quinta-feira, 19 de março de 2015

A classe operária e os trabalhadores precisam entrar em campo contra o governo do PT e contra o PSDB!


Chega de Dilma (PT), de PSDB e PMDB! Fora todos os corruptos!

Protesto em Belém no dia 6 de março
Ag Anota

A classe operária e todos os trabalhadores devem estar pensando e refletindo sobre os atos que ocorreram esses dias.
 No dia 13, ocorreu um ato em apoio ao governo Dilma Roussef. Embora parte dos trabalhadores presentes neste ato tenha se manifestado contra a retirada dos direitos por parte do governo, o conteúdo do ato dado pela sua direção foi essencialmente em defesa do governo, contra um suposto “golpe” da direita.
Os atos do dia 15, apoiando-se no sentimento tremendamente majoritário e progressivo de oposição e de indignação contra o governo do PT, acabaram tendo na sua condução grupos de centro-direita e a participação explícita de partidos da oposição de direita como o PSDB e DEM, que tentam se beneficiar da crise do governo e capitalizar eleitoralmente a insatisfação existente.
No dia 15 houve uma participação expressiva da classe média, em particular seus estratos mais elevados que foram às ruas contra o governo e a corrupção (22% dos manifestantes recebiam entre 10 e 20 salários mínimos e 19% ganhavam mais de 20 salários mínimos por mês, segundo pesquisa realizada pelo jornal Folha de S. Paulo na Avenida Paulista). Uma parte desse setor social não esconde ter ódio e preconceito de classe contra os trabalhadores e o povo pobre do Brasil.
Impeachment não é solução
A classe operária deve estar refletindo porque os atos do dia 15 não falaram nada da retirada de direitos que o governo Dilma do PT está fazendo. Também não disseram nada sobre o aumento do preço das tarifas e dos alimentos. Tampouco mencionaram o ministro banqueiro da Fazenda, Joaquim Levy, nomeado pelo PT, ou a ministra dos ruralistas, Kátia Abreu. Enfim, as manifestações do dia 15 não reclamaram dos direitos trabalhistas surrupiados, do seguro-desemprego ou do aumento das passagens, do preço dos alimentos, da luz e da água.
A razão disso foi que, quem esteve por trás da organização da manifestação e dos grupos “independentes” que a convocaram, era gente do PSDB, do DEM e até de grupos que reivindicam a volta do regime militar. O PSDB, o DEM e os grupos que estiveram na sua organização apoiam as medidas de “ajuste fiscal” do governo do PT contra a classe trabalhadora.  Ao mesmo tempo, a condição social de parte dos manifestantes, composta por estratos mais altos da classe média brasileira, não se ressentem com a retirada do seguro-desemprego, da medida que dificulta o acesso ao PIS. Já os grupos que defendiam a volta do regime militar eram bem minoritários. Mas de qualquer maneira é repugnante ver essa gente que defende a tortura, a ditadura e a perseguição das lideranças da classe trabalhadora serem aceitos em manifestação. 
O PSTU chamou o voto nulo no segundo turno das eleições e defende que os trabalhadores devem sair às ruas e construir uma Greve Geral contra o governo Dilma e também contra os governadores do PSDB, PMDB e também contra a maioria do Congresso Nacional, para defender nossos direitos. Por isso, não apoiamos a manifestação do dia 13, porque este era um ato de apoio ao governo Dilma. E não convocamos o dia 15 porque este foi chamado em defesa do “impeachment”, que é uma proposta que entrega o governo para o vice Michel Temer (PMDB) ou para o Presidente da Câmara, Eduardo Cunha (também do PMDB), e também por não haver em sua convocação a defesa das demais reivindicações da classe trabalhadora. Ou seja, “impeachment” é trocar seis por meia dúzia.
Golpe da direita?
Logo após o protesto do dia 15, militantes do PT e do PCdoB saíram com a tese de que o governo Dilma enfrenta uma tentativa de golpe da direita. Outros setores falam de “onda conservadora”.  Essa tese, porém, não encontra amparo na realidade. Vejamos. Nem o PSDB, a Folha de S. Paulo, a Globo, os banqueiros, as empreiteiras e todos os grandes empresários e banqueiros do país, muitos dos quais apoiaram o dia 15, defendem golpe.  Aliás, no momento não defendem nem mesmo o impeachment.
Hoje, esses setores não querem “dar um golpe”, porque estão empenhados, ao lado de Dilma, na aprovação do ajuste fiscal. Ou seja, apoiam as Medidas Provisórias que retiram o seguro-desemprego e dificultam o acesso ao PIS, apoiam o aumento de preços das tarifas de energia, de transporte e o preço dos alimentos. Também apoiam as demissões e a venda de ativos da Petrobras. Defendem o corte no orçamento dos gastos sociais (saúde, educação, moradia) para dar ainda mais dinheiro aos banqueiros através do pagamento da dívida pública.  Todos estão a favor das demissões e de maior exploração: fazer os trabalhadores produzirem mais e ganharem menos.
Aliás, mesmo o imperialismo norte-americano não quer derrubar o governo. Longe disso, o presidente dos EUA, Barack Obama, inclusive adiantou a agenda para realizar um encontro com Dilma agora em abril, após o vice-presidente daquele país ligar renovando o apoio do governo dos EUA a Dilma. Como é que o PT e o PCdoB explicam esse apoio?
Os banqueiros e grandes empresários, além disso, ganharam muito dinheiro em todos esses anos de governos do PT, muito mais do que os trabalhadores e o povo pobre. Agora, querem que a classe trabalhadora pague o preço da crise que eles criaram. Esses senhores não preparam nenhum golpe contra Dilma. O máximo que o PT pode dizer a eles é que são muito mal agradecidos.
