domingo, 25 de julho de 2010

Marcos Silva afirma que o PSTU mostra a força da esquerda no Maranhão


Do site de Manoel Santos

O candidato a governador do PSTU, Marcos Silva, orgulha-se de dizer que é um operário. Ele tem 44 anos de idade e está convencido de que a oligarquia Sarney é a força política supremamente responsável pelos baixos indicadores sociais e econômicos do estado. Com um discurso radical, Silva diz que não tem como o Maranhão mudar nem com Dilma Roussef (PT) nem com José Serra (PSDB) e muito menos com Marina Silva (PV). Com a experiência de quem trabalhou 12 anos na extinta Companhia de Produtos Agropecuários do Maranhão (Copema), no cargo de eletricista de manutenção industrial, Marcos Silva diz que conquistou respeito profissional por sua agilidade e competência técnica. Ele assinala ainda que ganhou o respeito político pela sua prática justa, sensata e sempre na defesa dos interesses da classe trabalhadora.
Em 1997 o governo de Roseana, contrariando convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) à qual o Brasil é consignatário, demitiu arbitrariamente Marcos Silva, sem adesão ao Plano de Demissão Voluntária (PDV). Atualmente, ele é trabalhador urbanitário do setor de saneamento ambiental e já tem publicados diversos textos na defesa do financiamento público para o saneamento básico.
Ele defende a Caema como instituição pública e moralizada, que significa a valorização dos trabalhadores da empresa e o atendimento a 100% dos domicílios maranhenses com água potável e coleta e tratamento do esgoto a fim de assegurar melhor qualidade de vida humana e ambiental. Defende também a reestatização da Cemar para assegurar uma tarifa de energia mais barata e a democratização da riqueza produzida pelos trabalhadores. Eis a seguir a íntegra da entrevista de Marcos Silva:

Jornal Pequeno – Como será a participação do PSTU nas próximas eleições de outubro no Maranhão?

Marcos Silva – Enfrentaremos muitas dificuldades, pois as eleições burguesas não asseguram condições de igualdade na disputa. Os nossos recursos financeiros são escassos diante das necessidades para produção de panfletos, programas de TV e rádio, bem como assegurar as viagens para o interior do estado.
O nosso partido conta só com a contribuição espontânea da militância e de setores da classe que já alcançaram uma consciência transformadora. Nosso tempo de TV é reduzido diante dos demais partidos. Não contaremos com estruturas de carro de som etc. No entanto, estas dificuldades não desanimam o nosso partido, pois o nosso referencial é a classe trabalhadora.
Não aceitamos dinheiro de empresários e faremos de tudo para que a “consciência da classe para si” faça a diferença, pois a humanidade, como dizia Rosa Luxemburgo, está entre “o socialismo ou a barbárie”. E o nosso partido utiliza todos os espaços para demonstrar que só a classe trabalhadora tem a possibilidade de arrastar todos os setores explorados e oprimidos no capitalismo para a construção do socialismo.

JP – Serão quantos candidatos do partido à Assembleia Legislativa e à Câmara dos Deputados? Ao todo, são quantos candidatos do PSTU?

Marcos Silva – Teremos um candidato para representar nosso sentimento político no Parlamento estadual – o professor Ramon Zapata. E na Câmara Federal, o economista e dirigente sindical bancário da Caixa Econômica Eloy Natan.

JP – O que representa, no atual cenário político do Estado, a candidatura de Marcos Silva ao governo do Estado?

Marcos Silva – O Maranhão é um estado agraciado por uma localização geográfica formidável. Mais de 331 mil km², uma rica bacia hidrográfica com rios perenes, um dos maiores litorais do Nordeste, um povo misturado entre indígenas,afrodescendentes e outras etnias, que nos assegura um destaque de uma riqueza cultural imensa. No entanto, esta situação contrasta com dados econômicos e sociais que fazem com que dos mais de 6 milhões e trezentos habitantes seja extraída a seguinte situação: um PIB estadual abaixo de 1% do PIB nacional, para uma população acima de 3%. Isto significa que para três maranhenses dois não têm acesso à produção. Mais de 700 famílias dependem do Bolsa Família. Isto significa que mais de 3 milhões de maranhenses sobrevivem com renda mensal inferior a 120 reais. 19,5% da nossa população acima de 15 anos é analfabeta, não sabe ler nem escrever, sendo que esse índice, considerando só a população branca é de 14,9%, e em se tratando da população negra aumenta para 23,3%, somando os que se julgam pardos o índice é de 20,5%. Em se tratando dos que lêem mas não entendem o índice vai para 33,2% analfabetos funcionais.
Do ponto de vista do saneamento básico 72,03% da população tem rede de água potável, quanto à coleta de esgoto apenas 13,36%. A maioria dos municípios não possui serviços de drenagem urbana tecnicamente corretos e são deficientes na coleta e no tratamento do lixo.
Além disso, a desigualdade no campo com a concentração fundiária que faz com que mais de 80% do nosso território esteja nas mãos do latifúndio moderno (bancos, grandes empresas e o agronegócio) um alto índice de violência no campo, mais de 15 mil famílias vítimas de conflitos agrários.
Em se tratando do desemprego, só em São Luís são mais de 200 mil desempregados cadastrados no Sine à espera de emprego. Esta realidade não é produto de uma ação divina ou uma catástrofe da natureza, é resultado da ação de políticos que enriqueceram às custas do sacrifício do nosso povo, que além de ter que conviver com o sistema capitalista contam com a dominação perversa de uma oligarquia que construiu um império de comunicação, muitos investimentos em empresas, a maioria fora até do estado e uma riqueza patrimonial e financeira de dar inveja a burguesias do Primeiro Mundo.
Neste sentido só há uma forma de reverter este quadro: é a mobilização dos trabalhadores e da juventude para impor um programa que coloque na ordem do dia a reforma agrária (coletivização das terras) para aumentar a produção de alimentos; um programa de desenvolvimento industrial que tenha como lógica as necessidades do nosso povo e a universalização dos serviços públicos. Nossa candidatura está a serviço desta missão.

JP – Qual sua análise da atual representação do Maranhão no Senado da República? Cafeteira? Mauro Fecury? Sarney?

Marcos Silva – A própria situação econômica e social do Maranhão já responde esta pergunta. No entanto, eles só são senadores porque detém um poder econômico e de mídia para enganar o nosso povo. É uma vergonha!

JP – O que significa a candidatura de Luiz Carlos Noleto e Claudicéa Durans ao Senado da República?

Marcos Silva – É um companheiro e uma companheira que são parte da classe trabalhadora e se dedicam à luta pelo socialismo, contra a opressão e a exploração do nosso povo.

JP – E o que dizer do candidato a vice-governador Hertz da Conceição Dias, o Hertz Dias?

Marcos Silva – Tenho a felicidade de ter como vice um companheiro de uma trajetória de vida, luta e profissional inquestionável. Um companheiro que historicamente se dedicou à organização da juventude de periferia, à luta contra o racismo e foi por diversas vezes vítima de violência policial. No entanto, nunca abandonou a defesa do socialismo ao mesmo tempo em que se dedicou aos estudos acadêmicos. Graduado em História e mestre em Educação pela UFMA é hoje um intelectual não só orgânico da nossa classe, mas também acadêmico. Hertz da Conceição Dias, pela sua própria experiência de vida, dispensa comentários.

JP – Quantas eleições o senhor já disputou?

Marcos Silva – Desde a fundação do PSTU que tenho contribuído politicamente em eleições. O importante nesta pergunta é ficar claro que a cada eleição amplia-se o espaço ocupado pelo partido eleitoralmente e politicamente. Tenho todos os dados em mente, no entanto é redundante falar de eleição por eleição. O passado a gente não muda, serve para análise, o futuro sim. De forma que nesta eleição a consciência da classe poderá fazer a diferença. Destaco que em 2006 fui impedido de disputar a eleição através de uma manipulação jurídica até hoje inexplicável. Tive em São Luís 12.066 votos e mais de 16.000 em todo o estado, com 50 segundos de tv e sem sequer uma “bike som”.

JP – O que é importante destacar no programa de governo do PSTU?

Marcos Silva – O nosso programa não atenderá às necessidades das multinacionais, da burguesia e nem das oligarquias. Será um instrumento construído coletivamente, uma síntese das verdadeiras necessidades do nosso povo.

JP – Por que o PSTU preferiu não coligar com nenhum outro partido, para estas próximas eleições?

Marcos Silva – Desde 1994 temos construído nossa disputa eleitoral assentada em uma tática com independência de classe, enfrentando a oligarquia Sarney, que na época era aliada de FHC (PSDB), que privatizaram empresas públicas e nacionais como a Vale do Rio Doce e a Embratel, e aqui no Maranhão Roseana liquidou e privatizou várias empresas públicas – Copema, Cemar, Emater, Comaba e Codagro – e entregou o BEM para ser privatizado.

E todo este processo nós enfrentamos com o petismo que dirigia a maioria dos sindicatos a CUT e foram totalmente inoperantes na construção da unidade da nossa classe para derrotar FHC e a oligarquia Sarney. Portanto, temos clareza da importância da unidade da classe e no campo da política. Nosso leque de aliança inclui PSOL e PCB. De forma que demos uma batalha para construirmos a unidade nacionalmente e no estado. Lamentavelmente, problemas de balanço e posturas políticas impossibilitaram a unidade no momento. Mas, continuaremos na busca da unidade nas lutas diretas da classe.

JP – Qual a posição do PSTU do Maranhão em relação à sucessão presidencial?

Marcos Silva – O PSTU entende que há uma falsa polarização entre os projetos de Dilma e Serra, e que Marina Silva do PV de Sarney Filho não significa alternativa a esta polarização. Por isso, lançamos a candidatura de um operário, o socialista Zé Maria de Almeida e nós do Maranhão temos o orgulho de apresentar como candidata à vice-presidência da República a companheira Cláudia Durans – mulher, negra, professora doutora da UFMA, maranhense.

JP – Como o senhor avalia as demais candidaturas ao Senado: Lobão, João Alberto, Vidigal, Zé Reinaldo, Roberto Rocha, Professor Adonilson etc?

