segunda-feira, 7 de março de 2016

NOTA DO PCB SOBRE O AGRAVAMENTO DA CRISE POLÍTICA:



O IMPASSE DA CONCILIAÇÃO E O CAMINHO DA LUTA

 Os indícios de envolvimento do ex-presidente Lula em esquemas de corrupção são mais um capítulo da grave crise brasileira, marcada pelo esgotamento do governo Dilma e a degradação política e ideológica do Partido dos Trabalhadores (PT) e seus satélites. Diante de uma conjuntura econômica de recessão e redução das taxas de lucro, acompanhada de uma grave crise social aprofundada pelo ajuste fiscal – com o crescimento do desemprego, que já alcança cerca de 10 milhões de pessoas –, a burguesia passou a executar um plano, articulado com setores da grande mídia, do Congresso Nacional e do Judiciário, para tirar o PT do Palácio do Planalto e lançar as bases de um possível governo fundado na aproximação do PSDB com o PMDB.

 Apesar de o governo petista ter aplicado servilmente as exigências da classe dominante - como demonstram a imposição dos cortes nos programas sociais para pagamento dos juros da dívida aos rentistas, a lei antiterrorismo, a entrega do pré-sal, o aprofundamento das privatizações, a reforma da previdência, os ataques aos direitos trabalhistas e o abandono da reforma agrária -, a gravidade da crise exige, do ponto de vista dos interesses do capital, medidas mais profundas e rápidas, diante das dificuldades do petismo em manter a política de apassivamento das massas. A combinação da crise econômica com a crise política torna, neste momento, a continuidade do governo petista incômoda e desnecessária para o “mercado”, cujos interlocutores argumentam, através da mídia burguesa, que somente trocando de governo será possível retomar o crescimento econômico.

 A evidente parcialidade da Operação Lava-Jato, que não aprofunda as investigações sobre membros do PSDB e do PMDB – apesar de ter revelado importantes esquemas de corrupção e mesmo aprisionado empresários –, tem promovido alguns espetáculos midiáticos, como foi a desnecessária condução coercitiva de Lula para depoimento à Polícia Federal. Esta parcialidade não é um fato isolado. Para a maioria da população trabalhadora, principalmente jovem e negra, toda abordagem pela polícia é sempre coercitiva e sem qualquer formalidade, assistência jurídica e muito menos o “devido processo legal”; não raramente, acaba em arbitrariedade ou morte, como provam crescentes estatísticas dos famigerados autos de resistência.

 A corrupção é a forma mais aparente das relações promíscuas entre o Estado burguês e os interesses econômicos capitalistas. O plano de mudança de governo do qual a Lava-Jato é apenas uma peça, portanto, não é um golpe contra a institucionalidade liberal-burguesa, mas uma das vias no interior dessa institucionalidade para a imposição de governantes que melhor atendam, circunstancialmente, os interesses do capital. Isto não significa subestimarmos, neste quadro, as tendências a mais restrições no campo das liberdades democráticas que a burguesia tentará impor cada vez mais para fazer frente ao acirramento da luta de classes que a crise do capitalismo engendra.

 A decisão da burguesia de livrar-se do governo petista por meio do impedimento ou da renúncia negociada da Presidente e de inviabilizar, por via judicial, uma futura candidatura de Lula em 2018 não justifica a defesa do governo Dilma nem do ex-presidente por parte da esquerda socialista, porque não nos faz esquecer a opção política da cúpula do PT pelo caminho do pacto social burguês, como se comprova desde a Carta aos Brasileiros, em 2002, e o zeloso atendimento aos interesses dos bancos, da indústria automobilística, do agronegócio, das empreiteiras e mineradoras. Não nos cabe afiançar uma suposta inocência de Lula e outros líderes petistas e menos ainda de imaginar que investigações sobre eles coloquem a democracia burguesa em risco, mas de fazermos uma profunda crítica à estratégia de conciliação de classes adotada pelo PT, a qual, aprofundada nos últimos 14 anos, agora se volta contra ele.

 Diante disso, o PCB não vê razões para alterar sua postura de independência de classe e oposição de esquerda ao atual governo, sobre o qual o ex-presidente Lula nunca deixou de influenciar diretamente. O PT preparou o próprio terreno pantanoso em que agora se afunda, ao ter optado por reforçar o Estado Burguês, enquanto retirava direitos dos trabalhadores. Por fim, o PCB não reforçará o culto despolitizado, personalista e saudosista de uma liderança que, através de seu carisma, utilizou o apoio dos trabalhadores para operar uma política que privilegiou os interesses capitalistas. Tampouco nos somaremos a iniciativas pretensamente dedicadas à defesa da democracia com aqueles que, nos últimos tempos, a vêm golpeando em troca da governabilidade a qualquer custo. Conclamamos à formação de um bloco de lutas de caráter anticapitalista e socialista, para resistir aos ataques do capital e avançar na perspectiva da construção do Poder Popular e do Socialismo.  


PCB - Partido Comunista Brasileiro
Comissão Política Nacional - 6 de março de 2016

quarta-feira, 2 de março de 2016

Moção de apoio da Rede Sindical Internacional as famílias quilombolas de Cruzeiro e ao Movimento Quilombola do Maranhão (Moquibom)

As organizações que compõe a Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Luta vêm a público manifestar irrestrita solidariedade a luta das famílias quilombolas do território Cruzeiro no município de Palmeirândia no estado do Maranhão/Brasil e ao Moquibom (Movimento quilombola do Maranhão) que estão sofrendo perseguições políticas e ameaças de eliminação física provenientes de jagunços, grandes fazendeiros, grupos políticos e jornalísticos da região.

 Nos últimos 20 anos 144 lideranças do campo no Maranhão como quilombolas, indígenas e camponesas já foram mortos e tantos outros estão marcados para morrer. É obrigação da presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, e do governador do estado Maranhão, Flávio Dino (PC do B), intervir urgentemente na região para preservar a integridade física das famílias quilombolas e evitar que ocorra um banho de sangue conforme têm prometido os poderosos que se sentem no direito de agir por fora da lei, mas com total conivência do Tribunal de Justiça do Maranhão.

É preciso garantir, com a mesma urgência, a titulação dos territórios quilombolas bem como julgar e punir os grupos que pretendem arrancar do mapa da região as famílias quilombolas que no passado resistiram à escravidão e que hoje lutam pelo direito a terra e a vida. Exigimos ainda que o INCRA do Maranhão deixe de fazer manobras em favor dos fazendeiros e contra os quilombolas. Em caso de omissão, tanto a presidenta Dilma do Partido dos Trabalhadores (PT) como o governador Flávio Dino do Partido Comunista do Brasil (PC do B) serão os principais responsáveis por qualquer tragédia que venha ocorrer na referida região.

Solidariedade internacional! 01 de março de 2016

Assinam abaixo: Organizações da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e de Lutas  Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas) - Brasil.  Confederación General del Trabajo (CGT) – Estado Espanhol.  Union syndicale Solidaires (Solidaires) - França. International trade union network of solidarity and struggle Réseau syndical international de solidarité et de luttes Rede Sindical Internacional de solidariedade e de lutas Red sindical internacional de solidaridad y de luchas Rete sindicale internazionale di solidarietà e di lotta 2  Confédération Générale du Travail du Burkina (CGT-B) - Burkina.  Confederation of Indonesia People's Movement (KPRI) - Indonesia.  Confederación Intersindical (Intersindical) – Estado Espanhol  Syndicat National Autonome des Personnels de l'Administration Publique (SNAPAP) - Argélia.  Batay Ouvriye - Haiti.  Unione Sindacale Italiana (USI) - Italia.  Confédération Nationale des Travailleurs - Solidarité Ouvrière (CNT SO) - França.  Sindicato de Comisiones de Base (CO.BAS) – Estado Espanhol.  Organisation Générale Indépendante des Travailleurs et Travailleuses d'Haïti (OGTHI) - Haïti.  Sindacato Intercategoriale Cobas (SI COBAS) - Italie.  Confédération Nationale du Travail (CNT-f) - France.  Intersindical Alternativa de Catalunya (IAC) - Catalogne.  Union Générale des Travailleurs Sahraouis (UGTSARIO) - Sahara occidental.  Ezker Sindikalaren Konbergentzia (ESK) - Pays basque.  Confédération Nationale de Travailleurs du Sénégal Forces du Changement (CNTS/FC) - Sénégal.  Independent Trade Unions for Egyptian Federation (EFITU) - Egypte.  Sindicato Autorganizzato Lavorator COBAS (SIAL-COBAS) - Italie.  General Federation of Independent Unions (GFIU) – Palestine.  Confederación de la Clase Trabajadora (CCT) – Paraguay.  Red Solidaria de Trabajadores – Perou Organizações nacionais  National Union of Rail, Maritime and Transport Workers (RMT/TUC) - Grande-Bretagne.  Centrale Nationale des Employés – Confédération Syndicale Chrétienne (CNE/CSC) - Belgique.  Sindicato Nacional de Trabajadores del Sistema Agroalimentario (SINALTRAINAL/CUT) - Colombie.  Fédération Générale des Postes, Telecom et Centres d’appel - Union Générale Tunisienne du Travail (FGPTT/UGTT) - Tunisie.  Trade Union in Ethnodata - Trade Union of Empoyees in the Outsourcing Companies in the financial sector - Grèce.  Syndicat national des travailleurs des services de la santé humaine (SYNTRASEH) - Bénin  Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (ASFOC-SN) – Brésil.  Organizzazione Sindicati Autonomi e di Base Ferrovie (ORSA Ferrovie) - Italie.  Union Nationale des Normaliens d’Haïti (UNNOH) - Haïti.  Confederazione Unitaria di Base Scuola Università Ricerca (CUB SUR) - Italie.  Confederazione Unitaria di Base Immigrazione (CUB Immigrazione) - Italie.  Coordinamento Autorganizzato Trasporti (CAT) - Italie.  Confederazione Unitaria di Base Credito e Assicurazioni (CUB SALLCA) - Italie.  Syndicat des travailleurs du rail - Union Nationale des Travailleurs du Mali (SYTRAIL/UNTM) – Mali.  Gıda Sanayii İşçileri Sendikası - Devrimci İşçi Sendikaları Konfederasyonu (GIDA-IŞ/DISK) - Turquie.  Syndicat National des Travailleurs du Petit Train Bleu/SA (SNTPTB) - Sénégal.  Asociación Nacional de Funcionarios Administrativos de la Caja de Seguro Social (ANFACSS) - Panama.  Conseil des Lycées d’Algérie (CLA) – Algérie.  Confederazione Unitaria di Base Trasporti (CUB Trasporti) - Italie.  Syndicat de l'Enseignement Supérieur Solidaire (SESS) – Algérie.  Palestinian Postal Service Workers Union (PPSWU) – Palestine.  Union Syndicale Etudiante (USE) – Belgique.  Sindicato dos Trabalhadores de Call Center (STCC) – Portugal.  Sindicato Unitario de Trabajadores Petroleros (Sinutapetrolgas) – Venezuela.  Alianza de Trabajadores de la Salud y Empleados Publicos – Mexique.  Canadian Union of Postal Workers / Syndicat des travailleurs et travailleuses des postes (CUPW-STTP) – Canada. Organizações locais  Trades Union Congress, Liverpool (TUC Liverpool) - Angleterre.  Sindacato Territoriale Autorganizzato, Brescia (ORMA Brescia) - Italie.  Fédération syndicale SUD Service public, canton de Vaud (SUD Vaud) - Suisse  Sindicato Unitario de Catalunya (SU Metro) - Catalogne.  Türkiye DERİ-İŞ Sendikasi, Tuzla et Izmir (DERİ-İŞ Tuzla et Izmir) - Turquie.  L’autre syndicat, canton de Vaud (L’autre syndicat) - Suisse  Centrale Générale des Services Publics FGTB, Ville de Bruxelles (CGSP/FGTB Bruxelles) - Belgique 3  Arbeitskreis Internationalismus IG Metall, Berlin (IG Metall Berlin) – Allemagne  Sindicato Unificado de Trabajadores de la Educación de Buenos Aires, Bahia Blanca -(SUTEBA/CTA de los trabajadores Bahia Blanca) – Argentine  Sindicato del Petróleo y Gas Privado del Chubut/CGT – Argentine.  UCU University and College Union, University of Liverpool (UCU Liverpool) - Angleterre. Organizações internacionais  Industrial Workers of the World - International Solidarity Commission (IWW) Correntes, tendências ou redes sindicais  Transnationals Information Exchange Germany (TIE Germany) - Allemagne.  Emancipation tendance intersyndicale (Emancipation) - France.  Globalization Monitor (Gmo) - Hong Kong.  Courant Syndicaliste Révolutionnaire (CSR) - France.  No Austerity - Coordinamento delle lotte - Italie.  Solidarité Socialiste avec les Travailleurs en Iran (SSTI) - France.  Basis Initiative Solidarität (BASO) - Allemagne.  LabourNet Germany - Allemagne.  Resistenza Operaia - operai Fiat-Irisbus - Italie.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Maranhão 2016: Sarney saiu. Dino entrou.

Da Direção Estadual do PSTU

Em outubro de 2014 milhões de maranhenses impuseram uma incontestável derrota eleitoral à Oligarquia Sarney elegendo Flávio Dino (PC do B) para Governador. 

O povo permanece com expectativas de concurso público, salários dignos e serviços públicos de qualidade e um Maranhão menos corrupto e fora das últimas posições nos rankings dos desenvolvimentos humano e econômico. Ainda existem ilusões de que basta colocar um outro governante e será possível ter todas estas reivindicações atendidas e um “Novo Maranhão”.

Porém, apesar da roupagem nova, o Governo Flávio Dino, com um pouco mais de um ano de mandato, já deu demonstrações claras de que as mudanças tão radicais propostas não sairão do papel. Até porque seu programa e suas alianças eleitorais e pós-eleitorais já prenunciavam que não seria capaz de garantir um Maranhão de todos.

Basta lembrar que o vice-governador é do PSDB, partido da direita tradicional, do ex-presidente FHC e de Aécio, Serra e Alckmin e que se notabilizaram pelas privatizações, repressão policial e o desemprego. Mais ainda, compõem a base do governo Dino políticos oligarcas tradicionais como Humberto Coutinho, Sebastião Madeira, Roberto Rocha, Edivaldo Holanda, Waldir Maranhão (aliado de Eduardo Cunha), o ex-candidato sarneysta Luís Fernando, entre outros.

Um programa que defenda crescimento econômico com justiça social exige mudanças profundas na sociedade ou então continuará se submetendo aos interesses dos poderosos. Desse modo, os flagrantes de desrespeito por parte do governo do Estado para facilitar a construção de um grande porto na região da comunidade do Cajueiro, em São Luís, é uma prova de que são os interesses de grandes empresas e do agronegócio que são a prioridade do governo Dino. Além de esse empreendimento vir a causar profundos impactos ambientais, é um duro ataque às populações tradicionais centenárias dessa região, que vivem hoje uma rotina de ameaças de jagunços da WPR/WTorre e o medo do despejo forçado.

Aliás, esse porto é também uma contrapartida do governo no âmbito do Matopiba, nova fronteira agrícola instituída pelo governo Dilma para promover o desenvolvimento do agronegócio no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, a partir de ações integradas entre esses estados. Isto é, se hoje o agronegócio e as madeireiras expulsam milhares de camponeses, quilombolas e indígenas de suas terras, com o Matopiba, que prevê que mais de 72% do território maranhense seja ocupado pela soja e grãos, a falta de produção de alimentos para segurança alimentar da população e a situação de conflito no campo maranhense, que já atinge mais de 15 mil famílias, com muitas ameaças e assassinatos, se agravarão ainda mais.

Outro exemplo: um programa que verdadeiramente priorize os trabalhadores da educação e os servidores estaduais tem que garantir aumento salarial, progressão funcional e ambiente de trabalho de qualidade para atendimento à população. Não é possível se utilizar do argumento da Lei de Responsabilidade Fiscal e crise econômica para praticar arrocho contra os trabalhadores, cortando a correção salarial de 21,7% dos servidores do Judiciário e não pagando o piso aos professores, enquanto se terceiriza serviços para enriquecer empresas e paga sem nenhum questionamento às dívidas feitas pelo governo anterior.

Outra semelhança com o grupo Sarney é a utilização da polícia para reprimir manifestações populares, como aconteceu recentemente em uma manifestação por melhorias na estrada de acesso à comunidade Porto Grande com prisões e feridos por balas de borracha da PM, e desenvolver uma política de extermínio da juventude negra nas periferias maranhenses. Só em 2015, o índice de homicídios decorrentes de intervenção policial subiu 90,9%, corroborando com as denúncias feitas sobre o aumento da violência policial. Casos como do jovem negro Fagner de 19 anos que foi morto a tiros por um policial em uma reintegração de posse na região do Turu.

Na Saúde, mantêm-se a terceirização e privatização de hospitais e unidades de saúde através da gestão de várias Organizações Sociais(OS´s), inclusive remanescentes do governo Roseana Sarney. Foram mais de 700 milhões no último ano para estas empresas, a partir de uma licitação realizada em abril do ano passado. E quando se esperava o tão prometido concurso público para profissionais efetivos da Saúde (há mais de 20 anos que não ocorre no Estado), o governador Flávio Dino lança um edital para contratação temporária por uma prazo inicial de 24 meses, pelo regime da CLT, através da EMSERH (Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares), empresa de direito privado e criada em 2012 no governo Roseana Sarney, cuja lei foi alterada pelo atual governador para prever esta contratação temporária.

Nós do PSTU, combatemos nas lutas e nas eleições a Oligarquia Sarney e somos oposição de esquerda ao governo Flávio Dino. Defendemos outro projeto de governo, baseado na democracia direta e na superação do capitalismo. Por isso nos apoiamos nas reivindicações da população para combater as ilusões nos governos e desenvolver suas lutas.

Conclamamos a unidade dos trabalhadores e movimentos sociais, indígenas, quilombolas, professores, funcionários públicos e trabalhadores em geral para construir a luta por nossas reivindicações. É preciso lutar pelas mudanças que queremos e necessitamos. Os leões estão bem vindos à democracia, mas sabem que só a luta muda a vida!

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

QUE VENHA 2016, UM ANO DIFÍCIL DE TERMINAR!

Texto do companheiro, militante do PSTU e professor Hertz Dias
Sinto que 2016 será um ano longo, com dias de 48 horas e muitos “junhos”, “junhos” mais negros, femininos e favelizados do que o de 2013. Há um fenômeno em curso que nem os mais lúcidos dos intelectuais consolidados no interior da esquerda brasileira têm se preocupado em queimar neurônios para entender. Infelizmente, nas inúmeras análises sobre a situação política brasileira os negros não passam de vultos, justamente no momento em que estes mais lutam. É preciso superar essa miopia política. 

Quem não consegue visualizar os negros enquanto sujeitos políticos não pode perceber que palpita nas entranhas do capitalismo brasileiro uma negritude explosiva. Sim, qualquer identidade forjada dentro de uma situação explosiva tende a ser igualmente uma identidade explosiva. A auto-afirmação negra que cresce a cada dia não se limita apenas a se assumir enquanto negro, mas de se perceber enquanto parte de um povo que o capitalismo brasileiro, em crise, empurra para a barbárie. Para a maioria de nós não há alternativas dentro desse modelo de organização social, por isso não podemos titubear em falar que a revolução socialista é a única alternativa viável, e ela será negra ou não será!. 

