quarta-feira, 27 de junho de 2012

A QUEM SERVE O APARTIDARISMO?


O movimento estudantil vive uma situação peculiar. Em qualquer assembléia, reunião ou plenária pipocam intervenções “contra os partidos”. Alguns se declaram “apartidários”, outros “apolíticos”. Pertencer a um partido político está, no mínimo, fora de moda. “Querem aparelhar!”, gritam alguns. “Só fala se tirar o boton!”, ameaçam outros. “Abaixa essa bandeira!” ordenam terceiros.

Nas páginas deste jornal, totalmente partidário e político, gostaríamos de dialogar sobre este importante tema.

Independente sim, mas do quê?
O marxismo defende a completa independência de sindicatos e organizações estudantis, em primeiro lugar, com relação às instituições alheias aos movimentos sociais. Ou seja, mais do que tudo, defendemos a independência das entidades com relação ao Estado.

A adaptação da CUT e da UNE ao Estado burguês acelerou enormemente sua degeneração. Ambas são hoje braços do Estado no movimento de massas. Nesse sentido, nada mais emblemático do que a nomeação de Luis Marinho, presidente da CUT, para o Ministério do Trabalho. Por sua vez, a UNE recebeu de distintos órgão estatais, somente este ano, mais de um milhão de reais para “projetos”. Está claro: não são mais organizações independentes.

Em segundo lugar, defendemos a independência dos movimentos sociais com relação à patronal, às reitorias e às direções de escolas. Não aceitamos patrões nos sindicatos em que atuamos. Nos DCEs, não recebemos ajuda de nenhuma reitoria se isso significar a restrição ao nosso direito de crítica. Com essa atitude, visamos, mais uma vez, manter a independência da entidade.

Em terceiro lugar, defendemos sim a independência organizativa das entidades com relação aos partidos políticos e combatemos o seu aparelhamento por quem quer que seja. Autonomia significa que são as instâncias das entidades que devem tomar as decisões. Nessas instâncias, todos devem ter o direito de defender suas posições: revolucionários e reformistas, organizados ou não em partido.

Por outro lado, os marxistas reconhecem que a sociedade é divida em classes sociais que lutam entre si por meio de partidos e de outras organizações. Pretender que as entidades sejam “independentes” dessa luta significa, na prática, entregá-las nas mãos da direita e da burguesia, cujo dinheiro, televisão e intelectuais influenciam o conjunto da sociedade. Por isso, a completa “independência” do movimento com relação aos partidos políticos é uma utopia que só serve aos poderosos.

O movimento estudantil deve ser amplo e democrático, mas não pode ser “neutro” em uma sociedade marcada pela luta de classes. Deve escolher um lado. Quanto mais o movimento estudantil se aproxima dos partidos e organizações da classe trabalhadora, maior é a sua verdadeira independência: a independência com relação ao Estado, à burguesia e seus agentes.

O “apartidarismo” sempre serviu à direita
Em 1923, Trotsky escrevia: “Os comunistas não temem a palavra ‘partido’ porque seu partido não tem, nem terá, nada em comum com os outros partidos. Seu partido não é um dos partidos políticos do sistema burguês (...). Por isso, os comunistas não têm nenhuma razão – nem ideológica, nem organizativa – para se esconder atrás dos sindicatos”. E mais adiante: “Mas, ao mesmo tempo, o Partido Comunista reserva-se o direito de expressar suas opiniões sobre todos os problemas do movimento operário, inclusive sobre os sindicatos, de criticar as táticas dos sindicatos e de fazer-lhes propostas definidas que estes, por seu lado, são livres para aceitar ou rejeitar. O partido trata de ganhar a confiança da classe operária e, sobretudo, do setor organizado em sindicatos”.

Como se vê, a polêmica sobre a participação dos revolucionários nos movimentos sociais não é nova. Mas a luta “contra os partidos” nunca foi uma bandeira do próprio movimento, e sim da direita.

No Brasil, foi a ditadura militar quem mais utilizou o discurso “apartidário” para combater o movimento estudantil. Os militares acusavam os ativistas de “partidarizar os CAs” e exigiam medidas concretas dos reitores contra a atuação dos partidos nas universidades. Na tentativa de desarticular o movimento, a ditadura perseguia os estudantes filiados a partidos. Somente esse fato bastaria para se entender o enorme desserviço prestado ao movimento pelos defensores do “apartidarismo”, cujo discurso é igual àqueles pronunciados por generais e reitores durante os piores anos de nossa História.

Mas tudo muda. Os anos 80 foram anos de grandes liberdades democráticas. O país saía da ditadura, fora declarada anistia. Nesse período, a forma de organização do ativismo passou a ser não só os CAs e DCEs, mas também os partidos políticos de esquerda. Depois de um período de “militância independente”, a maioria dos ativistas ingressava em um partido político para defender de forma organizada suas posições. Naqueles anos, nada parecia mais óbvio. As organizações de esquerda disputavam os espaços nas universidades e escolas: vendiam seus jornais, organizavam debates, buscavam atrair novos membros. O movimento estudantil vivia uma enorme efervescência e a organização política era o caminho natural de todo lutador.

O muro de Berlim e o “apartidarismo”
Em 1989, cai o muro de Berlim. O imperialismo utilizou-se desse fato para desencadear uma enorme ofensiva ideológica em todo o mundo. Começou a se falar em “morte do socialismo”, “fim da luta de classes”, “fim da História”. Para uma parte importante da esquerda, era como se o muro de Berlim tivesse caído sobre suas cabeças. Desiludidas com o “socialismo real”, essas organizações absorveram os argumentos do imperialismo e aos poucos foram abandonando a luta social para adotar, cada vez mais, uma estratégia puramente eleitoral. Todos repetiam em coro: “o stalinismo é a continuação do leninismo”, “é preciso repensar a esquerda” etc.

Com isso, essa esquerda, antes revolucionária e marxista, se tornou de fato muito parecida com os partidos burgueses, já desgastados perante as massas pela corrupção e roubalheira em que sempre estiveram envolvidos.

As organizações de esquerda foram vítimas de um vendaval oportunista que correu o mundo a partir do início dos anos 90 e adaptaram-se ao recuo na consciência das massas, negando suas próprias bases e passando a defender bandeiras que levaram à sua crise. Assim, perdeu-se a tradição da atuação em partidos de esquerda no movimento estudantil.

O P-SOL: “apartidarismo” e eleitoralismo
Com a virada do milênio, inicia-se um processo de retomada das lutas no mundo inteiro: Equador, Palestina, Argentina, Bolívia, Venezuela, Iraque. As massas saem às ruas novamente e protagonizam processos revolucionários nesses e em outros países.

Infelizmente, a esquerda mundial não conseguiu relocalizar-se no novo momento e mesmo as novas organizações que surgem, já carregam os velhos vícios dos anos 90. Um exemplo disso é o P-SOL.

O P-SOL é um dos maiores defensores do “apartidarismo” no movimento estudantil. Juram de pés juntos que sua atuação nas entidades nada tem a ver com sua filiação partidária. Olhando superficialmente, até parece assim, mas não é. O P-SOL é um partido de tendências, em que cada corrente interna pode defender a sua política no movimento sem consultar os organismos do partido. Assim, os militantes do P-SOL diversas vezes atuam de forma distinta uns dos outros, passando uma falsa idéia de “atuação independente” no movimento. Nada mais falso.

O que unifica o P-SOL no movimento estudantil é sua estratégia de salvar a UNE e manter seu cargo na diretoria executiva da entidade, cargo esse, diga-se de passagem, conseguido pela concessão feita pelo PCdoB no último CONUNE. Por isso, o P-SOL é um dos maiores inimigos da ruptura com a UNE. Também por isso o P-SOL é forçado a combater o PSTU, que defende a ruptura com a UNE e a construção de uma nova alternativa de direção para o movimento estudantil: a CONLUTE. Assim, quando o P-SOL denuncia o “aparelhismo” e o “rupturismo” do PSTU, se aproxima do PCdoB, de cujas mãos recebeu o cargo na executiva da UNE, e se coloca a serviço de sua política, política essa, naturalmente, “apartidária”.

Mais do que isso: ao defender a “independência” do movimento com relação aos partidos, o P-SOL deixa sem resposta a seguinte pergunta: Se a tarefa de um partido de esquerda não é atuar de forma organizada nos movimentos sociais, então qual é? Acaso seria pedir votos nas eleições? Aí poderíamos ter uma atuação franca e aberta como partido político? Aí poderíamos declarar abertamente que somos “partidários”? Como se vê, por detrás do discurso “amplo e democrático” que tem o P-SOL, esconde-se uma concepção eleitoralista e reformista. Para o P-SOL, partido é para disputar eleições. Nada mais.

