quarta-feira, 17 de julho de 2013

Seis conclusões sobre o caráter da mobilização popular após o 11 de julho

Ozzi, de Jacareí (SP) do Site Oficial do PSTU
Dutra é fechada por manifestantes no dia 11 de julho
Foto: Sindmetal/SJC
Classe trabalhadora entra em cena
É preciso tirar conclusões sobre o que está acontecendo. A primeira delas é que a classe trabalhadora entrou com muita força no movimento puxado pela juventude. Essa foi uma das maiores greves gerais de nossa história, semelhante às greves da década de 1980.
A segunda conclusão é que as manifestações de rua ganham “novas” ferramentas de apoio, tradicionais do movimento operário: as greves e paralisações. Foi a classe operária em cena, com seus métodos, dando prejuízo de bilhões à burguesia, quem deu o recado no dia 11, contra tudo o que está aí.
A terceira conclusão é que não é só por 20 centavos que os trabalhadores fizeram greve. Aliás, a maioria dos que fizeram greve vai de ônibus fretado ao trabalho, são trabalhadores de empresas multinacionais como as montadoras, tem carteira assinada. A greve foi claramente política. Foi um grito contra todo o sistema político. Foi muito mais uma greve contra a política dos governos, contra os próprios governantes e seus partidos tradicionais, sua corrupção, seu mau-caratismo. Mudou de vez o foco do protesto. Começou com o transporte há um mês atrás, agora é todo o sistema, e quem achar que o movimento reivindica só transporte precisa se convencer do caráter mais geral das reivindicações.
A quarta conclusão que podemos tirar é que o movimento é de esquerda, por suas reivindicações e seus métodos. Greve geral contra o sistema político, contra os governos, por direitos básicos como transporte, saúde e educação, é movimento de esquerda. Não precisa ter um partido de esquerda à frente do movimento para definir seu caráter. A direita está com medo, basta ler os jornais.
A quinta conclusão é que é preciso fortalecer uma alternativa real de mudança. O movimento precisa de estratégia. O Brasil precisa de uma revolução social, precisa acabar com a divisão do povo em classes sociais. Só assim poderemos conquistar e, principalmente, manter as conquistas que arrancamos dos senhores do poder. O movimento tem que lutar pelo socialismo.
Alternativa
No dia da greve assistimos a CUT, a Força Sindical e políticos da burguesia disputando os rumos do movimento. Estas centrais e estes políticos, em sua maioria, foram a sustentação deste governo que enfrentamos. São as bases das categorias que pressionam a CUT e a Força Sindical para fazerem greve mas, contraditoriamente, são justamente estas centrais que elegeram Lula e Dilma. A greve acontece apesar destas centrais e não devido a elas. Estas direções não querem mudar radicalmente a política no país, querem apenas manter o controle dos sindicatos e barganhar privilégios políticos. Sua estratégia é capitalista. Temos que nos aproveitar desta contradição para dialogar com as bases, apesar de suas direções. Por isso devemos fortalecer a CSP-Conlutas, que é a única central independente deste país.
É preciso ter claro que os ricos deste país não vão entregar seus privilégios facilmente. A democracia das ruas já está enfrentando a ditadura das armas. O século XX é o século das grandes revoltas populares que sacudiram a humanidade e mesmo assim o mundo continua capitalista. O socialismo é atual e única saída. O socialismo é poder econômico na mão do trabalhador, é a democracia da maioria. O socialismo é a educação pública que o povo pede hoje nas ruas, é a saúde de qualidade que nós pintamos nos cartazes, é o transporte gratuito que tanto que queremos, é a política honesta porque seu interesse não é o dinheiro, é o fim da inflação, da fome e concentração da riqueza nas mãos de poucos. Temos que ir até o final na tarefa de construir o socialismo, temos que expropriar, coletivizar e socializar a riqueza.
Nós temos que construir uma ferramenta de luta que reúna o que existe de mais necessário ao nosso movimento hoje: uma estratégia socialista e uma organização adequada à necessidade de combater a burguesia. Só com estratégia clara e disciplina férrea vamos conseguir isso. Só com um partido político revolucionário, que agrupe operários, camponeses e estudantes vamos fazer o socialismo. Esse partido que precisamos não é igual aos outros e esta é a sexta conclusão. Os partidos não são todos iguais. O PSTU é diferente. Enfrentou a polícia nos atos de rua lado a lado com o povo, por isso é diferente. Propôs e organizou a greve geral do dia 11 de julho, por isso é diferente. Enfrentou a desconfiança do povo com os partidos para provar que nem todo partido é corrupto e inimigo do povo, por isso é diferente.
O PT, por meio da CUT, quis boicotar ou desviar os motivos da greve para apoiar Dilma. O PSDB não se moveu neste dia, assim como os demais partidos burgueses. O PSOL não acreditou na força do movimento e se absteve na votação da greve do metrô de São Paulo, o que impediu a paralisação do principal meio de transporte da capital econômica do país. A organização política LER-QI, de maneira lamentável, foi além do peleguismo e seus militantes defenderam contra a greve do metrô. Trabalharam orgulhosamente neste dia para trair o movimento nacional dos trabalhadores.
Na greve geral os trabalhadores do PSTU organizaram por dentro das empresas as paralisações. Nossa juventude foi para a porta das fábricas apoiar os trabalhadores e fez um chamado a todos os ativistas para organizarem a paralisação. Mais do que nunca, é preciso saber diferenciar os partidos políticos e reafirmar o formato de organização do nosso partido. Todas as nossas atividades foram discutidas e decididas em reuniões, coletivamente. E depois atuamos juntos nas mesmas atividades, golpeando a burguesia com um punho só, sem divisões. Nenhum parlamentar ou figurão falou em nome de nosso partido sem antes ter se submetido ao coletivo partidário. Isso é democracia. Só com um partido com a mais férrea disciplina e democracia interna a serviço de uma estratégia socialista podemos fazer uma revolução social. Está na hora de fortalecer esta alternativa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário