quarta-feira, 26 de junho de 2013

"OPORTUNISMO NÃO É LEVANTARA AS BANDEIRAS, MAS AO CONTRÁRIO, ESCONDÊ-LAS".

Escrito pelo Professor e Militante do PSTU Valério Arcary

 
Os símbolos são menos importantes que as ideias. É verdade. Não é uma questão de princípios levantar bandeiras em todos os atos. É uma escolha tática, portanto, em última análise, depende da correlação de forças. Debaixo de uma ditadura não levantamos bandeiras, senão seremos presos. E só idiotas agem sem medir a consequência de seus atos. Não somos nem gente teimosa, nem obtusa. Mas há uma questão de princípios envolvida na polêmica sobre baixar ou não as bandeiras.
Queremos apresentar nossa opinião, com franqueza, para toda a esquerda e, em especial, para os mais jovens. Sabemos que têm dúvidas. É razoável ter dúvidas. Afinal, são milhares gritando “sem partido!” e isso impressiona. Mas é bom saber que a luta política é quase sempre assim, difícil, porque é contra a maioria.
Quando estamos diante de grandes mobilizações de massas, com milhares de pessoas, em condições de liberdades democráticas, em que não seremos presos pela polícia, não é somente um direito, mas, também, um dever dos socialistas levantar as suas bandeiras. Muitos concordam conosco que é um direito, o direito elementar à liberdade de expressão, mas discordam que é um dever. Queremos explicar porque é um dever. Nossa opinião é que oportunismo não é levantar as bandeiras, mas o contrário, escondê-las.

Os revolucionários podem e devem usar os métodos conspirativos contra a polícia, os patrões, e todos os inimigos para se proteger. Em condições adversas, entramos na clandestinidade, se necessário. Mas, ainda nessas condições extremamente difíceis, com as mediações de segurança necessárias, não escondemos pelo que lutamos diante dos ativistas. E o fazemos porque os socialistas têm o dever de não se esconder do proletariado.

O que nos faz agir assim é simples: a honestidade política nos obriga a dizer quem somos, e qual é o nosso programa. Sabemos que o proletariado não concorda, atualmente, com o projeto da revolução brasileira. Sabemos que hoje estamos em minoria. Mas só poderemos ser maioria, um dia, quando se abrir uma situação revolucionária, se tivermos a coerência e honradez de defender o programa enquanto formos, paciente, porém, corajosamente, uma minoria. Confiamos no proletariado e na sua vanguarda, porque é com eles que queremos fazer a revolução brasileira. Confiamos nos trabalhadores, até quando eles mesmos não confiam em si próprios. Queremos mudar o mundo, mas, para isso, é preciso mudar as pessoas. Mudar as pessoas é fazer política, e a luta política é uma luta educativa.

Somos honestos, e dizemos quem somos e pelo que lutamos. E isso não é fácil. Porque, a maior parte do tempo, defendemos ideias revolucionárias em situações políticas em que a maior parte dos trabalhadores não concorda conosco. Seria mais fácil nos adaptarmos, e dizer somente aquilo que a maioria, nas fábricas e escolas, quer ouvir, porque já concordam. Queremos ser um instrumento de organização para que eles, trabalhadores e jovens, possam lutar e vencer contra o capitalismo. Não escondemos nossa identidade, não nos mascaramos atrás de siglas obscuras e mutantes, não apresentamos nossas ideias pela metade. Não queremos o apoio fácil, não queremos ser votados sem que os trabalhadores saibam em quem estão votando. Não somos oportunistas, somos honestos.
Não o fazemos porque queremos “aparecer”. Não somos uma marca que precisa de publicidade. Não estamos vendendo nada. Estamos defendendo um programa. Não somos surfistas das lutas, somos parte, lado a lado, dos agitadores e organizadores das lutas. Quem esteve nas greves e lutas dos últimos quarenta anos pode não concordar conosco, mas não pode negar nossa dedicação, honestidade e coragem. Já tivemos erros (e quem não teve?), mas sempre estivemos do lado certo das barricadas. Sempre estivemos ao lado dos trabalhadores, da juventude, dos explorados e oprimidos.

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