O anarquismo: autoritarismo e paralisia no movimento estudantil
O discurso “apartidário” tem ajudado os setores ligados ao anarquismo a se fortalecer em algumas entidades. Infelizmente esse novo anarquismo não tem relação com a honrada tradição anarquista do início do século XX. O novo anarquismo é burocrático e autoritário no trato com as entidades. Não raros são os casos de aliança desses setores com a direita “apartidária” ou mesmo com as reitorias para combater “os partidos”. Nas passeatas e atos, em vez do enfrentamento com a polícia, alguns setores anarquistas preferem o enfrentamento com os ativistas que carregam bandeiras de partidos. A “autogestão”, ou seja, a ausência de uma diretoria eleita, implementada em algumas entidades é um desastre: tem levado, na prática, à ditadura anarquista, à paralisia das entidades e à desmoralização completa. Cada ano de autogestão é um ano de caos e inoperância no movimento e prepara a retomada das entidades pela direita reacionária.

A verdadeira relação partido–movimento
A relação aparelhista que o PCdoB estabeleceu com a UNE e com a UBES traumatizou toda uma geração que hoje nega qualquer organização partidária. No entanto, essa deformação criada pelo stalinismo não deve nos desviar de uma concepção marxista de atuação nas entidades.

Se a atuação “independente” no movimento é uma bandeira tão ampla e democrática, por que quase não vemos entidades que não sejam, em maior ou menos grau, influenciadas por partidos? Por que os chamados “independentes” sempre acabam se alinhando com uma ou outra organização política para defender suas posições? Por que os CAs e grêmios, em cujo seio não há nenhuma disputa política, são, em geral, os mais despolitizados e mais atrelados às direções das escolas e faculdades?
Isso se dá porque a luta no movimento leva naturalmente ao enfileiramento por posições políticas. É por isso que existem “grupos de independentes”, “correntes de independentes” (chegaremos a ver “partidos de independentes”?). A organização política é natural, progressiva e inevitável.

A esse respeito, Trotsky escrevia em 1929: “O Partido Comunista (...) diz claramente à classe operária: eis meu programa, minhas táticas e minha política. É o que proponho aos sindicatos. O proletariado não deve acreditar às cegas em nada. Deve julgar cada partido e cada organização por seu trabalho. Os operários devem desconfiar duplamente dos aspirantes a dirigentes que atuam disfarçadamente, pretendendo lhes fazer acreditar que não necessitam de nenhuma direção”.

Assim, os militantes do PSTU continuarão erguendo suas bandeiras, defendendo de forma clara sua política e disputando a direção das entidades com o programa que julgamos correto. Nesse marco, sempre que possível, marcharemos juntos com organizações, partidos e ativistas independentes de esquerda.

A atuação no movimento para nós não é uma mera tática, como querem fazer parecer nossos adversários. É parte fundamental de nossa estratégia: a mobilização permanente das massas e a construção de uma ferramenta revolucionária. Mas nosso objetivo final não se resume à atuação no movimento estudantil e sindical, por maior que seja sua importância. Somos socialistas e revolucionários. Nosso fim é a libertação completa da humanidade do jugo do capitalismo, a construção do comunismo no mundo inteiro. Esse é nosso “interesse político-partidário” e somos orgulhosos dele.

domingo, 24 de junho de 2012

CARTA DOS QUILOMBOLAS DO MARANHÃO ENVIADA A GOVERNADORA

À Governadora do Estado do Maranhão
Roseana Sarney Murad



Encontramo-nos em campo a tratar de nossa libertação!

Vosso Governo, signatário de todas as injustiças desta Terra, patrocina extermínio de comunidades camponesas quilombolas, indígenas, ribeirinhas por todo o território Maranhense. As iniqüidades que Vosso Governo espalha por este chão estão estampadas nos dados vergonhosos presentes nos números oficiais. Concentramos milhões de famintos em terras de preto, de índio, de santo. Somos o Estado mais pobre da federação, uma das regiões mais pobres das Américas.

Vosso Governo afirma que os assassinatos que vitimaram centenas de lideranças rurais, pais e mães de famílias, não passam de briga de vizinho, numa tentativa de apagar a história de assassinatos políticos patrocinados por vossos correligionários fazendeiros, grileiros de terra. Ao passo que os direitos constitucionalmente assegurados às comunidades tradicionais deste estado viraram letra morta. Sua Polícia Política é responsável por milhares de despejos de comunidades em todo o Estado do Maranhão, destruindo lares e comunidades inteiras.

Vosso Governo submete à humilhação da miséria mais de dois milhões de maranhenses do campo, e quase a totalidade da população do Estado usurpando suas terras, doando ao grande capital nacional/internacional milhões de hectares de terras que, ao invés de serem destinados à produção de alimentos para o povo, servem para a plantação de eucalipto, soja e outras commodities que abastecem o mercado internacional. Bois no lugar de gente, gente trabalhadora ocupando 7 palmos debaixo da terra.

Vosso Governo destruiu a agricultura familiar, fornecendo as melhores terras do Estado para produção de carvão. Aqui jaz a Amazônia, o Cerrado, os mangues, e os povos de cada bioma. Vosso Governo pertence aos latifundiários, aos grandes projetos de exploração da Terra,ao passo que o empobrecimento dos homens e mulheres do campo se toma mais e mais intenso.

Vosso Governo é responsável pela pilhagem de todas as riquezas do solo e do subsolo desta Terra, por meio de processos ilícitos de apropriação de terras públicas do Estado do Maranhão. Vosso Governo solapou toda a política de agricultura familiar, extinguindo inclusive a Secretária de Desenvolvimento Agrário-SEDAGRO, ao passo que o agronegócio determina as políticas de desenvolvimento econômico do Estado. Os babaçuais, donde cantavam os sabiás, sucumbiram às pastagens, às florestas artificiais.

Encontramo-nos Acampados no ITERMA, instituto que historicamente serviu aos interesses do latifúndio. local de inúmeras viagens de trabalhadores, que nunca encontram soluções às suas demandas. Encontramo-nos acampados para reafirmar que Vosso Projeto político é o Projeto Político da Morte, da miséria, da destruição da natureza. Encontramo-nos acampados para reafirma ao Vosso Governo que resistiremos, até a morte, pela Libertação.

Encontramo-nos acampados para reafirmar ao Vosso Governo: Já chega de tanto sofrer, já chega de tanto chorar, na marra ou na marra vamos ganhar!

São Luís, 18 de junho de 2012


MOVIMENTO QUILOMBOLA DO MARANHÃO – MOQUIBOM COMISSÃO PASTORAL DA TERRA - MARANHÃO

terça-feira, 19 de junho de 2012

PSTU e PSOL formam frente de esquerda em Natal Chapa será alternativa socialista nas eleições

Gustavo Sixel, da redação







Robério Paulino Rodrigues (PSOL), pré-candidato da Frente de Esquerda

• No dia 12 de maio, PSOL e PSTU anunciaram oficialmente a aliança em Natal (RN), após reuniões, plenárias e conversas entre os partidos e com ativistas da cidade. O pré-candidato a prefeito será o professor da UFRN Robério Paulino Rodrigues, do PSOL. Seu vice será o professor Dario Barbosa, do PSTU, cuja pré-candidatura à prefeito chegou a ser apresentada nas discussões da frente. A aliança se repetirá na chapa de vereadores, que buscará romper o bloqueio eleitoral, que estabelece cerca de 15 mil votos para eleger um vereador na cidade.

Independência de classe
A construção da Frente Ampla de Esquerda durou vários meses. Ao final, o acordo entre os partidos garante a independência política, ao rechaçar doações de empresas e aliança com partidos dos patrões. Foi formada uma coordenação e respeitado o peso de cada partido nos programas de TV para prefeito e vereador.

Um ponto decisivo para a frente foi o programa, que permitirá oferecer uma alternativa para os trabalhadores, e seu perfil, claramente socialista. É parte do programa da frente a denúncia do capitalismo e de sua crise econômica e a defesa do socialismo com democracia e a oposição aos governos que implementam o modelo neoliberal, como o de Dilma Rousseff.

Rio Greve do Norte
As eleições desse ano devem expressar a situação política na capital e no Estado. Em 2011, a cidade viu uma série de greves e lutas, como a dos professores, que teve a professora Amanda Gurgel como símbolo, e a ocupação da juventude pelo Fora Micarla, que durou 11 dias. Neste ano, as lutas continuam, em greves da educação municipal, da saúde, dos rodoviários e dos operários das obras do Arena das Dunas, estádio que sediará jogos da Copa.

De outro lado, há crises nas alturas. A primeira, no Judiciário. O esquema de corrupção envolve presidentes do Tribunal de Justiça, que recebiam dinheiro em envelopes na garagem do tribunal. “Esse judiciário, cujos desembargadores roubaram mais R$ 12 milhões, é o mesmo que condenou como ilegal as greves daqui, como a dos operários do estádio da Copa, que recebem R$ 800”, condena Amanda Gurgel.

A outra crise é da prefeita Micarla de Souza (PV), que enfrenta um desgaste recorde. Pesquisas chegam a apontar que 80% rejeita seu governo. “Se é verdade que Micarla deixou a cidade em um caos político e organizativo, essa situação também é fruto de governos anteriores, como os de Carlos Eduardo Alves (PDT) e Wilma de Faria (PSB), em governos que contaram com o apoio do PT”, lembra Dario Barbosa. Nas pesquisas para prefeito, Carlos e Wilma lideram, mostrando que o desgaste de Micarla pode deixar apenas uma troca de cadeiras.

Natal para os trabalhadores
Para o PSTU, hoje há duas cidades, a do cartão postal, com suas belezas naturais, e outra, com graves problemas sociais, na periferia, onde dois de cada três moradias não têm saneamento básico. A cidade vem crescendo de forma desordenada, pressionada pelo turismo predatório, pelos empresários dos transportes e pela especulação imobiliária, setores ligados aos partidos que governaram a cidade. A prioridade a estes setores só aumentou, com as obras para receber a Copa.

A Frente de Esquerda propõe governar para a maioria, para os trabalhadores, com um programa que defende prioridade para a Educação, fim da privatização da Saúde, taxação de terrenos voltados à especulação imobiliária, um plano de moradia popular, o combate a corrupção e a não submissão à Lei de Responsabilidade Fiscal, usada pelos governos como desculpa para não aumentar salários ou investir nas áreas sociais.


Educação será prioridade na campanha do PSTU



Partido reúne ativistas para debater com Amanda Gurgel o caos no ensino e o programa para o setor

Exatamente um ano depois do discurso da professora Amanda Gurgel na Assembleia Legislativa e do vídeo na internet, o caos na Educação continua, com salários baixos e péssimas condições de ensino. Uma situação que levou novamente os professores municipais a ir à greve neste ano, enfrentando a intransigência do governo e as ameaças do Judiciário.

Por conta disso, a educação será um dos temas prioritários na campanha do PSTU. Desde março, o partido vem realizando reuniões e encontros com ativistas e moradores, debatendo as propostas para o setor e recolhendo sugestões.

Dezenas de encontros foram feitos, em média com 15 a 20 pessoas, de diferentes bairros e regiões de Natal. Em todos, os militantes também apresentam o partido e suas diferenças em relação aos demais partidos. Em especial, o programa do partido contra o machismo e a opressão às mulheres, outro tema prioritário na campanha.

A professora Amanda tem participado dos encontros, expressando o impacto do seu discurso na cidade e o alcance do vídeo na internet. As reuniões acontecem principalmente nos bairros mais pobres, onde vivem os trabalhadores das indústrias e os pais e mães de alunos da rede pública. Muitas dessas reuniões ocorreram na Zona Norte, no bairro de Nova Natal, onde Amanda leciona. “Tem sido muito importante esse diálogo com as pessoas. E a receptivade é enorme. De cada reunião, as pessoas propoem fazer outras, com amigos, vizinhos...”, conta Amanda.

Além da educação, as conversas também têm ocorrido sobre temas específicos, envolvendo grupos de artistas, ligados à literatura de cordel, ativistas LGBT, estudantes, jovens e professores universitários.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Documento da Agricultura à Rio+20: do agronegócio para o agronegócio


Almir Cezar, de Brasília (DF)



• Às vésperas da Rio+20, o Ministério da Agricultura divulga um documento oficial de contribuição ao desenvolvimento sustentável. Contudo, o centro do documento limita-se à defesa da liberalização dos mercados, em especial as exportações de biocombustíveis, o fim dos subsídios e o aumento da produtividade agrícola. Fala sobre um bom ambiente de negócio e ampliação de investimentos públicos. Pouco se fala das práticas produtivas e nada sobre qualquer mudança da estrutura fundiária. Em suma, é um documento do agronegócio para o agronegócio.

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Mendes Ribeiro Filho, anunciou em 6 de junho o documento oficial do órgão para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável . O texto apresenta a avaliação da agropecuária 20 anos após a Rio-92 e a contribuição para fomentar o aumento da produção de alimentos, conservar o meio ambiente, garantir a segurança alimentar e nutricional, além de erradicar a pobreza nos próximos 20 anos.

