segunda-feira, 21 de março de 2011

Nota da LIT-QI sobre a intervenção imperialista na Líbia Abaixo a intervenção imperialista no Oriente Médio e Norte da África! Abaixo Kadafi e todas


Uma nota da LIT-QI publicada no site do PSTU revela o que há por trás dos ataques liderado pelos Estados Unidos ao povo Líbio e qual deve ser a posição dos Revolucionários em relação ao Ditador Kadaf.

• O Conselho de Segurança da ONU votou uma zona de exclusão aérea para Líbia. Essa medida é parte de uma resposta recente do imperialismo contra o processo revolucionário no Norte da África e no conjunto do Oriente Médio. Para o imperialismo, o avanço da revolução árabe é uma ameaça gravíssima, pois coloca em questão um dos pilares centrais da ordem mundial, o lugar onde estão as mais importantes fontes de petróleo e do gás do mundo. Também coloca em perigo a existência do Estado de Israel, que serve como um estado policialesco e militar do imperialismo no Oriente Médio.

Diante do fato de que as revoluções na região não cessam, ameaçando se estender inclusive para a Arábia Saudita, o imperialismo decidiu intervir militarmente e conter o processo a qualquer custo, antes que perca completamente o controle. Por isso o imperialismo, após uma alta discussão e indecisão, se votou pela intervenção militar na Líbia. A mesma intervenção é parte de um contra-atraque militar coordenado em várias frentes, assumindo diferentes formas, mas com o mesmo objetivo.

Em Bahrein, sede da Quinta Frota dos Estados Unidos, diante da ocupação da principal praça da capital pelas massas que ameaçam derrubar a monarquia, e pela crise do mesmo exército do emir, incapaz de reprimir os protestos, o imperialismo resolveu intervir através das tropas da monarquia saudita e dos Emirados Árabes Unidos, seus agentes incondicionais. No Iêmen, está estimulando a feroz repressão do ditador Saleh, que tão apenas nesta semana deixou mais de 40 mortos.

A zona de exclusão aérea na Líbia
Na Líbia, o imperialismo tem tomado a decisão de intervir militarmente com suas próprias forças e sob a cobertura da ONU, decretando uma zona de exclusão aérea que se converte em uma a licença para a intervenção militar. Isso significa que as forças armadas do imperialismo, através da OTAN, estão autorizadas a atacar qualquer instalação militar líbia.




Preocupado pelo profundo desgaste criado por suas intervenções no Iraque e no Afeganistão, o imperialismo norte-americano tratou de buscar uma ampla frente para respaldar sua intervenção militar, com os demais imperialismos da Europa, além da Rússia e China e0, inclusive, com a União Árabe. Para isso utilizou como desculpa o genocídio desatado por Kadafi, visto por todo mundo pelas telas da televisão. Mas esse não é o verdadeiro motivo para a intervenção. Se fosse verdade, como explicar que ao mesmo tempo, o imperialismo apoia as monarquias da Arábia Saudita, Bahrein e o ditador do Iêmen, que estão reprimindo e assassinando manifestantes?

Qual o motivo a intervenção imperialista?
O pretexto dessa intervenção militar sob a cobertura da ONU não são os massacres de civis realizados por Kadafi. O imperialismo se aproveita da indignação generalizada contra Kadafi, voltar a intervir militarmente de forma direta em uma região onde a revolução árabe está em pleno curso.

É tal o grau de radicalização do confronto do povo líbio contra Kadafi, que o imperialismo intervém para evitar que uma guerra civil e a revolução se estendam para o conjunto do mundo árabe, seja no caso de vitória militar imediata de Kadafi, que abriria a possibilidade de uma guerra de guerrilhas, ou no caso de uma guerra civil prolongada em um país central para o fornecimento de petróleo. Algo que poderia gerar movimentos de apoio e incendiar toda a área.

O ditador que antes foi apoiado por nos, recebido nas capitais européias com cerimônias de honra, agora recebe outro tratamento das potencias depois que a população se levantou em armas. Cinicamente, os governos imperialistas passaram a adotar outra táctica, retiraram seu apoio a Kadafi para impor uma saída que estabilize a situação e imponha seus interesses,

O que mudou para o imperialismo não foi o fato de que Kadafi passou a massacrar civis. Mas sim explodiu uma revolução e uma insurreição armada contra o ditador apoiada pela maioria da população.

Por outro lado, existe uma preocupação do governo Obama com a situação política e o desgaste dos EUA com as ocupações do Iraque e Afeganistão, um desgaste que repercute fortemente nos Estados Unidos. Por isso foi buscar o apoio dos povos árabes, e do líbio em especial, para essa intervenção. Daí também a importância de conseguir o apoio da Liga Árabe para a decisão de decretar a zona de exclusão aérea.

A reação dos insurrectos
No início da insurreição os rebeldes capturaram um helicóptero com oficiais ingleses que queriam negociar com eles, mas imediatamente os expulsaram. Tinham uma hostilidade clara ao envolvimento do imperialismo na luta do povo líbio. O imperialismo esperou que a situação mudasse, aproveitando do baixo no ânimo do povo líbio diante dos massacres e das derrotas militares que expressaram uma superioridade bélica a favor de Kadafi. Contra os comitês populares com trabalhadores sem experiência no manejo das armas, estão as Brigada Khamis, divisões bem armadas e treinadas que combatem por Kadafi.

O imperialismo aproveitou-se de um momento na guerra civil no qual havia uma ofensiva das tropas de Kadafi contra as cidades libertadas pelos rebeldes. Na ofensiva os rebeldes perderam boa parte de suas conquistas e se sentiam cercados. Isso gerou uma atitude de expectativa por alguma ajuda externa ao povo líbio ameaçado pelos massacres de Kadafi. Ao contrario dos primeiros momentos, nos qual os comitês populares haviam recusado a intervenção imperialista com cartazes e declarações, a intervenção agora recebeu apoio popular, que se refletiu inclusive com cartazes em Bengazi.

É preciso denunciar os dirigentes burgueses líbios da oposição que estão chamando a apoiar as decisões da ONU. Grande parte destes dirigentes vieram do regime de Kadafi, e agora chamam abertamente à intervenção militar imperialista com tropas terrestres. Isso demonstra como estão dispostos a servir de agentes do imperialismo e a trair a revolução líbia.

Nós da LIT_QI estamos ao lado da revolução líbia, contra Kadafi, apesar da posição pró-imperialista de vários dirigentes da oposição. Mas queremos alertar aos manifestantes de Bengazi: essas tropas imperialistas, uma vez que entrem na Líbia, serão os novos ocupantes do país. E a primeira medida que vão tomar será desarmar os comitês populares para garantir que o governo atenda seus interesses. Mesmo que sejam tropas da ONU sua tarefa será essa, e quem se opor será reprimido por essas tropas.




A presença de tropas estrangeiras servirá para dar ao imperialismo o controle sobre a Líbia como o que impôs no Iraque e Afeganistão. A prova disso é o seu apoio à repressão sangrenta em Bahrein e Iêmen que tem a mesma razão de fundo: impor uma estabilização de acordo a seus interesses. Por isso somos completamente contra a essa intervenção e chamamos os insurrectos a repudiá-la e a combatê-la. Há dois inimigos a combater: Kadafi e o imperialismo que vem controlar o país com um “discurso humanitário e de paz". Ademais, a intervenção serve de desculpa para Kadafi se apresentar como vítima e “defensor da soberania nacional”.

Duas polêmicas
Neste momento encontramos dois tipos de posições na esquerda que devem ser combatidas duramente: Ao redor de Fidel Castro, Daniel Ortega e Chávez, os "amigos de Kadafi", armou-se uma posição que afirmava que era necessário apoiar a Kadafi porque o imperialismo se enfrenta com o ditador e suas supostas medidas “antiimperialistas” . Isso é completamente falso: o imperialismo tem sustentado a Kadafi, vendeu armas a ele e treinou seus soldados nos últimos anos. Ademais, Kadafi disse aos governos imperialistas, reiterando durante os confrontos, que ele sim poderia continuar garantindo os interesses do imperialismo com respeito ao petróleo, continuar combatendo o terrorismo da Al Qaeda e a colaborar com as potências imperialistas e com União Européia para impedir que os imigrantes ilegais da África cheguem a Europa.

Kadafi, que no passado teve sérios confrontos com o imperialismo (assim como a direção cubana e sandinista, hoje é seu sócio) e está reprimindo sangrentamente essas mobilizações, a tal ponto que provocou uma guerra civil.

Mas Fidel Castro, Hugo Chávez e Daniel Ortega estão do lado do genocida Kadafi nesta guerra. Esses dirigentes que se dizem representantes da esquerda seguem defendendo um carniceiro que era amigo do imperialismo. Chegam a negar e a duvidar (falam de guerra mediática) dos ataques contra os civis e massacres que foram vistos em todos os meios da imprensa mundial. No entanto, Kadafi confirmou os ataques com um comentário cínico onde dizia que "fazia o mesmo que Israel em Gaza", isto é, massacres genocidas contra a população civil. O fato é que foi Kadafi e sua prática genocida que criou toda uma situação política e ofereceu argumentos para o imperialismo intervir militarmente.

Alguns defensores deste tipo de posição dizem que a decisão do Conselho de Segurança confirma sua análise, mas há que ver para além das aparências: se agora todas as potencias imperialistas resolvem intervir, com o beneplácito da Rússia e China, é justamente para garantir os acordos que tinham com Kadafi. E por mais que o ditador se disponha em mantê-los ele já não é mais uma garantia.

Outra posição na esquerda é uma grave capitulação ao imperialismo: referimo-nos aqueles que saúdam a intervenção do imperialismo "em defesa dos civis". Alguns se limitam a apoiar a zona de exclusão aérea já aprovada, outros inclusive apóiam que o imperialismo intervenha com tropas de paz. Esses setores confiam em que as tropas da ONU são a paz...

Para eles, frear o massacre significa apelar às instituições internacionais. Mas quem propõe como saída a intervenção imperialista se esquece do papel da ONU no Afeganistão, Palestina, Iraque e em todas as ocupações supostamente "humanitárias". São aqueles que vêem em Obama um rosto humano por mais que continue ocupando o Afeganistão, o Iraque e bombardeando o Paquistão.

Essa posição é tão nefasta que leva os trabalhadores a apoiarem uma intervenção imperialista na Líbia, cujo objetivo será a formação de uma base para a ocupação e a opressão do povo líbio e um ponto de avançada para atacar o conjunto da revolução árabe. É necessário que nos países imperialistas se faça uma forte campanha contra o envio de tropas, desmontando a campanha que estão fazendo para justificar sua intervenção militar. É preciso se mobilizar contra os governos que participam dos planos de ocupação.

A saída: a revolução árabe
A intervenção militar imperialista serve para enterrar a revolução. O campo da revolução deve enfrentar esta intervenção, pois o novo ocupante reprimirá todo aquele que se oponha a ocupação.

A revolução líbia é parte da revolução árabe e tem um grande apoio no Norte da África, Oriente Médio e entre os trabalhadores de todo mundo, em especial da Europa, onde a relação é muito estreita pela presença de uma forte comunidade imigrante árabe. Mas é necessário transformar essa solidariedade em força de combate para derrotar a Kadafi pela ação de massas de toda a região, a mais ampla possível. É preciso chamar a mais ampla solidariedade com a revolução. Nos países árabes há uma primeira tarefa que é exigir dos governos a retirada do apoio à intervenção imperialista aprovada pela Liga Árabe. É preciso chamar à solidariedade ativa das massas árabes através do envio de armas e voluntários para combater essa ditadura assassina.

Em particular nos países onde a revolução tem um forte desenvolvimento e que são vizinhos de Líbia, como Egito e Tunísia. É necessário denunciar esses governos por sua posição atual e exigir que retirem o apoio à intervenção votada pela Liga Árabe, e que rompam com o ditador Kadafi facilitando o envio de apoio em alimentos, remédios e armas aos rebeldes.

O exemplo da guerra civil espanhola e da nicaraguense demonstrou que quando se trata de uma guerra civil onde de um lado está uma ditadura assassina e de outro o povo em armas, é possível que ativistas de todo mundo se somem ao combate do lado da revolução, como brigadas internacionalistas de apoio. Especialmente no mundo árabe, que vive uma revolução, é possível organizar milhares e milhares de trabalhadores e jovens para lutar contra essa ditadura sanguinária. Essa política deve estar pronta a combater qualquer intervenção imperialista que tente dominar o país e que possa esmagar insurreição.

Também é urgente o apoio à revolução no Bahrein e Iêmen. A revolução árabe é um processo único, o resultado em cada um dos países influenciará no desenvolvimento do conjunto do processo. O futuro da revolução egípcia e tunisiana também é jogado na Líbia.

Não a intervenção imperialista!

Não a zona de exclusão aérea sob o controle da ONU!

Não ao envio de tropas imperialistas à Líbia, sejam da ONU, OTAN ou de outros países!

Fora as tropas sauditas e dos Emirados do Bahrein!

Abaixo Kadafi! Todo o apoio à insurreição líbia!

Abaixo a monarquia de Bahrein, a ditadura de Iêmen e todas as ditaduras árabes!

Todo apoio à revolução em Iêmen e Bahrein!

Viva a revolução árabe!

Liga Internacional dos Trabalhadores

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