domingo, 22 de maio de 2011

Indignados' invadem as praças da Espanha contra a crise e o desemprego “Rebeldes sem causa?”. Não, “rebeldes sem casa”, ironizam manifestantes

Os jovens e trabalhadores da Espanha querem transformar o país em um novo Egito. Mas agora, no lugar de Mubarak estão a crise, o desemprego, as reformas e os cortes sociais do governo do primeiro-ministro ‘socialista’ José Luis Zapatero, cujo governo joga sobre as costas dos trabalhadores, sobretudo os mais jovens, as conseqüências da recessão.



Inspirados pela onda de revoltas que percorre o Norte da África e o Oriente Médio, dezenas de milhares de espanhóis ocupam as praças de centenas de cidades em todo o país, tendo como epicentro a praça Puerta del Sol, no centro de Madri, em que elegeram a nova Praça Tahir. Bandeiras do Egito erguidas pelos manifestantes deixam claro de onde vem a impulso para a jornada de lutas.

Indignados
O movimento foi deflagrado no dia 15 de maio, domingo, quando uma jornada de protestos levou dezenas de milhares de espanhóis às ruas. A partir de uma convocação difundida pelas redes sociais da Internet, um grupo de jovens acampou na praça do centro de Madri e, em poucos dias, foi seguido por outros milhares de outros jovens, assim como trabalhadores e desempregados.

O número de “indignados”, como são chamados pela imprensa, passou dos 50 no domingo do dia 15 para 4 mil pessoas na quarta. Na noite de sexta-feira, dia 20, algo como 25 mil pessoas, segundo a própria polícia, lotavam completamente a praça de Madri e a multidão já tomava as ruas e as praças ao redor.


A fim de manter as praças permanentemente ocupadas, os jovens e trabalhadores adotaram um sistema de rodízio. A população vem apoiando de forma massiva as manifestações ajudando, entre outras coisas, na alimentação dos acampados. E, assim como na Praça Tahir, a própria população se organiza para garantir a existência do acampamento, com comissões cuidando da alimentação, limpeza ou comunicação.






A Espanha é o país europeu que mais sofre com o desemprego, que atinge mais de 20% da população e mais de 40% dos jovens. O movimento, chamado de 15-M, além de repudiar os ataques do governo espanhol aos direitos sociais, rechaça os partidos tradicionais do país, os sindicatos e as centrais atreladas ao Estado, como a CCOO e a UGT.



Sem emprego, e sem medo

Assim como a onda de revoltas nos países árabes, as ocupações das praças na Espanha, fruto de uma mobilização espontânea, pegou a todos de surpresa. A tag (expressão) #spanishrevolution se propagou no mundo todo e, do dia 15 ao dia 20, já havia sido escrita quase 600 mil vezes no twitter. A imprensa tenta agora decifrar o significado da mobilização que tomou conta do país. O que parece indiscutível é que os jovens perderam a paciência com a grave crise e os sucessivos ataques do governo à população. E resolveram agir.

Diversos manifestos foram divulgados pelos manifestantes, com reivindicações que vão a empregos, moradias e melhores salários a reforma política e maior democracia, daí um dos slogans do movimento “Democracia Real Ya”.




Usando como pretexto as eleições municipais desse 22 de maio, a Junta Eleitoral e o Supremo Tribunal decretaram as manifestações ilegais. Os jovens, porém, não recuaram e estão dispostos a confrontar a decisão judicial, sob os gritos de “no, no vamos, no vamos”. A polícia, por outro lado, mesmo reconhecendo a “ilegalidade” da manifestação, declarou que não iria dispersar a manifestação, caso não ocorresse nenhuma “perturbação” à ordem.

A verdade é que tanto a polícia quanto o governo se vêem impotentes diante da onda de mobilizações, que só cresce na Espanha e se espalha agora para outros países, como a Itália.

Ato de solidariedade no Brasil

No Rio de Janeiro ocorre nesse sábado um ato de solidariedade à juventude e os trabalhadores espanhóis. A manifestação ocorre no Consulado da Espanha, às 13h. O consulado fica na rua Lauro Muller, 116, Torre Rio Sul (Leme/Botafoto).

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