Segundo Mendes Ribeiro Filho, nos últimos 50 anos, a produção de grãos cresceu 290% e o rebanho de gado 250%, com o acréscimo de área de apenas 39%. “Somos líderes na produção de alimentos, mas também somos líderes em áreas de preservação ambiental. Isso é possível porque estamos na dianteira da tecnologia de produção em áreas tropicais” afirmou o ministro.

A qualidade dos alimentos saudáveis é tratada no documento como fator primordial para a saúde e alimentação das pessoas, bem como a segurança alimentar e nutricional com atenção à produção. De acordo com o MAPA, a produção de alimentos deve estar focada na adoção de práticas sustentáveis. Além disso, ressalta que o setor agropecuário deve utilizar métodos de irrigação que diminuam o desperdício de água, além de reforçar a gestão agroclimática de culturas, produzir sementes e mudas melhoradas, ampliar investimentos para desenvolver tecnologias aplicáveis à biomassa (fonte renovável de energia que utiliza organismos vivos) e priorize a diversificação de culturas.

O documento ainda salienta a necessidade de se promover o acesso aos produtores das inovações tecnológicas agrícolas e o desenvolvimento de soluções que viabilizem a elevação do desempenho e a inserção econômica dos pequenos agricultores. Para tanto, o Brasil deverá enfrentar o desafio de melhorar as condições de infraestrutura, logística, assistência técnica e extensão rural, expandindo os investimentos públicos e ampliando a parceria com o setor privado.

A importância da liberalização dos mercados agrícolas é outro aspecto enfatizado com o objetivo de favorecer seu pleno funcionamento e estímulo à oferta de alimentos de qualidade, fibras e biocombustíveis pelos países em desenvolvimento.

Foram também apresentadas propostas para o desenvolvimento da economia sustentável mundial. Uma das recomendações é quanto à criação de um ambiente favorável ao aumento dos investimentos públicos e privados na agropecuária, com melhoria na qualidade e transparência das informações sobre os mercados, estimulando a oferta global de alimentos nutricionalmente seguros.

O papel da agricultura para sustentabilidade da matriz energética e a utilização de práticas como a produção orgânica e os sistemas agroflorestais (como o cabruca) também são destacados, porém em menor importância. Por sua vez, não se fala nada no documento sobre mudança do padrão produtivo agrícola e da estrutura fundiária a ele associado.

Nada se fala no documento do uso de maquinários agrícolas alimentados por combustíveis fósseis, emissor de gases contribuidores ao aquecimento global. Como também a mecanização com a respectiva liberação de mão de obra que, desocupada e sem terras próprias, se vê obrigada a empregar-se em atividades de extrativismo florestal predatório.

Ou ainda, que as lavouras para produção de agrocombustíveis (etanol, biodiesel, etc) estão se expandindo sobre fronteiras agrícolas, pressionando áreas remanescentes de florestas ou tradicionalmente usadas para produção de alimentos, em especial sobre terras de pequenos e médios agricultores. E que os produtores descapitalizados pela concorrência capitalista moderna, dominada na cadeia comercial pelas traders (atravessadores no abastecimento, armazenagem e distribuição) e por gigantes da biotecnologia, como Cargil, Bunge, Monsanto, Friboi, portanto, sem recursos à aquisição de métodos e ferramentas avançadas de produção, e acabam se vendo obrigadas a recorrer a métodos predatórios para sobreviver, com severos danos a natureza.

Nada se fala ainda sobre o uso de pesticidas e intensivos agrícolas, substâncias largamente aplicada no agronegócio - que de acordo com o relatório do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), 90% da amostra de água e peixes do mundo estão contaminados por agrotóxicos.

O documento, por sua vez, não trata formalmente em nenhuma passagem sobre reforma Agrária. Não é um mero aumento da produtividade do campo que alterará o papel atual da agricultura sobre a degradação ambiental, e sim uma mudança do padrão produtivo agrícola, que passa também pela mudança fundiária e reordenamento agrário do país, consequência direta da reforma agrária. Em suma, é um documento do agronegócio para o agronegócio.

