terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Pelos olhos da História e pelo que os meus próprios olhos viram, eu não sou Charlie!


Texto do professor e militante  do PSTU Hertz Dias


Em 2000 estive na França para participar de um intercâmbio cultural com jovens imigrantes daquele país e vi a olho nu o peso do xenofobismo francês. Foi em uma atividade chamada de Abra-Palabra, que tentamos realizar na cidade de Mont Marsan. A maioria dos presentes era imigrantes, sobretudo brasileiros e árabes. 

Enquanto um documentário era exibido num telão, um carro preto parava em frente à atividade e dois franceses saíam, um deles muito exaltado e como uma arma Calibre 12 na mão apontando em nossa direção. Em meio a xingamentos e ameaças- que eu juro que não entendia nada- disparou; buuummmm!. Para sorte nossa, o infeliz atirou para cima.

Alguns minutos depois a polícia chegou ao local do evento. O atirador, que ainda se encontrava no local e com a arma ainda em punho, alegou que um dos jovens árabes havia provocado sua esposa. A polícia simplesmente não registrou ocorrência, não apreendeu a arma e nem muito menos o atirador. O jovem árabe acusado disse indignado “se fosse nós, a polícia chegaria atirando!”. 

Não quero com isso justificar o atentado ao jornal satírico (leia-se xenofóbico) Charlie Hebdo, pelo contrário, repudio veementemente. O certo é que os imigrantes árabes, que como força de trabalho ajudaram a reconstruir a França depois da segunda guerra mundial, são tratados como animais pela burguesia nojenta e pela extrema-direita deplorável daquele país.

Procuravam um bode expiatório para justificar sua crise capitalista e agora encontraram! Vão responsabilizar os imigrantes árabes pela crise! De heróis da reconstrução da França, os imigrantes se transformaram na verdadeira ameaça a civilização judaica- cristã ocidental e ao ideal de “Liberdade, Igualdade e fraternidade” tão decantado pela burguesia francesa. 

O Charlie Hebdo usa o fundamentalismo judaico-sinonista em forma de humor para alimentar o xenofobismo. Isso ficou claro quando a ministra negra Ministra Christiane Taubira foi desenha por esse jornal com uma chipanzé. As razões para tamanha imbecilidade foi a denúncia que ela fez de publicações da extrema-direita no Facebook. Na capa da edição Nº 1099, o Charlie Hebdo chega a banalizar o massacre de mais de mil egípcios. Em fim, isso não é humor, isso é racismo, é xenofobia, que só os racistas e xenofóbicos toleram. Foi assim, fazendo caricaturas, que os nazistas convenceram milhões de pessoas de que os judeus não passavam de ratos! E como ratos mais 5 milhões foram assassinados na Europa.

É desse tipo de pensamento xenofóbico que se alimenta a Frente Nacional, partido de extrema-direita que tem como lema “A França para os franceses”. Em 2014 chegaram a disputar o segundo turno das eleições em várias das grandes cidades francesas, a exemplo de Paris. O pai da dirigente desse partido chegou a avisar que o melhor remédio para conter a “invasão estrangeira” na França seria o “O Senhor É bola”. A mídia internacional subtende tudo isso para vender ao mundo a ideia de que a burguesia francesa é defensora do ideal de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. 

A história da França depois da revolução de 1789 nada tem a ver com “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Em 1948, a burguesia deste país, que se juntou aos trabalhadores para derrotar a aristocracia, logo depois virou seus fuzis e canhões contra os trabalhadores assassinando dezenas de milhares. Essa burguesia não tem direito para falar em LIBERDADE! 

Essa burguesia fez a Revolução, mas não aboliu a escravidão em suas colônias. Para derrotar a Comuna de Paris em 1871 se uniram a burguesia alemã e como um exército de 100 mil homens assassinaram mais de 20 mil communards. Essa burguesia nojenta não tem direito de falar em IGUALDADE! 

Em 2009 o governo francês reconheceu oficialmente o que o mundo já sabia: que o governo de francês de Vichy ajudou a deportar 76 mil judeus para os campos de concentração nazista, incluindo três mil crianças. Hoje se alia a burguesia sionista para criminalizar os imigrantes árabes. Essa burguesia não tem direito de falar em FRATERNIDADE.
 
Sou solidário aos franceses, sejam eles negros, brancos, cristão, muçulmanos, judeus ou ateus, porém eu não sou Charlie, por que minha trincheira política não é a mesma dos racistas, dos sionistas, dos xenofóbicos e dos fascistas. Sou sim Amarildo, negro Gerô, Ana Cláudia, DG, Leônidas e todos os setores oprimidos e explorados desse planeta.
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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Nota do PSTU Maranhão sobre Conjuntura Estadual




A derrota da Oligarquia Sarney nas últimas eleições é uma conquista dos trabalhadores, que contribuíram diretamente, durante todo este período, para que ela acontecesse. Viramos uma página de quase 50 anos da última oligarquia do país que condenou milhares de maranhenses à fome, à miséria, à humilhação e às piores colocações em todos os indicadores socioeconômicos.