A burguesia euro-brasileira sabe disso e sabe mais, sabe que para recompor sua taxa de lucro e manter o status quo legado por mais de 350 anos escravidão terá que caminhar sobre os cadáveres de milhares negros e negras. O genocídio negro está na estrutura racista de funcionamento do capitalismo brasileiro. A eles cabe preservá-lo, a nós destruí-lo! Para isso é preciso pisar na piçarra, colar na classe, sentir seu cheiro, seu modo de vida, suas qualidades, seu defeitos, seus limites e potencialidades. É preciso respirar o ar que essa classe respira para saber distinguir quando a transpiração for por medo ou por ódio e saber que essa classe tem cara de povo negro, e que esse povo foi congelado numa classe e que a mesma tem uma história, tem demandas especificas. Ousemos mais em 2016!

É preciso devolver o marxismo aos trabalhadores, fazendo o percurso inverso do que fez o assim chamado “marxismo ocidental” que saiu do controle do proletariado para ser depurado nas academias em debates que a classe não compreende e não se interessa em compreender. É preciso resgatar os velhos debates sobre Estado, Partido, Luta de Classe, Revolução, Socialismo,Internacionalismo, Conselhos Populares, Negritude como movimento para além do capitalismo. Marxismo é ciência política, ciência de orientação política, não é ciência para satisfação pessoal.

 O marxismo sem projeto estratégico não é marxismo, é a negação do marxismo. Definitivamente não serve para libertação do nosso povo, de nossa classe que é a única em escala mundial com possibilidade de salvar o planeta. É verdade que uma classe não se libertará sem que fabrique seus próprios intelectuais, sem que se libertem da órbita de influência dos intelectuais burgueses e pequeno-burgueses. Sobre os últimos, arranquemos alguns dos braços da burguesia, que sejam traidores natos de sua fração de classe e vivam no meio dos trabalhadores e do povo negro. É óbvio que toda uma geração de “intelectuais militantes” foi varrida das ruas pela incorporação do PT ao Estado- racista- brasileiro, mas é também verdade que uma nova e ampla vanguarda está surgindo nessas mesmas ruas, sem o acúmulo dos seus antecessores, mas também sem os vícios políticos daqueles, e muitos destes são jovens negros e negras.

 O tampão compressor tende a explodir e 516 anos pode vir a tona em questão de dias.
Que venha 2016, o ano que não terminará tão cedo para a burguesia euro-brasileira!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Fora Dilma, Fora Cunha, Fora Temer, Aécio e esse Congresso Nacional! Fora todos eles!

Nota oficial do PSTU sobre a situação aberta com o pedido de impeachment de Dilma


