Perfil de um Bobo - autor: Marisio - Trabalhador Urbanitário
O bobo se acha informado – motivo: assiste o Jornal Nacional todos os dias e, de quebra, uma novelinha pra distrair.
O bobo se acha inteligente – motivo: tem coragem de dizer que não concorda com quem diz que ele está errado, mesmo sem saber explicar a razão de achar que está certo.
O bobo se acha esperto – motivo: diz que o que ele tem que dizer, ele diz
mesmo. Presumindo com isso, que o fato de ter uma resposta na ponta da língua significa que esta é a resposta certa, tendo sempre o apoio de outros bobos.
O bobo se acha uma pessoa de destaque – motivo: acredita que todos estão sempre lhe observando e que seus passos insignificantes fazem grande diferença pra todos os que estão à sua volta.
O bobo, mesmo se achando informado, só conhece o que os outros dizem, só sabe o que os outros querem que ele saiba, mesmo que as informações não sejam verdadeiras; é um expert na era da informação das redes (Rede Globo, Rede Record, Rede TV...); sabe tudo de história (Novelas diversas); gosta de ler jornais (só as letras grandes dos títulos das matérias); tem cultura (absorve todas as crendices e costumes folclóricos que lhe empurram goela abaixo por meio da mídia local); aprecia a arte (admira a maioria das músicas das principais bandas de forró e Aché Music, mesmo sendo estas as responsáveis pelas letras mais tolas das paradas de sucesso do “mundo dos bobos” e das versões mais idiotas de músicas consagradas no Brasil e no mundo).
O bobo se informa com o que se forma no acaso espontâneo das muitas
bobagens que surgem no cenário de sua incrível perda de tempo. Às vezes até estuda, mas é como um balde furado a dois dedos de altura do fundo: mesmo que transborde de informações, tudo o que sobrará em pouquíssimo tempo são meros dois dedinhos de conhecimento, que lhe levarão a não saber o que fazer com seu diploma, mesmo achando que sabe.
O bobo, mesmo se achando inteligente, precisa das idéias dos outros para ver uma luz no fim do túnel. Embora o tal túnel seja o seu próprio umbigo, pois costuma atribuir a si mesmo as idéias que, na verdade, são de outras pessoas.
O bobo, mesmo se achando esperto, não passa de um produto teleguiado pela mídia e um objeto moldado pela demagogia de políticos que, em uma hora ele odeia e em outra ele lhe dá o voto, repetindo isso em todas as eleições.
O bobo, mesmo se achando uma pessoa de destaque, morre de medo de ouvir o seu nome ser citado em público ou chamado para contribuir com sua opinião, antes, prefere se esconder.
O bobo, mesmo se achando injustiçado, vive conformado em manter-se na mesma situação e no conforto da sua crítica anônima, que não lhe traz o risco de receber uma resposta.
Além disso, ele diz que ganha mau, sabe que ganha mau, mas lá no fundo acredita que aquilo é grande coisa e que ele não conseguiria nada melhor. O bobo vive em um mundo de privações, mas torna-se sedentário e vai deixando a vida lhe levar.
Podemos dizer que, devido ao seu perfil:
O bobo é um grande candidato a viver o resto da vida se queixando dela;
O bobo é um grande candidato a se conformar com os restos que uma pequena minoria da sociedade deixa para a grande maioria e ainda prefere concordar com o lema de todos os bobos: “ah! Sempre foi assim”;
O bobo é um grande candidato a ter que trabalhar depois de aposentado pelo fato de ter ainda uma renda muito abaixo de suas necessidades;
O bobo é um grande candidato a ter uma vida cheia de frustrações e uma
velhice cheia de arrependimentos, vivendo em um quadrado fechado, onde estes sentimentos se destacam por sobre os outros;
O bobo é um grande candidato a ser esquecido em pouco tempo;
O bobo é um grande candidato a votar em Roseana Sarney e nos demais candidatos da burguesia. (depois de Roseana Sarney foi escrito por mim)
É Roseana de novo, com a força do bobo!
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