O PT sempre governou e continua governando para eles, por isso nomeou um banqueiro como ministro da Fazenda, um grande empresário para Ministro da Indústria e uma latifundiária para o Ministério da Agricultura. Na verdade, hoje o PSDB, legítimo representante de banqueiros e multinacionais, preferem e querem voltar ao governo nas próximas eleições.  Para isso conta com o apoio dos patrões e da grande imprensa.
Eles todos têm acordo com a atual política econômica. É isto que faz com que banqueiros, multinacionais, o agronegócio, FHC, Aécio Neves, PSDB, DEM, Globo, Folha de S. Paulo e toda a mídia queiram desgastar ainda mais o governo para ter mais poder de chantagem sobre ele e tentar voltar à Presidência da República em 2018. Enquanto isso, apoiam o governo na aplicação das medidas contra a classe trabalhadora. Eles apoiaram o dia 15 e estimularam os grupos de centro direita que estiveram por trás destas manifestações contra o governo e a corrupção (embora eles também sejam corruptos). Mas eles não querem que a classe trabalhadora se mobilize pra valer contra o governo Dilma, e também contra governadores e o Congresso, e defendam seus direitos, porque eles têm acordo com o governo de jogar a crise sobre as costas dos trabalhadores.
A manifestação do dia 15, então, embora tenha por trás dos grupos que a organizaram a oposição de direita, e tenha dela participado setores de classe média que respondem a um ideário de centro- direita, não inaugura uma “onda conservadora” no país. Ao contrário, a classe operária e toda a classe trabalhadora, que são a imensa maioria dos habitantes deste país, estão indignados com este Governo Federal do PT, e também com todos os governadores do PSDB, PMDB e demais partidos que aplicam o ajuste fiscal, além  com o próprio Congresso Nacional e sua maioria de deputados corruptos.
A necessidade mais importante é que essa maioria entre em campo contra o governo e contra a oposição de direita, impondo suas reivindicações e não permitindo que joguem o preço da crise sobre suas costas. A classe trabalhadora em ação contra o governo e contra a direita pode também responder às angústias de todo um setor expressivo da classe média, que também está indignada e com razão. Afinal, nem todos os setores médios são reacionários por natureza.
Construir a Greve Geral: formar um bloco dos trabalhadores, contra o governo, os patrões e a direita
A saída da crise passa pela mobilização da classe trabalhadora contra o governo do PT e também contra o PSDB, e derrotar o ajuste fiscal. É preciso se mobilizar contra o governo e contra a oposição de direita. É importante a classe operária tomar as ruas com suas bandeiras contra os patrões.
O PSTU entende que é preciso construir uma alternativa dos trabalhadores. A CSP-Conlutas, centenas de sindicatos, entidades estudantis e movimentos populares, além de outros movimentos reunidos no Espaço Unidade de Ação, que realizaram manifestações no dia 6 de março, agora vão realizar uma ampla reunião na próxima sexta-feira, 20, em São Paulo. Em pauta está a articulação de um plano de ação que busque romper esta falsa polarização entre o governo do PT, em aliança com a burguesia, e o PSDB.
O PSTU empenhará seu esforço militante na construção dessa reunião. Nosso partido faz um chamado às organizações da classe trabalhadora, ao MTST, partidos de esquerda que fazem oposição ao governo, como o PSOL e PCB, e mesmo a setores da CUT ou da base do próprio PT, que concordam com a necessidade de formar um campo da classe trabalhadora contra o governo e a direita: vamos construir um processo de luta de massas, de ação, que busque romper essa falsa polarização e criar um campo da classe trabalhadora e da juventude, contra os patrões, o governo e a oposição de direita.
Ao mesmo tempo, fazemos um chamado às centrais sindicais e movimentos populares que estão contra a retirada de direitos: vamos preparar uma Greve Geral para derrubar as medidas do governo apoiadas pela oposição de direita. A CUT e o MST precisam romper efetivamente com o governo. A Força Sindical precisa romper com o PSDB.
Chamamos as centrais sindicais e os movimentos sociais e populares para construirmos uma Greve Geral com as seguintes reivindicações:
- Nenhuma Demissão! Redução da jornada sem redução do salário! Estatização das empresas que demitirem!
-Retirada das MP’s 664 e 665, em defesa do seguro-desemprego, do abono do PIS, da pensão por morte e dos direitos dos pescadores; retirada do PL 4330 (da terceirização)
-Redução e congelamento dos preços dos transportes, das tarifas e dos alimentos
-Petrobrás 100% estatal sob o controle dos trabalhadores
-Cadeia para todos os corruptos e corruptores, e expropriação dos seus bens (ou seja, incluir a investigação e punição dos casos de corrupção também do PSDB e do HSBC, que envolve inúmeras empresas e políticos, incluindo a Rede Globo)
-Suspensão imediata do pagamento da dívida aos banqueiros (e auditoria), para que os trabalhadores não paguem o preço da crise
 O PSTU reafirma que nem o PT, nem o PSDB nos representam
É necessário construir nas lutas uma alternativa dos trabalhadores, operária e popular a esse governo e à oposição patronal de direita. É preciso construir uma greve geral que derrube as medidas que atacam a classe trabalhadora. Só nessa luta podemos forjar uma alternativa dos trabalhadores para a crise.  A classe operária e toda classe trabalhadora em luta tem mais força do que o governo, os patrões e a oposição de direita.
 E será com essa força em ação que se poderá também abrir o caminho para uma luta em prol de um governo dos trabalhadores sem patrões e sem corruptos

terça-feira, 17 de março de 2015

Três perguntas e três respostas breves sobre um domingo triste


Valerio Arcary, Professor e Militante do PSTU.
“Sem se partirem ovos não se fazem omeletes”
“Quem o inimigo poupa, às mãos lhe morre”  
(Sabedoria popular portuguesa.)
1. Qual foi o significado das manifestações do 15 de março?
O martelo da história pode ser cruel. Doze anos depois da eleição de Lula para a presidência, a fadiga do lulismo abriu o caminho para a reorganização de uma direita com base social ampliada na classe média. Aconteceu neste triste dia 15 de março a maior manifestação reacionária do último meio século. Muito grande e muito reacionária. [1]
Convocada pela internet, originalmente, por grupos de uma nova direita e extrema direita, sem trajetória, ganhou repercussão pela divulgação favorável na mídia escrita e nas rádios e TV’s.[2]Recebeu apoio na véspera do PSDB, através de um vídeo improvisado de Aécio Neves. O giro do PSDB, in extremis, pressionado pela disputa de sua base social e eleitoral pela nova direita, sugere que a política de chantagem do principal partido de oposição burguesa pode ter mudado de tom.
Foi tão reacionária que a única comparação razoável remete às Marchas da Família com Deus pela Liberdade que antecederam o golpe de Estado de 1964.[3] Desde o fim da ditadura as maiores mobilizações políticas de massas, ainda que de diferentes proporções, foram progressivas: asDiretas Já em 1984, o Fora Collor em 1992, e as Jornadas de Junho de 2013.
Embora as pesquisas divulgadas antes do dia 15 indicassem que o tema da corrupção seria a principal motivação para aqueles que pensavam ir aos atos, as palavras de ordem que encontraram maior eco foram, inequivocamente, pela derrubada do governo Dilma.[4]
Um projeto de golpe “a la paraguaia”, como foi a destituição de Fernando Lugo em 2012, seria uma saída reacionária para a crise política. Um impeachment de Dilma Roussef realizado pelo Congresso Nacional recém-eleito, no contexto de uma campanha de ruas apoiada na mobilização do ressentimento da classe média, resultaria na posse de Michel Temer, e a formação de um governo de coalizão do PMDB, provavelmente, com o PSDB e DEM, que aproveitaria o mandato para iniciar uma onda de ataques antissociais brutais, um ajuste fiscal impiedoso, com sequelas recessivas imprevisíveis.
O conteúdo social e político das manifestações foi antidemocrático, antipopular e, em algumas parcelas, diretamente, anticomunista, e expressavam um ódio exacerbado contra o PT e, também, contra toda a esquerda. As faixas pedindo “intervenção militar”, os bonecos de Lula e Dilma enforcados, cartazes que se vangloriavam de que “comunista bom é comunista morto”, “queremos só Ministério Público e Polícia Federal”, a ameaça contra a vida de João Pedro Stédile, foram incontáveis os episódios lamentáveis.
Embora o impeachment tenha sido a principal palavra de ordem do 15 de março, as reações imediatas às manifestações não indicam que a política da burguesia em relação ao governo tenha se alterado.[5] Não está prevalecendo, por enquanto, uma linha “venezuelana”. Os pesos pesados da classe dominante não estão apostando em boicotar a governabilidade.  Tampouco esta é a política de Obama em Washington. Nas vésperas do domingo, Dilma Roussef recebeu reconfortante ligação de Joe Biden, e a confirmação de reunião durante a Cúpula no Panamá. [6]
Ao contrário, parece mantida a linha de “todo o poder ao Levy”, enquanto no Congresso e nas TV’s a oposição burguesa mantém uma retórica dura contra o governo. Por linha “venezuelana” devemos entender um projeto de campanha nas próximas semanas com novos atos para cercar o Congresso Nacional exigindo impeachment.
Mas a nova direita, apoiada nos exaltados da extrema direita, fortalecidos pelo sucesso do 15 de março, e pela adesão de última hora do PSDB, cedendo às pressões, insistirá na mesma tática. Já provaram que não podem ser subestimados. Tentarão novamente recolher nas ruas o sentimento de rejeição ao governo que cresce, sobretudo, na classe média.
Se a política burguesa dominante vier a mudar, a situação política será, evidentemente, distinta. A possibilidade de unidade de ação contra o impeachment estaria colocada, sem hesitações. Se e quando houver perigo imediato e real de golpe “a la paraguaia” toda a esquerda deverá se unir contra o impeachment. Mas a política tem os seus ritmos. O povo de esquerda deve ter sangue quente, mas manter a cabeça fria.
Portanto, enquanto a situação não mudar, não devemos ceder um milímetro à pressão governista. Manteremos nosso posicionamento: CUT, MST, UNE, Consulta Popular, rompam com o governo, unamo-nos em defesa das reivindicações dos trabalhadores e da juventude. Nenhuma legitimação do governo.
2.   Quem esteve nas ruas?
As manifestações do 15 de março foram um protesto hegemonizado pelo ressentimento das classes médias. Em Porto Alegre, onde ocorreu uma das maiores mobilizações do país, foi publicada pesquisa sobre a composição social dos protestos: 40,5% dos entrevistados ganham mais de 10 salários mínimos, 31.9% de 6 a 10 salários, 22,7% de 3 a 5, e apenas 5% de 1 a 2 salários mínimos.[7] Não parece implausível que esta composição social tenha predominado em todo o país. A corrupção foi, evidentemente, a centelha. [8]
Mas o mal estar nos setores médios vem se acumulando há vários anos, e já tinha se expressado durante as eleições de 2014. A crônica insegurança da vida urbana, com elevação de taxas de roubos e assaltos, e a permanência de índices muito elevados de homicídios, alimenta um profundo descontentamento. O aumento dos aluguéis, dos planos de saúde, das mensalidades escolares, dos estacionamentos, de todo e qualquer tipo de lazer, do imposto de renda, enfim, de todos os serviços, atinge duramente a classe média, que se ressente por não receber quase nada em troca por parte do Estado.
A repercussão dramática da operação Lavajato, um escândalo de desvio de dinheiro público que supera em escala todos os anteriores, podendo atingir os US$1 bilhão de dólares, inflamou a fúria da classe média. Isso não deve nos impressionar demasiado. O sonho de consumo da classe média é o de um governo honesto e técnico. Corresponde à sua visão do mundo uma ideologia meritocrática de que a desigualdade social não é em si mesma algo ruim, porque teria fundamentos “naturais”. Por isso, a classe média é atraída pela ideia de um governo esclarecido, até de um déspota, se ele for esclarecido, e estiver cercado daqueles mais competentes para encontrar soluções boas para todos.
Acontece que a estagnação econômica, a pressão inflacionária, a desvalorização da moeda, as demissões em massa na indústria têm forte impacto, também, entre os trabalhadores. A classe média é muito heterogênea. Pode se dividir, se a classe trabalhadora entrar em cena com todo o seu peso social. Essa é a esperança. Uma parcela da classe média pode se deslocar para a esquerda.
3.     Por que vai se agravar a crise política?
Existe uma tendência a aumentar a crise política do governo que está paralisado pela resistência organizada do bloco liderado por Cunha e Calheiros, apoiados pela oposição burguesa, no Congresso Nacional. A aposta da direção do PT e de Lula de rifar Pepe Vargas, convocar os sinistros Michel Temer e Eliseu Padilha do PMDB, e o espantoso Kassab para ajudar Aloisio Mercadante não será o bastante. Mudar a composição do núcleo duro do governo Dilma, incluindo uma parcela mais colaborativa do PMDB não coresponde à gravidade da crise depois do dia 15 de março.
Parece incrível que a única resposta do governo tenha sido uma defensiva avaliação de que o protesto foi uma mobilização de massas “legítima” e “pacífica” e a exaltação da democracia. Não tiveram melhor ideia do que anunciar um pacote de medidas contra a corrupção. Ou seja, estão suplicando uma trégua para a classe dominante. Acontece que a crise vai se agravar, justamente, porque a operação Lavajato já atingiu, além do indefectível PP de Bolsonaro, ninguém menos que Cunha e Renan Calheiros do PMDB.
Novamente falam como saída a reforma política e um programa contra a corrupção, mas não há mais coesão na base governista no Congresso para apoiar qualquer saída. Ao mesmo tempo, a crise econômica se aprofunda, e os compromissos com o ajuste fiscal vão aumentando a insatisfação popular com o governo. Dilma e o seu governo de colaboração de classes, menos de cem dias depois da posse, tem a maioria esmagadora da classe média na oposição, e resolve manter os ataques contra a classe trabalhadora e a juventude. Caminha para estar suspensa no ar.
A nova direita e a extrema direita tentarão voltar às ruas. E sabem que não podem esperar muito. A questão central, entretanto, é para onde irá o PSDB. Vai se unir na escalada promovida pela nova direita, apoiada no descontentamento da classe média, e apostar na possibilidade do impeachment? Ou recuará?
O lugar da oposição de esquerda deverá ser o de impulsionar, com firmeza e coragem, a mobilização social contra os ataques que atingem os trabalhadores e a juventude.

