segunda-feira, 21 de março de 2011

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BARAGANHÃO

Estive este final de semana nas altitudes da nossa Ilha (RAPOSA)conversando sobre Música e arte com o Poeta e Cantor Luiz Lima, além do músico alemão Klaus. Além de arte falamos sobre a Republica do Barganhão um conto que o referido poeta está escrevendo e publicando em seu blog. Abaixo vocês encontrarão o Tomo I:

Barganhão uma terra de, Oligarcas, filhotes e puxa sacos – tomo I





Episódio: J. Spolleto, o paladino sindical e seu ágil cruzado de esquerda
contra a lábia de direita do oligarca truculento Jonh Casteleta


Das lendas, contos e estórias do doutrinado Kuskuskintê, que datam da bobina do pergaminho perdido pelo tataravô de Mato-azul-do-além bem pra lá do verde, amarelo e branco, ao reino distante, situado justamente na parte onde se acaba o mapa, às margens da grande floresta dominada e grilada por quem tomou de posse desde as entradas, e sem licença nenhuma; pra depois, mais fechado que a mão de Zé avarento, se debruçar para fazer as leis e, que se diga de passagem, sempre rodeado de testemunhas “bajuladores”, espécies oriundas de todos os cantos sinistros da bolsa escrotal. Coisas que se proliferam na velocidade em que se aprisionam os jumentos, até os dias de hoje e que, também, são conhecidos como puxa sacos... Oh raçazinha sanguinolenta da peste ensebada! Só matando na unha!

Pois bem, estamos tratando do reino da República Federativa do Barganhão: terra do olho gordo, do só-serve-se-for-de-marca, produto do ano, cúpula dos oligarcas, ou seja, senhorio, coronel, donos de quase todos os sistemas de comunicação, patronos de televisão, rádio e até de correspondências manuais já inseridas na tarja com código de barra da era rede digitalizada “laser-lesa”. Aquela que lesa o bolso, com ou sem carteira, e ainda causa uma leseira, uma calma de doido, que logo adiante será relatada.

Pois é, voltando ao assunto, olha que tem etiqueta de oligarca para todos os tipos e gostos: oligarca come quieto, de lucro rápido, visse! Rápido que nem sarna de cachorro, e fácil que nem sarnambi no prato de pobre! Ah! Tem, também, oligarca truculento. Esse tipo, ganha tudo na mão grande, mas tem a inconveniência de carregar o fardo da ficha suja! Tem outro, o oligarca dissimulado, que pega de pouquinho em pouquinho, mas quando almeja coisa grande... Humm! Mela-se todo! Aí vira alvo fácil...

E são tantos outros arrimos que até se perde a linha pela falta de dedos leves para contar. Mas, também, pra enfrentar o povo brabo de lá daquelas bandas, tem que ter saúde de ferro e aquilo roxo. É por, isso então, que tem que ser na base do pai-jura-que-tudo-sara. Não é brincadeira, não! Ainda bem que isso não é o tempo todo; só acontece de dois em dois anos, pois chega a época das eleições, pense na loucura! O bicho pega daqui, pega de lá, pega de todo lado, parece um pardieiro, um cabaré dos infernos. Corre num tome-e-me-dê, e é mão no bolso, na bolsa, é dedo na cara: uma esculhambação total...

Mas, nunca é tarde para sermos justos em lembrar e afirmar sobre a incansável luta travada por J. Spolleto: um cabra franzino, peso pena, um esquerdista renomado, encarnado de nascença, remanescente do estratégico grupo de combate da colina do maestro, que era liderado pela dupla de dois Fielastro e Sãotuchê; mas que nunca ganhou nada, e também nunca perdeu; até porque para perder é preciso primeiro ganhar, já dizia o velho sábio provérbio do mestre Kuskuskintê!

E que se diga, também, nunca fugiu da luta, ainda que fossem sempre batalhas de goela, o bicho era osso duro de roer! O único detalhe que se podia cobrar do paladino era a eterna ausência de uma revolução armada, até porque ele era fraquinho no quesito mão no gatilho, o único gatilho que ele tirava de letra era o de botar a boca no trombone sem vara, o que é sempre bom destacar, contra o maldito arrocho salarial imposto à classe trabalhadora por um oligarca-mor conhecido por centenas de outros reinos. Esse sabia como poucos assobiar e chupar o sangue da classe operária.

Cabe, também, lembrar de um famoso e notório debate travado entre J. Spolleto e o oligarca truculento Jonh Casteleta, que carregava a fama de comer criancinhas: um verdadeiro jumento sentado que usava de sua ardilosa retórica - meu nome é trabalho; eu faço ruas, faço adjacências e o capeta a quatro... Jargão de uso muito comum entre as oligarquias predominantes e que por ironia maior do destino, os ditos cujos não se refletiam diante do espelho. Sobrou para as herdeiras do trono a famosa lenda: “espelho, espelho meu” e piririm, piririm, piririm, pororó, pororó, pororó.

Discurso que era rebatido pelo clássico soado de goela do heróico companheiro das lutas de classe, J. Spolleto, que de, rompante, trazia à tona o episodio brutal sobre a ordem de mando do oligarca, executado pela milícia à base de fanta, que não era nem de uva ou laranja, e, sim, de paulada e bogs-de-com-força na futura classe trabalhadora, que ainda estava no ensino médio. Coisa que o truculento oligarca fazia questão de minimizar dizendo que J. Spolleto estava muito exaltado e que ele não lhe estava reconhecendo. Coisas que acontecem com muita freqüência nos reinos conduzidos por oligarcas e seus fiéis, bainhas e pela-sacos, “profissional diplomado”, como costumam encher a boca para dizer muitas vezes, sem dentes.

Bem, no mais, é um povo descansado por demais, lesado por uma leseira tamanha, lembra! E olha que há milhas de léguas dá até para se escutar o ranger das escápulas no balançar das redes! E o chiado aumenta mais entre 12 e 14 horas... Também, é uma fartura de dar gosto principalmente aos afiliados da seita quantitativa: “te dou (x+2) tu me devolve (1+x)”; equação que sempre dá certo, pois o fechamento da contabilidade fica por conta de outros agregados do sistema feudal... e pro resto dos que ficam de fora: “musiquinha neles Barganhão”!


continua com episódio: “Extra, extra, o grande circo Mão-de-lona, chega a Barganhão
lamentando a triste ausência de Kidpalhaço e do Galogalante”


Uma estória de ficção, toda e qualquer semelhança
com a realidade trata-se de mera coincidência.

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