Por isso repudiamos de forma inconteste a Oposição de direita sarneysta que não aceita perder o controle da máquina administrativa. A partir da permanência do controle de vários veículos de comunicação e por dentro das estruturas do Estado este grupo buscará retomar sua influência.

Os trabalhadores não devem aceitar mais nenhum retrocesso em suas liberdades e precisam exigir que os crimes da Oligarquia sejam apurados e punidos com rigor, substituindo suas “homenagens” em prédios e logradouros públicos e levando à prisão e ao confisco dos bens de todos os corruptos e corruptores.

A esperança de melhoria nas condições de vida criou grandes expectativas de mudanças. Os anseios da população maranhense por água e esgotos tratados, segurança, escolas com estrutura adequada, saúde de qualidade, emprego e salários dignos não podem ser tratados com descaso e demagogia.

É hora dos trabalhadores, agora livres da tirania, exigir do novo governo o atendimento de suas reivindicações históricas. Reforma agrária, concurso público e condições dignas de trabalho para todas as carreiras administrativas do Estado, moradia digna, respeito às populações indígenas e quilombolas, proteção à mulher e às crianças.

Como primeiro passo, exigimos a revogação do decreto do ex-governador Arnaldo Melo, publicado no Diário Oficial do último dia do ano, que irresponsavelmente, autoriza desapropriação das terras da comunidade Cajueiro, onde moradores vivem a quase um século e trabalham na pesca e agricultura, em favor da WPR Gestão de Portos e Terminais Ltda, com o objetivo de criar de um porto privado na ilha de São Luís..

Nós do PSTU nos manteremos vigilantes e na oposição de esquerda classista ao governo Flávio Dino, pois é um governo que possui uma base de partidos de direita, como o PSDB, de setores que romperam, mas que se beneficiaram com sarneysmo e temos diferenças profundas com o Partido Comunista do Brasil (PC do B). Um governo que  demonstra suas contradições ao criar uma Secretaria de Agricultura familiar e, ao mesmo tempo, escolher como Secretário de Agricultura e Presidente do ITERMA representantes do agronegócio e do latifúndio que tanto se beneficiaram com os 50 anos de desmando da oligarquia.

Somos um Partido Socialista que acredita que somente a luta independente dos trabalhadores será capaz de libertar a humanidade do jugo da exploração e da humilhação gerados pelo capitalismo.

Somos socialistas e acreditamos que o capitalismo em sua fase atual não é capaz de proporcionar a todos condições de vida plenas. Desta forma, reforçamos o chamado aos trabalhadores e suas organizações à mobilização. Só a luta muda a vida!

domingo, 11 de janeiro de 2015

Manifestação pacífica reúne mais de 10 mil e é reprimida pela polícia

Da redação NACIONAL do PSTU

Protesto foi contra o aumento da tarifa, a demissão dos metroviários e em defesa dos empregos dos cobradores

Fotos: Romerito Pontes

O povo está de volta às ruas. Nesta sexta, 9, mais de 10 mil pessoas foram às ruas em São Paulo contra o aumento da tarifa no transporte público decretado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT). O protesto também reivindicou a anulação das demissões dos metroviários e defendeu o emprego dos cobradores, ameaçados por um projeto do prefeito do PT.
A concentração teve início em frente ao Teatro Municipal, no centro de São Paulo, o mesmo local onde começou, em 13 de junho de 2013, o protesto contra o aumento da passagem que foi brutalmente reprimido e deu início à jornada de mobilizações que sacudiu todo o país. Mais uma vez, a manifestação não iria terminar.
Por volta das 17h, milhares de pessoas já se preparavam para dar início à marcha. Enfrentando o forte sol e calor do verão, os manifestantes não se intimidaram com o ostensivo aparato repressivo que cercava toda a região. Tropa de Choque, policiais e os indefectíveis "robocops" fizeram um cordão de isolamento durante a concentração e acompanharam os manifestantes durante a passeata, 'prensando' a manifestação.
Surpreendidos, provavelmente, pelo tamanho do ato, o contingente deslocado pela PM não foi suficiente para 'envelopar' todo o protesto, apenas seu início. A polícia, no entanto, sitiou o centro da cidade.
A manifestação, porém, transcorreu pacificamente durante duas horas. A passeata contornou o teatro, seguiu rumo à Praça da República antes de ganhar a Rua da Consolação, rumo à Paulista, onde deveria terminar. "É estudante, cobrador e metroviário, abaixo a tarifa e aumenta os salários", era uma das palavras-de-ordem cantadas pelos manifestantes.
Na Consolação, um pequeno grupo de manifestantes que estava bem à frente do restante do ato entrou em confronto com a PM. Alguns estudantes foram agredidos e presos, e a imprensa repelida com violência. A reportagem do Site do PSTU chegou a ser agredida pela polícia enquanto filmava um estudante sendo imobilizado por quatro PM's.
Com a situação normalizada, a Tropa de Choque se perfilou na avenida enquanto a manifestação, que ainda estava a uns cem metros de distância, se aproximava. Quando os soldados da tropa viram milhares de manifestantes se aproximando, deram início à repressão de forma absolutamente gratuita, com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha sendo disparadas de forma generalizada. A Consolação foi tomada por uma chuva de bombas e fumaça.
Um grupo de manifestantes conseguiu se refugiar num estacionamento e, quando tentaram escapar das bombas, foram surpreendidos pelo Choque pelas costas. Um outro grupo que permaneceu no estacionamento foi obrigado a sair sob a mira de armas, com as mãos na cabeça, entre eles uma mulher grávida que passava mal por conta do gás (veja o vídeoaqui).
A agressão gratuita da PM transformou a região, mais uma vez, numa enorme praça de guerra. Segundo os primeiros informes, pelo menos 51 pessoas foram detidas. Com o caos instalado, os 'black blocs' deram sua costumeira contribuição à repressão e quebraram algumas vitrines de bancos e concessionárias, gerando imagens para a imprensa atacar o movimento. A PM, Alckmin e Haddad agradecem.