[1] Os dados disponíveis sinalizam que as manifestações foram imensas. Podem ter superado um milhão de pessoas em todo o país. Segundo o Datafolha, 210 mil pessoas foram à Avenida Paulista. Já a Polícia Militar afirmou que o protesto reuniu, por volta das 15h40, aproximadamente 1 milhão de pessoas. A diferença é demasiado grande. A credibilidade da PM é menor que a do Datafolha: http://bit.ly/1GQHZaP. Consulta em 16/03/2015.
[2] Além do Solidariedade, a legenda eleitoral da Força Sindical, foram grupos ou articulações moleculares como o “Vem para a Rua” e “Movimento Brasil Livre”. O que tem maior número de seguidores na internet, com incríveis 700.000, é o esdrúxulo “Revoltados On Line” que defende Bolsonaro para a presidência. São rivais entre si. Encontraremos em seus discursos, em doses diferentes, uma mistura de ódio ao PT, Dilma e Lula, neoliberalismo econômico inspirado na Escola de Chicago, a la Von Mises, ilusões meritocráticas, preconceito social e racial, nacionalismo histérico, anticomunismo furioso, e fundamentalismo cristão. Dados disponíveis em: https://www.facebook.com/revoltadosonline. Consulta em 16/03/2015.
[3] Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi o nome comum de uma série de manifestações públicas ocorridas entre 19 de março e 8 de junho de 1964. À frente da organização estava a imensa maioria da burguesia, e o clero da Igreja Católica. Conseguiram levar às ruas mais de um milhão de pessoas, em escala nacional, com o intuito declarado de derrubar o governo Goulart. A primeira das 49 marchas aconteceu no dia 19 de março, em São Paulo e juntou, talvez, 300 mil pessoas. F[Foi organizada por grupos como Campanha da Mulher pela Democracia (CAMDE), União Cívica Feminina (UCF), Fraterna Amizade Urbana e Rural, Sociedade Rural Brasileira, []recebendo também o apoio da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais). Foi distribuído o “Manifesto ao povo do Brasil” pedindo o afastamento de Jango da presidência. 
[4] Segundo pesquisa do instituto Ipsos, feita entre os dias 9 e 11 de março em São Paulo, Porto Alegre e Recife, o que mais motiva os manifestantes é o pedido pelo fim da corrupção, seguido por melhorias na saúde pública. Disponível em: http://bit.ly/1GXKuM2. Consulta em 16/03/2015.
[5] Cunha diz que vai arquivar pedidos de impeachment contra Dilma. Dados disponível: http://bit.ly/1Ljruut. Consulta em 16/03/215.
[6] A presidenta Dilma Rousseff conversou por telefone com o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na manhã desta sexta-feira (13). Dados disponíveis: http://bit.ly/1bdmkQL. Consulta em 16/03/215.
[7] Dados disponíveis em: http://bit.ly/1wUJK77. Consulta em 16/03/215.
[8] A lista de lideranças do PT é impressionante: André Vargas (PR), ex-deputado federal, atualmente sem partido, foi cassado pelo envolvimento com o doleiro Alberto Youssef; Antônio Palocci, ex-ministro e ex-deputado federal; Cândido Vaccarezza (SP), deputado federal não reeleito; Gleisi Hoffman (PR), senadora; Humberto Costa (PE), senador; João Vaccari (SP), tesoureiro do PT; Lindbergh Farias (RJ) Senador; Tião Vianna (AC), governador; Vander Loubet (MS), deputado federal. Dados disponíveis: http://bit.ly/1BaGSkQ. Consulta em 16/03/215.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Chega de roubalheira! Fora todos os corruptos e corruptores


Construir nas ruas a mobilização dos trabalhadores e da juventude para punir corruptos e corruptores e pelo ­fim da privatização da Petrobras


Os trabalhadores e a juventude estão revoltados com a roubalheira que envolve os principais políticos do país. No último dia 6, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de inquérito contra 50 políticos, entre eles 12 senadores, 22 deputados federais, além de ex-ministros e ex-governadores. Segundo a Operação Lava Jato, todos estão ligados ao escândalo de corrupção na Petrobras. As investigações atingem partidos como o PT, PMDB, PSDB, PTB, PP e Solidariedade. Os principais chefões do Congresso também estão envolvidos, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A quantidade de senadores e deputados investigados soma quase 10% do total do legislativo!
A lista de inquéritos também envolve a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) e ex-ministrachefe da Casa Civil de Dilma; os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Lindberg Faria (PTRJ); o senador e ex-presidente, Fernando Collor, (PTB); a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB); o exgovernador de Minas Gerais, Anastasia (PSDB-MG), cria e aliado de Aécio Neves. Antônio Palocci, ex-ministro da Casa Civil de Dilma, também está na lista. Segundo a investigação, ele teria recebido dinheiro do esquema de corrupção para bancar a campanha de Dilma em 2010.
No bolso dos empresários
A corrupção girava em torno de contratos superfaturados entre a Petrobras e as maiores empreiteiras do Brasil. Elas pagavam propinas aos diretores da estatal e aos políticos para abocanhar contratos com o governo. A estimativa é de que o esquema de corrupção desviou R$ 10 bilhões de reais. A grana era usada para bancar as campanhas eleitorais dos grandes partidos. Isso mostra que quem controla as eleições e os políticos eleitos são as empresas que doaram milhões para suas campanhas e que, depois, cobram a fatura.
Na eleição passada, o PT recebeu de grandes empresas privadas quase R$ 80 milhões, sendo 65% de construtoras envolvidas no escândalo da Petrobras. O PSDB ficou com R$ 20 milhões, sendo 86% das construtoras corruptoras. Na Câmara dos Deputados, mais de trezentos parlamentares foram eleitos com o dinheiro das empreiteiras, sendo 255 deputados financiados diretamente pelas construtoras investigadas.
Privatização
O fim do monopólio estatal da Petrobras durante o governo FHC, que abriu caminho à exploração e à distribuição privada do petróleo brasileiro, deu início à farra dos contratos superfaturados com as empreiteiras. Os governos Lula e Dilma não colocaram fi m à privatização da Petrobras. Ao contrário, expandiram as terceirizações e os leilões do nosso petróleo, inclusive do pré-sal. O resultado foi mais corrupção e precarização do trabalho.
Escândalo vai continuar
A presidente Dilma foi citada nos depoimentos. Paulo Roberto Costa, diretor da Petros, disse que a primeira campanha presidencial de Dilma, em 2010, recebeu R$ 2 milhões do esquema. O STF e a procuradoria-geral da República decidiu arquivar e não investigar o caso. Isso porque, segundo a Constituição, a presidência da república não pode ser investigada e responsabilizada por atos que não tenham uma relação direta com o exercício do cargo.
No entanto, os próximos meses prometem a revelação de novas denúncias. Os executivos das empreiteiras estão firmando acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Isso significa que eles podem abrir o bico e detalhar a participação de outros políticos em esquemas de corrupção nas estatais do setor energético e nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
 
