segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Pobreza americana por JOSÉ MARTINS – Economista.

A foto não faz parte do original é de responsabilidade deste blog.

A crise econômica capitalista aumenta suas vitimas. Não é só na China, na Índia, na Etiópia e no Brasil que a pobreza e a fome fazem parte da paisagem nacional. Essas irmãs gêmeas da exploração assalariada acontecem até nas melhores famílias do maravilhoso sistema capitalista de produção. Melhor dizendo, a pobreza e a fome estão a aumentar assustadoramente na sua mais ilustre e mais poderosa família, nos Estados Unidos da América, a maior potência econômica e militar do planeta. Os números foram publicados nesta semana pelo Escritório do Censo dos Estados Unidos.

MISÉRIA IMPERIAL – O regime capitalista é revelado no Censo norteamericano como um fenômeno social. No coração do sistema. O número oficial de pobres dos Estados Unidos subiu para 43.6 milhões de pessoas, o maior dos últimos 51 anos em que esse levantamento oficial é realizado. Um em cada sete norteamericanos está abaixo da linha oficial de pobreza, definida pelo governo como o teto de renda mensal de 1.830 dólares (cerca de 3.000 reais) para uma família de quatro pessoas.

A causa? O regime capitalista de produção e suas crises periódicas de superprodução de capital e de desemprego da população: “Brandy Burkhead, 28 anos, declarou que ele perdeu seu emprego como assistente de enfermagem em Abril e não conseguiu encontrar trabalho desde então. „É uma batalha‟, diz Burkhead, de pé em uma fila de pessoas esperando ontem para concorrer a uma vaga no Tanger Outlet Center, que será aberto em Mebane, Carolina do Norte, em Novembro. „Só Deus sabe como tenho procurado por um emprego‟, diz. Burkhead e sua família de cinco pessoas subsistem com 600 dólares mensais [cerca de 1.100 reais] do seguro desemprego e mais alguma ajuda de parentes, o que os joga para abaixo da linha de pobreza.”

A “batalha” da procura de emprego em North Carolina enquanto aumenta a pobreza,A taxa de desemprego oficial dos EUA era de 5% em Dezembro de 2008. Em Agosto continuava estacionada em 9.6% da população economicamente ativa, próxima do maior índice (10.1% em Outubro de 2009) ocorrido no auge da crise. O relatório do Censo 2010 dos EUA mostra que o último período de crise (2008/2009) chamado pelos homens do mercado de “Grande Recessão”, rebaixou significativamente os rendimentos da população trabalhadora, agravando o quadro anterior de anos seguidos de salários em queda. Resultado: os últimos dez anos foram os piores dos últimos sessenta anos para os lares norteamericanos.
O que está acontecendo agora, diz o relatório do Censo, é diferente de outros ciclos econômicos anteriores. Antes, até a crise de 2000/2002, os rendimentos caíam depois de anos de crescimento nos períodos de expansão, voltando a crescer quando se encerravam os períodos de crise. Agora, o declínio dos rendimentos acontece depois de um longo período em que ficaram estagnados mesmo durante o período de forte expansão ocorrida entre 2003 e 2007.

MORADORES DE RUA EM MIAMI – As pessoas sentem no dia-a-dia esse arrocho que a mídia econômica capitalista chama de década perdida dos rendimentos das famílias: “Carol Hanlon, 58 anos, está lutando para sobreviver. Ela recebe cerca de quinze mil dólares por ano no seu trabalho de empacotar caixas de papelão em uma empresa gráfica. Seu salário e horas de trabalho foram cortados neste ano. Além disso, ela agora está sustentando o marido desempregado, que está também fora do seguro saúde, porque a empresa em que ela trabalha cortou esse seguro para cônjuges”

Contingentes cada vez maiores da população da maior potência econômica do planeta mergulham na pobreza absoluta. Esse irreversível processo social é presenciado nas ruas das principais cidades dos Estados Unidos. É uma coisa que surpreende até pessoas que vivem em países da periferia onde os moradores de rua é uma coisa muito comum, mas que nunca imaginaram que isso também poderia acontecer na sede do império: “Ontem, em visita aos Estados Unidos, o cantor René Pérez, da banda porto-riquenha Calle 13, mostrou-se surpreso com a pobreza nas ruas de Miami e iniciou uma campanha para ajudar moradores de rua. Na noite desta quinta-feira, ele convidou seguidores no Twitter a doar travesseiros, lençóis e sabonete”

Continuaremos com esse assunto, agora vendo como ficaram os ricos no mesmo período.

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Núcleo de Educação Popular - 13 de Maio São Paulo, SP. CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA Tel. (11) 8201 6059. e-mail: criticasemanal@uol.com.br EDIÇÃO nº 1035; ano 25; 3ª semana Setembro 2010.

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