Amanhã vai ser maior
Assim como a repressão em junho de 2013 não foi suficiente para acabar com a mobilização, desta vez a história deve se repetir. A indignação gerada pela repressão deve aumentar ainda mais os próximos protestos, unindo-se à revolta pelo aumento de 16% que teve a passagem do transporte público. O próximo ato já está marcado para o dia 16, às 17h, na Praça do Ciclista, na Av. Paulista.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Mudemos o nome da ponte José Sarney para ponte Negro Gerô.



No ano 2000 participei, junto com mais de 30 militantes de várias correntes politicas e também de variados movimentos sociais do Maranhão e de milhares de outros Estados do País em porto Seguro no interior da Bahia, de atos de protestos contra o engodo anunciado por FHC e exaltado pela Rede Globo sobre a comemoração dos 500 anos do descobrimento do Brasil. Eles queriam que a maioria dos brasileiros, índios, negros, militantes que lutaram contra a Ditadura e o povo pobre esquecido pela Classe Dominante desse país comemorassem aqueles quinhentos anos de forma positiva.

            Os militantes que lá estiveram disseram um sonoro não aquela elite branca, racista e assassina representada pelo PSDB na pessoa de FHC. O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU esteve presente e orientou seus militantes do país que juntassem forças e participassem daquele momento. Foi uma felicidade imensa participar daquele ato histórico.

            Ontem aqui no Maranhão estive presente eu um ato histórico ocorrido em frente ao Palácio dos Leões, a posse de mais um governador que deseja ser o carrasco implacável da Oligarquia Sarney e de alterar os índices negativos do IDH do nosso estado em benefícios do povo do maranhão.

            Não estava lá como decisão e orientação do PSTU, pois seremos oposição a este governo, mas sim como militane social que queria registrar o momento histórico e também para ouvir a boa música brasileira cantada por vários artistas maranhenses.

            Em seu discurso de posse o Governador Flávio Dino apontou várias medidas de impacto imediato. Valendo-se da musica de Bob Dylan disse que as palavras são importantes ecoarem no vento, mas são mais importantes ainda se concretizadas.

            Anunciou auditoria no caso dos precatórios da Costran, mas esperamos que se estenda a toda a Administração da oligarquia. Afirmou que os Diretores das escolas agora serão escolhidos em eleição direta, mas não tocou em concurso publico para professores, apesar de ter convocado novos concursados da policia militar e de anunciar concurso para profissionais da saúde.

            Em fim, descreveu um rol de medidas importantes  que não tocam a fundo na estrutura do capital, mas que simbolizam uma vontade de alterar os desmandos de décadas de uma oligarquia opressora e corrupta.

Uma delas me chamou atenção. Foi um Decreto que dispõe sobre a denominação de logradouros e prédios públicos sob o domínio ou gestão estadual. Com suas palavras disse estar proibido o uso de nomes em prédios públicos de pessoas vivas ou que estejam inseridas no relatório final da Comissão Nacional da Verdade, como responsáveis por crimes cometidos durante a ditadura militar.


Para que estas palavras não fiquem ao vento lanço o desafio para todos e para o movimento negro em particular que transformemos o nome da Ponte José Sarney para ponte Negro Gerô ou outro nome que nos faça lembrar sempre da luta do povo negro e da morte cruel do cantor e companheiro Gerô.