Confiar na Justiça dos poderosos?
É comum ver pessoas que cometem pequenos roubos, motivadas pela miséria, serem condenadas a anos de prisão. Por outro lado, corruptos que se tornaram notórios neste país gozam a mais absurda impunidade. Assim sempre funcionou a justiça dos ricos no Brasil.
A prisão de empreiteiros provoca esperanças de que essa situação pode mudar. Mas é bom ter cuidado. A justiça é parte de um Estado que serve à dominação dos ricos e poderosos. As leis são feitas por seus representantes e aplicadas por juízes que sabem muito bem quem estão julgando. Quem tem dinheiro pode contratar advogados que utilizam todas as inúmeras brechas da lei para atrasar ou impedir os julgamentos. Ou simplesmente comprar os juízes ou jurados de um caso para serem absolvidos. Além disso, juízes e desembargadores gozam de altos salários e privilégios que nenhum trabalhador tem.

Aécio fora da lista. Mas até quando?
O doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Lava-Jato, acusou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) de receber dinheiro de propina de Furnas, estatal mineira do setor elétrico. Mas a Procuradoria Geral da República decidiu pedir o arquivamento do inquérito contra o tucano por falta de consistência.
Mas o arquivamento pode não ser o ponto final dessa história. O principal aliado de Aécio em Minas Gerais, o tucano Anastasia (PSDB-MG), está na lista da Lava- Jato e será investigado. Ou seja, maracutais realizadas pelos tucanos podem aparecer no próximo período.
Diante da corrupção na Petrobras, o PSDB tenta se passar por defensor da moral idade e da ét ica. Mas os tucanos realizaram um dos maiores escândalos de corrupção da história do Brasil quando privatizaram a Telebras e a Vale do Rio Doce. A grande imprensa tenta blindar o PSDB, mas novas delações vão surgir, e a sujeira tucana deverá subir à tona.

Contra a roubalheira
O PSTU defende a prisão dos corruptos e corruptores e o confisco de seus bens
Essas medidas são necessárias para combater a corrupção, mas não serão aplicadas pelo governo do PT, nem por um governo do PSDB. Muito menos esse Congresso de picaretas. Ao contrário, a proposta de Reforma Política em pauta no Congresso tem um conteúdo antidemocrático e tenta restringir uma representação dos trabalhadores e de partidos que seja contra o sistema.
O fim da corrupção só é possível com medidas que nos levem para além deste sistema.
As aplicações dessas medidas só podem ser impostas pela mobilização dos trabalhadores, os principais interessados no fim dacorrupção.
 
Prender corruptos e corruptores e confiscar seus bens
É preciso prender os corruptos e confiscar seus bens. De nada adianta prisões temporárias sem expropriação das propriedades dos corruptos, ou a impunidade das “delações premiadas”, porque, aosair da prisão, o corrupto vai usufruir o que roubou.
É necessário também prender e expropriar as empresas que corromperam. Não existem corruptos sem corruptores. Em geral, as grandes empresas corruptoras não são afetadas. Muitas empreiteiras envolvidas na corrupção, por exemplo, estão fazendo acordos com a justiça para continuarem participando de novas licitações com o governo.
 
Fim dos privilégios dos políticos
Os altos salários dos deputados, ao invés de "evitar a corrupção", garantem a eles inúmeros privilégios. Essas regalias corrompem os partidos e políticos, mudam o seu modo de vida e servem como um trampolim para a corrupção.
O PSTU defende o fim de todo o tipo de privilégio gozado pelos políticos. Qualquer político de qualquer partido deveria ganhar um salário igual ao de um operário médio qualifi cado ou ao de um professor.
 
 
 
Mandatos revogáveis
Os mandatos dos deputados devem ser revogáveis. Isso significa que, a qualquer momento em que o deputado se envolva em corrupção ou aprove medidas contra os trabalhadores, seu mandato possa ser revogado pelo poder do povo.
 
Fim do financiamento privado das campanhas eleitorais
São as grandes empresas e bancos que têm controle sobre as campanhas dos grandes partidos, do PT ao PSDB. Uma vez eleitos, empresários, banqueiros e latifundiários, cobram a fatura. O PSTU foi o único partido que apresentou ao Supremo Tribunal Federal uma medida que proíba o fi nanciamento de empresários nas campanhas eleitorais (Ação Direta de Inconstitucionalidade 4650). O Ministro Gilmar Mendes, que tem compromissos com o empresariado, pediu vistas do processo, suspendendo o julgamento.

A Burguesia cospe no prato que comeu e não tem moral para cobrar o PT

Do Professor Hertz Dias

De fato o PT merece apanhar uma surra, uma surra daquelas de deixar o “cabra” de corpo mole. Porém, a única classe social que tem autoridade política e motivos de sobra para aplicar essa surra no PT é a classe trabalhadora que foi traída, esmagada, humilhada e expropriada moral e materialmente pelo gangsterismo petista. Agora, a classe média e a burguesia asquerosa deste país, que protesta em dia de domingo para não prejudicar os patrões, não têm motivos e nem moral política para bater no PT, nem muito menos a comandita do PSDB. 

Enquanto a economia do país crescia, à custa do suor de nossa classe, foi para burguesia nacional e internacional que o PT transferiu, e ainda transfere, as riquezas produzidas. O PT entrega de bandeja quase metade do orçamento público para os banqueiros; o latifúndio cresceu como nunca, as empreiteiras “nadaram” no dinheiro público com as obras superfaturadas dos mega-eventos (Copa e Olimpíadas), do PAC, do “Minha Casa Minha Vida”,da isenção fiscal, etc. Para completar, o PT e todos os demais partidos da "ordem" fortaleceram a repressão que exterminou centenas de milhares de jovens negros nos últimos anos. O que mais eles querem? Burguesia ingrata! 

No entanto, se Junho de 2013 fez o “gigante” acordar, tonto e sonâmbulo, Março de 2015 está servindo para demarcar pelo menos três campos políticos bastantes distintos: No primeiro campo estão aqueles que querem blindar o governo Dilma( PT, CUT, CTB, MST, etc.), um outro campo é o da Direita que quer desmoralizar a classe trabalhadora e desgastar o governo com os olhos focados nas eleições de 2018 (foi esse campo, capitaneado pelo PSDB, que organizou bandos para atacar as organizações de esquerda durante as “Jornadas de Junho”) e o campo da esquerda formado por aqueles que querem derrotar a política econômica do governo Dilma e acumular forças para superar o capitalismo.É nesse terceiro campo que os oprimidos e explorados têm que se localizar.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Precisamos de uma alternativa dos trabalhadores contra o governo do PT e contra a direita

Zé Maria Presidente Nacional do PSTU

Nosso país vive uma escalada na crise econômica que o governo, os bancos e o grande empresariado tratam de descarregar nas costas dos trabalhadores. Vive também uma grave crise política, envolvendo o governo e sua base de sustentação no Congresso Nacional.
A presidenta Dilma foi à televisão no domingo passado pedir paciência para os trabalhadores e para contar mais uma mentira: que o ajuste fiscal que seu governo está fazendo distribui sacrifício para todos. Na verdade, o seu governo está atacando o seguro-desemprego, o abono do PIS, a pensão por morte dos trabalhadores e cortando verbas da educação pública, tudo isso para repassar mais dinheiro público aos bancos e especuladores internacionais. O governo se comprometeu a repassar aos bancos quase R$ 100 bilhões só este ano. E quer tirar estes R$ 100 bilhões do bolso dos trabalhadores.
A conversa fiada, de que se trata de “correção de distorções” é só mais um abuso. Se as políticas sociais estão sofrendo fraudes, então por que o governo não manda prender quem está fraudando, ao invés de acabar com o direito social que beneficia os trabalhadores? Por outro lado, que moral tem este governo para cortar direitos dos trabalhadores alegando fraude? Quem é que está envolvido até o pescoço nas fraudes e falcatruas que roubou bilhões de reais da Petrobras? São justamente as autoridades deste governo, além de deputados e senadores da sua base de apoio no Congresso Nacional. É este o resultado de o PT ter decidido aliar-se a banqueiros e grandes empresários para governar o país. Governa para eles e como eles.
Impeachment não é solução
Nós, trabalhadores, não podemos aceitar esta situação. Nem podemos aceitar a chantagem do “perigo da direita” para defender o governo da presidenta Dilma e do PT. Precisamos, isto sim, lutar contra ele para impedir que continue a atacar nossos direitos para beneficiar justamente os banqueiros e grandes empresários, ou seja, a tal direita.
No entanto, também não podemos aceitar a demagogia e a cara-de-pau da direita (PSDB, DEM, PPS, PMDB) que tenta se aproveitar da justa revolta da população para se apresentar como uma alternativa contra o PT. Ora, o PSDB já governou o Brasil (junto com o PMDB, igual o PT está fazendo), e qual foi o resultado? Atacou com toda violência os direitos e as organizações dos trabalhadores para beneficiar os mesmos banqueiros e grandes empresários que o governo Dilma está beneficiando agora. O PSDB governa o estado de São Paulo, é o responsável pela mais grave crise da água que o país já viu. Privatizou metade da SABESP, mandando para o exterior na forma de remessa de lucros de empresas estrangeiras, os recursos que deveriam ser aplicados para garantir água para a população de São Paulo. E não nos esqueçamos do escândalo da corrupção nos contratos do Metrô e Trens de São Paulo. Isso para ficar em apenas dois exemplos.
O governo de FHC, do PSDB, iniciou a privatização da Petrobras, deu início ao processo de submissão da empresa aos interesses de especuladores internacionais e da sanha de lucro das empreiteiras. É verdade que o PT deu continuidade e aprofundou este processo, até chegarmos à situação em que nos encontramos hoje. Mas o PSDB não pode fugir à sua responsabilidade pelo quadro atual. Ou seja, a direita não é alternativa que possa preservar os interesses e direitos dos trabalhadores, e muito menos acabar com a corrupção, pois são tão corruptos e contra os trabalhadores quanto o governo atual.
Por isso, o impeachment não é uma solução que sirva aos trabalhadores. Vamos deixar nas mãos deste Congresso Nacional corrupto a decisão sobre a grave crise que o país passa? Veja que quase 10 % dos senadores e deputados do Congresso estão metidos com as falcatruas na Petrobras, sem contar que o Procurador Geral da República livrou a cara de vários deles, a começar pela própria Dilma do PT e Aécio Neves do PSDB. Alguém acha que daí vai sair algo que presta? E mesmo que eles resolvessem fazer algo, se fosse afastada a Dilma, entraria no lugar dela o vice, Michel Temer, ou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ou ainda Renan Calheiros, todos do PMDB, atolados na mesma lama que Dilma. O que isso ia mudar? O seis pela meia dúzia...
Uma alternativa da classe operária e dos trabalhadores
Nós, trabalhadores, precisamos fortalecer a nossa luta contra o governo Dilma, mas precisamos também lutar contra estas alternativas de direita. Precisamos fortalecer a nossa luta contra os bancos e grandes empresas multinacionais e nacionais. E, nessa luta, precisamos avançar na construção de uma alternativa que atenda as necessidades e interesses da nossa classe. A CSP-Conlutas já impulsionou uma primeira iniciativa neste sentido, com mobilizações em várias partes do país no dia 6 de março.
Mas é preciso muito mais que isso. As grandes centrais sindicais, como a CUT, precisam parar de apoiar o governo e assumir a luta em defesa dos trabalhadores. É preciso que as centrais sindicais sigam o exemplo da CSP-Conlutas, e convoquem uma greve geral no país.
Precisamos unir em uma só luta os trabalhadores de norte a sul do país, para derrotar as políticas econômicas que vem sendo aplicadas pelo governo, e em defesa de um plano econômico dos trabalhadores que assegure que os recursos do nosso país e a riqueza produzida pelo nosso trabalho sejam usados para assegurar vida digna para o nosso povo e não para alimentar lucros de bancos e grandes empresários e a corrupção de políticos.
Uma greve geral que exija a revogação das leis que cortaram os direitos dos trabalhadores e a revogação dos cortes nos gastos na educação e outras políticas sociais; para exigir o fim da terceirização; que cobre do governo leis que protejam o emprego dos trabalhadores e que sejam estatizadas as empresas que demitem em massa; que exija do governo que pare de dar dinheiro aos bancos, que suspenda imediatamente o pagamento da chamada dívida externa e interna aos agiotas do sistema financeiro; que exija que a Petrobras e o petróleo de nosso país voltem a ser 100% estatal; e para cobrar a prisão e confisco dos bens de todos os políticos corruptos e dos empresários que os corromperam. E que abra caminho para que possamos ter em nosso país um governo dos trabalhadores, sem patrões, um governo da nossa classe, que aplique estas e outras medidas necessárias para mudar nosso país de verdade.
Só assim podermos derrotar, ao mesmo tempo, o governo do PT, a direita (PSDB, DEM, PMDB e companhia) e também aos banqueiros, multinacionais e grandes empresários, pois é para eles que tanto o PT como o PSDB governam quando estão no poder.
E só assim poderemos avançar para a construção de um Brasil socialista. Um país soberano, livre de toda forma de exploração e opressão, onde todos e todas possam viver de forma plena, como seres humanos, e não como escravos de banqueiros e multinacionais, em que o capitalismo nos transformou.