Com informações da Agência Brasil

Almir Cezar Filho é servidor do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), diretor da Associação Nacional dos Servidores do MDA (Assemda) e militante do PSTU

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Filme traz vida e obra de Violeta Parra, a cantora rebelde que transcende gerações

Diego Cruz da redação do9 site do PSTU



Num momento em que a imensa maioria das salas de cinema do país é dominada pelos blockbusters, uma bem-vinda exceção é “Violeta Foi para o Céu” (Violeta se fue a Los Cielos), de Andrés Wood, mesmo diretor do chileno “Machuca”. Co-produção entre Chile, Argentina e Brasil, o filme venceu o Sundance Festival 2012 e traz a vida da cantora Violeta Parra, uma das principais precursoras do movimento que ficaria conhecido como Nova Canção Chilena (anos 1960-1970), que resgatava o folclore do país e o utilizava como inspiração para novas obras, permeados de críticas sociais.

Baseado na biografia da cantora escrita por seu filho, Ángel Parra, um dos colaboradores do filme, Violeta foi Para o Céu não é tão político quanto o filme que tornou Wood conhecido, fazendo a opção de mergulhar no universo particular da cantora, e traçando um perfil poético e ao mesmo tempo realista de Violeta Parra. Para isso colabora a interpretação magistral da atriz Francisca Gavilán, que incorpora a personagem e sua inquietude, rebeldia e, ao mesmo tempo, tristeza e melancolia. A atriz chega até mesmo a interpretar as músicas da cantora com perfeição, o que requereu quase um ano de ensaio.

Abdicando da ordem cronológica da narrativa, o longa traz reconstituições da entrevista de Violeta Parra a uma TV argentina entrecortando diferentes fases de sua trajetória. A infância pobre convivendo com o pai músico e alcoólatra, a incansável pesquisa de canções folclóricas pelos rincões do país, a estadia no velho continente passando pela Polônia e França, e a volta ao Chile já como cantora consagrada.

Traz ainda um aspecto menos conhecido da biografia de Violeta, como artista plástica, a ponto de ter sido a primeira latino-americana a expor obras, no caso tapeçarias, no museu do Louvre, em Paris. Multifacetada, transitava com desenvoltura pela pintura e cerâmica. Questionada por uma jornalista se tivesse que escolher apenas uma dessas expressões artísticas, qual escolheria, Violeta respondeu: “Eu escolheria ficar com as pessoas, porque são elas que me inspiram”.






Ainda que não se concentre no aspecto político de Violeta, que foi do Partido Comunista, o filme traz interessantes passagens. Como na espirituosa entrevista à TV argentina na qual, ao ser questionada se “era verdade que era comunista”, respondeu: “Sou tão comunista que, se você me der um tiro, derramarei sangue vermelho”. Em outro momento, ao ser convidada para se apresentar em um requintado jantar em Santiago, Violeta abandona o local insultando os presentes, ao ser tratada com desprezo.

Do início ao fim, o tom trágico permeia a vida de Violeta Parra, que escolheu cantar e viver entre e para os pobres, fazendo parte de uma lavra de artistas que, tal como Victor Jara, escolheu um lado. Vivendo intensamente e com paixão, até o suicídio em 1967 aos 50 anos, deixou uma obra que transcende seu tempo, ainda que por aqui seja mais conhecida pelas canções “Volver a los 17” e “Gracias a La Vida”, ambos na voz de Mercedes Sosa.

Mesmo com importantes lacunas, “Violeta foi para o Céu” veio em boa hora, mostrando a atualidade de uma artista que o mundo conheceu em sua época e que precisa agora reconhecer.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

PIB do primeiro trimestre confirma estagnação da economia Crescimento nos três primeiros meses do ano aponta para PIB menor que o de 2011

Da Redação do site do PSTU





Dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) nesse 1º de junho reafirmam a forte desaceleração da economia brasileira. Segundo o órgão, o PIB dos três primeiros meses do ano cresceu apenas 0,2% frente ao trimestre anterior. Em relação a 2011, o incremento foi de apenas 0,8%.

Esse resultado, o pior desde 2009, reafirma tendência de estagnação frente à desaceleração iniciada na metade de 2011. O forte crescimento econômico que alguns compararam ao “milagre econômico” (1967-1973) ficou para trás. O piso no freio da atividade econômica torna ainda mais distante a meta do governo de fechar 2012 com crescimento de pelo menos 3%. Os prognósticos mais otimistas do mercado dão conta de um PIB próximo ao que foi o do ano passado, de 2,7%.

Um dos sinais mais preocupantes entre os dados divulgados pelo IBGE é a redução da taxa de investimentos (a chamada ‘formação bruta de capital fixo’, ou seja, produção de máquinas, equipamentos, etc) que retrocedeu 2,1% em relação a 2011 e atingiu níveis similares a 2011.

Nesse último trimestre a indústria, que vinha tendo resultados negativos, contou com uma relativa recuperação, impulsionada pela série de subsídios e isenções oferecidas pelo governo, crescendo 1,7%. Em comparação com o mesmo período de 2011, porém, a indústria se mantém estagnada, crescendo apenas 0,1%.

O setor agropecuário, um dos mais dinâmicos dos últimos anos, por sua vez, despencou 7,3% nesse trimestre e 8,5% em relação ao primeiro trimestre de 2011, no que está sendo justificado como um ‘problema climático’ pelos produtores e autoridades.

Crise está se tornando realidade no Brasil

O resultado do PIB nesses três primeiros meses só não foi pior que o dos países europeus em crise. Revela a perda de fôlego da expansão relativamente alta dos últimos anos e desmistifica a tese do crescimento sustentado e da blindagem do país em relação à crise internacional. O recuo nos investimentos, a crise na indústria e o aumento da inadimplência (que mostra o limite do consumo através do crédito) explicitam a debilidade do crescimento do último período.

Já o modelo de especialização na produção de commodities (produtos primários para exportação), e a internacionalização da economia, com o setor financeiro e industrial nas mãos das multinacionais, expõem a forte dependência do país. A desaceleração da China, por exemplo, já afetou as exportações de minério de ferro (tanto em relação à quantidade quanto nos preços), afetando um dos principais setores responsáveis pelo desempenho do país na Balança Comercial na última década.

Ataques aos trabalhadores, isenções às empresas

Já o governo Dilma, a fim de enfrentar a desaceleração e a crise que se avizinha, aposta no mais do mesmo que já vinha fazendo desde o ano passado. Isso significa: cortes no Orçamento, um inédito ataque à poupança, aprofundamento da precarização no setor público e, por outro lado, isenções e subsídios às empresas e, no último período especificamente, à cambaleante indústria automobilística.

No dia 21 de maio o governo apresentou mais um pacote de estímulos às grandes montadoras, que inclui cortes de IPI e IOF às empresas. As indústrias também contarão com empréstimos subsidiados pelo BDNES para a compra de máquinas, com juros de 5,5% ao ano (para se ter uma ideia, a inflação em 2011 ficou em 6,5%). A previsão é que o governo gaste pelo menos R$ 2,7 bilhões com o pacote.

Enquanto isso setores como Saúde e Educação são cada vez mais precarizados. As universidades federais, por exemplo, que se encontram em uma situação extrema de penúria e descaso, enfrentam uma das maiores greves dos últimos anos, enquanto o funcionalismo público programa uma greve geral a partir do dia 11. A benevolência do governo , porém, restringe-se aos grandes empresários e aos bancos.

domingo, 3 de junho de 2012

UM POUCO DA VIDA DE MEU AMIGO MARCOS SILVA, POR ELE MESMO.


Aos seis anos de idade assistir a separação de meu pai com a minha mãe, eu estava na cidade de Coroatá em uma casa na rua do sol fundo para o rio Itapecuru, fiquei com mais dois irmãos um de cinco, outro de quatro anos e uma irmã de três anos, isto era no ano de 1972, o pai foi para um lado e a mãe para o outro, então ...passei a viver da solidariedade dos vizinhos, pois nessa época não existia uma legislação social que amparasse crianças abandonadas, no ano seguinte minha mãe conseguiu nós encontrar e trousse para São Luís os meus irmãos e minha irmão, eu terminei me recusando a acompanha lá, pois achei estranha a oferta de presentes, nunca me esqueço dessa atitude, pois terminei passando mais um ano abandonado a própria sorte. Em 1974 me reencontrei com minha mãe ela trazia para mim não presentes mais lagrimas de uma mãe que pretendia recuperar seu filho mais velho. Então não pensei duas vezes aceitei o convite e vir para essa cidade magnífica chamada São Luís. Já sabendo pesca e sobreviver na pobreza. Moral da historia quando olho para o passado me vejo um sobrevivente, vitorioso e tenho certeza que essa não foi uma situação simplesmente minha, mas o retrato de um momento da historia de muitas crianças, o triste é que nem todos sobreviverão. Assim público parte desta minha vida para as pessoas entenderem o significado para mim da frase “Só a luta muda a vida”. O único patrimônio que quero construir é a certeza que mesmo na pobreza você pode expressar dignidade e vencer sem precisar bajular ninguém e ao mesmo tempo luta contra as injustiças dessa sociedade para que outras pessoas possa ter uma vida mais tranqüila.