vez da voz de avançar. Nós exigimos que não só nos informe, mas que também se nos cosulte sobre as decisões, que afinal de contas são definidoras para nosso destino.

Sabemos que na história das revoluções sempre houve momentos para recuar e momentos para avançar, mas sabemos, temos a certeza absoluta, que nos últimos três anos poderíamos ter ganhado não só batalhas parciais, mas a luta total. Ter tomado nessas ocasiões medidas que fizessem irrevogáveis o processo, depois do triunfo da eleição de Regidores de 71, o povo clamava por um plebiscito e pela dissolução de um Congresso antagônico.

Em outubro, quando foi a vontade e organização da classe operária que manteve o país caminhando frente ao desemprego patronal, onde nasceram os cordões industriais no calor dessa luta e se manteve a produção, o abastecimento, o transporte, graças ao sacrifício dos trabalhadores e se pôde dar o golpe mortal à burguesia, você não teve confiança em nós, apesar de que ninguém pode negar a tremenda potencialidade revolucionária demonstrada pelo proletariado, e deu-lhe uma saída que foi uma bofetada na classe operária, instaurando um Gabinete cívico-militar, com o agravante de incluir nele dois dirigentes da Central Única de Trabalhadores, que ao aceitar integrar estes ministérios, fizeram perder a confiança da classe trabalhadora em seu organismo máximo(13).

Organismo, que qualquer que fosse o caráter do Governo, devia manter-se à margem para defender qualquer debilidade deste frente aos problemas dos trabalhadores.

Apesar do refluxo e desmobilização que isto produziu, da inflação, das filas e das mil dificuldades que os homens e mulheres do proletariado viviam diariamente, nas eleições de março de 1973, mostraram mais uma vez sua clareza e consciência ao dar-lhe 43% de votos militantes nos candidatos da Unidade Popular.

Ali também, camarada, deveriam ter sido tomadas as medidas que o povo merecia e exigia para protegê-lo do desastre que agora pressentimos.

E já em 29 de junho, quando os generais e oficiais sediciosos aliados ao Partido Nacional, Frei e Pátria e Liberdade se puseram francamente numa posição de ilegalidade, poderia se ter desencabeçado os sediciosos e, apoiando-se no povo e dando responsabilidade aos generais leais e às forças que então lhe obedeciam, ter levado o processo para o triunfo, ter passado à ofensiva.

O que faltou em todas estas ocasiões foi decisão, decisão revolucionária, o que faltou foi confiança nas massas, o que faltou foi conhecimento de sua organização e força, o que faltou foi uma vanguarda decidida e hegemônica.

Agora nós trabalhadores não somente temos desconfiança, estamos alarmados.

A direita montou um aparelho terrorista tão poderoso e bem organizado, que não cabe dúvida que está financiado e pela CIA. Matam operários, fazem voar oleodutos, microônibus, transportes ferroviários.

Produzem apagões em duas províncias, atentam contra nossos dirigentes, nossos locais partidários e sindicais.
São punidos ou presos?

Não, camarada!
São punidos e presos os dirigentes de esquerda.
Os Pablos Rodríguez, os Benjamines Matte, confessam abertamente ter participado no “Tanquetazo”(14).
São esmagados e humilhados?

Não, camarada!
Esmaga-se Lanera Austral de Magellanes onde se assassina um operário e se tem os trabalhadores de boca na neve durante horas e horas.

Os transportadores paralisam o país, deixando lares humildes sem parafina, sem alimentos, sem medicamentos.
São vexados, reprimidos?

Não, camarada!
São vexados os operários de Cobre Cerrillos, de Indugas, de Cimento Melon, de Cervejarias Unidas.

Frei, Jarpa e seus comparsas financiados pela ITT, chamam abertamente à sedição.
São reprovados, são denunciados?

Não, camarada!
Denuncia-se, pede-se a reprovação de Palestro, de Altamirano, de Garretón, dos que defendem os direitos da classe operária.

A 29 de junho se levantam generais e oficiais contra o Governo, metralhando horas e horas o Palácio de La Moneda, produzindo 22 mortos.
São fuzilados, são torturados?

Não, camarada!
Tortura-se de forma desumana os marinheiros esub-oficiais que defendem a Constituição, a vontade do povo, e a você, camarada Allende.

Pátria e Liberdade incita ao golpe de Estado.
São presos, são castigados?

Não, camarada!
Eles, continuam dando conferências de imprensa, são-lhes dados salvocondutos para que conspirem no estrangeiro.

Enquanto se esmaga SUMAR, onde morrem operários e habitantes, e os camponeses de Cautín, que defendem o Governo, são submetidos aos castigos mais implacáveis, passeando pendurados nos pés, em helicópteros sobre as cabeças de suas famílias até a morte.

São atacados você camarada, os nossos dirigentes, e através deles os trabalhadores em seu conjunto na forma mais insolente e libertina pelos meios de comunicações milionários da direita.

São destruídos, são silenciados?

Não, camarada!
Silencia-se e destrói os meios de comunicação de esquerda, o canal 9 de TV, última possibilidade de voz dos trabalhadores.

E a 4 de setembro, no terceiro aniversário do Governo dos trabalhadores, enquanto o povo, um milhão quatrocentos mil, saíamos a saudá-lo, a mostrar nossa decisão e consciência revolucionária, a FACH esmagava Mademsa, Madeco, Rittig, numa das provocações mais insolentes e inaceitáveis, sem que exista resposta visível alguma.

Por todo o proposto, camarada, nós os trabalhadores, estamos de acordo num ponto com o senhor Frei, que aqui só há duas alternativas: a ditadura do proletariado ou a ditadura militar.

Claro que o senhor Frei também é ingênuo, porque crê que tal ditadura militar seria só de transição, para levá-lo finalmente à Presidência.

Estamos absolutamente convencidos de que historicamente o reformismo que se procura através do diálogo com os que traíram uma e outra vez, é o caminho mais rápido para o fascismo.

E nós trabalhadores já sabemos o que é o fascismo.

Até há pouco era somente uma palavra que nem todos nós camaradas compreendíamos. Tínhamos que recorrer a longínquos ou próximos exemplos: Brasil, Espanha, Uruguai, etc.

Mas já o vivemos em carne própria, nos esmagamentos, no que está se sucedendo a marinhos e suboficiais, no que estão sofrendo os camaradas de ASMAR, FAMAE, os camponeses de Cautín.

Já sabemos que o fascismo significa acabar com todas as conquistas conseguidas pela classe operária, as organizações operárias, os sindicatos, o direito à greve, as folhas de petições.

O trabalhador que reclama seus mais mínimos direitos humanos se despede, se aprisiona, tortura ou assassina.

Consideramos que não somente está nos levando pelo caminho que conduzirá ao fascismo num prazo vertiginoso, mas que nos priva além disso dos meios para nos defender.

Portanto exigimos de você, camarada Presidente, que se ponha à cabeça deste verdadeiro Exército sem armas, mas poderoso quanto à consciência, decisão, que os partidos proletários ponham de lado suas divergências e se convertam em verdadeira vanguarda desta massa organizada, mas sem direção.

Exigimos:
1° Face à paralização dos transportadores, a requisição imediata dos caminhões sem devolução pelos organismos de massas e a criação de uma Empresa Estatal de Transportes, para que nunca mais esteja nas mãos destes bandidos a possibilidade de paralisar o país.

2° Face à paralização criminosa do Colégio Médico, exigimos que lhes aplique a Lei de Segurança Interior do Estado, para que nunca mais esteja nas mãos destes mercenários da saúde, a vida de nossas mulheres e filhos. Todo apoio aos médicos patriotas.

