sábado, 11 de setembro de 2010

Mais da metade das famílias brasileiras estão endividadas Endividamento crescente é uma bomba relógio que pode explodir no acirramento da crise inter

Da redação doi site PSTU



• Por detrás do recente período de crescimento econômico no país, cresce um monstro, escondido no seio da maioria das famílias brasileiras. É o monstro do endividamento. Pesquisa do Ipea, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, realizada em agosto, mostra que a maior parte das famílias brasileiras, ou 54%, tem dívida, cujo valor médio supera R$5.400. Dessas, 37,8% disseram que simplesmente não têm como pagar as contas.

Esses dados fazem parte da pesquisa que traçou o Índice de Expectativa das Famílias (IEF), captado pelo instituto através de entrevistas realizadas com 3.810 famílias em 214 cidades. A pesquisa busca captar a expectativa das famílias em relação à economia e mostra que, embora grande parte das pessoas tenha percebido uma melhora na vida no último período e mostre certo otimismo em relação ao futuro, tal sentimento se ampara sobre um nível crescente de endividamento.




Fonte:IPEA

A pesquisa aponta que somente 22,8% das famílias esperam pagar totalmente suas dívidas. O resto espera pagar parte dela, ou avalia que simplesmente não terá condições de pagar. Ou seja, 74,5% das famílias não têm a expectativa de pagar todas as suas contas.

Das famílias endividadas, 23% têm uma dívida superior a 5 vezes o valor de sua renda mensal. Na região Norte a situação das famílias é ainda mais precária. Mais da metade, ou 53%, afirmam que não vão quitar suas dívidas. No Nordeste esse índice é também altíssimo, de 46,9%.

Bomba relógio

A pesquisa do Ipea e o alto grau do endividamento das famílias ajudam a entender não só o atual crescimento, baseado no consumo, como parte da enorme popularidade do governo Lula e da percepção de que a vida melhorou. A facilidade de se contrair crédito possibilitou o acesso de milhões a bens de consumo que antes eram bastante restritos. Com isso, as pessoas foram levadas a pensar que a vida de fato melhorou.

O emprego, os serviços públicos essenciais como Saúde e Educação, e os salários, porém, não melhoraram. Foi divulgado recentemente os dados da Pnad 2009 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Segundo a pesquisa anual do IBGE, a renda média do trabalhador era de R$ 1.106 no ano passado. Só para se ter uma ideia, em 1996 era de R$ 1.144 e em 1986, de R$ 1.238. Ou seja, visto sob uma perspectiva mais ampla, os salários estão diminuindo e o povo está ficando mais pobre, apesar do acesso ao consumo criar a ilusão de que ocorre o contrário.

O endividamento das famílias, desta forma, pode lentamente se tornar uma verdadeira bomba relógio, pronta a explodir diante do acirramento da crise econômica internacional. O próprio Ipea alerta que ”com as elevadíssimas taxas de juros ao consumidor praticadas no Brasil há muitos anos, não seria descabido temer pelo risco de inadimplência”. Com o aumento do desemprego, tal tendência seria incontrolável.

A última Pnad mostrou que em 2009 a crise no Brasil produziu 1,3 milhão de novos desempregados. Ou seja, apesar do discurso do governo e de grande parte da mídia, a economia do país continua vulnerável aos solavancos da crise. E os ventos que sopram da Europa dão apenas uma mostra do que está por vir.

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