Depois de promover mais uma manobra no Conselho de Ética para adiar novamente a votação que pode iniciar o processo para a cassação do seu próprio mandato, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu dar início ao processo que pode levar ao impeachment da presidenta Dilma Roussef (PT).
Parece filme pastelão. A situação criada com a quantidade de políticos e altas autoridades envolvidos até agora nas denúncias da Operação Lava Jato se parece muito com aquela música: “se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão...”.
O PSTU vem defendendo já há algum tempo a necessidade de os trabalhadores se organizarem e irem às ruas para dar um basta ao governo da Dilma, mas também a Cunha, a Aécio, a Temer e a esse Congresso. Dilma mentiu nas eleições, dizendo que não atacaria os trabalhadores. No entanto, seu governo não tem feito outra coisa a não ser atacar os direitos e as condições de vida dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre para defender o lucro de bancos e grandes empresas.
Não podemos aceitar que os ricos joguem a crise nas costas dos trabalhadores. Queremos emprego, salário, teto, saúde, educação, nenhum direito a menos e o fim de toda corrupção. Defendemos que o governo e o Congresso (e também os governadores dos estados) façam um ajuste nos banqueiros, suspendendo o pagamento da dívida pública a eles e não corte verbas sociais, direitos e empregos dos trabalhadores.
Por isso dizemos que não basta tirar a Dilma. É necessário colocar para fora também toda essa corja do PMDB e do PSDB, começando pelo picareta maior do Eduardo Cunha, Temer, Aécio Neves e esse Congresso, no qual, a grande maioria dos deputados e senadores recebeu financiamento de empreiteiras (as mesmas que estão enlameadas na Operação Lava Jato), bancos, mineradoras e grandes empresas do agronegócio. Dilma, Cunha, Aécio, Temer e esse Congresso brigam entre eles para ver quem governa, mas estão juntos e unidos na hora de atacar os interesses dos trabalhadores.
Por isso sempre dissemos que o impeachment não resolve nossa situação. Em primeiro lugar, porque não adianta nada tirar Dilma para colocar Temer, ou Renan Calheiros, ou Cunha ou apoiar um Aécio Neves do PSDB, que defende as mesmas propostas para o Brasil que a Dilma está aplicando . O PSDB já conhecemos, é escolado em corrupção, privatizações e em repressão: ou bate em professores como o governador do Paraná, ou nos estudantes, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Tem que sair todos eles. Em segundo lugar, porque o Congresso Nacional é um antro de corruptos, comprometidos com empreiteiras, banqueiros, latifundiários e mineradoras como a Vale/Samarco e todos eles vão continuar atacando nossos direitos para defender os bancos e as grandes empresas.
Então, frente ao quadro que se abre com este novo fato que se produz com a acolhimento do pedido para abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma, queremos reafirmar nossa opinião: Somos a favor de colocar para fora o governo do PT, o Eduardo Cunha-PMDB, o Temer-PMDB, o Aécio Neves-PSDB e também esse Congresso, cuja ampla maioria de deputados é corrupta. Esse Congresso Nacional não tem nenhuma legitimidade para decidir quem deve ser Presidente e nem para tirar direitos dos trabalhadores, enquanto aumentam seus próprios salários.
Os trabalhadores e a maioria do povo não devem apoiar Dilma, nem apoiar Cunha-Aécio, que defendem que governe Michel Temer ou Aécio Neves com esse Congresso. A classe trabalhadora e a juventude precisam ir à luta em defesa das suas reivindicações e contra todos eles. É através da mobilização para botar todos eles para fora, em defesa das nossas reivindicações e contra o ajuste fiscal que todos eles defendem, que podemos construir uma alternativa dos de baixo para governar o país.
De imediato, se ainda não temos uma organização dos trabalhadores e do povo pobre apoiada nas suas lutas para governar, que é o caminho que pode garantir mudança de verdade, então que se convoquem novas eleições gerais no país, para presidência da República, senadores, deputados federais e governadores. Que o povo possa trocar todo mundo, se quiser. O que não dá para aceitar é que qualquer um desses que estão aí hoje governem.
Nós continuamos acreditando que o único caminho para promover as mudanças que os trabalhadores precisam em nosso país, é através da nossa mobilização, da nossa luta. Precisamos unir os trabalhadores em uma Greve Geral, em defesa dos nossos direitos e por mudanças efetivas no país. Chamamos a todas as organizações políticas, sindicais e populares dos trabalhadores e da juventude, para somamos força na construção dessa mobilização. Ela é a única forma de evitar que a solução da crise que vive o país seja mais um ato deste espetáculo circense que estamos assistindo em Brasília.
E é também a luta dos trabalhadores e trabalhadoras que pode criar as condições para que possamos ter em nosso país um governo socialista dos trabalhadores, sem patrões e sem corruptos, que se organize e funcione de forma completamente diferente do que temos hoje em nosso país. Que seja constitua a partir de conselhos populares, se apoie na luta e na organização da nossa classe.
Só um governo assim vai acabar com o domínio dos bancos e das multinacionais sobre o nosso país e o nosso povo, e vai aplicar um programa econômico que atenda as necessidades da classe trabalhadora e do povo pobre. Só um governo da nossa classe vai mudar nosso país e acabar com toda forma de violência contra o povo pobre e a juventude negra da periferia, pondo fim ao racismo, ao machismo e à LGBTfobia. Só um governo da nossa classe vai mudar o Brasil, construir uma sociedade socialista e assegurar vida digna a todos e todas.
Fora Dilma, Cunha, Temer, Aécio e esse Congresso Nacional!
Fora todos eles!
Eleições gerais já! De presidente a deputado, senador a governador, que o povo possa eleger e trocar quem quiser!
Por emprego, salário, teto, saúde, educação e fim de toda corrupção! Que os ricos paguem pela crise.
É necessário construir a Greve Geral em defesa dos direitos dos trabalhadores!
Por um governo socialista dos trabalhadores, sem patrões e sem corruptos!

terça-feira, 24 de novembro de 2015

CONSULTORES NÃO SÃO EMPECILHOS PARA A REFORMA DO PCCV, FANTASMAS SIM!

FANSTAMAS recebem mais de R$ 18 mil mensais e não sabem, sequer, onde fica o Sítio do Rangedor.
24/11/2015 
SINDSALEM

O Sindsalem vem a público esclarecer uma série de inverdades que foram espalhadas por assessores de deputados durante a greve geral dos servidores estáveis e efetivos da Alema. Antes de mais nada, a diretoria do Sindicato ressalta que os Consultores Legislativos NÃO REPRESENTAM EMPECILHO para a reforma do PCCV, mas os FANSTAMAS sim, pois recebem mais de R$ 18 mil mensais e não sabem, sequer, onde fica o Sítio do Rangedor. 

Dito isso, outros boatos devem ser desmentidos. O primeiro deles, e um dos mais propalados nos corredores da Alema, era o de que os servidores “queriam ter um salário superior ao de um deputado”. Embora isso seja legalmente possível (como veremos a seguir), tal informação não condiz com a realidade nem com a reivindicação dos servidores. 

