terça-feira, 12 de julho de 2011

O IRREVERENTE ZÉU BRITO


A diversidade musical brasileira é abissal. Não consigo acordar sem ouvir músicas. Na verdade ouço música quase que 24 horas. Por este motivo vivo constantemente pesquisando novos ou velhos compositores espalhados por este país. Aqui no Maranhão já falei de Erivaldo Gomes, Didã, Luiz Lima, Elizeu Cardoso e Zé Maria e sua casca de banana. Neste momento estou ouvindo o irreverente Zéu Brito. Este baiano me foi indicado por outro pesquisador musical, o professor e fotógrafo Zé Luiz.

No site de uma fá – Carol Monteiro – ela diz:

“Persona e Personagem, (http://oficialzeubritto.blogspot.com) ambas irresistíveis. Alma falante; gargalhada única; carisma de primeira. Zéu é um artista que sabe como tocar os afetos do público, um artista que conhece as possibilidades e os limites de ser espontâneo. Quando está em cena (e ele sempre está em cena!) não é só Zéu Britto. É um daqueles artistas que dialoga com seus pares.Nele fervilha um caldeirão de múltiplas referências: uma mistura gostosa do melhor da poesia tom zeniana e dos parangolés de Hélio Oiticica; das perversões e do humor macabro de Zé do Caixão e dos badulaques da carismática Carmem Miranda, a Pequena Notável; da Tropicália e do Rei do Baião; do cancioneiro popular revisitado. E por aí segue a lista.
Em suma, Zéu Britto é um bicho-artista-arteiro que conjuga de um modo-baiano-arretado-da-peste o verbo inventar. Médico e Monstro, Bonequeiro e Títere de seu próprio destino: atuar, compor, cantar, fazer rir, gozar (entenda-se este último componente em seus mais diversos sentidos). Artista multimídia destacou-se em trabalhos para teatro, cinema e televisão.
Desde sua estréia em 1995 no Teatro Santo Antônio em Salvador num curso livre na UFBA, Zéu não parou mais. Integrou por seis anos o grupo “Los Catedrásticos”, deixando sua marca por meio de personagens extravagantes e queridos do público. Como compositor, imprimiu toda a sua irreverência no repertório de clássicos musicais, tais como: “Soraya Queimada”, “Lençol de Casal”, “Mirabel Molhado” e “Hino de Louvor à Raspada”, homenagem a uma de suas musas, Cláudia Ohana, quando a atriz foi capa da Revista Playboy. “
Abaixo publico uma de suas inúmeras letras irreverentes. Nunca pensei que ia ouvir uma música falando poeticamente de uma guerra entre bolacha e consumidor.

MIRABEL
ZÉU BRITO

Mirabel recusa o recheio
Mirabel se descasca agoniado
Mirabel só aceita Amanteigado
Mirabel acha Cream Cracker ultrapassado

Inventei de abrir, o alumínio da embalagem
Pra dar fim na agonia
Pra definir a merenda do dia
Tolo fui eu

Mirabel se revoltou
E chamou sua amiga bolacha Maria
De repente estava ali perdido, cercado
No mundo bizarro
Me amarro em biscoito

Os biscoitos me agrediram
Tomaram conta da minha cozinha
Se uniram aos Recheados
Pediram ajuda à Broa, Empadinha
E ao croquete da vizinha

Eles estavam em grande número
Eu era um
Corri pra prateleira, e peguei um envelope de Tang laranja
Os biscoitos se excitaram
E começaram a gemer, a suar, a temer, a enlouquecer
Sairam correndo
Sairam gritando
Só sobrou Mirabel
Só sobrou Mirabel

Mirabel perdeu o recheio
Mirabel descascou agoniado
Mirabel se despediu do Amanteigado
Mirabel morreu, morreu, morreu...
Molhado

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