domingo, 1 de março de 2015

Impeachment não é a solução

Zé Maria, candidato a Presidente pelo PSTU.

Circula na Internet a convocação para manifestações pelo impeachment de Dilma no próximo dia 15 de março. Muitos operários, trabalhadores e jovens, revoltados com as mentiras e com os ataques do governo do PT contra seus direitos, acabam acreditando que esta pode ser uma boa solução.
Primeiro, é preciso dizer que é absolutamente justa a revolta dos trabalhadores. Prevendo essa situação, o PSTU chamou voto nulo no segundo turno. Mas o impeachment não é a solução. O impeachment é uma lei que dá ao Congresso Nacional o direito de destituir a presidente da república. Por esta lei, assumiria no lugar o vice-presidente, o famigerado Michel Temer (PMDB). Caso sejam destituídos os dois, presidente e seu vice, assumiria o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, também do PMDB, outro notório corrupto e inimigo declarado dos direitos das mulheres e da população LGBT. Isso sem falar que toda essa movimentação para o dia 15, independentemente de quem a iniciou, está sendo usada pelo PSDB, de Aécio Neves, para se apresentar como alternativa.
Ou seja, seria tirar um governo manchado de corrupção e que está atacando nossos direitos para colocar outro tão corrupto quanto e que vai nos atacar do mesmo jeito para defender banqueiro. Seria trocar seis por meia dúzia. Esse Congresso corrupto e controlado pelas grandes empresas não consegue produzir nada que seja a favor do povo brasileiro.
Nós precisamos sim fortalecer a luta contra o governo de Dilma, organizar manifestações da nossa classe, cada vez mais fortes contra este governo. E no desenvolvimento destas lutas vamos construir uma alternativa de governo para o país que de fato seja um governo de trabalhadores, sem patrões. Aí sim teremos condições de mudar de verdade o Brasil.

Concurso do Governo do MA recusa licenciados em teatro

Com créditos para o site http://valberlucio.com

imagem meramente ilustrativa
imagem meramente ilustrativa
               Um assunto vem tomando  conta das rodas de arte- educadores e universitários do curso de Teatro da UFMA/2014. O Governo do Estado do Maranhão lançou um concurso para nomeação de professores a fim de completar seu quadro deficitário de docentes, e dentre  as áreas listadas   estava a disciplina “Artes”. Todos os  graduados em Licenciatura em Teatro tiveram uma surpresa um tanto quanto inusitada:  foram desclassificados pelos critérios dos avaliadores da Secretaria de Educação do Estado, por não terem reconhecimento por parte do referido órgão, de sua habilitação para lecionar  Teatro em sala de aula. Os candidatos sentiram-se indignados pela decisão da SEEDUC, em “zerar” suas provas, pois todos sonhavam com essa tão almejada função, podendo promover assim   o estado, tornando-o pioneiro no ensino de teatro em todo o Brasil, haja vista que já tramita lei específica para estes profissionais. (veja abaixo). Pois bem, vejamos a seguir toda uma série de questionamentos, choros, desabafos sobre tal atitude da Secretaria de Educação.
modificado

Encontra-se em discussão na Câmara Federal, o Projeto de Lei 7032/2010, do senador Roberto Saturnino do PT, que  altera os §§ 2º e 6º do art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional , para instituir, como conteúdo obrigatório no ensino de Artes, a música, as artes plásticas e as artes cênicas, com o intuito de promover o desenvolvimento cultural dos estudantes. Os itens são obrigatórios, mas não exclusivos, podendo, assim, instituir outros itens no ensino de Arte. O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pela comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
À primeira vista, parece redundante incluir cada uma das linguagens artísticas supracitadas, pois os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, já afirmam a necessidade de “contribuir para o fortalecimento da experiência sensível e inventiva dos estudantes, e para o exercício da cidadania e da ética construtora de identidades artísticas. Esse fortalecimento se faz dando continuidade aos conhecimentos de arte desenvolvidos na educação infantil e fundamental em música, artes visuais, dança e teatro, ampliando saberes para outras manifestações, como as artes audiovisuais.”
Entretanto, os PCN’s e a LDB vem sendo rotineiramente desrespeitados, e os egressos dos cursos de Licenciatura em Teatro sendo preteridos,  a exemplo do acontecido no Maranhão. Precisamos ressaltar que alguns dos candidatos preteridos possuem experiência profissional em sala de aula comprovada e outros até mesmo já cursando mestrado em Artes. Por desconhecimento ou despreparo, o que fizeram foi ignorar a existência desses profissionais e a necessidade da sua  atuação no âmbito estadual. Essa mesma secretaria, entretanto, aceita tacitamente que professores de disciplinas tão diversas quanto Matemática ou Geografia “completem” sua carga horária com aulas de… ARTE!
Convém lembrar também que o curso de Licenciatura em Teatro, foi criado  em substituição à Habilitação Artes Cênicas do curso de Licenciatura em Educação Artística, através da Resolução n. 75-CONSUN, de 28 de setembro de 2004, tendo sua  proposta Curricular Preliminar discutida com a participação dos professores dos Departamentos Acadêmicos envolvidos no novo curso, alunos, ex-alunos, professores de artes da rede de ensino de São Luis, técnicos dos órgãos superiores da UFMA, técnicos das secretarias de educação estadual e municipal.
Antes do fechamento deste artigo, fomos informados que nas Unidades Regionais  de  Imperatriz e Balsas, foram aceitas as graduações de dois licenciados em teatro pela EAD/ UFMA. Há previsão de uma reunião entre representantes dos candidatos,  da Coordenação do Curso de Teatro e a SEEDUC, em data ainda não divulgada.
Mas agora deixo-vos com o * Desabafo da   Recém Licenciada Jacqueline Lemos
jacqueline
Jacqueline Lemos, Professora de Teatro
Gostaria de compartilhar este juramento…É do CURSO DE LICENCIATURA EM TEATRO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO(UFMA). O curso, para quem não sabe, tem 10 anos de vida e nele robusteceu-se uma classe profissional de Licenciados em teatro que vem, à duras penas, se inserindo no contexto social e educacional de centenas de crianças maranhenses. Desta forma, o Estado do Maranhão, pode-se dizer, coaduna, corresponde e atende as significativas mudanças nos quadros educacional e social dos seus pertencentes tal qual o resto do Brasil. Para quem não sabe, corre no Senado Projeto de Lei 7032/10 determina a inserção das linguagens artístico-pedagógicas TEATRO E DANÇA nos currículos escolares do ensino fundamental, NA DISCIPLINA ARTE. Você pode questionar, como eu, o seguinte: Será que só agora isto vem acontecendo? Respondo: Não. Aqui mesmo, no Maranhão, muitas escolas já contam com professores de teatro em suas salas de aula. Muitas dessas escolas são particulares.
As escolas particulares, aliás, foram as primeiras a contratar professores de teatro para sua grade, e é bom que se lembre, atendendo as tendências de formação de alto padrão que se tem cobrado lá fora. Me pergunto e aqui dentro? E o padrão das escolas PÚBLICAS, como fica? Agora por que me questiono sobre isso? Por que sou professora de escola municipal pública em São Luís, cidade que saiu na frente e lançou o primeiro Seletivo para professor de TEATRO, ocorrido no Maranhão. Estamos em tempos, dizem, de mudanças e alianças entre município e estado e esperávamos, portanto, que a atitude tomada pela prefeitura de São Luís, naturalmente repetir-se-ia com o tão aguardado Seletivo do Estado do Maranhão, de prova de títulos, cujo resultado é frustrante para a nossa linguagem e, principalmente, um duro golpe nesta luta. Embora eu não tenha participado deste processo, chega-me a indignar esta inércia de apenas observar tal absurdo: O FATO DE NENHUM PROFESSOR GRADUADO EM TEATRO TER PONTUADO NO QUESITO “FORMAÇÃO” e mesmo aqueles que apresentaram EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL em sala de aula não pontuarem. Por outro ângulo: GENTE QUE JÁ ESTÁ NO MESTRADO não pontuou no quesito GRADUAÇÃO para a vaga de professor de ARTE do Seletivo Público do Estado. OI?! Na medida em que a Secretaria de Educação do Estado do Maranhão se recusa a reconhecer estes profissionais, negligenciando ou melhor: atribuindo nota 0,0 no quesito “graduação” a todos, TODOS… TODOS!!!! os licenciados em teatro que pleitearam a vaga deste seletivo eu me assombro em pensar no retrocesso absurdo que isto representa. A inexistência da participação dos professores de teatro nos currículos das escolas do Estado do Maranhão. Mesma classe que na gestão passada do Governo ouviu, isso eu me lembro bem, que era uma classe desconhecida pelo referido órgão, durante um evento de discussão da classe na UFMA. Quando o governo atual falava a princípio em mudanças, valorização do professor e qualidade de ensino, pensávamos ser nisso! Ou será que só eu achei que… Enfim. Será mudaram os rótulos e não mudarão os hábitos. Estamos em silencio a 40 anos, também. Antes dos “licenciados, os artistas de rua, de palco, os livre docentes, os autodidatas já suscitavam tais necessidades que, à despeito de diploma, supriam e que vem demandando cada vez mais profissionais, das mais variadas esferas para esta obrigação, ou dependendo de como lide os seus governantes: missão, suplício. Já a algum tempo, todos estes, reunidos, discutem, proliferam e reivindicam o pertencimento da linguagem artística e teatral dos indivíduos maranhenses. A escola, cumpre um papel fundamental e é direito adquirido, a educação estética dos maranhenses é tão urgente quanto a sua capacidade técnica com as outras licenciaturas, que dirá até mais, já que por mais pedagógica que seja por seu conteúdo, será sempre visceral no que tange suas abrangências humanas e sensoriais e no que culmina, ao que se propõe e torço para que o Governador Flávio Dino, visualize este video, abra para o debate o quanto antes, como tem feito, faça saber que existimos e corrija esta “GAFE” PARA COM OS PROFESSORES DE TEATRO DO ESTADO DO MARANHÃO. Por fim aos amigos, os competentes colegas de profissão que foram diretamente lesados (indiretamente fomos todos), peço que não se calem, que não cessem, que exijam respostas, e que não deixem de mover esforços exigindo a reparação imediata deste equivoco, EDUCANDO TAMBÉM OS NOSSOS GESTORES, SE FOR O CASO. REUNINDO-SE COM ELES. DIALOGANDO… LEMBRANDO-OS DE QUE EXISTIMOS E VIEMOS PARA FICAR! por que esta vitória não será por vocês, nem por nós, mas, pelas nossas crianças e pelo futuro da educação maranhense.
Att,

Jacqueline Lemos – Professora de Teatro

(*o Texto da Professora Jacqueline Lemos foi gentilmente cedido a este site para fins de esclarecimentos sobre o assunto) da Redação