Explica-se: o salário de um Deputado Estadual, por lei, deve equivaler a 75% do salário de um Deputado Federal, que hoje é de R$ 33.763,00 (Decreto Legislativo nº 276/14), ou seja, algo em torno R$ 25.322,00. Já a remuneração dos agentes públicos, em especial, a dos servidores estáveis e efetivos da Alema, levando em consideração o art. 97, § 6º, da Constituição Estadual, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 35 de 29/05/13, está limitada a 90,25% do teto remuneratório fixado para Ministro do STF (agora em R$ 33.763,00), podendo, portanto, chegar até R$ 30.471,10, montante superior ao que recebe um Deputado Estadual. 

No entanto, à luz da tabela salarial do novo PCCV, o maior salário a ser pago em fim de carreira, excluindo o índice inflacionário, seria para os Consultores Legislativos, na ordem de R$ 21.257,49. Diga-se de passagem, que, pela importância desses servidores, esse valor deveria ser mais alto, porém, está abaixo do que ganha hoje um Deputado Estadual maranhense. 

Outro elemento importante a ser destacado é que, se aprovada a tabela remuneratória proposta, nenhum dos Consultores Legislativos receberia atualmente o valor supracitado, visto que os mesmos, por estarem na classe B, nível 1, passariam a receber apenas R$ 16.665,90. Além disso, para atingir a última classe (C, nível 3), levariam mais de 10 anos. Destaca-se, por oportuno, que apenas oito (8) dos 11 (onze) Consultores Legislativos estão na classe B, nível 1, e os outros 3 estão em início de carreira, ou seja, na classe A, nível 1, o que significa, segundo a proposta, que passariam a receber somente R$ 14.387,90. Diante disso, o Sindsalem ratifica: não é verdade que os servidores “querem ter um salário superior ao dos deputados”, como fora dito por assessores. 

Outra inverdade divulgada durante a greve era a de que os servidores “queriam 70% dos cargos de indicação dos deputados”. De fato, o que a categoria almeja é ter maior participação nos cargos administrativos que não pertencem aos deputados, pois os cargos disponibilizados aos mesmos são de natureza política, correspondendo a 19 assessores. 
A verdade é que os Deputados maranhenses estão envoltos numa cultura de que todos os cargos da Alema são exclusivos de suas escolhas. Isso faz com que muitos achem normal disponibilizar, a exemplo, para a senhora Lilian Dias Alves, o cargo de Diretora Legislativa com salário no valor R$ 18.597,00. Com uma agravante: a titular não sabe nem onde fica a sua sala. 

Diante do exposto, percebe-se que os assessores históricos - com medo de perder espaço – agiram de má-fé, tentando distorcer a proposta de reforma do PCCV e utilizar – sem sucesso - os Consultores Legislativos como plano de fundo para isso. A Diretoria do Sindsalem, definitivamente, não vai permitir tal manobra. Fica o aviso.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

LIT-QI: Frente aos atentados em Paris


A França viveu uma de suas noites mais dramáticas em muitos anos. O terror tomou conta de Paris a partir de uma série de atentados suicidas realizados em oito pontos da cidade que, segundo contagem parcial, deixaram ao menos 127 mortos e mais de 200 feridos, muitos deles em estado grave.
 
A maioria morreu baleada na casa de shows Bataclan, lotada de pessoas que assistiam a um show de música. Houve outros ataques, com bombas e fuzis automáticos, em restaurantes próximos e até nas imediações do Estádio da França, enquanto ocorria um jogo amistoso de futebol entre as seleções da França e Alemanha. Após a explosão de um dos "homens bombas", a multidão que assistia à partida correu aterrorizada e chegou a ocupar o gramado do jogo. Oito agressores morreram ao disparar seus cinturões carregados de explosivos.
 
Estamos diante de um dos maiores atentados terroristas em uma capital europeia em décadas. Este fato só é comparável com o ataque ao metrô de Madri realizado em 11 de março de 2004, quando a Al Qaeda reivindicou o assassinato de 191 pessoas, no atentado que também deixou 2000 feridos.
 
O presidente francês, François Hollande, respondeu rapidamente com frases como "o combate (contra os terroristas) será sem piedade", "França será implacável". Nesse sentido, suas primeiras medidas foram a imposição do estado de emergência em toda França e o anúncio do fechamento total das fronteiras. Também ordenou a mobilização do exército, mandando imediatamente mais de 1500 soldados às ruas, que se somaram aos 7000 que patrulham Paris permanentemente desde o atentado à sede do semanário satírico Charlie Hebdo, perpetrado em janeiro deste ano.
 
Passada a madrugada, Hollande realizou novas declarações públicas no Elíseo, sede oficial do governo, e assegurou "não ter dúvidas" de que o responsável dos atentados seria o Estado Islâmico. "É um ato de guerra que foi cometido pelo ISIS (sigla do grupo em inglês) contra os valores que defendemos". O presidente francês, além disso, fez alusão ao fato de que os terroristas teriam atuado com "cúmplices dentro do país".
 
Frente a estes fatos, declaramos:
 
1. Nosso completo repúdio aos atentados que tiraram a vida de pessoas inocentes em Paris. Expressamos nossa solidariedade com os feridos e com as famílias das vítimas fatais. Sentimos profundamente a dor do povo parisiense.
 
2. O Estado Islâmico assumiu a autoria dos atentados. Isso não deve surpreender ninguém, pois se trata de um "partido-exército" que defende um programa teocrático ultrarreacionário e se vale de métodos fascistas para aterrorizar e escravizar populações inteiras da Síria e Iraque. Estes tipos de ações, inscritas no chamado método do "terrorismo individual", poderia parecer a alguém "antiimperialista" pelo fato de ter ocorrido em uma importante capital como a francesa. Mas isso está longe da verdade. Estamos frente a uma ação claramente reacionária, que será usada contra a classe trabalhadora europeia e imigrante. Na verdade, trata-se de ataques a pessoas comuns, muitas delas trabalhadoras. Isto é, não só não estão dirigidos contra os capitalistas nem "debilitam" os estados imperialistas, mas o contrário, os "fortalecem" - ao menos por um tempo - pois oferecem argumentos aos governos para realizar uma escalada repressiva e reacionária contra as minorias étnicas, religiosas, ou contra o movimento operário e a esquerda em geral. Neste caso, seguramente a ofensiva será contra os imigrantes árabes, muçulmanos e contra as dezenas de milhares de pessoas que chegam, ou tentam chegar, no caráter de "refugiadas" do Oriente Médio. A imprensa burguesa tentará associar, uma vez mais, o  "islamismo com o Estado Islâmico, ainda que tal comparação seja completamente falsa e absurda.
 
3. Ao mesmo tempo, o justo repúdio ao Estado Islâmico e seus métodos não devem impedir de condenar a enorme e asquerosa hipocrisia de Hollande, do ex-presidente francês Nicolás Sarkozy, Obama, Merkel, etc., que tratam de hastear a bandeira de uma suposta defesa da "humanidade" e da "democracia" ante à "barbárie terrorista", quando tem promovido terríveis invasões terrestres (como as do Iraque e Afeganistão) que causaram centenas de milhares de mortos no Oriente Médio e atualmente encabeçam bombardeios na Síria e Iraque. Os governos europeus e dos EUA, por mais que insistam em invocar a luta da "civilização contra a barbárie", são os principais responsáveis pelo selvagem terrorismo de Estado em todo o Oriente Médio. As marcas das suas garras imperialistas se remontam desde os séculos de colonialismo - no caso dos franceses, por exemplo, na Argélia - na região, passando pela imposição e a manutenção de ditaduras sangrentas - como a de Bashar Al-Assad, na Síria, até chegar nos genocídios de populações inteiras através de suas intervenções militares, em que também consideramos a histórica limpeza étnica na Palestina. Por isso, é necessários rechaçar categoricamente os métodos atrozes do Estado Islâmico, mas sem esquecer por um segundo, e muito menos calar, que os maiores terroristas da história humana são as potências imperialistas.
 
4. O cinismo desses senhores não tem limites. A imprensa internacional já começou a falar do "11 de setembro francês" e muitos defendem abertamente uma "guerra total contra o terrorismo" ao estilo de George W. Bush. Neste sentido, nos opomos a todas as medidas repressivas que Hollande anunciou: estado de emergência e mais militarização. Certamente, isso será usado contra os imigrantes que a duras penas tentam ganhar a vida na França e outros países europeus. O fechamento das fronteiras está claramente associado com a política de não acolher mais refugiados, em momentos em que presenciamos a maior onda migratória na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Para aplicar todas essas medidas reacionárias, Hollande e os demais governos europeus se apoiarão no inevitável fortalecimento do clima de racismo e xenofobia que este tipo de atentado alimenta. Partidos de extrema direita, ao estilo Le Pen e outros, sem dúvida, se servirão deste clima para tentar responsabilizar e perseguir diretamente os refugiados que fogem da guerra na Síria e de outros países do Oriente Médio. A política de Hollande e do imperialismo europeu convoca a uma suposta "unidade nacional e internacional contra o terror", mas alertamos que esta retórica é apenas uma cortina de fumaça para atacar as liberdade democráticas dos próprios povos europeus e para perseguir com sanha os imigrantes e refugiados.
 
5. A esquerda mundial, especialmente europeia, e todo o movimento operário, social e defensor dos Direitos Humanos devem rechaçar nas ruas o conjunto dessas medidas repressivas e discriminatórias do governo francês, que o Estado Islâmico, com seus métodos terroristas, melhorou as condições para que sejam aplicadas.
 
Toda nossa solidariedade às vítimas e suas famílias!
 
Abaixo as medidas repressivas de Hollande, facilitadas pela ação terrorista do Estado Islâmico!
 
Contra qualquer tipo de xenofobia e islamofobia!
 
Asilo imediato e irrestrito a todos os refugiados que chegam à França e à Europa!
 
Secretariado Internacional
 
São Paulo, 14 de novembro de 2015