Marcos Silva – O PSTU tem o companheiro Noleto e a companheira Claudicéa Durans concorrendo ao Senado, na defesa da nossa visão de mundo e com o objetivo de cumprir nossa missão partidária. Os candidatos do PMDB e da oposição vacilante representam um projeto nos limites da ação burguesa. Agora, quero também destacar que merece nosso respeito o candidato do PSOL Paulo Rios pela sua história de luta.

JP – Como o senhor avalia a candidatura da governadora Roseana Sarney à reeleição?

Marcos Silva – A oligarquia Sarney é a força política supremamente responsável pelos indicadores sociais e econômicos do nosso estado. Vejamos só um pouco da história. Não é uma avaliação política, já é efeito e causa, exposto até por vários intelectuais (Alfredo Wagner, Luiz Rios, Wagner Cabral, Fátima Gonçalves e outros). Sarney quando governador implementou a lei da terra, situação esta que contribuiu decisivamente para a desigualdade e violência no campo e o êxodo, ou seja, praticou um projeto que entregou as nossas terras às grandes empresas de fora do estado em vez de praticar a reforma agrária.
No mais seguiu todas as orientações do governo central (os militares), freando as possibilidades de mobilização social do Maranhão na construção de um projeto de desenvolvimento próprio do estado.
Já em 1995, quando a Roseana assume o governo segue à risca as orientações do pai Sarney e se subordina a política de FHC de liquidação e privatização da pouca capacidade produtiva propriamente dita do Maranhão. Além do mais o projeto de desenvolvimento de Roseana, que incluiu o pólo de desenvolvimento de confecção de Rosário, aliado a um chinês, deixou somente dívida para os trabalhadores cooperativados e a amargura do desemprego.
Toda esta situação gerou um sentimento profundo de revolta no povo do Maranhão e que em 2006 confluiu com a derrota eleitoral da oligarquia Sarney, não conformados perseguiram judicialmente no plano nacional, uma armação para cassar Jackson e retomarem o controle da máquina do Estado. Hoje desesperadamente tentam se manter com propagandas midiáticas de um minuto sustentadas com dinheiro público agenciadas por agentes publicitários que levam uma grande fatia de recursos públicos para as empresas de tv, rádio e jornais da família Sarney. O mais lamentável é que talvez não paguem bons salários aos trabalhadores, embora tenham bons profissionais.

JP – E as candidaturas ao governo de Jackson Lago, Flávio Dino, Saulo Arcangeli etc?

Marcos Silva – Com relação ao companheiro Saulo Arcangelli é uma questão de tempo para estarmos juntos. No segundo turno estaremos um apoiando o outro ou os dois na campanha do voto nulo. Com relação a Jackson e Flávio Dino, pelo que representam, já demonstram a incapacidade da construção das verdadeiras mudanças que o nosso povo precisa. Não se muda o Maranhão com Dilma Roussef, nem mesmo com Serra e muito menos com Marina Silva.
Os indicadores econômicos do Brasil demonstram que somos o 10º PIB mundial, ou seja, tudo o que é produzido das empresas nacionais e multinacionais. Quando separamos a participação das multinacionais, aplicamos o PNB, caímos para o 97º no ranking mundial, perdemos para a Argentina e Chile. Em se tratando de IDH somos o 63º, o Brasil é o país mais desigual da América Latina. As quatro cidades mais desiguais do mundo estão no Brasil (Brasília, Belo Horizonte, Goiânia e Fortaleza). Temos 18 milhões de famílias que não tem sequer banheiro em casa, mais de 12 milhões de famílias tem renda inferior a 120 reais. Isto significa uma população de 44 milhões.
Estes indicadores são produtos dos governos militares, Sarney, Collor, Itamar, FHC e Lula que se aproveitam da crise mundial e do deslocamento de investimentos internacionais na busca de força de trabalho barata, recursos energéticos, fartura em águas e espaço para acomodar lixo industrial que é o resultado de crescimento econômico vivido no Brasil neste período. Por fim, a popularidade de Lula é fruto do apoio da mídia, dos banqueiros, latifundiários, grandes empresários e da boa vida dada à burocracia sindical. Nunca ganharam tanto dinheiro e mordomias como estão ganhando no governo Lula.

3 comentários:

  1. POR WERLYN SANDRO,

    SÓ O FATO DO PSTU NÃO RECEBER DOAÇÕES DE EMPREITEIROS, BANCÁRIOS, EMPRESÁRIOS... TRADUZ COM FIRMEZA O COMPROMISSO QUE O MESMO TEM COM O PROLETERIADO. OU SEJA, SÓ QUEM PODE COBRAR DO PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO É A CLASSE TRABALHADORA. SIMPLES ASSIM!

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  2. Só retifico BANQUEIROS em lugar de BANCÁRIOS

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  3. Companheiro Noleto,
    Diante dos senadores que terei que escolher, meu primeiro voto é seu. O segundo vou decidir. Mas concerteza não será o carcará nem o outro!
    Saudações sindicais
    Osvaldo

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