3° Face à paralização dos comerciantes, que não se repita o erro de outubro em que deixamos claro que não necessitávamos deles como corporação. Que se ponha fim à possibilidade de que estes traficantes confabulados com os transportadores, pretendam sitiar o povo pela fome. Que se estabeleça de uma vez por todas a distribuição direta, os armazéns populares, a cesta popular.
Que passe à área social as indústrias alimentícias que ainda estão nas mãos do povo.

4° Face à área social: Que não só não se devolva nenhuma empresa onde exista a vontade majoritária dos trabalhadores de que sejam confiscadas, mas que esta passe a ser a área predominante da economia. Que se fixe uma nova política de preços. Que a produção e distribuição das indústrias da área social seja discriminada. Não mais a produção de luxo para a burguesia.
Que se exerça um verdadeiro controle operário dentro delas.

5° Exigimos que se derrogue a Lei de Controle de Armas. Nova “Lei Maldita” que só serviu para vexar os trabalhadores, com as invasões praticados nas indústrias e povoados, que está servindo como um ensaio geral para os setores sediciosos das Forças Armadas, em sua permissividade de estudar assim a organização e a capacidade de resposta da classe operária numa tentativa para intimidá-la e identificar seus dirigentes.

6° Face à desumana repressão aos marinheiros de Valparaíso e Talcahuano, exigimos a imediata liberdade destes irmãos de classe heróicos, cujos nomes já estão gravados nas páginas da história do Chile. Que se identifique e se castigue os culpados.

7° Face às torturas e morte de nossos irmãos camponeses de Cautín, exigimos um julgamento público e o castigo correspondente aos responsáveis.

8° Para todos os implicados em tentativas de derrubar o Governo legítimo, a pena máxima.

9° Face ao conflito do Canal 9 de TV, que este meio de comunicação dos trabalhadores não seja entregue nem negociado por nenhum motivo.

10° Protestamos pela destituição do camarada Jaime Faivovic, Subsecretário de Transportes.

11° Pedimos que através de vosso próprio apoio, manifeste todo nosso amparo ao Embaixador de Cuba, camarada Mario García Incháustegui, e, a todos os camaradas cubanos perseguidos pelo mais notório da reação e que lhe ofereça nossos bairros proletários para que ali estabeleçam sua embaixada e sua residência, como forma de agradecer a esse povo, que até chegou a se privar de sua própria ração de pão para ajudar-nos em nossa luta. Que se expulse o Embaixador norte-americano, que através de seus porta-vozes, do Pentágono, da CIA, da ITT, proporciona comprovadamente instrutores e financiamento aos sediciosos.

12° Exigimos a defesa e proteção de Carlos Altamirano, Mario Palestro, Miguel Henríquez, Oscar Gerretón, perseguidos pela direita e pela Promotoria naval por defender valentemente os direitos do povo, com ou sem uniforme.

Nós lhe advertimos camarada, que com o respeito e a confiança que ainda lhe temos, se não cumprir com o programa da Unidade Popular, se não confiar nas massas, perderá o único apoio real que tem como pessoa e dirigente e que será responsável por levar o país não à guerra civil que está já está em pleno desenvolvimento, mas ao massacre frio, planificado da classe operária mais consciente e organizada da América Latina. E [nós o advertimos] que será responsabilidade histórica deste Governo, levado ao poder e mantido com tanto sacrifício pelos trabalhadores, habitantes, camponeses, estudantes, intelectuais, profissionais, a destruição e descabeçamento, quiçá a tal prazo, e a tal custo sangrento, não só do processo revolucionário chileno, mas também o de todos os povos latinoamericanos que estão lutando pelo Socialismo.

E se fazemos este chamado urgente, camarada Presidente, é porque acreditamos que esta é a última possibilidade de evitar em conjunto, a perda das vidas de milhares e milhares do melhor da classe operária chilena e latinoamericana.


Coordenadora Provincial de Cordões Industriais
Comando Provincial de Abastecimento Direto
Frente Única de Trabalhadores em Conflito